Um homem para chamar de meu - Parte I



Um homem para chamar de meu – Parte I
O galpão onde ficavam os tratores e a oficina estava imerso no silêncio de um domingo fora do período de colheita da safra, quando o José Carlos e eu entramos por uma entrada lateral que dava diretamente na oficina. Meu coração batia acelerado no peito, desde que aquela conversa esquisita começara há pouco mais de uma hora e meia, à beira do lago aonde pacús e matrinchãs vinham à superfície agitando a água com suas caudas e formavam círculos concêntricos que iam se espalhando sobre a superfície. Fora ele a levar a conversa para o rumo que tomou, eu só a deixei evoluir por que gostava da conversa dele e daquele peito largo, pelo qual descia um caminho estreito de pelos que ia terminar sobre seu abdômen sarado. O olhar dele era o mesmo que há tempos me fazia tremer. Não era um olhar maldoso, pelo contrário, parecia estar cheio de um sentimento amistoso, porém, não se podia dizer que era de todo bondoso ou que fosse isento de perigos. Eu era ingênuo demais para compreendê-lo naquela época. Ele se certificou de não haver ninguém no galpão e me dirigiu um sorriso que eu interpretei como inocente, mas ele podia ser tudo, menos isso.
- Tire a camiseta! Está quente aqui dentro. – disse ele, me encarando enquanto eu me despia. – Seus mamilos são tão bonitos! – exclamou, assim que os contemplou expostos e envergonhados, porém sensualmente hirtos.
Temendo pela minha reação se fosse direto ao ponto, ele fez uma observação quanto ao tamanho dos meus biquinhos e, levou a mão vagarosamente até um deles, até tocá-lo com as pontas dos dedos. Um frêmito percorreu minha espinha e, quando quis engolir a saliva, parecia que minha boca estava seca. O olhar dele focou no meu, enquanto os dedos não saíam do lugar. Como eu não sabia o que dizer e, nem tinha a intenção de repreendê-lo pelo prazer que aquilo estava me proporcionando, ele entendeu meu silêncio como uma forma de aquiescência.
- Eu tinha vontade de vê-lo completamente nu! – exclamou ele.
- Por quê? – inquiri, tentando interpretar aquele brilho em seus olhos.
-Por que você é lindo! Eu queria ficar observando cada detalhe do seu corpo. – sua voz havia mudado repentinamente. Ela tinha se tornado mais grave, mais rouca e mais quente, assustadoramente, quente.
- Você devia pedir isso para uma garota, e não para mim. – retruquei.
- Eu já vi algumas. Mas, no momento, queria ver você. Mostra para mim! – instigou.
- Imagina! Pode aparecer alguém. – é estranho como duas vozes dentro da gente podem ordenar ações antagônicas. Uma me dizia da imprudência de tal ato, outra me dizia da ousadia de fazer o que eu próprio queria.
- Não vem ninguém aqui! É domingo, esqueceu? Estamos só nós dois. – garantiu, e emendando. – Tira a bermuda e a cueca também.
Ele estava tão próximo de mim que dava para sentir o calor de seu corpo. Aqueles dedos parados sobre meu mamilo começaram a descer pelo meu tronco, lenta e decididamente. Meu silêncio permanecia. E silêncio já era sinônimo de permissão. Os mesmos dedos abriram habilmente o botão, desceram o zíper e penetraram o cós da cueca. Agora não faltava apenas saliva na minha boca, também falta ar nas narinas. O jeito era inspirar com mais força e mais rapidamente, o que resultou numa respiração tão acelerada quanto os batimentos do meu coração. Tudo não levou mais do que alguns segundos e, tanto a bermuda quanto a cueca estavam caídas emboladas ao redor dos meus pés. Eu estava pelado e ele não tirava os olhos de cima de mim.
- Estou sem graça! – balbuciei.
- Não devia! Você é uma graça! – grunhiu o José Carlos.
- Então não fique me olhando desse jeito! – exclamei, não sabendo se com minhas mãos cobria a frente ou a traseira.
- Posso tirar a bermuda se você se sente envergonhado! Quer? – essa última palavra veio carregada de um tom capcioso. Mas, eu assenti. Fazia tempo que eu tinha curiosidade de ver aquele volume entre suas coxas, sempre vistosamente presente debaixo de suas roupas.
Na mesma ligeireza que tinha tirado as minhas, sua bermuda e cueca foram lançadas sobre uma pilha de encerados para caminhão, dobrados e, que estava num canto logo atrás da imensa colheitadeira de soja. Tal como um imã atraído pelo ferro, meu olhar pousou sobre a rola à meia bomba que pendia entre suas coxas peludas. Não era uma pica com prepúcio e aspecto infantil como a minha. Era uma verga cabeçuda, reta e pesada, despudoradamente máscula.
- Gostou?
- Gostei! – algo me dizia que essa resposta traria consequências, mas eu estava percorrendo um caminho que me atraía.
- Eu também adorei sua bundinha! Tão carnuda, tão redondinha, tão deliciosamente lisinha! – murmurou ele, levando ambas as mãos para cima dela e, movendo-as em círculos sobre cada uma das nádegas. – Quero te beijar! – balbuciou e, sem esperar pela resposta, colou sua boca na minha.
Minhas pernas tremiam feito varas verdes agitadas pelo vento. Contudo, o sabor de sua boca intenso e gostoso, muito gostoso. O beijo me distraiu e me fez esquecer, por alguns instantes, aquelas mãos vorazes deslizando sobre minha pele e, apenas me devolveram o raciocínio quando um dedo entrou no meu cuzinho e começou a me vasculhar por dentro. Seria difícil dizer o que era mais delicioso, se o beijo molhado e quente, ou se o dedo devasso e irrequieto. Felizmente não precisei optar por um deles, dava para ter os dois, conquanto eu me mantivesse parado ali, apoiando minhas mãos sobre aqueles bíceps musculosos. Ele comandava cada ação, eu parecia uma marionete que executava os movimentos à medida que manipulavam suas cordas. Não por que eu fosse algum tipo de retardado, mas porque não saberia o que fazer, nem como reagir, tudo era novidade para mim. Ouvir as sacanagens que a molecada contava no colégio era uma coisa. Estar nas mãos de um cara alguns anos mais velho e, praticamente homem feito, era outra coisa. Embora eu soubesse o que ele queria, não fazia a menor ideia de como a coisa ia rolar. Por isso, não receei quando o José Carlos pincelou sua pica úmida no meu rego, apenas usufrui daquela sensação maravilhosa de ouvir sua respiração acelerada junto a minha nuca e, aquele tesão que havia se apossado de seu corpo. Desprevenido, só caí em mim quando aquela cabeçorra arroxeada que eu tinha contemplado há pouco, rasgou minha carne, após tê-la distendido além do limite e, se alojou dentro de mim, fazendo-me ganir de dor. O peso do corpo dele estava sobre o meu, me comprimia contra os encerados ásperos e cheirando a diesel, enquanto os impulsos que ele dava com a pelve iam enfiando seu cacete cada vez mais profundamente dentro de mim.
- Ai José Carlos, está doendo! – eu só percebi que estava gritando por que minha voz ecoou pelo galpão.
- Abre o cuzinho, abre! Já, já vai parar de doer. Deixa o cuzinho bem aberto para caber todo meu cacete. – rosnou ele, tomado de uma gana sem limites.
Seria bom se eu soubesse como fazer isso. Abrir o cu como, se ele por vontade própria se contraía a ponto de não deixar passar um alfinete? E, nele não estava um alfinete, mas aquele cacetão grosso e duro que eu tinha achado tão encantador. Ele se esfregava todo em mim, seu peito estava colado nas minhas costas e o suor dele parecia ter colado nossos corpos um no outro. Enquanto eu gemia, ele ficava grunhindo dizendo que meu cu era gostoso demais, que eu era um tesão, que eu era sua cadelinha, que eu tinha o rabo mais gostoso que ele já tinha fodido e, que ele ia gozar no meu cu. Quando ele falou em gozar eu me dei conta de que aquele frisson no meu pau sendo esfregado na lona só tinha passado depois de eu ejacular, portanto, tecnicamente, eu já havia gozado. Porém, o que era aquela sensação que ainda agitava todas as minhas entranhas e fazia meu cuzinho ter espasmos, junto com a impressão de que ainda faltava alguma coisa? Eu vim a descobrir a resposta quando as estocadas dele socavam minha próstata e meu cuzinho era inundado por sua porra tépida sendo despejada em jatos naquele vazio que se tornava cada vez menor à medida que ele ejaculava. Aquilo sim era gozar, aquilo sim era uma felicidade que eu nunca havia experimentado, aquilo sim tinha feito tudo valer à pena, mesmo o ardor que me queimava o cu. Ele continuava engatado em mim, arfando e me apertando em seus braços, quando a porta principal do galpão rangeu e começou a deslizar nos trilhos. Nem ele nem eu fomos rápidos o suficiente para escaparmos do flagrante do meu primo Peter.
- Que porra é essa que está acontecendo aqui? – berrou, assim que o José Carlos saiu de cima e de dentro de mim, com a pica ainda pingando porra e, eu tentava me colocar de pé com um filete de sangue escorrendo pelo lado interno da minha coxa esquerda.
- Eu, eu, eu... – eu não sabia o que dizer. Tudo que eu dissesse não faria sentido. Ele sabia exatamente o que tinha acontecido ali.
- Você está dando o cu para o empregado, seu viado? O cara acaba de arregaçar seu rabo e você me olha com essa cara de besta, viado sem noção! – berrava ele.
- A gente pode explicar! – eu nem sei por que falei isso, eu não podia explicar nada. Tentava ganhar tempo, pois por uma fração de segundos pensei em correr embora dali. Depois, vi que isso seria inútil, eu tinha que enfrentar a situação e suas consequências.
- Vai explicar o quê, bichinha sem-vergonha? Putinha arrombada! Você vai é levar uma surra para aprender a virar homem! – exclamou, enquanto se apossava de uma correia de borracha que estava sobre uma bancada.
Quando a primeira chibatada estalou sobre as minhas nádegas deixando um vergão vermelho e uma dor ainda maior do que aquela que estava no meu cu se fez sentir, eu gritei protestando e me esquivando dele. Porém, ele me segurou pelo braço e desferiu mais uma saraivada de golpes de correia na bunda, nas pernas e nas costas. Eu inicialmente gritei de dor, depois de um ódio mortal contra meu primo, xingando-o de tudo que podia e, por final, da impotência de me livrar de sua mão vigorosa (apenas mencionando um detalhe, meu primo era apenas um ano mais velho do que meu irmão), cujo direito de me aplicar um castigo eu questionei. Algumas chibatadas fizeram a correia entrar no meu rego atingindo diretamente meu cuzinho arregaçado, o que quase me fez desmaiar. Quando o Peter se cansou de me surrar, olhei em volta e não vi mais o José Carlos. Eu estava pagando, sozinho, a conta da nossa aventura. Meu primo mal esperou que eu me vestisse, com uma mão segurando meu braço e a outra pressionando minha nuca ele me conduziu para dentro de casa. O alarido de nossa discussão trouxe meu tio até a varanda.
