Com uma fêmea dentro de si - Parte I



Com uma fêmea dentro de si - Parte I
Sexta-feira 30 de maio de 2014
Ao cair da tarde, o extenso e bem cuidado gramado entre o edifício principal, o ginásio de esportes e as quadras abertas estava lotado de estudantes, pais e parentes dos formandos secundaristas do último ano do ensino básico, bem como eles próprios trajando suas becas pretas e capelos com o distintivo do colégio bordado na tarja vermelha circulavam de um lado para o outro. Eu havia acabado de tirar uma série de fotos com meus colegas de turma para o livro do ano quando anunciaram o início da cerimônia de formatura. Eu estava um pouco tenso, não sei se por ter acordado cedo e me preparado o dia todo para o evento, ou se por estar ciente de que seria meu último contato com a maioria dos meus colegas entre os quais eu gozava de certa popularidade, ou ainda, se pelo fato de saber que após o verão, minha vida sofreria uma grande mudança com o ingresso na faculdade. Meu pai e o Noah estavam sentados na primeira fila de cadeiras montadas para os visitantes diante do palco de cerimônia, o que só contribuiu para me deixar ainda mais nervoso, embora meu pai estivesse me sorrindo o tempo todo e o Noah me apontado o dedo médio em riste como mais um de seus gracejos idiotas.
Ao mesmo tempo em que o diretor do colégio me entregava o diploma diante da mesa composta de professores, convidados ilustres e da cúpula da direção do colégio, o cerimonialista anunciava ao microfone que eu também estava recebendo o prêmio, uma placa de prata num estojo de veludo preto, por ter sido o aluno com as maiores notas do curso. Entre os estudantes sentados no palanque atrás da mesa ecoaram gritos, assobios, uivos, vivas e palavrões, contidos pelo olhar severo do diretor, enquanto na plateia as pessoas batiam palmas. Até voltar a ocupar minha cadeira junto aos colegas, me senti como se tivesse passado por um corredor da morte.
No ginásio de esportes, ornado como se fosse uma gigantesca tenda onde pendiam do teto lustres e tecidos levemente transparentes em imensas faixas que chegavam até o chão, distribuíam-se as mesas decoradas para o jantar formal de formatura. A minha permaneceu vazia praticamente o tempo todo, pois meu pai como treinador do time amador de rugby circulava entre os dirigentes do colégio, meu irmão Noah dispensou mais esse sacrifício de acompanhar o que ele classificou como cerimônia do pela-saco, e eu acabei me juntando à mesa da família do Ryan, embora ambos mais circulávamos pelas rodinhas de amigos do que nos contentávamos com a conversa dos adultos.
Meu pai e eu chegamos em casa por volta da meia-noite, pouco antes do Noah voltar da casa da namorada.
- Deixa eu ver a plaquinha de CDF que o enrustido ganhou? – perguntou o Noah, disposto a zoar comigo.
- Vá se ferrar!
- Para de implicar com seu irmão! Você deveria estar orgulhoso por ele. – repreendeu meu pai.
- O que você vai fazer com a sua plaquinha, pendurar no pescoço, guardar debaixo do travesseiro, emoldurar e pendurar na porta do seu quarto, ou o que? – continuou meu irmão.
- Enfiar no seu cu! – revidei, enquanto ele me dava uma gravata com seu braço musculoso, e eu tentava me livrar dela.
- Vai precisar de muito mais força para conseguir essa façanha! – debochou, enquanto eu me debatia.
Sábado 31 de maio de 2014
O baile de formatura estava agendado para começar às 21:00 horas no Pritzlaff Events na North Plankinton. Eu me sentia um verdadeiro pinguim dentro do meu primeiro smoking, a faixa apertando minha cintura, a camisa plissada e aquela gravata borboleta que levei horas para conseguir ajustar me faziam sentir como se todo meu corpo tivesse sido engomado. No entanto, tudo compensou quando o Ryan e eu chegamos à casa da Susan, minha parceira no baile, me disse que eu estava ainda mais lindo. A Maggie, parceira do Ryan, concordou com ela quando entrou no carro, o que fez o Ryan protestar por nenhuma das duas ter elogiado o smoking dele.
- Você também está um gato! – exclamaram, quase em uníssono, antes de cairmos na risada e ele pôr o carro em movimento em direção ao Pritzlaff
O que se via estampado na cara de todos era a euforia e felicidade por termos vencido aquela etapa de nossas vidas, bem como a nostalgia e até uma certa melancolia, por sabermos que aquela noite seria a última que partilhávamos com os colegas de turma. Dali em diante, cada um seguiria seu caminho e, muito provavelmente, eles nunca mais se cruzariam para a maioria de nós.
Levamos as garotas para casa ao final do baile e, de repente, estávamos sós no carro da mãe dele. Senti um nó na garganta, pois ao final do verão ele partiria para a universidade no Michigan, enquanto eu permaneceria na cidade cursando engenharia ambiental na Universidade de Wisconsin-Milwaukee, pois não queria me afastar da família depois da morte da minha mãe, embora minhas notas permitissem o ingresso em quase todas as renomadas universidades do país. Acho que o Ryan pensava na mesma coisa, aquela também estava sendo a nossa despedida, quando começou a dirigir em direção a um ponto mais afastado ao norte da cidade às margens do lago Michigan, que oferecia vistas incríveis do lago numa noite estrelada como aquela. Eram duas da madrugada quando ele estacionou o Lincoln Aviator da mãe junto a promenade quase deserta àquela hora, à exceção de alguns poucos carros ocupados por casais de namorados que procuravam o lugar ermo para trocar uns amassos ou transar sem serem importunados. Ficamos uns minutos em silêncio, repentinamente, parece que não tínhamos assunto.
- Lembra-se da primeira vez em que conversamos? Tenho todas as cenas registradas na minha memória. Eu nunca tinha conhecido alguém como você até aquele dia, por isso, acho que jamais vou conseguir esquecer de você, mesmo que viva cem anos. – sentenciou ele, quebrando o silêncio.
- Lembro. Fui maluco e ousado, não fui? Não sei o que me deu para enfrentar aqueles caras. Nunca tinha brigado antes. – respondi.
- Eu diria que foi corajoso! E, um pouco maluco também. Mas fiquei feliz por ter agido assim. – retrucou rindo.
Estávamos na metade décimo ano do curso básico quando o episódio a que ele se referiu aconteceu. Até então nunca havíamos trocado uma única palavra, apesar de estudarmos na mesma turma. Não me lembro o que ocasionou a briga entre ele e quatro garotos que ocupavam o fundão da classe e viviam arrumando confusão, ora com outros estudantes, ora com os funcionários do colégio, ora até com duas professoras um pouco inaptas para lidar com aquele tipo de adolescente. Eles também já haviam mexido comigo, especialmente nos vestiários após as aulas de educação física, quando eu costumava me enfurnar na última cabine distante dos armários para trocar de roupa. Eu tinha um verdadeiro pavor que me vissem pelado ou com pouca roupa, por ter aquele corpo estranho tão diferente dos demais adolescentes. Eu até usava roupas um pouco largas para que ninguém visse aquelas ancas largas, o tórax menos desenvolvido que qualquer outro garoto da minha idade, as coxas lisas sem nenhum pelo como quase todo o restante do meu corpo, e particularmente, aquele par de mamilos salientes. Mesmo assim, não escapei de ser zoado algumas vezes. No entanto, por temerem o meu pai que também atuava no setor de esportes do colégio, não ultrapassavam certos limites. O Ryan era um cara na dele, parecia dono de uma autoconfiança que eu invejava. Nos cumprimentávamos com um ‘oi’ despretensioso quando nos cruzávamos nos corredores, nada além disso. Quando tive ciência do que significava aquela algazarra próximo às quadras no final das aulas, a briga já estava rolando. Mitchel, o líder da gangue arrumadora de confusão, trocava socos com o Ryan, enquanto a galera reunida numa rodinha torcia pela desgraça alheia. Corri para avisar o segurança da briga, antes de partir para a arena de combate. Pouco antes da minha chegada, dois dos comparsas do Mitchel entraram na briga, ao perceberem que ele já tinha apanhado bastante e mal se mantinha em pé. Foi aí que surtei. Era covardia demais três contra um. Sem pensar duas vezes, me atirei nas costas de um deles, ignorando por completo aquela montanha de músculos que me carregava como uma mochila enquanto continuava a distribuir socos. Para pará-lo, enfiei os dedos nos olhos do sujeito, ele gritou e caiu de joelhos. Antes de conseguir me atingir, eu já estava pendurado nas costas do Mitchel, tentando usar a mesma tática para nocauteá-lo. Mas, os dois seguranças chegaram no exato momento em que cravava meus dedos em sua garganta. A briga cessou. Os estudantes se dispersaram assim que os seguranças os encararam para identificá-los.
- Foram eles que começaram! – berrei, antes que o segurança fizesse a primeira pergunta. Os quatro protestaram.
- Todos para o gabinete do Sr. Mclean! Lá vocês terão tempo de se explicar. – disse o outro segurança, nos levando até o diretor.
Para meu azar, meu pai estava no gabinete do diretor no momento em que os seguranças nos introduziram.
- O que significa isso? – questionou, ao me ver com aquela cara de culpa.
O Ryan tomou a palavra antes que todos. Explicou o que tinha acontecido, dizendo que estava farto de aturar as provocações do grupinho de encrenqueiros, cujas malandragens o Sr. Mclean estava cansado de questionar, e me agradeceu por ter chamado os seguranças e intervir em sua defesa. Tomei uma bronca do meu pai mesmo assim.
- Sua intenção pode ter sido boa, mas não é assim que se resolvem as coisas! – exclamou.
O grupinho ficou ouvindo a ladainha do diretor por mais algum tempo antes de receberem seus avisos de suspensão, enquanto o Ryan e eu seguimos até um banco no pátio.
- Obrigado pela força! É Alex, não é? – disse ao voltar-se para mim. Eu acenei com a cabeça.
O ombro dele sangrava pelo rasgo na camiseta onde aparecia a pele esfolada pelo piso da quadra. O mesmo acontecia no canto esquerdo da boca, onde o lábio inferior tinha um corte que, mesmo ele lambendo, não parava de gotejar sangue e, já estava o dobro do superior. Tirei a embalagem de lenços umedecidos da mochila e o ajudei a estancar os sangramentos. Naquele momento percebi que ali nascia uma amizade, sem que precisássemos nos valer de palavras para juramentá-la. Ela foi se consolidando ao longo do curso e levada até para nossas vidas privadas.
Voltamos a um breve silêncio novamente, cada um rememorando aquele dia à sua maneira. Conversamos um pouco sobre o futuro, sobre como seriam nossas vidas na universidade e depois dela. De quando em quando parávamos de falar só para ouvir os gemidos de uma garota que estava trepando com um carinha no carro que estava mais próximo de nós. Ríamos vendo o carro balançar, enquanto a garota cavalgando a pica do rapaz esfregava a mão no vidro embaçado e permitia que se visse o que rolava lá dentro.
- Como estamos vivendo nossos últimos dias juntos antes de eu partir, preciso te dizer uma coisa. – disse ele, ajeitando-se no banco para ficar de frente para mim. – Faz um tempo que me sinto atraído fisicamente por você, sinto tesão algumas vezes ao seu lado, ou quando estou no meu quarto e, algo que fizemos naquele dia me vem à mente. Não é nenhuma sacanagem, é uma vontade de te tocar. – revelou, esperando pela minha reação com o olhar fixo em mim.
- Você devia confessar isso para a Maggie! – exclamei, surpreso com a revelação.
- Tive uns lances com ela, mas ambos sabemos que não vai rolar nada. – devolveu ele. – Não sei o que me fascina em você, além do seu jeito tímido e do seu sorriso e, que me faz sentir esse tesão. Mas, eu sinto.
- Devem ter sido as taças de vinho que você tomou no Pritzlaff. – retruquei.
- Não! Talvez elas tenham colaborado para eu ter criado coragem para te falar isso, nada mais.
- Então são as emoções do dia! – eu tentava acabar com aquela conversa sem saber como.
- Você nunca sentiu uma emoção na qual eu estivesse envolvido?
- Senti. Quer dizer, eu me sinto contente quando estou com você. – corrigi ligeiro.
- Que tipo de contentamento? – estava ficando difícil encontrar respostas.
- Sei lá! Contente de estar contente, ora!
- Desse tipo? – questionou, antes de colar sua boca na minha, e fazer minha cabeça começar a girar feito um carrossel.
Eu já havia reparado no Ryan algumas vezes. Gostava de ver a agilidade de seu corpo musculoso quando estávamos em quadra. Gostava de olhar para os pelos do peito dele. Gostava de sentir sua energia quando passamos as tardes estudando ora na casa de um, ora na casa do outro. E, mesmo sem me atrever muito, gostava de olhar para aquele volume entre suas pernas quando ele estava só de cueca no vestiário. Para ser sincero, essa visão me causava calores. Mas, nunca pensei nele como um parceiro sexual, muito embora eu começasse a me sentir cada dia mais gay. Não eram minhas atitudes que me levaram a essa conclusão, mas esse meu corpo estranho com curvas onde eu não as deveria ter, com sensações que eu não sabia definir, com essas malditas micções com sangue que apareceram do nada e vinham acompanhadas de dores abdominais, que cerca de uma semana depois eram substituídas pelo aumento da libido, onde todo rapaz atraente me encantava, daí eu achar que tinha virado gay. Mais uma semana depois, vinha aquela sensibilidade nos mamilos, e eu podia jurar, me olhando no espelho, que os despudorados estavam maiores, doloridos ao menor toque. Depois tudo passava, e eu só torcia para que nova fase semelhante tardasse a chegar.
Quando retribuí o beijo dele, sentindo sua língua se mover na minha boca, creditei àqueles dias em que qualquer homem másculo me atraía, a culpa por deixá-lo prosseguir. Ele mordia meus lábios à medida em que ficava mais empolgado, me chupava e lambia o pescoço, enquanto suas mãos percorriam meu corpo e iam me despindo sem que eu atentasse para o fato. Quando senti sua mão sobre a pele das minhas nádegas, ambos estávamos só de cueca, então me questionei onde tinha ido parar meu smoking e todo o resto. Ele chupava meus peitinhos quando o encosto do banco começou a reclinar e ele a montar em cima de mim. Aquele corpão musculoso estava se encaixando entre as minhas pernas abertas e meus braços, que lentamente iam envolvendo seu tronco quente, ao mesmo tempo em que nossas bocas voltavam a se unir. Minha bunda estava diretamente sobre o couro do banco fazendo-o ranger ao menor movimento. Meus pés apoiados no painel pareciam ser meu único apoio. De repente, eu senti a ereção dele deslizando no meu rego. Nossos olhares fixos se concentravam em manter aquele tesão intacto. Ambos arfávamos, como se precisássemos de ar para enfrentar uma corrida. Eu torci para ele não reparar no meu pinto, tinha vergonha do tamanho acanhado dele. Contudo, mesmo na penumbra, ele fez referência a ele.
- Sempre tive vontade de estar com um carinha lindo como você e com um pinto pequeno. Agora sei porque sinto tanto tesão por você. – sussurrou ele.
A mesma penumbra que permitiu a ele desvendar aquela parte do meu corpo, me permitiu ver o tamanho do cacetão que roçava voluntariosamente meu rego e, a despeito do receio, eu quis sentir aquilo dentro de mim. O Ryan fez um malabarismo antes de conseguir, na quarta tentativa, meter o caralhão molhado dele no meu cuzinho. Eu gritei quando ele me rasgou as pregas, me agarrando aos seus braços e tentando retardar seu ímpeto em se alojar no meu cu. Mas, passada a agrura dolorosa inicial, deixei que ele deslizasse cuidadosamente a verga para dentro do meu rabo. A sensação de senti-lo por inteiro pulsando dentro do meu corpo foi maravilhosa. Ele me encarava movendo-se para produzir um vaivém cadenciado que estava nos levando ao êxtase. Eu nunca tinha sentido nada igual. O Ryan e eu parecíamos fundidos como dois metais formando um amálgama, só que nossos corações batiam e ressoavam uma felicidade única. Eu me melequei na minha própria porra. Ele despejou jatos fartos e densos da dele no meu cuzinho, me encharcando como uma chuva torrencial enlodaça o solo. O alvorecer começava a lançar sua fria luminosidade sobre as águas do lago Michigan, e nós continuávamos abraçados nos acariciando. Quando o amanhecer já colocava nossa situação dentro do carro sob suspeita, um beijo longo e carinhoso selou aquele encontro. Meu pai e o Noah ainda dormiam quando subi a escada rumo ao meu quarto com o cu ardendo como se houvesse um ramo de urtiga entalado nele.

