- Fica calmo, homem de Deus! Foi pro seu bem, Pereira! Como vocês, homens, são uns bestas, uns ignorantes, viu?
- “Num diantá me mandá fazê essa tar inzame de butão de novo, que num faço de jeito manera, viu muiê? Cê besta, sô! Num sô nenhum pula moita pra arriá as carça ôtra veiz , presse dôto fica cutucanô meu fi-o-fô com os dedo, não! Pra mim, esses dotôzim de butão, é tudo um bando de pula moita! Onde já se viu, ficá procuranô as coisa nos rabo dos homê, muiê!”
Foi esse discussão, que ouvi um dia, quando cheguei em casa do trabalho, há vários anos atrás e mesmo sem entender patavina sobre o assunto, o que escutei foi mais do que suficiente para me deixar muito interessado e curioso sobre o mesmo e logo me intrometi na confusão, com a desculpa de acalmar os ânimos.
- Meu Deus, papai! Seus gritos podem ser ouvidos lá da rua, sabia? O que foi que aconteceu, pro senhor está tão bravo assim?
- “Cê perdeu o juízo das ideia, Jorjão? Cê tá raianô cumigo, seu muleque atrivido? Ôia a correia, heim? ÔIA A CORREIA, JORJÃO”
- Desculpe papai! Só estou querendo entender o motivo de tanta “brabeza”, apenas para poder ajudá-los.
- “Se sua mãe quisé contá, ela contá. Eu num quero mais sabe dessa bobajada de inzame de toque dagora pra frente, de jeito manera. Tâmo intindido?”
Em seguida, papai se retirou e mamãe abriu o verbo. Me contou tudo que tinha acontecido e de brinde, explicou tim-tim por tim-tim, sobre o tal exame.
- Seu pai está nervoso assim porque faz tempo que o Dr. Geraldo vem o orientando a procurar um Urologista pra fazer um exame de toque retal e seu pai foi adiando até que hoje, com muito custo consegui convencer o teimoso a ir fazê-lo e o resultado foi esse que você está vendo.
O pior de tudo é que seu pai agora cismou com o Dr. Geraldo, que por conhecê-lo muito bem, não explicou nem como nem em que lugar do corpo era feito o tal exame.
- Me desculpe mamãe, mas não estou entendendo é nada. O que é exame de toque? Como e em que parte do corpo ele é feito?
Bastou mamãe me explicar tudo, pra eu ficar doidinho de vontade de fazer o tal exame e mesmo tendo recebido a informação que o exame era recomendada para homens com mais de 40 anos( diferente de hoje que a recomendação médica para realização do exame é a partir dos 45 anos, nessa época a idade recomendada era 40), eu enfiei na cabeça que queria levar dedada no cu de qualquer jeito e enquanto não marquei uma consulta com o mesmo Urologista do papai, eu não sosseguei.
No dia agendado lá estava eu, sentado na recepção da clínica, ansioso para ser dedado no cu, torcendo pro médico ser bonitão e gostosão e acho que de tanto desejar isso, o universo não me deixou na mão. Dr. Antenor era um pedaço de mal caminho. Traduzindo, Dr. Antenor era um tesão de macho lindo e delicioso pra caralho.
Sr. Jorge! Sua Vez! Me acompanhe por gentileza. Disse a recepcionista da clínica que em seguida me levou até a porta do consultório do médico.
- Bom dia, Dr. Antenor!
- Bom dia, rapaz! Sente-se por favor! Sou o Dr. Antenor. E então? O que o traz aqui?
- Vim para fazer o exame de toque retal.
Dr. Antenor, olhou pra mim, olhou pra minha ficha e disse:
- Deve estar havendo algum engano, meu caro rapaz. Você ainda é muito novo para se submeter ao exame. Não há nenhuma necessidade de fazermos tal exame na sua idade. O exame é recomendado para homens a partir dos 40 anos e pelo que vejo, ainda faltam muitos e muitos anos para tal.
Fiquei tão decepcionado e frustrado com aquelas palavras e estava tão doido de tesão no Dr. Antenor que tentei argumentar com ele, na mesma hora.