- Peguei esse viado sem-vergonha dando o rabo para o Zé Carlos no galpão! – exclamou, antes que conseguisse subir os poucos degraus até a varanda.
- Como é? O que você quer dizer com isso? – questionou meu tio, incrédulo.
- Isso mesmo que você ouviu! Ele estava com o cu todo empinado na pica do Zé Carlos. Dá para acreditar? – repetiu o Peter.
- Você não tem vergonha nessa cara? Tu é viado? – meu tio me agarrou antes que eu perdesse o equilíbrio pelo empurrão que o Peter me deu e, desceu sua mão pesada na minha cara.
- Vocês não têm o direito de botar a mão em mim, seus filhos da puta! – berrei revoltado.
- Ah, não! Isso é o que você pensa! Se seu pai estivesse aqui faria a mesma coisa. Como não está, sou eu que vou te ensinar a se comportar como um homem. – respondeu meu tio, assentando mais duas bordoadas na minha cara.
Próximo à porta de entrada da casa havia dois remos de madeira presos à parede que serviam de decoração, no instante que os vislumbrei, ainda grogue pelas últimas bofetadas, cambaleei até eles e, arrancando um da fixação que o prendia, arremeti contra meu tio com uma fúria animalesca. Ele tentou se esquivar, mas a pá do remo acertou-o em cheio no meio das costas, fazendo com que perdesse a respiração. O Peter tentou ajudar o pai, mas eu o acertei antes que pudesse socorrê-lo. A paulada acertou seu ombro e ele gritou de dor.
- Eu acabo com vocês se tentarem colocar a mão em mim mais uma vez! – ameacei. Nenhum deles se atreveu a me desafiar.
Tranquei-me no quarto, exausto e apavorado com tudo o que tinha acontecido. Minha vidinha pacata tinha dado uma guinada e tanto nas últimas duas horas. Eu precisava por os pensamentos em ordem, o que estava sendo bastante difícil com todas aquelas dores espalhadas pelo meu corpo. Despi-me e entrei no chuveiro. Antes disso, ao passar diante do espelho, vi aqueles vergões cobrindo minha pele se transformando em calombos que mal podiam ser tocados sem que eu sentisse vontade de gritar de dor. Meu olhar ainda injetado de sangue só via os rostos do meu tio e do Peter diante de mim e, eu os queria ver sem vida dentro de um caixão, tanta era a raiva que estava sentindo. Até a água que caía do chuveiro me fazia retesar os músculos. Lavei meu cu ensanguentado e não conseguia parar de pensar no José Carlos, naquele caralhão entrando e saindo do meu cuzinho como um pistão penetrando no cilindro de um motor. Todo aquele chaveco que ele me aplicou na beira do lago para conseguir me enrabar, toda aquela lábia que usou para me convencer a ceder ao seu desejo e, toda a covardia que mostrou quando fomos flagrados pelo meu primo. E, eu que achava aquele tronco tão viril, aqueles bíceps tão másculos, aquele queixo anguloso me fazendo crer que ele era meu ideal de macho, acabei por me ver abandonado à mercê da minha própria sorte quando o clima esquentou. Eu não sentia raiva do José Carlos, apenas uma grande decepção. Por isso, não tive vontade de deixar seu esperma, ainda perceptivelmente formigando no meu cuzinho, dentro de mim. Deitei-me sobre a cama completamente nu, as roupas roçando os vergões sabidamente me provocariam dor e, eu não queria sentir mais nenhuma naquele dia. Olhando para o teto, fiquei imaginando a notícia se espalhando pela família. Meu pai, àquela altura, já devia estar a par de tudo. Era certamente mais uma surra a ser enfrentada. Ninguém naquela família havia apresentado um comportamento como o meu e, isso seria mais do que motivo para eu voltar a me sentir o patinho feio, tal como na minha infância.
Meus pais nos tiveram com exatos três anos de diferença entre meu irmão Edgar, minha irmã Lena e eu. Ambos sempre foram crianças e posteriormente adolescentes muito bonitos. Eu, pelo contrário, nasci desengonçado, tinha os pés voltados para dentro que requereram tratamento logo após o nascimento e, que se estendeu por quase toda a minha infância, usando uma parafernália de artefatos e botas para corrigir o problema. Disso resultou o desenvolvimento exagerado dos músculos glúteos, ou seja, uma bunda enorme. Os ortopedistas também recomendaram a natação como meio auxiliar da fisioterapia para melhorar a postura e desenvolver o tronco. Na adolescência eu já não me parecia com um patinho feio, tanto que há pouco mais de um ano, nas férias de verão em nossa casa no litoral norte de São Paulo, fui abordado por um olheiro, que convenceu minha mãe a me deixar fazer uma série de fotografias para uma campanha publicitária. Acho que mais para melhorar a minha autoestima do que propriamente por acreditar no sujeito, meus pais me autorizaram a fazer as fotos. A campanha apareceu em todas as revistas e até na televisão. O patinho feio havia se transformado num cisne. Um cisne que tinha algo que deixava não só as garotas, mas também os garotos e os homens cheios de desejos, alguns pouco castos. O José Carlos era um deles. Quando notou meu interesse pelos seus músculos, deixou que o tesão que sentia por mim começasse a arquitetar um plano para meter aquele seu pauzão sedento na minha bunda carnuda e, certamente, virgem.
Meu pai e o irmão tinham comprado a fazenda no nordeste goiano, próximo à divisa com a Bahia, há alguns anos. Investiram suas economias de suas outras atividades naqueles 16.800 hectares tornando-se grandes produtores de grãos. Eu gostava de passar uma temporada na fazenda durante as férias, ao contrário dos meus irmãos. Geralmente ia com os meus pais, mas no impedimento deles seguia com a família do tio George. Desde a contratação do gerente agrícola da fazenda eu criei uma amizade com seu filho José Carlos e, com ele se transformando num homem durante os últimos três anos, meu interesse por umas temporadas na fazenda havia aumentado. Além do que, os hormônios do José Carlos também se mostravam recompensados quando eu aparecia por lá. Portanto, aquilo que aconteceu no galpão naquela tarde de domingo, já estava traçado no nosso destino. Era apenas uma questão de tempo.
Eu mal saí do quarto nos dois dias que se seguiram ao flagrante. Recebi uma ligação do meu pai mandando que eu retornasse para São Paulo imediatamente. Ao dar ênfase na palavra imediatamente em seu breve discurso ao telefone eu logo deduzi que a coisa ia mesmo ficar preta quando eu chegasse em casa. E, não deu outra. Não levei a surra que esperava, mas tive que aceitar todas as condições que me impuseram e os castigos que restringiram minhas atividades a praticamente nada além de ficar em casa, ir ao colégio e me submeter a uma vigilância restrita. O mais curioso é que ninguém em nenhum momento censurou a atitude do José Carlos, foi como se ele não tivesse participado da história, foi como se não tivesse sido ele a me seduzir e a me levar a ter a minha primeira experiência sexual. Ali eu comecei a desconfiar de que os machos nunca eram questionados por suas atitudes. Eu não era um macho na acepção da palavra, era um homem, mas não um macho e, isso me confinava quase que a uma categoria inferior, mais ou menos a mesma na qual se encontravam as mulheres, ou talvez pior.
Dessa experiência traumática tentei tirar uma lição, não se meta com os homens mesmo que os ache interessantes e se sinta atraído por eles, pois será você a sofrer as consequências. Era um pouco difícil seguir esse raciocínio à risca quando se tem um irmão que vive trazendo os amigos parrudos para dentro de casa, ou uma irmã que, indecisa quanto ao melhor partido, namora três caras gatos ao mesmo tempo. E, o mais incrível disso tudo, quando alguns dos amigos do seu irmão e um dos namorados da sua irmã começam a dar em cima de você, de olho na sua insegurança, seus traços harmônicos e sedutores e, na sua bunda.
O Edgar nunca foi santo e, quando a testosterona começou a governar seu cérebro, que eu imputava tão privilegiado quanto uma ervilha, começou a andar com uma galera que sofria do mesmo mal. A única cabeça pensante que tinham era a que ficava entre as pernas e, essa só pensava em garotas, peitos, vaginas e bundas. Como eu justamente tinha esse último quesito para lá de abundante e sedutor, não escapei das piadas e, muito menos, do assédio velado daqueles brutamontes.
- Teu irmãozinho tem uma toba de fazer inveja a qualquer mulata, hein cara? – eu já tinha ouvido isso dezenas de vezes daqueles caras. E, em nada ajudava meu irmão ter dito que eu já tinha queimado a rosca com o filho do gerente agrícola da fazenda, numas de deixar explícito que eu era a bichinha da família. Uma vez que ele e meus primos faziam o tipo garanhão fode todas e, queriam deixar isso bem claro.
No feriado do carnaval meus irmãos levaram junto uma galera para a casa de praia. Minha irmã tinha convidado uma amiga para se fingir de interessada num cara, Marcelo, do qual ela estava a fim, mas não podia dar bandeira diante do namorado. Meu irmão que só sabia falar de mulher e só vivia andando com um bando de machos, tinha levado o Pedro e Ricardo, dois babacas que viviam enfurnados lá em casa. Eu quis convidar a Julia, uma colega do colégio para me fazer companhia, mas desisti imaginando como seria para a coitada ficar ouvindo o feriadão todo um monte de asneiras daqueles caras sem noção. Na distribuição dos quartos e das camas, acabei tendo que dividir o quarto com o Marcelo. Ele também já estava sabendo que eu tinha dado o cuzinho. Aliás, eu já tinha me convencido de que o mundo todo sabia do meu deslize. Ele ficou meio sem graça quando soube que teria que dividir o quarto comigo. Eu mal o tinha visto umas duas vezes, e já fiquei puto com a atitude dele. Era como se ele temesse ser estuprado por mim na calada da noite. No entanto, fiquei na minha. Fui seco nas respostas às suas perguntas e quase não me dirigia a ele quando estávamos jogando cartas ou batendo papo à beira da piscina. Quando eventualmente meu olhar se dirigia a ele, seus olhos castanhos estavam analisando pormenorizadamente as curvas das minhas nádegas. Cretino, pensei comigo mesmo. Faz como se eu fosse um pervertido pelo meu histórico, sabe-se lá contado com que nuances de crueldade, mas não consegue disfarçar seu interesse em descobrir os segredos e possibilidades que estariam ligadas àquele brioco delicado.