Quinta-feira 5 de junho de 2014
Eu estava sozinho em casa, tinha acabado de voltar da secretaria da Universidade Winsconsin-Milwaukee onde tinha ido pegar os documentos a serem preenchidos para o dossiê de inscrição, e preparava uma jarra de suco quando o Dexter, meu pastor-alemão e o Champ, meu boxer correram latindo até a porta dos fundos. Não demorei a ver o Ryan passando pela porta enquanto o Dexter e o Champ se enroscavam em suas pernas e faziam festa para as carícias que ele lhes dava. Desde a madrugada após o baile não nos tínhamos visto ou falado.
- Oi! Vim saber como você está. – disse ele, tirando da minha mão o copo de suco que eu tentava provar.
- Oi! Tudo legal! E você? – devolvi.
- Está faltando um pouco de açúcar nesse troço! – exclamou ele, fazendo uma careta.
- Quem mandou você tomar antes de eu experimentar? – questionei, acrescentando uma colherada de açúcar ao copo dele.
- Melhor assim! O que vai fazer agora a tarde?
- Nada. Já fui até a universidade buscar os documentos. – respondi. Ele riu.
- Está a fim de repetir o que rolou depois do baile? – seu olhar brilhava, a ereção já era visível, e ele estava com uma deliciosa cara de safado.
- O que te leva a crer que eu quero repetir aquilo? – questionei, sentindo o tesão tomar conta de mim.
- Você gostou, eu sei!
- Convencido! Esse bagulhão me machucou, sabia?
- Sabia! Mas, mesmo assim, você gostou. E eu estou louco para fazer de novo. – declarou, me mostrando a ereção.
- Tarado! Vamos subir. – ele me puxou para junto dele e me beijou. Subimos abraçados. Ele trancou a porta do meu quarto.
Não tínhamos pressa, o Noah tinha ido com o amigo Jeff até a capital, Madison, para algo que não prestei muita atenção, e só voltaria no dia seguinte. Meu pai estava na sede da Liga Regional de Rugby e tinha me avisado para não o esperar para o jantar. Eu chupei a rola grossa e reta do Ryan até ele gozar alucinadamente na minha boca, engolindo sua porra deliciosa. A luz do dia, aquela pica era ainda mais sedutora, veias calibrosas desenhadas em seu entorno pareciam rios e seus afluentes, a glande parecia um enorme cogumelo arroxeado e, abaixo dele, um sacão globoso camuflava dois imensos testículos pendurados em alturas diferentes, atestando a virilidade do Ryan. Ele fodeu meu cuzinho até eu pedir arrego na terceira vez em que as estocadas já tinham detonado meus esfíncteres anais, deixando uma gigantesca sensação de vazio na minha bunda.
- Você vai ao jogo no domingo? – perguntei, ao nos despedirmos com um beijo
- Ainda não sei! Meus pais estão querendo reunir a família antes de eu partir para o Michigan e, ainda não ficou definido se será neste ou no próximo final de semana. Se eu for passo aqui para irmos juntos, ok?
- Ok!
- Adorei brincar com essa bundinha! – disse ele, dando-me um tapa nas nádegas antes de subir na bicicleta.
- E eu com essa rola sem-vergonha! – respondi, sorrindo, mesmo prevendo que aquela dor em meu ventre ia se intensificar nas próximas horas, mas realizado pelo prazer que ele me proporcionou.

