Carnaval com meu tio! Última parte...

Desculpas por demorar a dar continuidade ao conto, minhas últimas semanas tem sido corridas, se você é novo lendo meus contos, recomento que parta do início, para compreender como tudo aconteceu e as características dos envolvidos na história! Boa leitura.

O clarear da manhã de sábado, entrava levemente pelas duas janelas altas e largas da sala, que havíamos esquecido de fechar as cortinas das mesmas na noite anterior. A luz, batia em meu rosto, que virados para direita em direção ao encosto, me faz despertar e me dar conta que nós dois havíamos passado a noite no sofá da sala.
Dormíamos de conchinha dividindo uma almofada fofa e larga, minha cabeça se encontrava encostada em seu bíceps esquerdo, onde a mão do mesmo braço apoiava sua cabeça, enquanto o seu braço direito me mantinha junto ao seu corpo. Minhas costas rentes ao seu abdômen e ao seu peito, sua perna direita se encaixava entre as minhas, sua respiração suave, seus pés macios aqueciam os meus e sua respiração devagar tocava levemente minha nuca, me provocando arrepios. Já estava desperto por completo, mas não queria prejudicar o sono gostoso em que ele estava, percebi que minha mãe havia colocado um lençol sobre nós dois, que mesmo tão juntos, sentimos durante a madrugada um leve friozinho. Eu me mexi, pois meu corpo estava um pouco cansando de ficar daquele jeito. Foi quando escutei sua voz mansa e grossa dizer:
-Bom dia, meu pequeno...
Eu paro rapidamente e lhe respondo:
-Bom dia grandão...
O sofá por ter o acento largo cabia nós dois muito bem, me virei em sua direção e encostando na almofada, pergunto:
-Você já esta acordado a quanto tempo?
Com aquela cara de sono ele diz:
-Já faz um tempo, mas você dormia tão gostoso que eu não quiz te incomodar. No fim, acabei dormindo de novo.
Ele abriu seu sorriso, que logo foi interrompido por um beijo meu... Depois que me afastei um pouco, encostei meu nariz na ponta do seu, fazendo nosso olhar se conectar. Até que ele falou:
-Encosta aqui em mim de novo? Eu quero te abraçar mais um pouquinho...
Sem responder, eu virei e me encostei em seu peito. Ele deu um beijo em minha nuca e esfregando carinhosamente seu nariz em meu cabelo ele disse:
-Ôôô... Meu anjo, como eu vou sentir falta desse seu cheirinho gostoso e de te abraçar!
Ele apertou carinhosamente um pouquinho mais o abraço, onde acariciando meu peito. Escutamos barulhos de passos que desciam pelas escadas. Em um cochicho tio Greg diz:
-Finge que está dormindo...
Fechei os olhos, supondo que ele tivesse feito o mesmo, fingindo, escutamos os passos que se aproximavam em direção a nós dois e no momento que cessaram, escuto a voz grossa de meu pai, em um tom calmo, baixo e meio choroso:
-É... Parece que meu menininho cresceu. Acho que não vai mais precisar da minha proteção. Agora, aquela criancinha que vinha correndo pedindo para dormir abraçado comigo quando tinha pesadelos, ou ficava com medo do escuro, arranjou alguém que vai cuidar para que nada de ruim te aconteça, eu fico feliz por esse alguém, ser uma pessoa que eu sei, que vai te amar assim como eu, ou até mais...
Ao escutar isso, eu não sei como me contive, minha vontade era levantar e abraçar meu pai, mas me mantive deitado. Foi quanto senti os lábios quentes envoltos por sua barba por fazer, assim como a de meu tio, tocar minha testa em um suave beijo, não consegui conter, uma lágrima escorreu sem que ele percebesse. Depois que se afastou, escuto um leve estalido de beijo, tirando o lençol de nós dois e arrumando novamente sobre nossos corpos, escuto os passos de meu pai se afastarem e subirem as escadas. Será mesmo? Meu pai havia beijado a testa de meu tio, assim como havia feito comigo? Perecia que as coisas começavam a tomar seus trilhos.
Depois que não conseguia mais escutar seu passos, eu me sentei rapidamente no sofá secando minhas lágrimas, onde tio Greg se sentou do meu lado com a mão direita em minhas costas ele diz:
-Se acalma meu pequeno. Acho que tudo vai se ajeitar...