Nós tínhamos duas motos aquáticas e, o Ricardo também tinha trazido a dele. Na primeira manhã do feriadão, eu não tive chance de andar em nenhuma delas, pois a todo instante eles se revezavam na brincadeira. À tarde a coisa ia se repetindo e precisei ser mais enfático com o meu irmão, o que resultou numa pequena discussão. Eu gostava de pegar a moto e ir até a ilha Prumirim e lá caminhar até a ilhota atravessando as piscinas naturais e me sentar numa das inúmeras pedras e ficar olhando o mar aberto. Era meu passeio predileto quando ia para Ubatuba e, me deixava sozinho com meus pensamentos.
- Eu te levo até lá! Deixe a galera se divertir um pouco. – propôs o Ricardo.
- O Edgar que ceda a dele, afinal os amigos são dele! – respondi contrariado, pois o Pedro ignorava meus acenos para que voltasse para a praia com a minha moto.
- Larga mão de ser estraga prazeres! Já falei, eu te levo lá. – eu ainda passava a ser o chato, isso me deixava puto. Não sei onde estava com a cabeça quando concordei que aquele ogro me levasse até a ilha, devia ter deixado o passeio para outra ocasião.
Ele quis que eu conduzisse a moto, uma vez que nunca tinha se aventurado por aqueles lados e desconhecia as correntes marítimas do lugar. Ao invés de se apoiar na aba traseira do banco ele colocou as mãos na minha cintura. Nem bem havíamos passado a arrebentação, e aquelas mãos já não paravam quietas, passeando pelos meus flancos num tatear voluptuoso. O vento soprava contra a nossa direção e lançava gotículas de água salgada diretamente nos meus olhos tornando nosso avanço muito mais lento. Não demorei a sentir o Ricardo me encoxando descaradamente, e compreendi a razão de ele ter se oferecido para me levar até a ilha. Não dava para negar que aquelas coxas grossas e peludas roçando nas minhas me deixaram cheio de tesão. Ele notou minha inquietação e sua determinação ganhou impulso. Em sua mente já estava tudo planejado para aquele passeio incluir uma enrabada no meu cuzinho.
O mar estava um pouco agitado, o que era incomum para aquela época do ano, erguendo algumas ondas que não chegavam a arrebentar, mas que me obrigavam a fazer manobras para evitar que a moto fosse atingida na lateral com força suficiente para virá-la e nos atirar na água. Enquanto sacolejávamos como se estivéssemos montados num touro bravo, o Ricardo, que não tirava as mãos das minhas ancas, arriou minha sunga e eu acabei sentado sobre sua ereção descomunal. O próprio agite do jetsky fazia com que minha bunda se atritasse contra seu membro encorpado e, me fizesse perder a concentração naquilo que estava fazendo. A cabeça da pica emergiu da sunga dele e eu a sentia úmida e quente no meu rego. Ele apenas controlava aquela posição prazerosa, guiando minha bunda com as mãos na minha cintura. Eu já avistava as areias claras da praia localizada do lado direito da ilha, próximo à ilhota que parece estar pendurada à ilha do Prumirim, mas ela não chegava nunca e, eu pressentia que aquela carne latejando ia entrar em mim antes de chegarmos à praia. Eu ergui meu quadril tentando escapar da sanha do Ricardo, mas ele me obrigou a sentar novamente em seu colo. Como eu estava com as pernas abertas, ao redor do jetsky, ao voltar a abaixar a bunda, sua rola entrou em mim, provocando uma dor aguda que me fez gritar. Faltavam uns trezentos metros para atingirmos a areia da praia, eu reduzi a velocidade e as ondas que atingiam a moto pela traseira a impulsionavam para frente, junto com cada uma delas eu sentia aquela verga se aprofundando no meu cuzinho. Duas famílias ainda desmontavam as barracas e se preparavam para regressar ao continente naquele final de tarde, enquanto umas cinco crianças protestavam por terem que deixar as brincadeiras. Nem essa proximidade indecorosa fez com que o Ricardo tirasse seu membro de dentro de mim. Meus protestos entravam por um ouvido e saiam pelo outro, completamente ignorados. Ele tinha agarrado todo o meu tronco e movia seu quadril com uma impetuosidade gananciosa, movendo sua jeba num vaivém torturante. Eu não sabia se queria chegar logo à praia ou se continuava a deixar que as ondas nos levassem até ela no ritmo lento e contínuo com que se atiravam contra a areia. Desliguei a moto o que fez com que ele conseguisse ouvir meus gemidos. Eu estava todo retesado e, apesar das pernas bem abertas, meu cuzinho se contraía ao redor daquele falo pulsátil, aprisionando-o nas minhas entranhas num prazer alucinante. Quando a moto chegou à areia, ele havia despejado todo seu tesão entre as minhas pernas. Aquela umidade morna formigava dentro de mim, espalhando-se pela mucosa anal intumescida. Dois dos garotinhos correram ao nosso encontro e, antes que pudessem nos ver de perto, o Ricardo saiu de mim, deixando um vazio que, nem o receio de ser flagrado pelos adultos, me fez querer ser preenchido. Eu desci da moto no mesmo instante que os dois homens terminavam de acomodar suas famílias e as tralhas em dois botes infláveis com motores de popa. Um deles fez um aceno com a cabeça e esboçou um sorriso, até hoje não sei no que ele pensava quando fez isso, mas pela cara dele parecia ter adivinhado o que viemos fazer naquele lugar ermo num final de tarde avançado. Eu mal podia caminhar naquela areia fofa, os passos pesados pareciam aumentar aquela dor dentro da minha pelve. O Ricardo terminou de puxar a moto até acima do fim das ondas e veio caminhando atrás de mim.
- Você ficou doido? Podíamos ter caído no mar! Esse pessoal por pouco não vê você tirando esse troço enorme de dentro de mim! – extravasei, exausto e dolorido, quando me deixei cair na areia morna.
- Você tem ideia do quando deixa a gente maluco com essa bunda? Você praticamente sentou no meu colo, não deu para me controlar, o tesão quase me mata. – respondeu ele, sentando-se ao meu lado.
- Que droga, cara! Você me machucou! – exclamei, para revidar de alguma maneira, pois até então não sabia se aquilo tinha sido bom ou se eu tinha que me mostrar indignado.
- Juro que não foi essa a minha intenção! Você faz a gente perder o controle! – disse ele, tentando aplacar minha revolta. Eu devo ter uma queda por cafajestes, pois bastou que aquele par de olhos, quase tão azuis quanto a água que nos cercava, me encarar para eu me desarmar e, esboçar um sorriso tímido na direção dele. – É disso que eu falo! Quando você encara a gente com esse rostinho travesso, desperta uns instintos tão poderosos que fica difícil recuar. – emendou, inclinando-se sobre mim e colando sua boca na minha.
O sol descia por detrás dos morros cobertos pela mata Atlântica deixando um rastro dourado sobre as águas que ia se perder no horizonte e, tingia o céu com um tom alaranjado. O Ricardo e eu estávamos sentados lado a lado jogando conversa fora, os braços se roçando de vez em quando, enquanto contemplávamos aquele por do sol sereno e quente. Eu não me iludia com aquele papo furado manso, sabia muito bem aonde ele queria chegar, mas não conseguia esquecer aquela pica avantajada se movendo dentro do meu cuzinho numa sem-vergonhice luxuriosa. Preveni-o de que estava na hora de regressarmos, antes que escurecesse completamente. Ele fingiu não me ouvir e, talvez não tivesse mesmo me ouvido, pois em sua mente arquitetava uma maneira menos descarada de me foder outra vez. Creio que não a encontrou.
- Tô louco de vontade de comer seu cuzinho de novo! – exclamou, um tanto rude com essa objetividade toda.
- Tá, e eu com isso! Se todos colocarem em ação aquilo que lhes dá na veneta, o que será desse mundo? – retruquei, sem admitir para mim mesmo que eu também desejava que ele me enrabasse.
- Em se tratando de vontades como essa, creio que evitaríamos muitas discussões infrutíferas e frustrações por não termos deixado as coisas simplesmente acontecerem. – respondeu ele, vindo para cima de mim e roubando mais um beijo, que nada tinha de passional, apenas um desejo carnal.
Não íamos ter uma relação além daquela amizade intermediada pelo meu irmão e, eu nem tinha expectativas nesse sentido. Porém, retribuí aquele beijo com um carinho gentil e afetuoso, o que o deixou fervendo de tesão. Ele tirou minha sunga e começou a passar a mão na minha bunda carnuda, enquanto nossas bocas iam se saboreando numa dança cada vez mais excitada. Eu devia ser tão transparente para meus parceiros como uma placa de vidro, pois assim que meu corpo começava a tremer, ficava evidente o desejo e o tesão que me consumia. Saber que eu o desejava deixava tudo mais fácil para ele, era só avançar, observar como minhas reações deixavam claro o quanto eu estava disposto a me entregar. Soltei um gemido mais contundente quando ele enfiou um dedo no meu cu. Meus músculos anais se contraíram comprimindo aquele intruso na fenda apertada e quente. Ele sorriu descaradamente, ciente do quanto eu o queria dentro de mim. Ele movia o dedo em círculos lá dentro, aprofundando-o e insinuando retirá-lo, o que fazia meus músculos ocluir com mais força aquele orifício já tão fechado. Um segundo dedo me invadiu, me fazendo ganir de prazer.
- Está louco para me ter aí dentro, não está? – perguntou, libidinoso.
- Ai Ricardo! Como você pode ser tão cruel? – murmurei, perdido no tesão.
- Cruel? Se eu fosse um cara cruel, você não estaria se contorcendo de prazer. – revidou.
- É cruel sim! Se não fosse, não estaria me torturando dessa maneira. – balbuciei, entregando meus sentimentos.
- Então me diga o que quer que eu faça! Me pede com todas palavras onde quer me sentir. – provocou.
Eu era tímido demais para escancarar um desejo desses para um cara que quase não conhecia e, que não sentia nada por mim, além de um desejo desenfreado de se satisfazer no meu cuzinho. Então o puxei para cima de mim e colei minha boca na dele, começando a chupar a língua que ele acabara de enfiar em mim. Se havia outra maneira de deixar explícita minha vontade, eu não ia perder tempo procurando-a. Aquele beijo por si só já era um sim mais do que conclusivo. Ele não insistiu mais, pois a sua ereção já havia atingido um estágio tão urgente e tenso que ele precisava começar a aliviar aquele incomodo. Ele se ajoelhou ao meu lado e pincelou a pica nos meus lábios. O fluído pré-ejaculatório escorria espesso e translúcido, vazando daquela cabeçorra indecente. Eu a abocanhei para satisfação dele. Seus olhos estavam fixos no meu rosto e nos meus lábios que se moviam delicados e insinuantes procurando devorar sua anatomia. Seu sumo era muito saboroso, ligeiramente salgado, másculo e carregado de sensualidade. Eu o lambia, chupava, mordiscava indo muito além da glande, devorando cada milímetro daquela jeba grossa e veiúda que pulsava na minha boca.
