Aquela casinha. Singela, quieta, modesta, não via limpeza. Mas estava lá, perdida no mato desprezada... A história que vou contar para você não é chique. Não é daquelas que começam com "era uma vez" ou "certo dia", porém é uma história muito bonita, cheia de amor e carinho. Fabinho vivia com seus pais na pequena cidade de Abatiá no interior do Paraná. Belo estado, muitas paisagens de se admirar. Ele e seu pai eram muito pobres, moravam de favor em uma casa alugada que estavam prestes a serem despejados. Dependiam do pouco serviço que era periódico. Em certas épocas, a coisa não era nada legal para eles. Apesar disso, Fabinho acreditava que um dia iria conseguir mudar aquilo e melhorar a vida dos seus pais que tanto sofriam. Rapaz dedicado, sonhador, com seus 18 anos só pensava em um futuro com seus sonhos realizados e um deles seria o de ter um namorado que o amasse muito. Sim, isso mesmo meu amigo. Eu não estou errado não. Ele era homossexual. O problema é que seus pais queriam que ele se encarregasse de arrumar uma moça trabalhadora, honesta, que pudesse formar uma família com filhos, netos e bisnetos. Algum dia ele teria que contar que não poderia fazer a vontade deles. Era março, quase Páscoa. Havia um homem na cidade que arranjava pessoas para trabalhar em lavouras de milho. Do milho eles aproveitavam a palha para embalar doces e também para cigarros. Naquela semana, o ônibus passou a levar quem quisesse ir para a colheita, oportunidade para Fabinho e seus pais ganharem algum dinheiro. No dia seguinte, eles foram para as lavouras do pessoal do assentamento que plantou por tudo em suas terras recém adquiridas. O lugar era possuído por selvagens matas ainda não exploradas, onde circundavam as plantações. Na primeira lavoura que foram trabalhar, não puderam obter bons resultados para aliviar a situação financeira. Somente serviu de quebra-galho, mas antes isso do que nada. Neste local o que chamou a atenção de Fabinho foi uma pequena casa praticamente abandonada a pouca distância das plantações. Parecia que nela vivia alguém. Quem? Perguntava para si mesmo. O rapaz soube que ali morava um homem que trabalhava muito e não tinha tempo nenhum de cuidar da moradia. Sua curiosidade foi despertada de uma forma que ele imaginava muitas coisas a respeito daquele local desconhecido. Queria saber quem era esse homem e por que ficava tanto tempo fora. Quase no fim da semana, o então misterioso homem fez-se presença. Ao despertar da manhã, assim que o ônibus cospiu os bóias-frias para mais um dia de árduo trabalho na plantação de milho, o homem estacionou com sua moto na casa. Fabinho não chega a vê-lo que num instante adentrou. — Pai, vou ali emprestar uma camisa que esqueci hoje, para me proteger do sol... — Deixa pra lá! Não pode atrasar o serviço! Hoje temos que tirar pelo menos 10 balaios a mais que ontem. — Me deixe ir! Um ou dois balaios não vai nos tirar da forca. — Aquele homem pode ser perigoso. Não me faça perder a paciência! — E vai me fazer o quê? Posso saber? Já estou farto dessa vida. — Será que você não tem vergonha em desobecer a mim que tanto sofro para pôr o que comer dentro de casa? — Pai, já que você me deixou bravo, vou te dizer uma coisa que já estava enroscada há muito tempo. Chega de ficar dependendo de você! Eu quero viver minha própria vida sem essas proibições! E tem mais: eu gosto de homem e não quero saber de nenhuma garota metida se intrometendo na minha vida! O pai dele levou um choque com a indireta e quis sufocá-lo na presença dos outros trabalhadores que o acudiram naquele momento. O homem na casa ao ouvir o reboliço, correu para o lado dos dois e Fabinho finalmente pôde ver quem era esse misterioso homem que ele tanto queria conhecer. Envolto a roupas surradas e barba por fazer, o homem não era bem um homem no ponto de vista; era um jovem rapaz assim com as mesmas características de Fabinho. Tinha cabelos ondulados despenteados, boa aparência, físico perfeito para uma idade de 20 anos; o rapaz acudiu o filho do pai exaltado. — Mas o que está acontecendo aqui? — perguntou ele aos dois que ainda queriam se atracar. — Me deixem acabar com esse "viadinho"! Eu não quero saber de filho "florzinha"! — O que o senhor está dizendo? Não pode tratar assim o seu filho! — Deixa ele! Eu sou sim e com orgulho! O rapaz olhou para Fabinho surpreso, mas parecia satisfeito com a revelação. — Sério mesmo, garoto? Você é gay? — Bom, sim, sou sim... O pai de Fabinho levantou-se do chão furioso e foi para a lavoura dizendo que não era para ele voltar mais senão o mataria. Enquanto que o rapaz o levou para a casa dele. Dentro da casa havia muitas coisas desorganizadas, louça suja, cama quebrada sem lençol, enfim, uma perfeita casa de peão. Incrível que nada disso afetava Fabinho que estava envolto numa nuvem rosa. Os dois conversaram muito e decidiram morar juntos a partir daquele dia. Os pais de Fabinho se mudaram da cidade e não disseram qual foi o destino deles. Acontece que eles não quiseram nem mais lembrar da existência do filho que agora havia mudado de vida. A pequena e humilde casinha no mato ganhou nova aparência. Tudo ficou bonito e cheio de vida diante do amor entre os dois jovens. Aos poucos Fabinho e Juninho — esse era o nome de seu companheiro — conseguiram se elevar; arrumaram serviço numa granja de galinhas botadeiras com um salário e meio cada um. Juntaram dinheiro durante um ano e conseguiram então comprar uma nova casa na cidade, também humilde, mas limpa, organizada e cheia de amor. Passado algum tempo, os pais de Fabinho não aguentaram a saudade dele que mesmo não sendo quem eles queriam que fosse, não deixava de ser o filho deles. Pediram perdão pelo que fizeram e aceitaram o filho como ele era realmente. Agora eles já não sofriam tanto com a pobreza de antes, pois ganharam uma boa quantia de dinheiro na sorte há dois anos após Fabinho ter deixado de morar com eles. Sabe o que eu acho de tudo isso? Que para o amor não existe barreira que possa impedir. O amor é o mais lindo dos sentimentos entre dois indivíduos sejam eles quem for. E também tem de haver um pouco de organização e higiene no lugar onde moramos, pois amar na sujeira não é nada agradável...
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