Sexta-feira 6 de junho de 2014
A final do campeonato regional de rugby do Wisconsin aconteceria no final de semana, meu pai como treinador do time de iniciantes estava assoberbado, mas mesmo assim, encontrou um tempinho para me convencer a ir ao shopping e comprar um uniforme novo, apesar de eu ter deixado de participar do time de novatos há cerca de um ano, mas continuando com alguns treinos. Na sexta-feira, após o expediente, ele veio me buscar. Eu sabia que seria inútil dissuadi-lo, portanto, deixei-o conduzir a questão conforme sua vontade, como vinha fazendo desde que minha mãe faleceu há três anos, só para deixá-lo feliz. Estávamos esperando pelo pacote quando a primeira explosão se fez ouvir fazendo com que seu brutal deslocamento de ar quebrasse duas das vitrines da loja. A segunda, veio cerca de 40 segundos depois, já inundando os três andares daquela ala com uma fumaça densa cinza escura. Gritos e alarmes disparando criaram o caos dentro do edifício com poucas saídas de emergência. Como a loja em que estávamos ficava no terceiro piso, procuramos correr na direção oposta de onde vinha a fumaça a fim de encontrar as escadas até o térreo. Todos tiveram a mesma ideia e, as escadas não davam vazão à multidão que se dirigiu a elas. Senti a mão potente do meu pai no meu braço quando conseguimos chegar aos degraus. Lembro-me de ter feito o mesmo com a garotinha que chorava enquanto sua mãe a agarrava pela roupa, tentando dar-lhe mais segurança no meio daquele tumulto. Em minutos todo o shopping estava tomado pela fumaça, mal se enxergava uns palmos a frente do nariz. Metade do primeiro piso ardia em labaredas que alcançavam o teto, tivemos que driblá-las para prosseguir a fuga. A mãe da garotinha tropeçou nos saltos altos dos sapatos e caiu, fazendo com que eu quase perdesse sua mãozinha. A mãe gritou, livrou-se dos sapatos e se pôs em pé numa agilidade espantosa. Continuamos a correr em direção a uma saída de emergência, já sem fôlego e intoxicados pela fumaça. Bombeiros haviam isolado um corredor com fitas que iam da porta até o meio da rua e coordenavam a evacuação. Sem enxergar praticamente nada, não percebi que havíamos alcançado a rua, meus olhos, nariz e boca ardiam e, tive a impressão que meus pulmões não se enchiam de ar, quando uma mão enluvada me puxou para um canto onde equipes médicas prestavam os primeiros socorros. A última coisa de que me lembro antes de acordar dentro de uma ambulância com uma máscara de oxigênio no rosto e meu pai sentado ao lado, foi uma socorrista gritar – ESSE AQUI PRECISA SER TRANSFERIDO PARA UM HOSPITAL COM URGÊNCIA – então tudo se apagou.
- Vai ficar tudo bem, Alex! – disse a voz tranquila de uma enfermeira que se aproximou do leito no qual haviam me instalado no setor de emergências do hospital. Eu só acreditei nela por que meu pai estava sorrindo sobre suas costas.
- Ele inalou muita fumaça! Os parâmetros indicam que a gasometria está muito baixa, precisamos melhorar a ventilação pulmonar e realizar alguns exames. – afirmou o médico que entrou pouco depois de eu ter recobrado os sentidos. – Existe algum distúrbio prévio envolvendo o aparelho respiratório dele? – questionou, voltando-se para o meu pai, pois eu não tinha condições de responder com aquela máscara colada ao meu rosto.
- Sim! Há cerca de um ano instalou-se um quadro asmático, o que o obrigou a abandonar as competições do time juvenil de rugby. – respondeu meu pai.
- Prepare-o para os exames, sim Dorothee. – a enfermeira assentiu, enquanto o médico deixava o box no qual haviam me instalado.
- Vista isso que já volto para levá-lo ao setor de radiologia. – disse ela com um sorriso brando ao me entregar um avental.
- Não tenho nada! Só estou sentindo falta de ar por causa da fumaça. – afirmei, ao que ela riu e me perguntou se não era melhor o médico chegar a essa conclusão.
- Vamos, Alex! Você está muito pálido e é melhor fazer os exames. – sentenciou meu pai.
- Então volte para o treino, pai! Devem estar aflitos esperando por você, o campeonato é no domingo. – argumentei.
- Eles vão se virar sem mim, não se preocupe. É aqui que vou ficar, ao seu lado, até que tudo seja resolvido. Somos um time, não somos, filhão? – retrucou ele.
Era essa afirmação que ele costumava fazer que me deixava angustiado – SOMOS UM TIME – dizia diante de algum problema, querendo com isso a aprovação do meu irmão e minha. Eu só estava no time rugby para agradá-lo, para que ele sentisse orgulho de mim, como sentia pelo Noah que era o capitão do time oficial.
- Claro, pai! – respondi, sentindo o peso daquela mentira.
Ao retornar, o médico veio acompanhado de dois outros, mais jovens, provavelmente residentes, um deles tão lindo e másculo que não deixei de reparar. Haviam me instalado num quarto após os exames, o que me fez suspeitar que não sairia do hospital como havia imaginado. Ele trazia consigo um envelope com as imagens de uma tomografia e uma ressonância magnética.
- Tenho uma boa notícia quanto ao seu quadro pulmonar! – começou ele, muito circunspecto para quem dá uma boa notícia. – O pulmão esquerdo está um pouco comprometido, mas algumas horas em observação com o oxigênio, vai remover os resíduos que inalou. – continuou ele, sem tirar o olhar de mim enquanto falava.
- Que ótimo, não é filhão? Logo podemos ir para casa. – animou-se meu pai.
- Temo que não, senhor Butler! – exclamou. – Encontramos uma bolsa contendo líquido no abdômen do seu filho, e vamos precisar drená-lo. – completou.
Cerca de um quarto de hora depois, lá estava eu numa maca percorrendo novos corredores do hospital enquanto meus olhos acompanhavam a sequência de lâmpadas no teto. Foi o residente bonitão que fez o procedimento, depois de me cobrirem de panos. O olhar que ele lançou à enfermeira, após me avisar que eu sentiria uma espetada, não era exatamente o olhar que eu gostaria de ver no rosto de um médico.
- Peça ao doutor Kostopoulos que venha até aqui, Dorothee. – solicitou, por trás da máscara.
A presença do médico quarentão não me trouxe tranquilidade. Embora tenha dito apenas para o residente continuar, sua expressão me pôs em alerta.
- Há algo de errado comigo? – questionei. Não me lembro da resposta que me deram, mas ela não me satisfez.
Eu mal havia chegado ao quarto, ainda um pouco dolorido, quando me levaram para novos exames. Aquelas sobrancelhas juntas do meu pai demonstravam sua preocupação com aquela sequência de exames e nenhuma conclusão.
- Você já sentiu dores abdominais outras vezes, Alex? – perguntou o doutor Kostopoulos. Devo ter ficado vermelho, pois a resposta que eu daria, certamente o faria fazer outras, difíceis de responder, especialmente diante do meu pai.
- Sim! – mal ouvi minha própria voz.
- Por que nunca me falou nada, Alex? – inquiriu meu pai.
- Desde quando sente essas dores, Alex? – continuou o médico, como eu previra.
- Há uns três anos, acho. Mas elas não acontecem sempre. – tentei justificar, ante a desolação do meu pai.
- O que drenamos do seu abdômen foi sangue. – de desolado meu pai passou a aflito com aquela afirmação do médico. Eu me encolhi, pois ainda havia mais a revelar e, certamente ele arrancaria essa informação de mim.
- Você notou alguma vez que havia sangue na sua urina? – ele chegou ao ponto. Eu acenei positivamente com a cabeça, pois tive vergonha de ouvir minha resposta. Todos tinham os olhos fixos em mim, meu pai, o doutor Kostopoulos, Dorothee, e os dois residentes. Eu me sentia vítima da inquisição. – A ressonância magnética revelou que você tem todos os órgãos femininos funcionantes em seu abdômen. Você é o que denominamos intersexual, clinicamente.
- E o que ocasionou esse sangramento que vocês drenaram? – questionei, já temendo que novos exames e inspeções pelo meu corpo os levariam a descobrir as minhas pregas anais rotas e sensíveis, deixadas pelo cacetão do Ryan. Aquilo parecia o inferno desabando sobre mim, em questão de horas minha intimidade, guardada a sete chaves durante anos, estava sendo devassada diante de estranhos e do meu pai.
- Você menstruou! Sua condição é típica do que se conhece como Síndrome da Persistência do Ducto Mülleriano. Todos os fetos têm uma estrutura chamada ducto de Müller que, eventualmente, se desenvolve em órgãos reprodutivos em mulheres. E, geralmente, dissolve-se em fetos do sexo masculino. O que não aconteceu com você. Somado a isso, durante a sua formação fetal, uma provável hiperplasia adrenal congênita, tenha sido a causa da virilização que acabou por definir as atuais formas do seu corpo.
- Como nunca fomos informados disso pelos pediatras? – questionou meu pai, chocado e perplexo.
- Há uma década atrás, não se sabia muito bem como proceder nesses casos e, muitas vezes dependia do médico uma resolução para o problema. Era prática comum sujeitar as crianças intersexo a intervenções cirúrgicas desnecessárias e a outros procedimentos que têm como propósito tentar fazer com que a sua aparência esteja de acordo com a definição típica de sexo masculino ou feminino. No entanto, o que mais me preocupa no momento, é um cisto que você tem num dos ovários. Precisamos removê-lo nos próximos dias. Durante o procedimento, também vamos remover todos os órgãos femininos, para que cessem as dores abdominais e o sangramento através da urina. – completou.
- Quer dizer que existe uma mulher dentro de mim? – balbuciei incrédulo.
- Sim! Provavelmente não houve um diagnóstico correto quando você nasceu. – afirmou ele.
Fiquei sozinho no quarto com a Dorothee quando os médicos e meu pai saíram e foram conversar no corredor. Eu mal conseguia encará-la.
- Você é muito bonito! Vai fazer sucesso com as meninas! Não pense muito nisso agora. As coisas vão se arranjar, você vai ver. – sentenciou ela.
- Eu não sei quem eu sou! – exclamei atordoado. – Decidiram por mim quem eu deveria ser. Fui criado como um menino e agora descubro que sou uma menina. Meu pai vai ficar decepcionado comigo.
- Não se aflija tanto, Alex. Dê tempo ao tempo. Seu pai te ama e isso não vai mudar. – disse tentando me tranquilizar.
Do lado de fora, no corredor, eu podia ouvir a voz grave do meu pai fazendo um relato sobre a minha infância.
- Não lembro ao certo, era a mãe dele que costumava levá-lo ao pediatra. Nos disseram que a cirurgia seria um procedimento simples se o fizéssemos naquela idade, dois ou três anos creio, apenas para que ele não tivesse problemas durante a micção futuramente. – ouvi que a voz do médico questionara mais alguma coisa, mas não a identifiquei. – Ao contrário do irmão, o Alex sempre foi um rapaz muito tímido e retraído. Nunca o vi sem roupa depois da primeira infância, ele não gostava de se expor. Foi o irmão quem comentou uma vez, porém durante uma brincadeira, que o Alex tinha um pinto muito pequeno. Creio que daí veio o receio de se expor. – completou meu pai, subsidiando o médico.
Algumas horas depois, o residente bonitão que fizera a drenagem do meu abdômen entrou no meu quarto acompanhado da Dorothee.
- Como se sente, Alex?
- Não sei! Nem sei mais quem eu sou.
- É natural que se sinta assim, depois da notícia que recebeu. Você não precisa decidir isso agora. Pense com calma. O importante é removermos o cisto. Se você não quiser remover os outros órgãos isso não precisa ser feito agora. Você é um jovem muito bonito, pode mudar de ideia. – algo me dizia que ele estava me fazendo aquela visita extraoficialmente.
- Foi o que eu disse a ele, Henry. Ele é tão lindo, não importa o que decida, tudo vai dar certo. – corroborou a enfermeira.
- Exatamente! Se não quiser fazer a cirurgia é só avisar. Posso pedir que o nosso psicoterapeuta venha conversar com você e, ajudá-lo a entender o que se passa. Talvez até facilitar sua decisão. – disse o Henry.
- Eles, os outros jogadores, me atropelavam em campo com aqueles corpões musculosos que eu nunca cheguei a ter. Mas, eu não queria que meu pai pensasse que eu não estava me esforçando para ser como meu irmão e ele. Quando surgiu o problema da asma eu até fiquei contente, não precisava mais fingir que gostava de rugby. Agora havia uma questão de saúde envolvida e eu podia me valer dessa desculpa para deixar o time, sem magoar meu pai. – devolvi.
- Seu pai vai entender a sua escolha. Ele me parece muito preocupado com você, mas vejo que só quer a sua felicidade. – retrucou ele.
No dia seguinte, o Noah ficou algumas horas comigo no hospital, enquanto meu pai foi para casa tomar um banho e trocar de roupa. Tínhamos cinco anos de diferença, embora ele vivesse me aporrinhando, eu me espelhava nele, tentava ser como ele, idolatrava-o, pois era assim que eu imaginava que meu pai nos queria. Depois da morte da minha mãe, eu só pensava em nunca o fazer infeliz, pois ele tinha se transformado depois disso. Abandonou sua carreira de executivo num grande banco e começou a se dedicar ao esporte que praticara na faculdade, onde colecionou diversos prêmios. Foi assim que acabou virando o técnico do time juvenil na liga nacional de rugby. O Noah herdou o talento dele. Tornou-se o destaque do time juvenil e, ao ingressar na faculdade, virou capitão do time oficial. Nenhum esforço que eu fazia parecia bastar para, ao menos, me equiparar aos outros jogadores. Meu pai não se importava, ou fingia não se importar, com a minha falta de talento, e continuava a me estimular.
- Como se sente, Alex? – perguntou o Noah. Foi a primeira vez que o vi se aproximar de mim sem sua costumeira postura de superioridade.
- Perdido! – respondi
- O papai me contou o que os médicos descobriram. Posso imaginar como anda a sua cabeça. Só quero que saiba que estamos aqui para te apoiar, e sempre vamos estar.
- Eu sempre quis ser como você, o orgulho do pai, o líder do time, o cara gostosão cobiçado pelas garotas, mas por mais que eu tentasse, nunca consegui. E agora, sou isso que está aqui, um cara dono de um pintinho, que no ventre tem um monte de órgãos que não servem para nada, que menstrua e, que é uma aberração médica. Quem é que vai sentir orgulho de um filho assim? Quem é que vai ter coragem de apresentar um irmão assim? Fala para mim, Noah! – questionei, caindo no choro.
- Tanto o pai quanto eu te amamos, nunca duvide disso! Sempre enchi o teu saco porque você é o xodó do papai, toda a atenção era para você, todo o carinho era para você, o tempo livre dele ele dedicava a você, eu precisava ser o melhor em tudo para que ele me notasse. Eu é que sempre senti inveja de você. Onde quer que você fosse logo as pessoas se encantavam, admiravam seu jeito, se tornavam seus amigos, sem que você precisasse fazer nenhum esforço para isso.
- Se você sente inveja de mim é porque é mesmo um bobalhão como eu sempre digo! – exclamei, enxugando as lágrimas, enquanto ele fazia o mesmo.
- E eu estava certo quando dizia que você é um enrustido, sua peste! – devolveu ele. – Eu te amo, Alex! Não me importa o que os outros pensam a seu respeito, eu sempre vou ter orgulho de dizer que você é meu irmão. – comecei a chorar novamente.
- Posso te dar um abraço? – perguntei. Ele se inclinou e eu o apertei em meus braços com todas as minhas forças. – Te amo muito Noah! – balbuciei.
- Já arrumou um namorado, Alex? – questionou a Dorothee, visivelmente interessada no meu irmão.
- Este é meu irmão Noah, Dorothee. Se você estiver a fim dele, pode entrar na fila. – afirmei, tentando desanuviar meus pensamentos.
- Preciso descobrir qual foi a poção mágica que seus pais usaram para terem filhos tão lindos! – retrucou a enfermeira, com um sorriso atrevido.