- Cacete! Você vai me fazer gozar na sua boca, se continuar a fazer isso desse jeito! – grunhiu, contorcendo-se para protelar um gozo iminente.
- Você faria isso comigo? – perguntei, na maior safadeza e provocação.
- Faço tudo que você quiser! Faço tudo para te dar prazer! – ronronou ele, pois mal conseguia articular as palavras de tanto tesão.
Confesso que estava louco para experimentar o néctar de um macho, mas meu cuzinho não me dava trégua, contorcia-se como uma lavadeira torce uma roupa, querendo aquela carne latejante em seu introito. Por isso, coloquei um de seus testículos na boca e o chupei procurando distraí-lo e evitar que gozasse na minha boca. Ele voltou a gemer com mais propriedade e, abriu minhas pernas e enfiou a cara no meu rego, lambendo meu cuzinho com sua língua afoita e molhada, mordendo meus glúteos até deixa-los marcados com o contorno de seus dentes. O cuzinho piscava alucinadamente toda vez que ele apartava as nádegas evidenciando meu desejo. Ele o beijava, enfiava o dedo e tirava, lambia-o, enfiava o dedo e tirava num ciclo que extraia ganidos desesperados dos meus lábios semicerrados.
- Ai Ricardo, entra em mim. – clamei quase implorando.
- É o meu caralho que você quer aí dentro? Sou todo eu que você quer sentir aí dentro? – rosnou ele, chupando minha orelha.
- É. – gani mais uma vez, quando dois dedos se moviam lascivamente no meu cuzinho.
Ele apontou a cabeçorra contra as preguinhas e a forçou para dentro. Meu cuzinho se abria, mas voltava a ter um espasmo que ocluía totalmente a estreita fenda anal. Ele voltou a forçar as preguinhas já machucadas. Eu gani e me forcei a me abrir. A cabeçorra mergulhou na maciez úmida e quente, dilacerando minha carne. Eu soltei um grito. Ele enfiou dois dedos na minha boca e eu os chupei. Ele moveu o quadril e estocou a jeba com força. Ela me penetrou mais profundamente. A dor se espalhava entre as minhas pernas, à medida que aquele cacetão era enfiado todo em mim. Meus esfíncteres se contraíram ao redor de seu mastro, e ele adorou aquilo. Eu olhava para o horizonte a minha frente, gemia com aquele vaivém cadenciado, via o crepúsculo se adiantando tornando o céu cada vez mais escuro. O Ricardo arquejava junto ao meu pescoço, mordiscando-o de vez em quando, enquanto se contorcia como se tentasse escalar meu corpo. Suas duas mãos agarravam meus mamilos e ele os apertava entre os dedos, usando mais força do que era capaz de supor, deixando-se inebriar com sua delicadeza e maciez. Ele sentiu a pica inchando dentro do meu cuzinho e, não conseguia acreditar como era possível que eu conseguisse contê-lo todo naquele espaço tão doce e pequeno. Eu franqueei meu pescoço e ele se inclinou faminto sobre ele. Ele buscava alucinadamente por um ângulo certo, que o permitisse entrar mais profundamente em mim, em estocadas fortes e seguras. Eu comecei a ganir quase gritando, ele hesitou por alguns segundos, apavorado com a hipótese de estar me machucando além do necessário. Mas logo sentiu minha musculatura anal envolvendo sua rola em espasmos profundos, que o fizeram soltar um som rouco de desejo. Minha carne se fechava em torno dele exigindo mais. Ele me cavalgou com mais intensidade, penetrando-me sem descanso, usando o próprio corpo para me satisfazer. Eu gozei, sentindo os jatos de porra saindo do meu pinto. A sensação do meu êxtase provocou o dele, sua pelve se contraiu enfiando a pica uma última vez, tão profunda e intensa que a porra jorrou, um jato cálido e volumoso atrás do outro, um alívio tão pleno que foi como perder a consciência por alguns segundos e, renascer num esplendor sem fim.
- Ah, Phillip! Você é o primeiro moleque e o primeiro cuzinho que eu como e, sou capaz de ficar viciado nisso! – grunhiu ele, colando sua boca na minha, soltando um gemido baixinho e me apertando contra seu torso, esperando que o tremor em suas pernas diminuísse.
As últimas centenas de metros foram completadas em plena escuridão, só sabíamos onde estava a arrebentação por que a lua num crescente quase completo fazia a espuma na crista das ondas refletir um branco prateado. Meu irmão e toda a galera, inclusive meu pai, estavam a nossa espera na praia, aflitos com a possibilidade de ter havido algum problema.
- Eu já não sei mais que atitude tomar com você! Talvez o mais acertado seja te dar uma surra de cinta aqui mesmo, uma vez que seu comportamento é o mesmo de uma criança sem juízo. – ameaçou meu pai, furioso e descontrolado. Por precaução eu olhei para a cintura dele e, felizmente ele estava usando uma bermuda e não havia nenhuma cinta por perto que o permitisse cumprir sua ameaça.
- Tinha que ser você, outra vez! – exclamou meu irmão, querendo competir com o meu pai nas reprimendas. Eu ergui o dedo médio de uma das mãos na cara dele.
- Foi culpa minha! Tivemos um probleminha com a moto. A ignição estava falhando e eu já devia ter levado a uma oficina para ver o que era. Só depois de muitas tentativas consegui fazê-la funcionar. – inventou o Ricardo, tentando livrar a minha. Eu o encarei agradecido.
Meu irmão não engoliu a mentira. A caminho de casa ficou ligeiramente atrás de mim e, pelo meu caminhar desajeitado, logo matou a charada.
- Você deu uma enrabada nele, não foi? – perguntou para o Ricardo, que nem precisou confirmar. Só a maneira com que olhava para a minha bunda se movendo diante dele, num malemolejo que mal disfarçava a umidade contida nela, respondia a pergunta do meu irmão. Nem se preocupou em disfarçar o prazer que sentia de saber que aquela umidade era dele, era sua masculinidade incontestável.
Na volta do feriadão de carnaval tive duas surpresas. A primeira foi descobrir que machos gostam de proclamar seus feitos, o Ricardo não apenas confirmou para o meu irmão, o Pedro e o Marcelo que tinha comido meu cuzinho no canto deserto da praia do Prumirim, como tinha dito o quanto eu tinha gostado de seu desempenho. A segunda foi consequência da primeira, meu pai me deu aquele último ano do colégio para eu estar devidamente preparado para os exames de uma universidade no exterior, alegando estar farto das minhas inconsequências exporem toda a família ao ridículo. Não sei dizer o que doeu mais, a surra que levei do Peter e do meu tio, ou ser expulso de casa com a finesse de ter meus estudos bancados fora do país. A partir daí eu soube quem seria, minha homossexualidade tomou forma naquele dia. Eu gostava de homens, gostava do que e de como faziam sexo, gostava de seus fluídos e de seus cheiros, só me faltava encontrar um disposto a aceitar todo o amor que eu carregava dentro de mim e, principalmente, um que valorizasse essa virtude com toda a discrição e sigilo com a qual eu contava.
Naquela mesma época, no ano seguinte, eu começava a frequentar as aulas do curso de arquitetura na Faculdade de Arquitetura, Desenho e Urbanismo da Universidade de Buenos Aires, no bairro portenho de Belgrano, onde também passei a morar num apartamento de dois dormitórios e 98 metros quadrados na Calle Palpa, num trecho arborizado e tranquilo, entre as avenidas Crámer e Cabildo, de um edifício de tijolinhos e sacadas e, de cuja piscina no décimo quarto andar se avistava o estuário do Rio da Prata. O fato de me terem dado quase que uma carta branca para ajeitar, à minha maneira, o apartamento que meu pai havia adquirido, significava que eu havia perdido meu espaço em nossa casa de São Paulo. Nada foi verbalizado oficialmente, mas eu compreendi toda a implicação que estava contida nessa gentileza. Passei dois meses convivendo com o entra e sai de pedreiros, pintores e marceneiros até que aquele espaço ficasse com cara de casa. Na primeira noite em que consegui dormir em cima de uma cama, com colchão e lençóis novos, a ficha caiu por inteiro. Ali seria a minha casa pelos próximos seis anos, talvez para sempre, pela vontade da minha família. Foi a primeira noite que chorei até conseguir adormecer, vencido pelo cansaço e pela rejeição.
O campus da cidade universitária é pequeno comparado a muitas outras universidades, são apenas três pavilhões, por isso foi fácil encontrar minha sala no pavilhão dois no primeiro dia. Éramos apenas cinco estudantes estrangeiros, uma garota de Porto Alegre, um boliviano com cara de índio, dois irmãos gêmeos uruguaios e eu, entre uma galera de argentinos que faziam jus a sua fama de baderneiros. Só naquele dia me dei conta de que não gostava do povo argentino, embora tivesse curtido todas as viagens que tinha feito com a minha família por diversos lugares do país. Teria que aprender a suportá-los, pelo menos pelos próximos seis anos. Acabei me acostumando ao jeito deles e, no final de março já não me incomodavam mais os cacoetes linguísticos nem aquelas poses de entojo e soberba. Eu simplesmente conseguia ignorá-los, o que fez com que o meu circulo de amizades não fosse lá muito extenso. Eu podia sobreviver com isso.
Em meados de junho tivemos duas semanas seguidas de chuva fina e constante, ventos gelados soprando da Patagônia e dias que mais pareciam noites de tão acinzentados e escuros. Eu tinha deixado o carro na revisão e dependia de um ônibus para chegar em casa, uma vez que perdi umas caronas por ter que fazer um levantamento na biblioteca após o término das aulas. Não seria nada complicado se não fosse horário de rush. Além da demora, os terríveis ônibus argentinos, já minúsculos, chegavam lotados ao ponto nas cercanias da cidade universitária. Eu havia me afastado um pouco do ponto e, equilibrando o guarda-chuva tentava acessar o aplicativo do Uber, quando um Ford Ecosport prata parou junto à calçada e buzinou para chamar minha atenção. Ao volante estava um carinha que eu já tinha visto um bocado de vezes nas cafeterias dos pavilhões da universidade e, com o qual troquei alguns olhares significativos que nunca deram em nada.
