Eu fiquei feliz por meu pai ter convidado o Afonso para o jantar, mas eu fiquei muito mais feliz ainda porque a minha mãe também convidou o Cristofer para o jantar de amanhã à noite como forma de agradecimento por ter salvo a minha vida; ele não pensou duas vezes e aceitou logo de cara o convite dela. Aquele sorriso dele ainda continuava me hipnotizando.
Eu cheguei em casa usando moletas para facilitar na minha locomoção, pois um dos meus pés estava ferido por conta que pisei em uma pedra no fundo do mar, e por conta de tanta da dor não conseguir nadar e acabei me afogando. Assim que eu cheguei fui direto pro meu quarto e tomei um belo de um banho, depois eu descansei em minha cama antes de descer para comer alguma coisa no jantar.
— Eita que esse jantar de amanhã promete hein? — Disse Tarso entrando em meu quarto, já que a porta estava entreaberta.
— Nada melhor do que saber agradecer pelo que fizeram comigo. — Falei cortando o clima de ciúmes dele.
— Está nervoso?
— Eu nervoso? Nenhum pouco. — Afirmei. — Eu só quero ficar bom logo para trabalhar.
— Falando em trabalho, eu tenho que procurar um emprego, eu não quero ficar dependendo da tia Thalía, e do tio Albert.
— Você ainda trabalha como modelo?
— Sim, ainda trabalho.
— Eu não sei se você sabe... Mais eu trabalho como fotografo em uma agência masculina de modelos, eu poderia te encaixar lá. — Falei sendo otimista.
— Sério Matt? Você faria isso por mim?
— Claro!
— Nossa cara, eu não sei nem como te agradecer. — Disse ele dando um beijo em minha bochecha e saindo do meu quarto.
Confesso que eu fiquei surpreso com aquela atitude dele, e ao mesmo tempo me vi encantado por aquele beijo simples e meigo no canto da minha bochecha.
Logo depois a Maiany ligou pra mim perguntando porque eu não fui pra festa, que ela tinha me convidado e pedido para levar o Tarso, mas daí contei toda situação que me encontrava. Lógico que eu omitir alguns fatos, eu não disse que foi por causa do Tarso que eu me afoguei, inventei outra coisa, pois eu não queria que ninguém soubesse o real motivo do meu afogamento.
Depois que eu terminei de fala no celular com a May, o meu pai subiu até o meu quarto e foi logo me perguntando como eu estava; eu e o meu coroa sempre tivemos uma boa aproximação, sempre nos demos super bem, eu tinha meu pai como amigo além de pai. As vezes eu fazia o meu pai de confidente em algumas situações da minha vida, o bom que meu pai sempre me ouviu e nunca me julgou, ele sempre foi um bom amigo para todas as horas.
— Mattew pode me contar a verdade, pode falar pro seu pai aqui, você sabe que entre a gente não há segredos, nunca rolou isso entre a gente, sempre fomos um livro aberto um com o outro, por isso eu quero que saiba que você pode se sentir a vontade para expressar o que você sente meu filho, eu só quero entender porque será que no mesmo dia da chegada do seu primo ocorreu esse acidente com você, será que só foi uma simples coincidência?
— Não adianta mentir para você pai, você sabe que eu não sei mentir para você.
— Só quero entender o real motivo para tudo isso, você tentou suicídio por acaso?
— Não pai! Já mais, acontece que o Tarso sabe que eu gosto dele, mais infelizmente ele teve audácia de zombar de mim, ele esnobou os meus sentimentos para com ele, então sair desesperado, eu estava fora de mim quando tudo aconteceu, eu não percebi que eu estava no fundo e que estava me afogando, tudo aconteceu muito rápido.
— Mattew meu filho, você já deveria saber que esse sentimento não te le
varia há lugar nenhum, simplesmente a dor e sofrimento, o seu primo nunca olhou você da mesma maneira que você enxerga ele, ele sempre foi mulherengo como você mesmo sabe, agora que você sabe que isso não vai dar em nada parte pra outra, tem tantos caras por aí, e o jantar de amanhã vai te ajudar a ver qual o melhor partido você deve investir para ter um bom relacionamento.