Domingo, 8 de junho de 2014
A muito custo consegui convencer meu pai a acompanhar o Noah, alegando que ele precisava muito mais dele do que eu. O jogo começou no início da tarde, contra os Beloit Buccaneers nossos antigos rivais. Essa final já tinha acontecido inúmeras outras vezes e, ultimamente, sempre os Milwaukee Panthers tinham levado a melhor. Pouco depois de eu ter sintonizado o canal de esportes, meu quarto foi se enchendo de enfermeiras, residentes, auxiliares e médicos do plantão. Eu apontava orgulhoso os pontos que o Noah fazia, sempre acompanhados de uma breve explicação de quão complicado tinha sido o lance. As enfermeiras estavam mais ligadas nos jogadores do que na pontuação dos times, e não deixavam de suspirar quando os jogadores comemoravam os pontos.
- Isso aqui é um quarto de hospital ou um estádio de esportes? – questionou a enfermeira-chefe, uma senhora baixinha com a síndrome do comando.
- Eles estão me distraindo um pouco, senhora Maloney. – afirmei.
- Você precisa descansar para a sua cirurgia de amanhã cedo, senhor Alex! E eles têm outras coisas para se distraírem. Se não tiverem, eu arranjo! – sentenciou ela. As pessoas se entreolharam e riram, alguns saíram por um breve tempo, mas acabaram retornando para ver o final do jogo. Os Milwaukee Panthers venceram a partida por 37 a 29, sendo que 19 pontos foram feitos pelo Noah.
- Eu não disse que meu irmão é o maior! – exclamei entusiasmado, quando a partida foi dada por encerrada.