- Olá! Você é estudante da universidade, não é? Quer uma carona? – ofereceu ele. Eu e toda essa galera que está no ponto, pensei comigo mesmo. Que pergunta sem propósito, uma vez que já nos vimos. Só o perdoei por causa do sorriso que acompanhava suas perguntas. Fora ele que me fez reparar naquele sujeito corpulento, barba hirsuta sempre por fazer, uma covinha no queixo que se acentuava quando ele ria e, uns braços musculosos e peludos que saiam de seu tronco no formato de um triângulo invertido.
- Se não for te desviar do seu caminho, aceito sim! – devolvi, também com um sorriso, mais empático e sensual do que eu pretendia, mas ele saiu tão espontâneo que não deu para controlar.
- Para onde quer ir?
- Se você puder me deixar na Cabildo, Frederico Lacroze ou Crámer beleza, de lá eu me viro. – respondi, tirando do assento uma papelada desorganizada e, passando-a para o banco traseiro.
- É uma área bem grande! De que adianta eu dar uma carona se você vai continuar caminhando na chuva? – inquiriu, com uma arrogância que me irritou.
- É que não quero te desviar demais do seu caminho. – respondi, controlado.
- Você não sabe qual é o meu caminho! – eu não estava acreditando nessa conversa. Que sujeito petulante!
- Ok! Então me deixe na Palpa, 2377, por favor, senhor! – respondi, irônico. Ele se fez de emburrado ao perceber minha ironia, ficando calado por uns cinco minutos.
- Você é brasileiro, não é? – perguntou, quando o impacto da minha resposta havia passado.
- Pode-se dizer que sim! – o jeito rude como ele falava me fez ter vontade de provoca-lo.
- Como assim? É ou não é? Pode-se dizer que sim, não é resposta para essa pergunta. – eu tinha alcançado meu objetivo, a maneira como apertou as mãos no volante demonstrava que eu o tinha tirado do sério.
- Nasci na Alemanha, meus pais se mudaram para o Brasil quando eu tinha dois anos e fui criado lá. – esclareci.
- Ah! – fez-se novo silêncio. Acho que ele estava tentando controlar sua raiva.
- E você? Nasceu aqui na capital federal? – perguntei, para amenizar um pouco o clima, pois a continuarmos no ritmo que as coisas iam, em poucos minutos estaríamos brigando.
- Hein? Ah! Sim, quer dizer, não! Eu sou argentino, mas não daqui. – Eu o havia perturbado mais do que supunha. – Sou de Mendoza! Conhece?
- Sim. Isto é, estive lá duas vezes. Não dá para dizer que conheço. Estive na capital, em Las Lenãs, em algumas vinícolas e no Parque Provincial Aconcágua. – respondi. Outros quase cinco minutos de silêncio. Que sujeito estranho! Por que me ofereceu carona se está com esse mau humor todo?
- Então conheceu tudo! Não tem mais nada que valha a pena por lá. – disse, retomando a conversa.
- Pois eu gostaria de ir até Los Penitentes, o lago Potrerillos, as termas de Cacheuta, vale Hermoso, Parque Tupungato, San Rafael e etc, etc. – mencionei, tentando me lembrar dos lugares que deixamos de visitar quando estive com meus pais na Argentina há dois anos e pouco atrás.
- Você é um cara muito bonito! Já arrumou uma namorada por aqui, ou deixou uma no Brasil? – cheguei a me desconcentrar com sua pergunta. Desta vez fui eu que fiquei em silêncio, pensando no porque dessa pergunta e, como respondê-la sem mentir.
- Não!
- Não, o quê?
- Não deixei nenhuma namorada no Brasil e não arrumei nenhuma por aqui. – o trânsito não andava naquela final de tarde chuvoso e, eu já estava de saco cheio.
- Por quê?
- Por que, o quê?
- Por que não arrumou uma namorada por aqui se não deixou ninguém por lá? – minha vontade era responder que isso não era da conta dele, mas ser grosseiro com um cara que estava me dando uma carona, não fazia parte do meu jeito de ser.
- Estou focado nos estudos. – respondi lacônico.
- Eu gosto de caras como você! Eu te namoraria se você estivesse afim! – exclamou, olhando pela primeira vez na minha cara desde que eu havia entrado no carro.
- Como eu, como? – tudo bem, eu tinha dado mole para dois caras e me deixei enrabar por eles, mas em nenhum dos casos eu dei qualquer bandeira ou, fiz qualquer insinuação que pudesse por minha masculinidade em cheque. Portanto, de onde esse cara tirou a ideia de que eu ia dar mole para ele.
- Lindo, gostoso, lisinho. – respondeu.
- Já me disseram que me achavam bonito, ok! Mas, gostoso e lisinho! O que te faz pensar isso. – revidei, eu já estava irritado outra vez.
- Constatando! Ah, y también tenes nalgas delicadas y ricas! Muy ricas! – ele só podia estar tirando uma com a minha cara. O pior é que debochava com a cara mais séria que conseguia fazer. Puto!
- Valeu, cara! Pode parar aqui mesmo. Obrigado pela carona! – exclamei sério, tentando abrir a porta que estava travada.
- Você ficou maluco! Quer se matar descendo do carro em movimento? – protestou zangado quando me viu tentando descer do carro.
- Maluco é você com essa conversa idiota! Quem você pensa que eu sou? Está querendo tirar uma com a minha cara só por que sou brasileiro? Vá se foder! – esbravejei furioso. Ele acabara de contornar a esquina e estava a dois quarteirões do meu prédio.
Tentei abrir a porta mais algumas vezes, mas ela não destravou por estarmos em movimento e, por que ele precisava acionar o comando em sua porta. Exigi que ele parasse o carro. Ele me ignorou e fixando o olhar na numeração da rua procurava pelo meu número. Um carro acabara de sair abrindo uma vaga a três metros da entrada do edifício e ele estacionou.
- Destrave as portas, quero descer! – exclamei num rosnado furioso.
- É assim que vai me agradecer? – questionou, sarcástico. Sem fazer o que pedi.
- Abra! – um clique destravou as portas e eu desci, fechando-a com violência. – Quer que eu te agradeça? Pois bem, vá se foder! – caminhei os poucos passos até a portaria sem olhar para trás.
- Maricón! – xingou, antes de me ver entrar no prédio.
Ao chegar ao décimo andar diante da porta do meu apartamento minhas mãos tremiam de tanta raiva que mal encontrei o buraco da fechadura. O que deu nesse filho da puta para fazer o que fez comigo? Essa pergunta não me saiu da cabeça por horas a fio. Afinal, pensei, a gente não se conhecia, a não ser de vista. Se a intenção dele era ser gentil, acabou se revelando um canalha. Se a intenção era fazer amizade, conseguiu exatamente o contrário. Então qual a razão disso tudo? Fui dormir naquela noite sem encontrar uma resposta. Vimo-nos, de longe, mais duas vezes naquela semana na universidade e, uma na semana seguinte. Como sempre, assim que me virava em sua direção, notava que estava olhando para mim.
Era quase meia-noite da última sexta-feira de junho, eu já estava de pijama lendo na cama quando o interfone tocou insistentemente. – Que droga! Quem vai encher o saco dos outros há uma hora dessas? – Ao atender, um rosto desconhecido apareceu na câmera. Quando perguntei quem era, o sujeito disse que veio trazer o Miguel e, que eu deveria descer, pois ele estava sem condições de subir por conta própria.
- Você deve ter se enganado. Aqui não mora nenhum Miguel. – respondi, desligando o interfone.
- Aqui não é a Palpa, 2377? – perguntou o sujeito, depois de tocar mais uma vez numa obsessão doentia.
- Cara, eu já disse que não mora nenhum Miguel aqui! Se vocês não saírem da portaria serei obrigado a chamar a polícia. – respondi, identificando que havia pelo menos mais dois sujeitos com ele, também desconhecidos.
Fiquei um tempo ouvindo a baderna lá embaixo e vi que havia mais alguém abaixado ou sentado, pois os sujeitos que apareciam no visor da câmera conversavam com alguém que repetia e confirmava que o endereço era esse. Vi que os sujeitos pareciam bêbados ou drogados e voltei para a cama. Vinte minutos depois, ouvi alguém batendo na porta de entrada. – Merda! Resolveram me aporrinhar essa noite. – no olho mágico apareceu a cara maquiada de uma das minhas vizinhas que moravam no apartamento em frente. Eram duas irmãs com mais de sessenta anos, uma viúva e outra solteirona que, ao me encontrarem no elevador, ficavam me encarando com cara de poucos amigos, depois que fui reclamar de deixarem seu gato urinar no meu capacho, deixando um cheiro nauseabundo no pequeno hall que separava nossos apartamentos. Depois de adverti-las algumas vezes, sem resultado, acabei tirando o capacho da frente da porta e fazia cara feia quando cruzava com elas. Elas sempre estavam muito empertigadas, os perfumes densos que usavam podia ser sentido a quilômetros e deixava o ar empesteado após a passagem delas, usavam uns penteados armados, fora de moda, maquiagem em excesso, badulaques pendurados nas orelhas, pescoço e pulsos numa quantidade espalhafatosa, estilo perua argentina e, desde que esfriara, uns casacos de pele sintética cheirando a naftalina.
- Venha tirar seu amigo do elevador! O sujeito está bêbado e estava sentado na portaria impedindo a entrada das pessoas. Vocês universitários são uma desgraça para qualquer morador civilizado! – exclamou, enraivecida.
- Não tenho nenhum amigo capaz de aparecer aqui à uma hora dessas e, muito menos bêbado, a senhora que o trouxe para cima, que o leve de... – calei-me assim que vi o cara da carona saindo cambaleando do elevador atrás da irmã dela. – O que faz aqui, seu maluco? – a mulher me fuzilou com o olhar.
- Ainda por cima mente, dizendo que não o conhece! – rosnou a velha.
- Dane-se! Suma da frente da minha porta! – respondi com raiva, por terem deixado o cara subir. Ela se empertigou e ficou ainda mais ofendida com minha resposta. – E você, o que te dá o direito de vir na minha casa nesse estado? – o cara balbuciou alguma coisa, mas não deu para entender nada, cambaleando para dentro do meu apartamento.
O estado dele era deplorável. Estava sujo, fedendo a vômito, não falava coisa com coisa e, se deixou cair sobre o meu sofá. Seus olhos me encararam por detrás de uma cortina de álcool ou sabe-se lá o que, pois o sorriso idiota que abriu na minha direção era incompatível com a situação.
- Tengo ganas de joderte por ese culo! Quiero cogerte por el culito! Ahora! – grunhiu, tentando articular as palavras, que a língua pesada mal deixava identificar.
- Vou pensar no seu caso! Só que, no seu atual estado, seu pinto não vai endurecer nem com reza brava; e você não vai conseguir foder nem uma piranha toda arregaçada. Portanto, trate de calar essa boca antes que eu perca a paciência e te deixe jogado na calçada lá embaixo! – revidei. Ele riu daquele jeito imbecil outra vez.