— Por que você está falando isso pai?
— Porque tanto o Dr. Afonso, e o Cristofer, demonstraram que estão super interessados em você.
Naquele mesmo instante eu corei de vergonha, ouvir meu próprio pai falando aquelas coisas pra mim não era normal, pois tinha aquela coisa de pai e filho, mesmo a gente sendo super amigos acima de tudo.
.....///\\\..... No dia seguinte... Eu não fui trabalhar, estava de atestado médico, ainda estava sem condições de realizar meu trabalho. Então fiquei o dia todo no meu quarto entediado sem poder fazer nada o dia inteiro, exceto quando meus amigos vieram me visitar para ver como eu estava, mas logo depois todos foram embora porque tinham seus próprios afazeres.
À noite enfim chegou e com ela a expectativa do jantar que a minha querida mãe ofereceu como modo de agradecimento pelo que fizeram por mim, o meu pai convidou o Dr. Afonso e a minha mãe convidou o Cristofer. A única pessoa que não estava demonstrando interesse nesse jantar era o Tarso, era nítido no olhar dele que ele não estava em nenhum momento empolgando com esse jantar.
Eu confesso que eu não estava nenhum um pouco empolgado também, pois eu já sabia que ia ficar um pouco desconcertado na frente de todos olhando pra mim, eu nunca gostei de ser o centro das atenções, sempre fui tímido pra ficar no meio dos "holofotes", por isso sempre escolhi ficar por de trás das câmeras. Tomei banho, coloquei uma calça social e uma camisa social que combinasse com a calça social preta que pus no corpo, minha barba por fazer estava impecável, meu cabelo estava arrumado e aproveitei e espirrei o meu melhor perfume masculino importado, e desci para sala de jantar e, esperar os convidados. Meus pais fizeram questão de recepcioná-los na sala principal da mansão, e por incrível coincidência, tanto o Dr. Afonso e o Cristofer chegaram ao mesmo tempo para o jantar.
O Tarso já estava à mesa junto comigo, mas sentado um pouco distante, eu estava na cabeceira da mesa, (na ponta) e entre o meu lado direito e o meu lado esquerdo tinha uma vaga para cada cadeira disponível para quem quisesse se sentar.
— Eu vou me sentar do seu lado, assim eu fico mais perto de você. — Disse o Tarso se sentando do meu lado direito.
— Eu não acho que isso seja uma boa ideia. — Afirmei.
Tarso demonstrou querer se sentar ao meu lado quando se deu por conta que ambos os rapazes se sentariam do meu lado deixando ele assim um pouco mais afastado, porém eu advertir que seria uma má ideia, porque quando os convidados chegassem à mesa eles muito provavelmente iriam querer se sentar ao meu lado.
E foi isso que aconteceu, minha mãe pediu para o Tarso se retirar do meu lado porque quem iria se sentar a minha direita perto de mim era o Cristofer. Deu para perceber o quanto ele tinha ficado constrangido na frente de todos quando minha mãe pediu para ele se retirar.
— Eu disse que não era uma boa ideia. — Pensei.
Cumprimentei o Afonso e o Cristofer com um aperto de mão simplesmente, depois cada um se sentou ao meu lado à mesa, e depois começamos a nos servir. O Cristofer começou elogiando a comida, dizendo que estava esplêndida e perguntou quem tinha preparado o alimento. Logo minha mãe nos surpreendeu dizendo que tinha sido ela mesma que tinha preparado o jantar (coisa rara), minha mãe raramente cozinha, só em momentos especiais que ela
se dirige à cozinha e coloca a mão na massa.