Segunda-feira, 9 de junho de 2014
Meu pai veio segurar minha mão quando o doutor Kostopoulos entrou no quarto acompanhado de uma enfermeira.
- Eu soube que o doutor Vanners, nosso psicoterapeuta, veio conversar com você. Como foi a conversa? Te ajudou a tomar uma decisão? – questionou.
- Sim! – respondi, apertando com mais força a mão do meu pai. – Não quero fazer a cirurgia agora. Me perdoa, pai! Não fique com raiva de mim, por eu não ser quem você gostaria que eu fosse. Mas, eu preciso de mais tempo para decidir algo tão complexo que vai mudar radicalmente a minha vida. Você entende? – revelei, mesmo correndo o risco de perder seu afeto.
- Claro que entendendo, Alex! Não tenho nada que te perdoar! Ei, eu nunca vou deixar de te amar sejam suas escolhas quais forem. – exclamou ele, beijando minha testa.
- Foi uma decisão acertada, Alex! Vamos remover o cisto para que não evolua e não venha a lhe causar maiores problemas. Quanto a outra cirurgia, você terá tempo para tomar uma decisão, e ela poderá ser feita a qualquer momento se você assim o desejar. Vou mandar que o preparem para levá-lo até o centro cirúrgico. – completou, deixando-nos a sós.
- Nunca vou ser o capitão do time campeão, pai! Porque você já tem esse filho. Eu queria que você ficasse mais tempo com o Noah, que o elogiasse mais, que partilhasse sua alegria com ele, pois eu estou monopolizando o seu amor e isso não é certo. – afirmei. – Somos um time! – exclamei. Os olhos do meu pai ficaram úmidos e ele me abraçou dizendo que me amava.
Acordei com o rosto voltado para janela, o pôr do sol estava quase completo, tons alaranjados destacavam as nuvens e, as primeiras estrelas não passavam de pequenos pontos faiscando. Minha cabeça pesava, mas meu corpo estava relaxado como eu nunca tinha sentido antes. O lado esquerdo da minha região inguinal doía, não muito, mas o suficiente para eu me lembrar que ela existia. Aos poucos, o vulto embaçado que ocupava a cadeira junto à janela foi ficando nítido. Era o Jeff, entretido com uma revista, a última pessoa que eu podia imaginar que fosse estar ali. O que estaria ele fazendo aqui? Foi minha primeira pergunta. Mas ela não soou como eu imaginara que soaria pelo quarto. Minha boca estava seca e meus lábios não tinham forças para se mover, acho que por isso o som não saiu. Foi bom, caso contrário eu o teria tirado de sua concentração. O Jeff era o homem mais lindo que eu conhecia. Na primeira vez que cheguei a essa conclusão, também concluí que eu era gay. Não o deixei perceber que tinha acordado, assim podia continuar admirando sua beleza. Ele devia ter os mesmos um metro e noventa de altura do Noah, talvez até os mesmos cento e tantos quilos, pois os dois eram fisicamente muito semelhantes neste aspecto. As grossas sobrancelhas quase se juntavam quando ele se compenetrava como agora, sobre um par de olhos muito verdes. O rosto másculo se tornava sedutor quando ele sorria e aquela barba, sempre por fazer, acentuava o queixo anguloso e viril. A camiseta parecia prestes a estourar sobre aqueles ombros largos e os enormes bíceps. Quando eu ia assistir aos treinos do time, não desgrudava os olhos dele, só esperando que ele tirasse a camiseta e aquele tronco nu e ligeiramente peludo ficasse exposto à minha tara reprimida. Eu não o via com frequência, vez ou outra ele aparecia lá em casa com o Noah, pois eram muito amigos. Eu ficava meio abobado quando ele ia em casa, havia algo nele que me inibia, que desconcertava, embora eu duvidasse que ele um dia tivesse reparado em mim. A impressão que eu tinha era a de que ele não me via, e todo ‘oi’ que ele me dirigia quando nos encontrávamos geralmente na presença do Noah, era uma mera gentileza, uma formalidade. Mesmo ele ignorando minha existência, eu sonhei diversas vezes com ele, isto é, eu sonhava que fazia sexo com alguém que me fazia experimentar sensações incríveis e, de repente, poucos segundos antes do sonho terminar, à minha revelia, a pessoa com quem eu transava ganhava um rosto, uma identidade, e era o Jeff.
- Tudo bem? Como está se sentindo? Quer que eu chame a enfermeira? – questionou ele, quando percebeu que eu havia acordado.
- Por que você está aqui? – devolvi.
- Seu pai bateu o carro, nada sério, não se preocupe, e o Noah foi ao encontro dele. Devem estar aqui dentro em breve. Como eu estava justamente conversando ao celular com seu irmão no momento em que seu pai entrou em contato, eu me ofereci para ficar com você até eles resolverem tudo. – esclareceu.
- Obrigado, pela gentileza! – agradeci. Ele me sorriu.
- Precisa de alguma coisa? – voltou a indagar.
- Não, obrigado! – eu queria dizer que estava achando maravilhoso ele estar ali, mas certamente eu ia falar uma bobagem qualquer, confundir as palavras e estragar aquele encontro.
- Sentimos sua falta na partida. Você viu o resultado?
- Parabéns! Você foi o segundo que mais pontuou. Vi seus lances, estavam espetaculares como sempre. – elogiei
- Obrigado! Tento fazer o que seu irmão faz, mas ainda não cheguei lá. – devolveu ele.
- Eu venho tentando a vida toda e já me convenci que nunca serei como ele. Já você tem grandes chances, vou torcer por você. – para quem tinha saído de uma sala de cirurgia poucas horas antes, eu estava bastante atrevido.
- Vou aceitar! Todo estímulo vale à pena. – devolveu ele.
Quando começamos a conversar, ele tinha se levantado, jogado a revista sobre a cadeira e vindo até a beira do leito. Agora já estava sentado, apoiando uma perna sobre a cama e, tão próximo que eu podia sentir o cheiro da loção de barba. Se eu tivesse um pinto que prestasse para alguma coisa, ele já estaria duro. Porém, mesmo assim, eu estava excitado, com o homem dos meus sonhos ao alcance da minha mão.
- Esse quarto parece o paraíso dos homens lindos! – exclamou a Dorothee quando veio aplicar a medicação nas mangueiras que saíam de uma bolsa de soro e vinham parar em agulhas espetadas no meu braço.
- Dorothee, este é o Jeff que você viu fazendo aqueles lances espetaculares ontem. E esta é a Dorothee, Jeff! A enfermeira mais sexy e maravilhosa do hospital! – afirmei. O Jeff riu e ela esboçou um sorriso encabulado.
- Não venha me bajular! Reconheço um sem-vergonha como você a quilômetros! – retrucou ela. – Está se sentindo bem? Sente alguma dor? – perguntou, mudando a fisionomia para algo mais profissional.
- Está tudo bem, obrigado!
- Este é o nosso melhor paciente, não reclama de nada, não dá trabalho, e ainda fica fazendo piada. – afirmou ela.
- Quem é que está bajulando quem agora, hein? – questionei. Ela riu e saiu do quarto.
- Fico admirado como você está encarando seu problema. Outro no seu lugar estaria amaldiçoando o mundo. – observou o Jeff
- Prefiro não pensar muito. Me sinto perdido. Perdi minha identidade. Mas, ficar remoendo essa questão só vai torná-la mais difícil e, por hora, eu consegui dar uma solução. Futuramente talvez precise voltar a me questionar quem sou de verdade. – esclareci.
- Você é uma pessoa especial, muito especial! – exclamou. Nunca me senti tão feliz.

