Mas, quem diria? Olhando, talvez – algo que só um observador experiente consegue...- ninguém imagina que sob a pele dessa mulher discreta crepita tanto fogo...
Eu sei!
A tarde totalmente te seguiu tediosa, não fossem as lembranças.
Você me aguardava. Esperava que voltasse.
Mas nada. Há vários dias que não mando notícias. Nenhum telefonema, nenhum email. Sequer algum telegráfico torpedo no celular. Vozes ao teu ouvido só a de colegas te pedindo detalhes de serviço. Nenhuma te sussurrando, te falando naquela forma totalmente sem censuras aquele "venha, minha puta" com que você já estava se acostumando.
Pois é: justamente eu, que você, num desses raros acasos conheceu numa sala de bate papo da net, acabei detonando um processo. Claro que nada criei de novo. Apenas fui um catalizador, que fez com que uma outra você surgisse.
Uma outra mulher, que vivia escondida dentro da dama sempre discreta do cotidiano.
Essa discreta dama certamente se indignaria em ser chamada e tratada assim, de forma tão vulgar. Mas essa outra você que surgiu, sabe bem do que se trata. Sabe que entre quatro paredes as palavras se revestem de outro conteúdo. Sabe que aquela “puta” com que passei a te chamar, sempre que te deixo nua, é nada mais do que uma forma de venerar, sem censuras, toda a tua sensualidade. Vulcânica. Com direito a temperos muito especiais...
Emails, chats no MSN, conversas cada vez mais quentes no celular. Um encontro finalmente foi marcado. Seria um café, para uma conversa sem compromissos, para que nos conhecêssemos. Mas se o plano era esse, deu tudo errado...
Quase não nos falamos, exceto algumas amenidades. Mas os olhares trocaram faíscas. Terminamos aquela tarde num motel. E aí, TUDO aconteceu...
Depois,ainda na saída disse que viajava no dia seguinte, ficaria fora uma semana ou duas. Embora você já soubesse que provavelmente minha viagem aconteceria, foi como um certo balde água fria. Será mesmo que eu voltaria?
Não houve retorno.
Aí está você agora, só em tua sala de trabalho. Volta e meia parando para lembrar os momentos intensos vividos. As lembranças daquele encontro até te provocaram umidade. Mas só um ir e vir: o vazio, o silêncio, tudo isso rapidamente faz esse processo cessar. Aqui e ali, um flashback de uma cena picante rememorada faz de novo recomeçar. Logo de novo a insatisfação com a ausência freia tudo.
Lá fora o tempo muda. Venta muito forte nesse fim de tarde. Uma tempestade se anuncia. Mas isso lá é fora...Aqui na tua sala, reina apenas uma incomoda e frustrante calmaria.
Você perdeu muito tempo voando em teus devaneios eróticos. O trabalho atrasou. Pensa que vai ter que ficar até mais tarde para dar conta dos encargos que a chefia te passou. "Dar conta", você ri. Nos últimos tempos tem aprendido a ser mais ousada. Pensa consigo mesma, num humorismo meio amargo:
" ‘Dar’: o verbo certo na frase errada... E eu queria tanto...".
Conclui que decerto o velho filme passou-se de novo. Te seduzi, te usei e parti para outras aventuras, te deixando só. E nada mais vai acontecer...
Resolve esquecer e concentrar-se no trabalho. Todos foram embora, te deixando sozinha por lá.
Umas 8 da noite finalmente termina. Desliga o computador, apanha a bolsa, passa no banheiro para cumprir o ritual feminino de saída. Retoques na maquiagem etc...
Já partindo, guardando seu baton na bolsa quando ouve o ruído da porta sendo trancada. Alguém apaga luz. Uma mão te pega os cabelos acima da nuca e te puxa. A voz, que reconhece, te diz:
- Onde pensa que vai, sua puta?...
Mãos te dominam. Te fazem andar até se colocar frente a uma parede. Rosto contra ela, pegam tuas mãos, te fazendo apoiá-las na alvenaria, sobre a cabeça.
Atitude de rendição...
O zíper às costas de teu vestido é aberto. Cai ao chão. Teu soutien retirado. Duas mãos apanham as alças da tua calcinha e a arrancam, sem cerimônias.
Uma ordem:
- Contra a parede, vamos! Abre essas coxas...
Tua pele, principalmente a mais sensível de teus seios sofre com o contato frio dos azulejos.
A mão te puxa de novo pelos cabelos e alí na obscuridade te faz sentir que tua calcinha te é exibida. Teus devaneios secretos durante a tarde foram descobertos. A umidade da calcinha os denuncia.
- Ficou a tarde toda pensando em sexo, não é?
Outra mão te toca entre as coxas. Confirma tudo...
- Achando esse azulejo muito frio? Deixa que aqui vai um contraponto...
SPLASSSHHH!
Uma palmada vibra vigorosa na tua bunda.
E outra.
E mais outras...
Então param. A mão novamente se intromete entre tuas coxas. Dedos indicador e máximo penetram teu sexo. O polegar invade teu ânus.
Te dão movimento, te fazem rebolar.
A outra mão te regala mais algumas palmadinhas...
- Quer ou não quer, querida?
Pergunta desnecessária. Quer sim, não é? Quer muito.
Pede, suplica que seja tomada. Como a mais devassa da putas...
Pouco tempo resta. Logo, a segurança do prédio vai subir os andares e fechar tudo.
Então, sem perder tempo, é hora de celebrar a ousadia. Os dois dedos da frente, lubrificados... substituem o polegar em ânus, executando movimentos circulares.
Saem de repente. Algum silêncio na espera. Então, sente que um ferro em brasa te é cravado. A penetração se faz lenta e gradual. Mas você se abre, já aprendeu fazê-lo. Recebe todo, dentro de você, o intruso.
Um intruso que já conhece muito bem...
Os azulejos já se aqueceram. Você ferve. A penetração é cada vez mais forte e profunda. Outra mão te toma pela frente e te domina totalmente.
Você quer mais, quer tudo. Rebola, sente tudo lá dentro. Quase desfalece quando um orgasmo muito intenso te toma.
Coroado pela seiva que te inunda lá dentro, bem dentro de você...
Pois é: você se enganou, querida. Pensou que eu não voltaria mais?
Precisa ser menos modesta. Devia já ter aprendido que quem prova desse teu mel, sempre vai querer mais...
Boa noite!
Volto a semana que vem. Já estou providenciando tudo para a próxima cena que você me pediu...
LOBO
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Lei 5988 de 1973
Nossa já li a maioria dos seus contos e eles me prendem do inicio ao fim,voce escrevi muito bem,eu viajo nas asas da imaginação em cada conto seu que leio parabéns.