Ao dizer isso, eu me encostei nele sem abraçá-lo, mas ele me envolveu em seus braços e logo em seguida beijou minha testa. O que me acalmou. Indagado, me afastei e perguntei:
-Ele beijou sua testa também grandão?
-Sim, ele fez do mesmo jeito que nosso pai fazia...
Quando ele falou isso, vi seus olhos se encherem d'água. Coloquei minhas mãos em seu rosto e lhe beijei. Passando a parte superior dos dedos no rosto para secar suas lágrimas. Ele retribuiu o beijo segurando meu rosto dando com um selinho em minha testa, outro na ponta do nariz e o último porem mais ardente, na boca.
Levantamos e fomos lá para fora, ficar sentados a beira da piscina aproveitando a temperatura agradável da manhã. Conversando em tom baixo, escutamos um barulho na cozinha, fomos ver, já que de sábado a funcionária não vai em casa. Ao entrarmos era minha mãe, estava com uma camisola de seda preta e com os cabelos soltos, porém ainda arrumados da noite anterior. Entramos pela porta de serviço da cozinha, que fica do lado de fora. Ela se virou onde esperava a água ferver e disse vindo em nossa direção nos abraçar:
-Bom dia meus meninos, e ai? Dormiram bem?
Ela me abraçou primeiro, beijou minhas bochechas e enquanto eu comecei a falar, ela fez o mesmo em meu tio:
-Bom dia mãe, dormimos sim. Ahh, obrigado por colocar o lençol para gente...
Ela se virou novamente, e respondeu sem olhar fixo em meus olhos, voltando a atenção na água que fervia:
-Ahh! Não foi eu, foi seu pai... Ele viu que vocês estavam com frio...
Conversamos sentados na mesa redonda da cozinha enquanto ela terminava o café eu colocava a mesa, perguntei que horas eles haviam chegado, ela responde que eram três da manhã. Juntos tomamos nosso café com uma conversa gostosa, logo em seguida, meu pai entra na cozinha e parado a porta ele pergunta:
-Tem lugar para mais um?
Beijando a cabeça de cada um, ele deu bom dia a todos, se sentou a minha esquerda e direita do meu tio, de frente para minha mãe. Não tinha um momento que eu não olhava para papai e não lembrava do que havia dito mais cedo. Para mim, aquelas palavras significavam muito. Durante o café ninguém tocou no assunto sobre o relacionamento meu e do meu tio, porém o clima em família estava tão bom que eu resolvi não tocar no assunto. Depois do café, tio Greg subiu para o quarto para arrumar suas coisas, enquanto ele guardava as coisas cuidadosamente na mala, uma tristeza tocava meu coração levemente, por ver ele arrumar suas coisas para ir embora... Conversávamos, com ele organizando suas coisas, percebendo minha tristeza, ele se sentou na beira da cama e logo em seguida eu me sentei ao seu lado. Ele tomou minhas mãos na suas e beijando a parte superior das duas olhando em meus olhos ele disse:
-Ei, não fica assim... Fica tranquilo, agente vai se ver daqui uns meses. Se você não for para lá nas férias do meio do ano, eu venho passar o seu aniversário com você. Além do que, eu vou mandar mensagens todos os dias para você.
Aquelas palavras me confortaram o suficiente para a tristeza passar.
Logo depois que nos abraçamos, minha mãe apareceu no quarto dizendo que íamos almoçar no shopping e passaríamos a tarde lá também. Assim foi feito, todos se arrumaram e lá pelas 14:00 da tarde, comemos uma comida caseira de um dos restaurantes já que não somos muito chegados em lanches, dali uma hora depois, cada um pegou um cascão com duas bolas de sorvete e voltamos a sentar na nossa mesa, onde, em um dos momentos, tio Greg perguntou para mim:
-Quer experimentar do meu sorvete?
Eu olhei para ele e de boca fechada murmurei:
-Uhum.
Ele pegou com a colherzinha, uma quantia considerável dos dois sabores e colocou em minha boca, realmente, na minha opinião ele havia feito uma boa escolha com os sabores, um de frutas vermelhas e o outro chocolate com amendoim. Percebi que no momento em que ele me deu o sorvete para experimentar, meus pais sorriram de um modo diferente, pareciam até contentes.