Minha raiva só aumentava diante da impotência de não saber o que fazer. Eu não sabia onde ele morava, não conhecia nenhuma daquelas pessoas com quem ele circulava pela universidade, não tinha informação nenhuma a respeito dele e, só agora soube que se chamava Miguel.
- Venha, saia de cima do meu sofá, você está imundo! Vou abrir o chuveiro e você trate de se lavar e tirar essas roupas. – explodi enfurecido. Ele me seguiu, mas acabou caindo antes de chegar ao banheiro.
O desgraçado era pesado como ele só. Arrastei-o para dentro do box como se fosse um saco de cimento. Ele me encarou e tentou se livrar da jaqueta de couro e tirar a camiseta, mas sua coordenação motora estava tão embriagada quanto seu cérebro. Arranquei-lhe as roupas e as jogava com raiva no chão. Ele agitava os braços no ar tentando se segurar no nada. Havia muitos músculos naquele macho nu, tantos e tão proeminentes que chegavam a impressionar.
- Você está que..querendo me ver pe...pelado! Eu te...tenho um ca...cacetão! Você quer...quer ver me...meu cacetão, é beeeemmmm gran...grande. Pe...pega nele, no meu...meu cace...cetão! – balbuciou, com o olhar vidrado em mim.
- Tá bom, você tem um cacetão! Só que isso não serve para nada agora. Pare de me puxar, é você quem precisa ficar debaixo da água fria e não eu. Pare, Miguel! – aquilo mais parecia um pesadelo. Eu desejei que ele escoasse pelo ralo junto com a água. Ele berrava um arsenal de palavrões, enquanto a água fria caia sobre seu corpão peludo e musculoso.
Sequei-o com uma toalha enquanto ele me encarava em silêncio. Aí começou a chorar e quis apoiar a cabeça ainda molhada no meu ombro. Eu o afastava, mas mesmo embriagado ele era dono de uma força descomunal. Enquanto o secava entre as pernas ele voltou a sorrir e colocou sua mão sobre a minha tentando leva-la para seu sexo. Forrei o sofá com um lençol, ajeitei travesseiros e o coloquei debaixo de um edredom, tudo sob o olhar vigilante dele e daquele sorriso abestalhado. Depois de jogar suas roupas na máquina de lavar, junto com meu pijama encharcado, passei pela sala a caminho do quarto e ele já dormia a sono solto. Passava da uma e meia da madrugada quando encostei a cabeça no travesseiro, puto com toda aquela situação e, encantado com aquele corpanzil másculo que dormia na minha sala. Mal tinha conciliado o sono ouvi um baque surdo vindo de lá. Levantei-me para ver o que estava acontecendo. O Miguel havia caído do sofá e estava estirado sobre o tapete. Ele ainda dormia. Cobri-o novamente e coloquei um travesseiro debaixo de sua cabeça, uma vez que a temperatura tinha baixado bastante. Voltei para a cama já sem sono. Estava tão agitado com tudo aquilo que até o vento soprando pelas quinas das janelas me mantinha num sono vigilante. Pouco antes das quatro da madrugada ele entrou na minha cama, encostou seu corpo nu no meu e me puxou para junto dele. Eu estava cansado demais para tomar uma providência.
O gato das vizinhas, um burmese de pelos muito sedosos e olhos azul-turquesa muito vivos, estava miando do lado de fora da sacada, olhando para dentro através da porta envidraçada e, raspando a pata no vidro querendo entrar. Eu ainda não tinha descoberto como ele fazia para chegar ao meu apartamento, pois o delas ficava na parte de trás do prédio e o meu voltado para a rua. O único acesso possível entre os dois apartamentos era o hall dos elevadores e, portanto, as portas precisariam estar abertas para ele poder entrar. Mas ele já tinha aparecido algumas vezes, com tudo fechado, depois que tirei o capacho que tanto o atraía e, se esfregado nas minhas pernas enquanto eu estava na minha mesa de estudo fazendo algum trabalho da faculdade. Ele costumava passar horas no meu apartamento. Logo que chegava ficava me encarando com aquele olhar cintilante, que parecia dizer: sei que você é um solitário e vim te fazer companhia. Tinha até elegido uma poltrona perto do janelão onde se refestelava como se estivesse em sua própria casa e, onde eu costumava ler e, o sol da manhã batia ao entrar pela sala. Tão misteriosamente quanto aparecia, ele desaparecia sem deixar vestígios. Eu prometi a mim mesmo que um dia o vigiaria para ver como chegava e partia do meu apartamento sem ser convidado. Distraído, só percebi a ereção do Miguel nas minhas coxas quando comecei a ficar mais desperto.
- Pelo visto hoje é o dia das visitas aparecerem na cara dura! – balbuciei meio sonolento, indo abrir a porta para ele entrar. Um miado curto e uma encarada acho que significaram – Bom dia! O Miguel se movimentou na cama tentando encontrar novamente meu corpo para se aninhar, rosnou alguma coisa e voltou a dormir.
Estava ainda mais frio pela manhã, obrigando-me a ligar a calefação. Um sol alto tentava driblar os edifícios e chegar às ruas. Não havia uma única nuvem no céu extremamente azul e gelado. O gato, com o rabo erguido, me acompanhou até a cozinha esfregando-se nas minhas pernas à medida que eu caminhava. Há pouco mais de um mês eu o tinha batizado de Intruso, uma vez que não sabia seu nome. Comecei a preparar um café caprichado, pois era sábado e eu não tinha compromissos. Tinha feito uma omelete cremosa de ervas e, quando estava cortando fatias finas de sopresatta, uma espécie de copa argentina feita de carnes maturadas, presadas e secas, o Intruso começou a escalar minhas pernas pedindo seu quinhão. À medida que eu lhe dava uns nacos, enquanto fatiava uns damascos frescos, ele lambia os beiços e balançava a cauda interessado apenas na sopresatta. A cozinha do apartamento tinha um canto no qual se juntavam duas janelas que iam do piso ao teto e, onde eu tinha posicionado a mesa de refeições, pois os primeiros raios de sol banhavam aquele canto durante as primeiras horas da manhã. Terminei de fazer um suco e um chocolate quente e tinha acabado de me sentar para desfrutar do meu café da manhã quando o Miguel apareceu. Ele caminhava devagar, esfregando os olhos para fugir da claridade e, parecia não saber para onde ir, havia se guiado até ali pelos sons do meu monólogo com o Intruso. Ele estava nu com uma ereção à meia bomba. Enquanto ele ainda estava perdido, aproveitei, aqueles poucos segundos, para admirar seu corpo escultural, algo que injetava um calor repentino dentro da gente.
- O que estou fazendo aqui? – balbuciou, assim que fixou o olhar em mim.
- É o que estou me perguntando desde a noite passada. Você podia me fazer o favor de cobrir essa indecência? Isso é acintoso demais! Mal acordei e já tenho que ver uma coisa dessas. – protestei.
- Não encontrei minhas roupas. É de manhã, não posso fazer nada, sempre acordo assim. Se ele te choca, olhe para outro lugar. – revidou. Era verdade, as roupas dele ainda estavam na máquina e já deviam estar lavadas e secas.
- Precisei lavá-las. Você foi deixado aqui completamente emporcalhado. Espere que vou busca-las! - quando voltei com as roupas ele tinha tomado meu suco e estava colocando uma porção de omelete sobre uma torrada.
- Humm, isso está bom demais! – exclamou, sem se importar em vestir as roupas.
- Cara! Você é muito folgado! Esses dias me falou um monte de desaforos, ontem à meia-noite me aparece bêbado, imundo e fedendo fazendo escândalo com seus amigos na portaria do edifício, se enfia na minha cama na maior cara de pau; e agora, bem, agora isso aí tudo de fora. E, para terminar ainda come meu café da manhã. Tenha santa paciência! Que tipo de criatura você é?
- Vamos por partes. Eu não te disse nenhum desaforo, só falei que você é bonito e gostoso. Foi você quem se ofendeu. Não sei por que aqueles caras me trouxeram para cá, eu mal os conheço, estavam na galera que conheci num barzinho ontem. Eu acordei no chão duro e frio e fui procurar um lugar mais confortável, que por acaso era sua cama. Estou pelado por que você tirou minhas roupas e as escondeu, vai saber com que intenções. Estou comendo isso aqui por que estou faminto e isso está delicioso por demais. Respondi a todas as suas dúvidas? – retrucou, avançando sobre as fatias de sopresatta que estavam no meu prato.
- Seus amigos me disseram que foi você quem ficava repetindo meu endereço quando lhe perguntavam onde morava. Só tem um detalhe, você não mora aqui! – devolvi, começando a perder a paciência.
- Mas gostaria! É tudo tão bacana, organizado, cheiroso, delicioso como você. Eu posso me acostumar com isso facilmente. – retorquiu.
- Era só o que me faltava! Vista-se e desapareça! – exclamei, atirando as roupas em cima dele.
- Você é sempre assim, tão zangado e mal humorado? – indagou, sem se mover.
- Quando tenho que aturar visitas indesejadas, sim!
- Se não me desejava, por que tirou minhas roupas?
- Não se faça de besta! Eu já disse que foi por que você estava sujo e fedendo. Não quero meu sofá impregnado com cheiro de vômito.
- O que me garante que você não abusou de mim? Eu estava vulnerável em suas mãos. – retrucou, cínico.
- Ponha-se daqui para fora! Agora! – berrei, perdendo o controle. Ele não se mexeu.
- Você vai enfartar cedo se continuar tão estressado! Senta aí e me faz companhia, só um pouquinho, vai! – um sorriso se formou em seu rosto quando terminou de falar.
Duas horas depois, ele continuava nu sentado à minha frente, conversando e me enchendo de perguntas. E eu, já tinha feito outra omelete, mais suco e lavado mais alguns damascos, além de ter dado uns comprimidos para sua dor de cabeça. Também havia perdido a vontade de expulsá-lo dali.
- Qual é o seu nome? Você já brigou tanto comigo que não deu tempo de perguntar seu nome. – disse ele, me encarando com aquela covinha se formando no queixo. Diabos! Como resistir a esse desgraçado?
- Phillip. – não sei por que corei quando respondi. – E o seu? – perguntei para disfarçar meu embaraço.
- Miguel. – pelo menos isso era verdadeiro nele, pensei. – Eu fui grosseiro com você ontem à noite? – perguntou, depois de alguns minutos de silêncio. Ele ficou constrangido pela primeira vez.
- Levando-se em conta que aparecer na porta de um estranho à meia-noite, completamente bêbado, não é nada educado, sim. Você foi grosseiro comigo. – respondi.
- Não, eu quis dizer além disso. Eu te ofendi ou fiz alguma coisa que não devia?
- Você continua pelado até agora. – respondi.
- Isso também não conta! – exclamou de pronto. – Eu queria que você também estivesse nu. – emendou, depois de uns segundos e, antes de ver a contrariedade com essa observação se formando no meu semblante, ele riu. Aquele maldito riso que fazia meu peito se aquecer. Só para não entrar na dele, fiquei calado.