Quinta-feira, 12 de junho de 2014
Meio da manhã, uma enfermeira fazia a troca dos curativos no meu abdômen por onde tinham sido inseridos os instrumentos para a retirada, por vídeolaparoscopia, do cisto de 5 cm alojado sobre o ovário direito, quando o Dr. Kostopoulos veio me examinar com a boa notícia de que estava me dando alta hospitalar. Por cima de seus ombros, pude ver a fisionomia do Henry e, posso garantir que ele não estava tão feliz quanto eu por deixar o hospital. Se eu fosse arriscar um palpite, diria que ele havia se interessado por mim. Restava descobrir se esse interesse estava limitado à peculiaridade do meu caso clínico ou, à sedução que meu corpo exercia nele.
No início da tarde eu estava finalmente em casa, no meu quarto, com o Dexter e o Champ não economizando demonstrações de contentamento por eu estar de volta. Não me lembrava de ter tido duas semanas tão tumultuadas quanto estas últimas. Eu me sentia bem e não estava a fim de continuar de cama, mas seguindo as orientações do Dr. Kostopoulos, meu pai e o Noah exerciam uma dura e constante vigilância sobre meus passos, obrigando-me a ficar de repouso, do qual eu estava farto.
Ao cair da tarde recebi a visita do Ryan. Por ter ido até o Michigan, ele só ficou sabendo dos acontecimentos naquela manhã. Embora ainda não soubesse de todos os detalhes, o que motivou sua visita.
- Você está brincando! Útero, ovários e o escambau, jura? –questionou espantado quando lhe revelei minha condição.
- Inacreditável, não é? Convivi com isso por 18 anos sem desconfiar de nada. – respondi.
- Cara, não consigo acreditar! E a vagina? Você tem um pinto, não é lá um pinto, mas tem cara de ser, como se deu isso? – questionou.
- Foi posto aqui por uma cirurgia que não foi devidamente esclarecida aos meus pais quando eu ainda era um bebê, sob a alegação de melhorar as condições da minha micção urinária. Na verdade, decidiram quem eu deveria ser. – respondi.
- Uma bucetinha não ficaria nada mal no meio dessas coxas gostosas! – devolveu sorrindo com sua cara de malandro.
- Você não presta! Eu aqui passando por esse sufoco e você pensando em bucetas! – exclamei estarrecido. Ele riu.
- Fico com tesão só de imaginar. Eu não a teria poupado naqueles nossos encontros. Você ficaria um arraso com uma bucetinha. – retrucou. Atirei um travesseiro nele, pois estava fora do alcance de levar um soco.
- Quando você vai em definitivo para o Michigan?
- Dentro de três semanas. Vou passar as férias com meus pais na Pensilvânia, meus avós têm uma casa nos arredores de Presque Isle, assim também aproveito para me despedir deles antes de ir para a universidade. – esclareceu, antes de fazer uma pausa de silêncio. – Vai sentir saudades de mim?
- Por que eu sentiria saudades suas? – indaguei, tirando uma com a cara dele.
- Porque sou seu melhor amigo, porque passamos todo o curso médio juntos, porque sei que você gostou disso aqui! – respondeu safado, abrindo a braguilha da bermuda e me mostrando o cacetão.
- É um excelente motivo! – devolvi, pegando o gigante amolecido na mão e colocando-o na boca, o que o fez despertar em uma fração de segundo, e ir ganhando consistência enquanto eu o lambia, chupava e mordiscava delicadamente.
- Cacete! Você está sabendo como isso vai acabar se você continuar com essa boca gulosa no meu pau, não sabe? – perguntou ele, entre gemidos.
- Faço uma ideia! – murmurei, sem tirar meus lábios daquela cabeçorra vertendo pré-gozo. Minutos depois, eu engolia seu esperma cremoso, enquanto ele se contorcia e deixava os urros guturais de prazer escapulirem da garganta.
- Caralho! Se você não estivesse se restabelecendo eu ia comer esse cuzinho até arregaçar a última preguinha! – exclamou, me abraçando e arriando a calça do meu pijama até conseguir agarrar minhas nádegas.

Sábado, 14 de junho de 2014
O Noah e o Jeff tinham combinado de encontrar a galera da faculdade numa balada. Eu já havia deixado o quarto e fui atender a porta quando o Jeff chegou.
- Oi! Já recuperado?
- Oi! Felizmente, não aguentava mais ficar na cama.
- Você parece ótimo mesmo! Combinei de sair com seu irmão. – senti quando ele me examinou com um olhar que logo tentou disfarçar. É assim que vão olhar para mim de agora em diante, pensei. Aberrações sexuais instigam a curiosidade das pessoas, e eu era uma delas.
- Fique à vontade, vou chamá-lo! – observei-os partindo da janela do meu quarto. O olhar do Jeff não saiu da minha cabeça. Eu precisava estar preparado para olhares como aquele. Duro seria me acostumar a mais esse, dentre os tantos que eu fingi ignorar durante toda a vida me escondendo atrás da timidez e, como se fosse um delinquente.
Ele voltou por mais três vezes durante a semana seguinte, algo que nunca tinha feito antes. Apesar de amigos, o Noah e o Jeff não mantinham o hábito de frequentar a casa um do outro. Até meu pai comentou durante um jantar, seu estranhamento com aquelas visitas repentinas. O Noah deu uma explicação qualquer para justificá-las, talvez sem desconfiar da intenção por trás delas.