O dia seguiu. Passamos a tarde vendo as lojas, quando foi dando 19:40h e 20:00h, resolvemos ir embora, tio Greg pegaria o avião para São Paulo, a uma da manhã e de lá, outro avião que faria a conexão para Nova York. As horas pereceram fluir como as águas de uma correnteza, exatamente como eu não queria, meia noite nós estávamos já entrando no aeroporto. Aquela tristeza voltara, porém, não tão forte. Na praça de alimentação tomamos um café com um misto quente, já que nós não estávamos com tanta fome e ao terminar, fomos esperar o voo.
Sentados aguardando o chamado da chegada do avião, esperamos até a uma da manhã e nada... Meu coração estava em uma angústia, não sei se queria que isso acabasse logo, ou se queria que ele ficasse. Mas tudo isso foi maquiado quando, em um canto meio isolado dos outros que esperavam também os voos, meu pai se levantou, ficou de frente a nós dois, segurando minha mão direita e a esquerda de meu tio, ele olhou firme para gente e disse:
-Bom, acho que já está na hora de tomar uma atitude... Já faz um certo tempo, logo depois que o Greg chegou em casa, eu percebi que vocês dois estavam próximos. Mas nunca passou pela minha cabeça, que essa aproximação fosse a esse nível. Tudo foi confirmado no dia em que ele pediu sua mão em namoro para mim e sua mãe, bem, depois de um tempo que eu pensei com sua mãe e algumas vezes sozinho, cheguemos a uma conclusão. Que pessoa melhor para nosso filho, se não aquela que lhe ama de verdade e que seria capaz de um tudo para fazer nosso menino feliz... (Ao dizer isso, meus olhos começaram a encher de lágrimas e percebi que com meu pai não foi muito diferente. Ele colocou a mão de meu tio sobre a minha, onde segurando as duas juntas ele voltou a falar)
-Greg, Betinho, agente permite o namoro de vocês... Só com uma condição! Quero que se deem o respeito e respeitem aos outros também. Já que vivemos em um mundo, digamos, não muito receptivo.
Ao dizer isso, eu me levantei rapidamente e abracei meu pai, fui retribuído com um abraço melhor ainda, aquele abraço forte que me levava novamente para minha infância. Minha mãe nos abraçou também dizendo:
-Que bom que tudo se acertou!
Ao dizer isso, o chamado para o voo de meu tio ecoou pelo lugar, eu me afastei, virei em direção ao meu grandão, que secava os olhos com o punho do blazer preto. Ele abriu os braços em um gesto receptivo, que eu não me demorei a retribuir. Lhe abracei como se nunca mais fosse voltar a vê-lo, com minha cabeça encostada em seu ombro e suas mãos segurando minhas costas e afagando minha cabeça ele disse em meu ouvido:
-Eu não disse, que ia ficar tudo bem meu pequeno?
Eu apenas lhe abracei mais forte e ao nos separar, porém ainda estávamos próximos, ele segurou com as duas mãos meu rosto e aproximando seu rosto do meu e beijou suavemente minha testa. Aquele beijo poderia não ser o mais quente que ele me deu, mas representava que seu carinho e seu respeito por mim, era maior e melhor que qualquer pegação. Sendo o suficiente para acalmar-me daquela angústia que tomava meu peito. Ele olhou novamente fixo em meus olhos e disse:
-A gente vai se ver daqui uns meses, meu anjo... Não quero que fique triste!
Se virou, abraçou meu pai fortemente e em seguida minha mãe, ele agradeceu aos dois por tudo e levamos ele para o portão de embarque. Após o avião levantar voo, fomos para o estacionamento, onde meus pais novamente disseram, que eu tinha encontrado uma pessoa boa que gostava muito de mim, a tal ponto, dele enfrentar os dois para pedir minha mão em namoro e voltamos para casa. Nesta noite, eu dormi sozinho, mais meu coração não podia estar mais feliz...

Obrigado mais uma vez a todos que leram meus contos até aqui, espero que tenham gostado! Se você gostou, do meu desfecho do relato, deixe seu comentário e seu voto!! Abraços ;)