Realmente o jantar estava delicioso, até o meu pai elogiou. Depois de falarmos sobre a refeição maravilhosa que minha mãe preparou, começamos a conversar, todos acabaram puxando um assunto na mesa que todos assim puderam participar da conversa. Minha mãe foi logo perguntando ao Cristofer o que ele fazia da vida, se ele tinha algum emprego e com quem morava, se os pais deles ainda são vivos e etc. Dava para perceber o quanto minha mãe se demonstrou interessada pelo homem que salvou a vida do filho dela, talvez ela queria saber mais sobre a vida dele para ver se o Cristofer era o par ideal para mim.
— Bem... Eu sou dono de um restaurante e sou formado em gastronomia, eu amo cozinhar. — Disse Cristofer respondendo uma das perguntas da minha mãe. — E nas horas vagas sou salva-vidas.
— Que bacana, eu também gosto de cozinhar, é como fosse um hobby pra mim. — Afirmei.
— E você Tarso faz o que? — Indagou Cristofer.
— Eu sou modelo profissional.
— Olha que interessante, também com uma família bonita como essa não poderia estar em um trabalho diferente. — Respondeu Cristofer.
— E você doutor, faz alguma outra coisa sem ser médico? — Perguntou meu pai.
— Não, eu nunca me imaginei sendo outra coisa além de médico, o que eu gosto e tenho como hobby são as minhas viagens que eu faço rodando esse mundão à fora, gosto muito de viajar, conhecer gente nova, ir à festas, clubes, ter o prazer das coisas boas que a vida oferece.
Quando o Afonso falou aquelas coisas deu para ver o quanto ele se achava, o quanto ele era borsal, ele não tinha nada haver comigo, eu sempre fui um pouco mais simples, e sempre gostei de coisas simples. Quando o Cristofer falou do que gosta de fazer eu percebi o quanto de coisas a gente tem incomum, como por exemplo ir à praia, ver o mar, as vezes viajar para o interior e ficar mais perto da natureza e contemplá-la.
Naquele jantar deu para perceber um pouco o perfil de cada um naquela mesa, eu sei que eu não estou atrás de nenhum relacionamento, pois a pessoa que estava sentado à mesa não queria nada comigo, mesmo estando arrependido pelo que fez comigo. Mas era notório o quanto eu e o Cristofer tinha bastante coisas incomum.
Na despedida logo após o jantar...
— Muito obrigado pelo convite Dr. Albert. — Disse Afonso apertando a mão do meu pai em forma de agradecimento. — Eu adorei o jantar, espero ser convidado mais vezes.
— Acho difícil isso acontecer.— Pensei.
— Adorei te ver de novo, aqui está meu número, qualquer coisa liga pra mim, ou manda mensagem em meu WhatsApp. — Disse Cristofer me dando um abraço e colocando um papelzinho com seu número escrito dentro do meu bolso da calça.
Depois que ele se despediu dos meus pais eu subir e fui pro meu quarto, fiquei perto da janela e fiquei olhando um pouco a rua, o céu estava estrelado e a lua iluminava à noite. Mas uma visita inesperada apareceu no meu quarto fechando a porta que estava entreaberta.
— O que faz aqui? — Perguntei assustado ao ver o Tarso.
— Desculpa entrar assim em seu quarto sem bater na porta primeiro, mas vim saber como você está.
Estranhei vê-lo preocupado comigo.
— Eu estou bem melhor obrigado, acredito que talvez amanhã eu já possa ir trabalhar, mas suponho que você não esteja aqui em meu quarto só para saber como estou, fala logo o que você quer.
— Acontece que eu não gostei do jantar que tivemos hoje, dava pra ver que aqueles dois estão super afim de você.
— Você está com ciúmes?
— Tô, tô sim Matt. Acontece que eu não estou suportando ver você sendo cobiçado por aqueles dois e me deixando pra trás. Agora que eu percebi a maior burrada que eu fiz na minha vida, eu não deveria ter feito o que fiz com você, pois por causa disso eu posso te perder, perder o cara que sempre me amou de verdade, e eu não quero te perder, eu não posso te perder.
Naquele mesmo instante Tarso se aproxima de mim e me rouba um beijo.
Continua...