Julho de 2014
Fiz a caminhada de alguns quarteirões entre nossa casa na Humboldt Ave e o Juneau Park com o Dexter e o Champ seguindo eufóricos à minha frente num de seus passeios favoritos. A tarde estava agradável, apesar de estarmos no auge do verão, a temperatura de 25 graus, não impedia que as pessoas se exercitassem no parque. Eu conversava com uma garota que já tinha visto passeando, algumas vezes, com seu Scottish Terrier. Dessa vez ela resolveu me interpelar sobre o Champ, dizendo-se fã de boxers, mas impedida de ter um por morar com o marido num apartamento. A última coisa que eu imaginaria é que uma garota nova como ela fosse casada. Nosso papo não tinha nem dez minutos quando vi que o Henry vinha correndo em nossa direção, usando um short curto de onde emergiam suas pernas musculosas e peludas, com fones nos ouvidos ligados ao celular em seu bolso. Seu peito suado reluzia quando os raios de sol se refletiam nele e, um destacado e avantajado volume se movia completamente solto dentro daquele short folgado, um verdadeiro colírio para os olhos.
- Oi! Fico contente de vê-lo completamente restabelecido! – exclamou ao se aproximar. A garota apressou a se despedir com um até mais, quando viu que nos conhecíamos.
- Oi! Obrigado! Devo isso graças a você. – devolvi, perturbado com aquela jeba visível pendendo pesadamente entre suas pernas.
- Que nada! Não fiz praticamente nada. – retrucou. – São seus?
- Sim! Champ e Dexter, doutor Henry! – brinquei, quando ele, um pouco receoso, se inclinou para fazer cafuné nos cães.
- Henry, por favor! Não sou doutor fora do hospital, especialmente com amigos. – objetou ele. Não sabia que somos amigos, pensei comigo, mas está valendo, afinal você é um pedaço de mau caminho.
Passava um pouco das oito da noite quando o sol começou a se pôr sobre as águas do lago. Eu mal havia percebido o tempo passar com a conversa e os casos hilários que o Henry me contava. Estávamos sentados sobre a relva, tomando o terceiro sorvete, com o Champ e o Dexter espreguiçados ao nosso lado quando ele me perguntou se eu namorava. Quase me engasguei com a colherada de sorvete que acabava de colocar na boca.
- Não! – acho que a exclamação foi tão contundente que ele me encarou espantado.
- Por que essa resposta tão taxativa? Você é muito atraente, não acredito que ninguém tenha se interessado por você. – retrucou ele, me deixando encabulado
- Tenho só dezoito anos! Além do que, você conhece melhor do que ninguém os meus problemas. – respondi.
- Bem! Eu, e muitos outros, já namoravam antes disso, aos dezoito eu já tinha desvirginado duas garotas do colégio, portanto, não sei qual é o espanto. – afirmou.
- Ok, eu tenho colegas que já namoram e provavelmente também já iniciaram a vida sexual, mas nenhum deles têm os meus problemas. – argumentei, sem mencionar que também já haviam me desvirginado, mas isso era íntimo demais para dividir com um estranho que eu mal conhecia.
- Eu já te disse que você fez uma escolha acertada quando resolveu não se operar agora. O que você está chamando de seus problemas ainda podem ser uma imensa e surpreendente fonte de prazer, já pensou nisso? – questionou. Ou eu estava muito enganado, ou ele estava louco para experimentar até onde aqueles meus órgãos ocultos podiam se mostrar dadivosos numa relação amorosa.
- Estou me sentindo constrangido com essa conversa, podemos mudar de assunto? – indaguei sincero.
- Podemos, claro! Não foi minha intenção constrangê-lo. E, espero não o fazer com a confissão que tenho a lhe contar. Sinto um tesão enorme por você, pelas formas do seu corpo, pelo jeito como sorri, pela displicência com que estes cabelos descem pelo seu rosto. Ando fazendo um esforço hercúleo para que evidências impudicas não revelem meu tesão. – declarou, colocando um sorriso libidinoso na cara bronzeada. Me policiei para que meu olhar não descesse abaixo de sua cintura, pois sabia o que ia vislumbrar.
- Uau! Preciso digerir isso primeiro, antes de podermos continuar essa conversa. – afirmei.
- Eu te acompanho até em casa se não se importar!
- Claro que não! Já estava mesmo em tempo de voltarmos, não é? – o Dexter e o Champ se puseram imediatamente em pé e tomaram o rumo de casa sem que eu precisasse guiá-los.
A caminho de casa, fiquei imaginando o que estava provocando toda essa súbita explosão de confissões com a qual os caras estavam me cercando. Do bullying que sofri a vida toda, passei a levar as mais deslavadas e diretas cantadas. Era algo novo para mim.
Não houve uma única semana em que o Jeff não pintava em casa, pelo menos duas a três vezes. Da sondagem limitada as procuras por mim com olhares que variam a casa, ele começou a perguntar por mim diretamente ao Noah quando não me via. Por outro lado, quando me encontrava, puxava conversa mesmo não encontrando algum assunto que a fizesse deslanchar depois. Até que decorrido o mês, parece que finalmente criou coragem e atacou.
- Meus tios têm uma cabana próximo ao lago Macatawa e estou indo passar o mês de julho por lá, eu gostaria que você também fosse, o que me diz? – indagou, com a voz menos determinada do que de costume.
- Ah, legal! Se eu não for atrapalhar, por mim tudo bem. – respondi. Férias seriam muito benvindas depois de tudo que passei, mesmo que talvez me sentisse um pouco deslocado entre o Jeff, o Noah e os amigos deles, todos praticamente encerrando seus últimos anos de faculdade.
- Legal! Partimos depois de amanhã. Não se esqueça que estamos no verão, não deixe de levar roupas de banho. – recomendou, sem que eu desse muita atenção a esse detalhe, uma vez que dificilmente desfilaria em trajes de banho diante de estranhos.
- O Jeff ficou de passar por aqui lá pelas nove horas, você já está pronto? – perguntei ao Noah, que ainda estava na cama. – Vamos nos atrasar!
- Eu não vou! Tenho uns assuntos para resolver, além do que estou pensando em terminar com a Julie esta semana, e ainda não estou preparado para isso. – respondeu ele.
- Por que vai terminar com ela? Me parece uma garota legal.
- Nem tanto! Já deu e está na hora de pôr um fim nisso, antes que o caldo entorne de vez. – esclareceu. – Ó, deve ser o Jeff! Trate de se divertir, você está precisando. – afirmou, ao ouvirmos uma buzina na rampa da garagem.
- Como assim? Se você não vai, eu também não vou!
- Que besteira! Ele está contando com você, não dê mancada!
- Não tem cabimento eu passar férias com seu amigo sem você.
- O que não tem cabimento é você achar que ele é só meu amigo e não seu. Vá se divertir e pare de encher o meu saco!
- Vou me sentir um peixe fora d’água no meio daquela gente!
- Então trate de pular na água que fica tudo certo!
- Larga mão de ser irônico! – lá embaixo outra buzinada
- Anda cara! O Jeff já deve estar puto, se bem conheço o pavio curto dele.
Perdi mais um quarto de hora dando explicações ao Jeff para não acompanhá-lo. Depois desse tempo contra-argumentando, ele simplesmente enfiou minha bagagem, que o Noah havia trazido até a porta da frente, na camionete e me empurrou porta adentro, sem prestar atenção no que eu dizia. Até a chegada ao terminal da Lake Express Ferry eu ainda insistia no descabimento de viajar sem o meu irmão, ao que o Jeff apenas retrucava com alguns ahãs ou acenadas de cabeça, que não expressavam nada além de sua indiferença quanto aos meus argumentos. Embarcamos a camionete e fomos diretamente até o deck, banhado pelo sol ameno da manhã de céu azul. Duas horas e meia depois, cruzando o lago Michigan, aportamos no terminal de Muskegon, sem que eu percebesse o tempo passar, envolvido pelo papo do Jeff. Se ele soubesse o quanto me excita ficar ao seu lado, provavelmente nunca teria feito um convite desses, pensei comigo. Após o desembarque da camionete, levamos mais quarenta minutos até a cabana isolada cercada de árvores tão altas que mais parecia um bosque. Nenhum outro carro à vista, nenhum movimento de pessoas na casa pequena de estilo rústico, comecei a sentir um frio na barriga. Acessamos os cinco degraus que levavam até a porta da frente coberta por uma pequena varanda. Ele olhou na minha direção e sorriu, enfiou a mão no bolso e tirou a chave para abrir a porta e fazer uma mesura para que entrasse.
Tudo começou a se aclarar na minha mente. O cara mais lindo que eu conhecia, o cara que eu achava que nunca ia dar bola para mim, o cara que ficara repentinamente sem-graça diante de mim, o cara que se mancomunou com o Noah para me levar àquele lugar, só podia estar com uma intenção e, a cara dele, sorrindo agora na minha frente, confirmava isso. O Jeff tinha armado tudo aquilo para ficar comigo. A charada estava desvendada.
- E seus tios, onde estão? – eu precisava de uma última confirmação para ter certeza de que não estava delirando, ou de um beliscão para voltar à realidade.
- Seremos apenas você e eu, por um mês, no qual espero conseguir te convencer de que estou a fim de você. – respondeu, com a maior cara de pau. Eu tremia da cabeça aos pés e, tinha o mais imbecil dos sorrisos estampado na cara.
A cabana pequena, rústica e confortável diferia em muito das mansões que circundavam as margens do lago. Apesar dos dois dormitórios no térreo, o Jeff levou nossa bagagem para o único cômodo do sótão, uma ampla suíte com uma incrível vista, através de uma sacada, para o lago e para o bosque. A enorme cama kingsize, coberta com uma colcha de patchwork dominava o aposento. Ele me encarou com um risinho petulante e safado quando eu passei a mão sobre os intrincados e harmoniosos desenhos da colcha, como quem diz, é aí que vou te abater. Devolvi-lhe algo que deveria parecer um sorriso, pois não pensava noutra coisa que não sentir aquele corpão viril unido ao meu.
A tarde estava quente e, o vento sudoeste não tinha força para refrescar o ar. Na Mac Charters em Holland alugamos um veleiro que o Jeff jurou saber pilotar ante minha cara apavorada. O funcionário que nos acompanhou até as docas mal conseguia segurar o riso com os inúmeros questionamentos que eu fazia ao Jeff. Não duvido que ele, no potencial hormonal de seus vinte e poucos anos, e um corpo sarado, não suspeitasse da motivação para aquele passeio, pois me encarava de relance como quem diz – ele até vai pilotar, mas quem vai dançar com esse rabão ao redor do mastro é você – muito provavelmente por que ele próprio já devia ter feito a mesma aventura. Só me tranquilizei quando vi que o Jeff realmente sabia velejar. O veleiro inclinou um pouco quando o velame se posicionou favoravelmente ao vento, e começou a ganhar velocidade. A brisa roçando meu rosto e emaranhando meus cabelos compridos me fez esquecer os receios, bem como o Jeff em seu short marinho manuseando o timão de tal forma que margeamos o canal entre o lago Macatawa e o Michigan, passando ligeiros pela casinha vermelha do farol de Holland Harbor. Assim que entramos no lago Michigan e a costa movimentada de pessoas praticando esportes náuticos, ou simplesmente caminhando pela orla foi ficando distante, eu me aproximei dele e, timidamente, passei meus braços ao redor de seu torso nu e quente. Ele se virou para mim e sorriu, o peixe havia caído na rede. Ficamos um bom tempo assim, sem dizer nada, apenas curtindo aquele momento pelo qual os dois haviam ansiado.