Duas da tarde e o Miguel fuçando minha coleção de Cds e DVDs. Pelo menos já estava vestido e aquele cacetão tinha dado uma trégua ao turbilhão de pensamentos libidinosos que pululavam pela minha mente. Eu estava esticado sobre o sofá ouvindo as observações que ele fazia sobre cada um que pegava nas mãos e sobre aqueles que colocava para tocar no equipamento de som da estante.
- Estou com fome! Vou te levar para almoçar! – exclamou, de repente.
- Vou comer umas frutas por aqui mesmo, obrigado! – afirmei.
- Está me dispensando?
- Já devem estar preocupados com a sua demora. – respondi.
- Quem?
- Ora, seus pais, quem mora com você, sei lá!
- Não moro com meus pais. Eles estão em Mendoza. Moro numa republica e, garanto que ninguém está sentindo minha falta. – disse ele. – Vamos, deixe de frescura e me deixe recompensá-lo pelo transtorno que te causei.
- Não é necessário.
- Porra! Você tem uma habilidade ímpar para me tirar do sério! Eu vou te colocar por cima dos ombros e vou leva-lo à força. – ameaçou exacerbado, vindo em minha direção.
Meia hora depois eu estava sentado com ele numa mesa do Café de la Plaza, na esquina da avenida Lyncoln com Nueva York diante de um risotto del pescador cheiroso e colorido, onde uma galera jovem conversava alto e se escondia da tarde gelada lá fora, atrás dos panos de vidro que cercavam o salão. Durante aquelas horas que permanecemos no restaurante, eu constatei duas coisas. A primeira, que o Miguel devia estar faminto, pois devorou um enorme bife de chorizo em menos de meia hora, não deixando nem um naco dos acompanhamentos sobre a travessa. A segunda, que ele era capaz de conversar com considerável animação, bom gosto e inteligência, sobre diversos assuntos e, que se sentia confortável na minha presença. Deixei-o diante de um edifício no bairro de Palermo na rua Pringles esquina com José Cabrera pouco antes das cinco da tarde. Voltei dirigindo para casa com a mente ocupada nos acontecimentos das últimas horas. Minha antipatia pelo Miguel havia desaparecido completamente. Bestalhão! O cara passou uma lábia em você em poucas horas e você já não consegue tirá-lo da cabeça. Odiei-me por ser tão volúvel e impressionável. Eu mal sabia o que me esperava. Quando fui me deitar naquela noite, o cheiro dele estava impregnado nos meus lençóis. Não era cheiro de sabonete, ou de banho, era um cheiro de pele de macho que fazia meu cuzinho se contorcer de desejo. Eu só podia ser uma puta e, adormeci convicto disso.
Acordei tarde no domingo com o telefone tocando. Era minha mãe. Depois de toda aquela lenga-lenga de saudades, da falta que eu estava fazendo, e dos últimos acontecimentos na família, ela me perguntou se eu iria para o Brasil nas férias que começavam em uma semana.
- Não! Não vou. – respondi de pronto. Apesar de requintada e sem imposições, eu ainda não tinha perdoado a expulsão de casa.
- Nós contávamos com você por aqui. – afirmou ela, sem muita convicção.
- É melhor que eu fique por aqui. Assim não terão que se preocupar comigo ou com os problemas que eu possa causar. – desabafei.
- Não fale assim! Falando dessa maneira até parece que não queremos sua presença nesta casa. – repreendeu-me ela.
- Pois foi exatamente dessa forma que eu encarei a solução que vocês arrumaram para me afastar de casa. Mas, eu não quero discutir isso a essa hora da manhã e, muito menos por telefone. Lembranças a todos e beijão para você! – desliguei antes que meus nervos me fizessem dizer o que não devia.
- Beijos para você também, querido. Cuide-se!
Eu tinha acordado de bom humor, estava avaliando algumas possibilidades para aquele domingo enquanto me espreguiçava na cama. Essa ligação quebrou todo o encanto e, meu bom humor já era. Era meio-dia quando criei coragem para sair debaixo do edredom quentinho. Entrei no chuveiro e creio que dormi em pé debaixo da água quente que escorria pelo meu corpo, causando um torpor inebriante, pois ao voltar para o quarto o relógio de cabeceira marcava uma e um quarto. Comecei a arrumar a cama e, ao deslocar os travesseiros, encontrei a cueca do Miguel debaixo de um deles. Filho da mãe! O tempo todo que estivemos no restaurante ele estava sem cueca, tinha-a deixado de propósito naquele lugar, pois eu a havia colocado junto com as demais roupas dele que tinham sido lavadas. Quando dei por mim, estava rindo e tentava em vão encontrar o cheiro dele nela, mas a lavagem havia deixado apenas o perfume de lavanda do sabão em pó. A cueca dele era maior do que as minhas do mesmo modelo. Segurei-a um bom tempo entre as mãos, imaginando aquelas coxas grossas e peludas emergindo dele e, aquela verga imensa alojada dentro dela. Em poucos segundos eu estava de pau duro.
Eu estava absorto nesses pensamentos quando o interfone tocou. Pela câmera pude ver que era o Miguel. Sem responder, hesitei por alguns segundos se o deixava subir ou não. Venceu a última opção. No estado em que me encontrava a chance de termos uma nova discussão era grande e, eu não queria brigar com ele, não nesse domingo que começara tão bem e poderia acabar mal se eu ainda tivesse uma discussão com ele. Não nos conhecíamos tão bem. Ele tinha um jeito meio grotesco de falar certas coisas e, um pavio curto para ouvir as respostas. Nossa briga do dia da carona ainda estava bem viva na minha mente. E, passar por situação semelhante estava fora de questão. Ele só desistiu de tocar o interfone após a quinta tentativa e, estava zangado quando partiu, pois a cara dele demonstrava isso.
- Por onde andou o dia todo ontem? – foi nessa sutileza que ele me abordou no intervalo após as minhas duas primeiras aulas que, na verdade, foi uma prova bimestral.
- Bom dia para você também! – retruquei, achando que era precipitado da parte dele me tratar dessa forma.
- Bem, ainda estou esperando a resposta! – revidou, como se eu lhe devesse explicações.
- Saí com meu namorado! – devolvi, tão objetiva e explicitamente que o desconsertei.
- Namorado? Você tem um namorado? Por que não me disse que tinha um namorado? – percebi que ele havia perdido o chão.
- Você não me perguntou!
- Não perguntei por que isso não me interessa! – ele elevou um pouco o tom da voz e foi mais ríspido.
- Foi o que pensei!
- Quem é ele? Eu o conheço? É alguém aqui da faculdade? – perguntou, não resistindo à dúvida e, perturbado com essa informação inesperada.
- Por que quer saber? Você acabou de dizer que isso não te interessava. – questionei.
- Desde quando vocês namoram?
- Você também não respondeu a minha pergunta. – devolvi.
- E nem vou responder! Outra hora a gente se fala. Tchau! – bofou, virando as costas e se afastando batendo os pés.
- Miguel! – chamei, numa espécie de ordem para que parasse onde estava. Ele se virou lentamente na minha direção.
- Por que você me abordou fazendo uma pergunta dessas e, ainda por cima, nesse tom de voz? – questionei, também dando dois passos na direção dele.
- Eu só queria saber onde você se enfiou. Estive no seu prédio e você não estava. – aquele tom agressivo havia desaparecido.
- Então você se enfezou, remoeu esse desencontro pelo restante do dia e, hoje veio tirar satisfações comigo. Acertei? – inquiri. Ele assentiu com um movimento de cabeça e chutou o chão com o pé direito, mas não disse nada por um bom tempo.
- Quem é o cara que você está namorando? – perguntou, assim que juntou coragem.
- Não estou namorando ninguém! Eu disse isso para ver qual seria sua reação. E, não foi das melhores. – respondi, num tom brando e carinhoso.
- Você sabe que esse é o meu jeito! Não devia mentir para mim. – retrucou, também mais manso e, eu podia jurar com uma satisfação contida por saber que eu estava livre.
-Não! Eu não sei se esse é o seu jeito. Em dois encontros eu não sou capaz de saber como uma pessoa é; ainda mais quando esses dois encontros não foram lá um céu de brigadeiro. Você não acha? E, eu não menti, apenas quis saber se isso ia mexer com você. – esclareci.
- Claro que isso mexe comigo! Você mexe comigo! – exclamou, sem pestanejar.
- Fico feliz de ouvir isso. – devolvi, junto com um sorriso tímido.
- Está contente agora, me fazendo admitir que você não me é indiferente desde a primeira vez que o vi?
- Estou. Estou muito contente, pois de alguma maneira você também mexe comigo, mas fico em dúvida quando você fala certas coisas e, a maneira como as fala. Por isso, ainda não sei se o jeito que você mexe comigo é bom ou é ruim. – afirmei.
- Desculpe! Você também me assusta. Não sei como chegar a você. Eu te acho autoconfiante e independente demais. Dá medo! – retrucou.
- Eu, autoconfiante? Quem me dera isso fosse verdade. Sinto estar pisando em ovos, o tempo todo. – asseverei.
- Pois não é essa a impressão que você transmite. Quer dizer que não tem namorado nenhum na parada? – agora seu semblante tinha um ar descontraído e zombeteiro.
- Não, nenhum.
- Eu passei na sua casa ontem, pois queria sair com você outra vez. E, também queria saber se você quer ir para Mendoza comigo na semana que vem ou, se já tem planos para as próximas três semanas de férias. – falou, animado.
- Não tenho nada planejado. Pensei em ficar por aqui. – respondi, omitindo que a ligação da minha mãe tinha me feito desistir de passar as férias em casa. Era cedo para falar com um cara que eu estava conhecendo sobre essas questões familiares mal resolvidas.
- Então está decidido! Você vem comigo! – outra vez aquilo soou mais como uma ordem do que uma confirmação e, muito menos como um convite. – Se você quiser, é claro. – emendou ligeiro, percebendo que estava sendo autoritário.
- Prometo pensar sobre o assunto. – retruquei, o que não o deixou plenamente satisfeito.
Por meio de indiretas o Miguel tentou ver se conseguia passar mais uma noite no meu apartamento. Suas abordagens foram sutis, dentro do que ele imaginava ser sutileza, mas eram tão evidentes para mim que logo acabei com essa esperança.
- Estou cheio de provas, aliás, como você também e, preciso estudar um bocado de matéria, pois quero chegar ao final do ano com a nota de boa parte das disciplinas já fechadas. – respondi decidido. Ele resmungou alguma coisa em resposta, evidentemente contrariado pelos empecilhos que eu colocava para dificultar seu acesso ao meu cuzinho.
Continua...
Foto 1 do Conto erotico: Um homem para chamar de meu - Parte I