- É mesmo, doutor? Eu não disso. Vim fazer o exame porque a poucos dias meu pai esteve aqui e o fez.
- Então está explicado, Jorge! Com certeza seu pai já tem mais que 40 anos e foi por isso que ele fez o exame. Mas não se preocupe, pedirei a minha assistente par fazer a devolução do seu dinheiro e daqui a alguns anos você volta para fazer o exame, certo?
- Sabe o que acontece, doutor? Sou um rapaz muito precavido e preocupado com minha saúde. Não seria melhor aproveitar que já estrou aqui e fazer logo o exame? Não é melhor prevenir, do que remediar, Dr. Antenor?
- Faz muito bem em se preocupar com sua saúde e está de parabéns por vir de livre e espontânea vontade fazer o exame de toque retal, uma vez que a grande maioria dos homens por preconceito, fogem dele, como o diabo foge da cruz. O problema é que não faz nenhum sentido você se submeter a ele na sua idade. A não ser por alguma outro motivo, como eu lhe disse, só deve procurar um Urologista para fazer o exame de toque daqui a alguns anos.
- Como assim? Por outro motivo, doutor?
- Uma infecção uretral, por exemplo, uma fissura anal, uma doença venérea ( hoje chamadas de doenças sexualmente transmissíveis), vermelhidões, dores ou feridas no pênis ou no ânus, entre outras.
Assim que terminei de ouvir os motivos que levam uma pessoa a um Urologista, pensei:
“OPA! Nem tudo está perdido. Se não posso fazer o exame, posso muito bem ter dores no cu. Se esse médico gostosão e machão, acha que se livrou de mim , está muito enganado. Ele que me aguarde! Em breve estarei de volta”
Depois de me despedir do Dr. Antenor e de receber a devolução do meu dinheiro, retornei pra casa decepcionado, mas certo de que acharia um bom motivo para retornar e dar o cu pra ele, num futuro muito próximo e não deu outra. Uma semana depois, lá estava eu, diante do Dr. Antenor novamente, “sentindo” muitas dores no rabo.
- Pois é, Doutor! Pro senhor ver como é essa vida. Faz poucos dias que estive aqui por um motivo e nem de longe podia imaginar que hoje eu estaria de volta por outro.
- Quem dera se pudéssemos prever o futuro. Com certeza poderíamos evitar muitos infortúnios, não é mesmo? Mas o que o trouxe de volta, rapaz?
- O problema é que não estou encontrando as palavras adequadas para lhe contar o que está se passando comigo. Como o senhor é um homem muito culto e eu não sei falar a linguagem do senhor, estou muito sem jeito e não sei como explicar meu problema pro senhor.
- Que tal usar a sua linguagem para dizer, como a maioria dos meus pacientes fazem. Não há nenhuma palavra que você possa me dizer, que certamente eu ainda não tenha ouvido. Fique a vontade e não se preocupe com o vocabulário, mas sim os com detalhes do que está sentindo, para que eu possa ajudá-lo com mias presteza, certo?
- Bom! Já que é assim, vou rasgar o verbo com o senhor. O problema é no meu cu, doutor. Que vergonha, doutor. Nossa!
- Vamos fazer o seguinte, para deixá-lo bem a vontade também vou usar as suas palavras durante a consulta, ok? Qual é o problema do seu cu, rapaz?
- De uns três dias pra cá, meu cu não para de doer. Meu cu dói tanto, que me dá uma um segundo de paz. De tanta dor, ele pisca o tempo todo.
- E onde são estas dores? Dentro ou fora do seu cu?
- Lá dentro, doutor! Elas começam bem lá no fundo e vem subindo até chegarem na beirola dele e o fazerem disparar a piscar.
- Seu cu também coça, ou só dói?
- Coça demais da conta, doutor.
- Ok! Essas informações já são suficientes. Agora preciso examiná-lo. Tire a calça e deite ali, naquela maca de costas pra mim, enquanto calço minhas luvas e pego os instrumentos necessários para a realização do exame, ok?
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Boa leitura!