- Quer experimentar? – perguntou, quando já não havia outras embarcações num raio seguro.
- Se eu não for ocasionar nenhum desastre, quero sim!
- Você já ocasionou um desastre! – exclamou, quando assumi a roda do leme e, ele me encoxou com sua ereção depositando beijos provocantes meu ombro.
- Com esse desastre acho que consigo lidar. – devolvi, virando meu rosto em sua direção e aceitando o beijo que abocanhou meus lábios.
- Você vai ter um mês inteiro para lidar com ele. – sussurrou no meu ouvido, competindo com o vento que ganhava força.
O ocaso estava completo quando o veleiro deslizou sereno, conduzido pelo motor, para dentro da doca onde as luzes começavam a ser acessas. O mesmo funcionário veio completar as amarras e, desta vez, me encarou sem nenhum pudor, procurando no meu corpo ligeiramente avermelhado pelo sol, evidências da luxúria que supôs ter ocorrido no veleiro. Não fosse ele um tesão de macho, talvez eu me incomodasse com seu olhar acintoso, mas eu estava numa fase em que homens me encantavam como nunca antes.
Terminamos de jantar nos jardins de um pequeno restaurante no centro de Holland, também conhecida como Cidade das Tulipas devido à forte imigração de holandeses e pelos canteiros floridos com essa espécie ao longo das calçadas. Passava das dez da noite, mas o verão mantinha as ruas cheias de pessoas aproveitando cada minuto do dia.
- Estou louco para te colocar naquela cama, mas se quiser podemos continuar nossa caminhada. – afirmou o Jeff, provavelmente ainda mais estimulado pelo prato de ostras que pediu como entrada, o que o levava a manipular a pica a todo instante.
- E eu, louco para amansar isso aí, que não está te dando um segundo de descanso. – devolvi rindo.
- Vai precisar de muito empenho para amansar meu cacete, pois não penso noutra coisa que não no teu cuzinho. – retrucou, tomado pelo tesão.
Eu estava no chuveiro quando o Jeff deslizou a porta do box e se juntou a mim. Nunca o tinha visto completamente nu, e o que estava diante dos meus olhos ia muito além daquilo que eu imaginava. Aqueles dois palmos abaixo de seu umbigo inserido no abdômen sarado eram um mistério que agora estava totalmente desvendado. O caminho com pelos torcidos que ia do peito à virilha se avolumava incrivelmente ao chegar aos genitais, disfarçando um pouco o tamanho estupendo do caralhão reto e grosso. A bolsa escrotal pendia logo abaixo com dois volumosos testículos em seu interior, cujo peso fazia a pele ficar esticada e as bolas balançarem com um pêndulo ao menor movimento dele. Trocamos sorrisos, o meu por nenhuma parte de seu corpo ser mais um mistério, o dele certamente pelo brio de carregar um instrumento como aquele entre as pernas. Eu tinha as mãos cheias de espuma, aproximei-me dele e coloquei um montículo sobre o seu nariz. Ele envolveu minhas ancas com ambas as mãos e me puxou contra seu corpo ainda seco. Envolvi o pescoço dele e o beijei, ficando na ponta dos pés, o que enrijeceu minhas nádegas sob suas mãos e o fez acariciá-las. Para ficar completamente debaixo da ducha, ele se postou nas minhas costas, me encoxou e mordiscou minha orelha, enquanto afagava meus peitinhos. Bastou que eu empinasse a bunda contra sua virilha e desse duas travadas de cu para que a ereção dele se alojasse no meu rego.
- Tesão de rabo! Vou te foder Alex Christian Butler! – exclamou, pronunciando cada um dos meus nomes como se estivesse ronronando.
- Não tenho nada a objetar, Jeff Perkinson! – balbuciei excitado, enquanto o ensaboava carinhosamente.
Tentamos nos enxugar na mesma toalha a caminho da cama, mas no afã de alcançá-la, nossos corpos ainda estavam úmidos. Ele atirou a toalha encharcada sobre a cama e me agarrou, ergueu-me pelas nádegas e mordeu meus mamilos antes de começar a chupá-los, enquanto eu me apoiava em seus ombros e enrodilhava minhas coxas em sua cintura. Meu cuzinho exposto, ora sentia o dedo dele deslizando sobre as pregas e sondando a portinha, ora sentia a cabeçorra babando deixar seu fluído pegajoso entre a rosquinha. Ele foi me soltando aos poucos, me fazendo deslizar por seu corpo, até meus joelhos tocarem o chão. A jeba estava exatamente na altura da minha boca, ele me encarava quase implorando que eu a chupasse, e a fazia deslizar pelo meu rosto. O cheiro másculo que invadiu minhas narinas guiou a abertura dos meus lábios ao redor da glande estufada. Ao fechá-los e sorver delicadamente o pré-gozo, ele soltou um gemido. O pau já estava melado até a altura do saco, com a língua eu percorria o trajeto sinuoso das veias insufladas que o revestiam lambendo e limpando o pré-gozo, que formava um fio translúcido entre a minha boca e o cacete dele quando eu a afastava. O Jeff se contorcia e arfava, agarrando meus cabelos quando eu afastava minha boca do seu falo. Eu nunca poderia mesmo ser um homem, pois constatei que era um viciado em porra. Eu tinha me deliciado com a do Ryan, e agora fazia o mesmo com a do Jeff. Não sei se era aquele sabor penetrante ou a virilidade que ela continha que me deixava alucinado. Minha boca trabalha sem esmorecer naquela verga que mal se movia de tão rija, afoita para receber o esperma do macho que me encarava atônito e cheio de tesão.
- Vou gozar na sua boca, Alex! Você está me deixando maluco, não faz assim que eu vou ..... – só ouvi o urro quando minha garganta começou a se encher de porra, mal me dando fôlego para engoli-la. – Caralho, Alex! Era isso que você queria, safado tesudo? – grunhiu ele, vendo-me engolir cada um daqueles jatos esbranquiçados que esguichavam de sua uretra. – Nunca tinham engolido minha porra, isso é de deixar qualquer macho alucinado. – afirmou deslumbrado, quando a racionalidade lhe havia retornado à cabeça.
Ele engatinhou atrás de mim até a cabeceira da cama. Ficamos abraçados e recostados a ela, trocando carícias com as pontas dos dedos. O cortinado fino diante da porta da sacada não se movia. O ar abafado e pesado trazia para o quarto o perfume das árvores que cercavam a cabana.
- Obrigado por me trazer esse lugar tão lindo! Tudo é perfeito, a paisagem, esta casa, o lago ensolarado desta tarde e, principalmente você, esse seu corpo onde quero me perder e nunca mais sentir a insegurança e a dúvida que senti naqueles dias no hospital. – afirmei.
- Eu é que estou fascinado pelo seu corpo. Nunca vi nada igual, coexiste nele a fragilidade e a formosura de uma fêmea e, musculatura esculpida de um macho envolvida por essa pele sedutora. Você é único, Alex! E eu quero ser o dono dessa preciosidade! – sentenciou ele. Beijei-o, enquanto meus dedos deslizavam entre seus pentelhos em direção à pica que, dando leves pinotes, estava em franco endurecimento.
- Está com medo? – indagou, quando o caralhão ameaçador estava pronto para me foder. Talvez tenha sido a minha expressão que o levou a me questionar. – É a sua primeira vez? – emendou
- Não! Porém, diante do que está diante de mim, é como se fosse. – afirmei, num sorriso tenso.
- Não há o que temer! Prometo que vou ser muito cuidadoso e carinhoso com você. Só quero que sinta prazer comigo enfiado em você. – a voz que ele usava para dizer essas coisas em nada servia para mitigar minha ansiedade, pois ela sobejava um tesão incontrolável.
O Jeff me virou de bruços, afastou meus glúteos e começou a lamber minha rosquinha, gemi de tanto tesão, de sentir como ele me desejava, de como ele desejava aquela fenda rosada desprotegida, feito um animal atraído pelo cio. Com o indicador ele começou a testar minha elasticidade, minha maneira de travar os esfíncteres quando devassados por seu dedo impudico, meus limites para levar sua vara e aceitá-la apesar do estrago que ela provocaria. Com o cuzinho incitado por aquele dedo se movendo em círculos dentro da minha ampola retal, eu gania como a pedir para ser coberto por aquele macho intrépido. O tesão estava acabando comigo quando ele colocou minha perna direita sobre seu ombro e se encaixado na minha bunda, começou a meter aquela rola no centro da minha rosquinha. Eu tremia tomado pelo frenesi, meu cuzinho piscava na chapeleta dele, ele forçava o pau contra a portinha e eu segurava a respiração, à espera do golpe que colocaria aquele mastro gigantesco dentro do meu cu. Ele não conseguiu meter na primeira, nem na segunda, apenas na quina ou sexta tentativa, quando eu já gania alto louco para ser enrabado, é que seu instinto primal falou mais alto e ele mandou ver. Sua mão tapava minha boca quando eu gritei, sem que ele deixasse de dar duas estocadas potentes que enfiaram o caralhão quase até a metade no meu rabo. Eu me agarrei a seus braços, ele se agarrou no meu tronco, ambos aguardando que aquele furor da penetração, restabelecesse nossa respiração entrecortada.
- Ai, Jeff! – gemi.
- Dói? Quer que tire? – as palavras saiam assopradas por entre seus dentes cerrados.
- Não, só quero ser seu. – sussurrei. Ele meteu o cacete até o talo no meu cu, enquanto eu gania e gemia, sentindo aquele macho fogoso me escancarando as entranhas.
Insatisfeito pela posição em que estávamos não lhe permitir usar todo seu potencial de cópula, ele me fez ficar de quatro; enquanto ele, em pé, ao lado da cama, voltava a meter a pica no meu cu e começava a bombar. Eu tinha a impressão de que a qualquer momento, aquela rola ia me varar e sair pela minha boca, mas me empinava todo para que ele socasse lá no fundo. Os primeiros sinais do estrago que aquela jeba imensamente grossa era capaz de provocar já se faziam sentir na minha mucosa anal. Quase sem lubrificação, o atrito do vaivém estava me esfolando todo o cu. Intercalar os ganidos de dor e de prazer era tudo que me restava, enquanto o gozo não vinha. Dentro de meu ventre, contrações e espasmos pareciam despertar feras adormecidas, eram minhas gônadas se preparando para ejacular. Com meu pintinho dando saltos a cada estocada do Jeff, eu comecei a gozar, a porra saltando pelo ar e melando a toalha sobre a qual eu estava ajoelhado. A visão daquilo deixou o Jeff ainda mais extasiado. Num único puxão, ele tirou a pica do meu cu, me girou até minhas costas caírem sobre a cama, enfiou-se entre as minhas pernas que segurava pelos joelhos e meteu impetuosamente mais uma vez o caralhão no meu cuzinho. Puxei-o para cima de mim e o beijei.
- Ai, Jeff! Meu cuzinho, Jeff. Ai, Jeff! Meu cuzinho. – gemi, enfiando as pontas dos dedos em suas costas.
Ele levantou ligeiramente a cabeça, me encarou, e começou a gozar em meio a um rosnado gutural. Em segundos eu estava encharcado de porra, ouvia-se o sibilar da minha respiração extenuada, enquanto meu rosto abria um sorriso amoroso para aquele macho encantador. Os olhos dele estavam vitrificados nos meus, eu os podia ver sorrindo, podia ver a felicidade que estava dentro dele e, naquele instante, soube que o Jeff seria meu homem para todo o sempre.

Foto 1 do Conto erotico: Com uma fêmea dentro de si - Parte I

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Ficha do conto

Foto Perfil kherr
kherr

Nome do conto:
Com uma fêmea dentro de si - Parte I

Codigo do conto:
157669

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
06/06/2020

Quant.de Votos:
5

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2