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Comentários


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paupanps Comentou em 20/01/2019

Adoro seus contos!!! Cara vc deveria escrever livros de romance!!! E muito top sua histórias...

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leofer20 Comentou em 20/01/2019

Amei o primeiro capítulo da história. O personagem Felipe teve grandes mudanças ao decorrer das experiências que ele passou, no começo achei ele meio bobo, mas depois me impressionou com a personalidade forte que construiu para se livrar das decepções que passou em sua vida. Miguel mesmo admitiu que tinha medo de falar com ele, de modo que isso deixa todo homem machao (vamos assim dizer completamente ativo e dominador) inferior ao se encontrar ou se deparar com um passivo de personalidade forte.

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Comentou em 17/01/2019

Linda historia!!! muito emocionante.

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morsolix Comentou em 17/01/2019

Engraçado os leitores deste site.Quando a história é boa ninguém comenta.Mas quando é uma porcaria escrita de doze linhas,nossa,como dizem; é sensacional e etc...vá entender.Bem.Bem escrito.O personagem no inicio é meio irritante porque se deixa levar de uma maneira irreal.Parece que não pensa.Mas depois ganha contornos mais verossímeis. Gostei,lido e votado.Espero ler a segunda parte.

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miguelita- Comentou em 17/01/2019

Delicia ! Adoro um macho ! Maravilhoso !




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Ficha do conto

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Nome do conto:
Um homem para chamar de meu - Parte I

Codigo do conto:
131536

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
17/01/2019

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