Never mind the bollocks

Nem preciso dizer que depois da primeira vez, voltei ao cinema no dia seguinte, e no outro, e no outro, um mês inteiro trocando vale-refeição por vale-cu na hora do almoço, até emagreci. Também não preciso dizer que o cardápio foi variando, mas digo: cu apertado, cu largo, cu travado, cu liso, cu seco, cu lubrificado, cu magro, cu gordo, cu novo, cu velho, cu discreto, cu fervido, cu afeminado, cu macho, cu limpo, cu sujo, cu rico, cu pobre, cu repetido. Outra coisa que se tornou repetitiva foi sempre usar camisinha, peguei tesão por camisinha, ouvir o som da embalagem sendo aberta começou a me deixar de pau ainda mais duro.

Não pensava mais com a cabeça de cima, só com a de baixo. Quando passava na porta do cinema durante o expediente de office-boy, entre um banco e outro, o pau já dava ordem: "Entra!". Pau safado, pau cara de pau, começou a mandar em mim e eu a obedecer. Entrava, fazia o que tinha de fazer rápido e saía. Sempre me achei um cara comunzão, mas soube lá que sou gostosinho, porque nunca levou mais de cinco minutos para um cara se interessar por mim no cinema: estatura mediana, corpo definido, peito pelado, braços e pernas peludos, pentelhudo, pau também comum, duro para um caralho, literalmente.

A última bolacha do pacote, pelo que sei, acaba esquecida no fundo do pacote, por isso não curto gente convencida, beleza que se põe a mesa, nariz empinado, carão, frescura, curto quem vai direto ao ponto, que arde de desejo, rapidez é só um detalhe, intensidade é que importa. O preâmbulo foi só para dizer que um dia a noção de tempo mudou, tinha acabado de entrar no cinema e vi um carinha encostado no fundo que me fez esquecer tudo, pele morena, cabelo reco, boca carnuda, uns olhos enormes de boi, bunda carnuda, jeans surrado, coturnos, cara de bravo, usando uma camiseta apertadinha dos Sex Pistols.

Parei ao lado dele, ele me olhou e virou a cara, pensei que também devia querer um cu, mas não mexia no pau. Parecia agitado, aproximei o braço e rocei no dele, fiquei eletrizado, de pau duro já estava, dei uma apertada, ele olhou para baixo, depois olhou nos meus olhos e pareceu mais bravo ainda, e mais lindo, e isso só me deu mais tesão. Falei: "Beleza, cara?". Ele não respondeu logo, demorou até que dissesse: "Vamos sentar?". Nunca tinha sentado no cinema, mas sabia que o que se faz em pé também se faz sentado, disse sim e ele saiu andando, eu atrás, igual cachorro magro seguindo aquela bunda do caralho!

Ele sentou todo durão, pernas abertas, sentei ao lado dele, pernas abertas também, ereto mais em baixo que em cima, e perguntei: "Quantos anos você tem?". Ele respondeu: "18". Questionei: "Tá servindo?". Ele só disse: "Tô". Depois, retrucou: "E você?". Eu disse que fui dispensado por excesso de contingente. Alguns minutos depois, falei: "Vou bater uma…". Ele não disse nada nem tocou no pau, tirei o meu para fora e comecei a descabelar o palhaço vendo a gostosa dando o cu na tela, com o rabo do olho – até olho tem rabo – vi que me observava. Tomei coragem, passei o braço esquerdo por cima do ombro dele e apertei o pescoço grosso. Ele amoleceu todinho e foi escorrendo o corpo pela cadeira, até se curvar sobre minhas pernas.

Confesso que não conhecia o potencial da boca, um virjão até umas semanas antes, mas quando ele abocanhou a rola com aqueles lábios carnudos, senti que, apesar da idade, não era iniciante. Mamou com vontade, cabeça, tronco e membros do pau, deu tratos às bolas, lambeu os pentelhos, faminto, também devia trocar vale-refeição por vale-pica. Enchi a mão naquela bunda dele, por cima da calça, não aguentei e gozei na boca sem avisar, ainda agarrei forte o pescoço grosso. No fim, o carinha levantou a cabeça, puto da vida, os olhos de boi lacrimejando, cuspiu a porra no chão e saiu pisando duro. Quis correr atrás daquela boca e daquela bunda, pedir desculpas, mas pensei: "Punk cuzão do caralho!".