Escravo da na terra dos Sheiks



Escravo na terra dos Sheiks - Parte 1
De família remediada, a conquista do diploma universitário em gestão de turismo numa universidade privada significou muito para mim. Apesar de iniciar minha carreira profissional com uma dívida a ser quitada em cinco anos, após o período de carência de um ano junto ao FIES, eu comemorei minha formatura cheio de esperanças no futuro. Aos vinte anos com uma conquista dessas já realizada e, com uma ideia ainda fantasiosa na cabeça do que seja viver num país de terceiro mundo como o nosso, pautado pela desigualdade social, eu me pus a procurar por um emprego, pois além da obrigação de quitar meu financiamento estudantil, eu precisava colaborar com as despesas dentro de casa. A cada currículo enviado que, ou era simplesmente ignorado e não gerava uma resposta, ou vinha seguido de um ‘não’ justificado ora pela falta de experiência, ora pela indisponibilidade de vagas, fui me dando conta de que não seria nada fácil, para não dizer impossível, encontrar um emprego na área que escolhi. Ainda não chegava a ser uma desilusão, a juventude é dada a acreditar até em milagres, e eu contava com um deles.
Enquanto sonhava com esse milagre, fui me contentando com o emprego de vendedor numa loja de roupas masculinas num shopping perto de casa. Ali a falta de experiência não contou tanto e, minha facilidade de comunicação, extroversão e boa aparência contaram pontos na hora da contratação. Ao menos foi essa a impressão que tive durante a entrevista com o gerente da cadeia de lojas que, entre sorrisos de amabilidades ficava ajeitando a rola dentro da calça enquanto mantinha um olhar fixo e babão pousado sobre meu rosto harmonioso e a minha bunda carnuda. O salário fixo para uma jornada que se iniciava às 10:00 hs e ia até às 22:00 hs mal cobria meus gastos com transporte e alimentação, enquanto a complementação comissionada dependia exclusivamente do meu esforço e da disponibilidade dos clientes em gastar. Encarei a empreitada com otimismo, aquele mesmo, da juventude, da ignorância dos iludidos, dos esperançosos por dias melhores que habitam esse país dominado por políticos corruptos, poderosas gangues de criminosos e um povo habituado a seguir adiante atado a um cabresto conduzido sem protestos. Os parcos tostões que me sobravam no final do mês, vivido ao modo espartano de um monge, pelo menos me ajudavam a complementar a renda da família.
Com o passar dos meses, sem ter desistido do meu ideal, fui percebendo que, ou eu tinha tino para a coisa de vendedor, ou era minha aparência que havia me levado a ser o melhor vendedor daquela unidade. Quando entrava uma mulher na loja, ela logo se identificava comigo preterindo os outros três vendedores. Quando era o próprio homem procurando algum item de vestuário para si, não raro me deparava com sujeitos que só faltavam me foder com seus olhares de cobiça. Até então, eu não era apenas virgem no campo profissional, mas também no sexual. A constatação definitiva de que era gay só tinha surgido nos últimos anos da faculdade. Porém, ainda lidava com a falta de coragem de me embrenhar num relacionamento afetivo.
Muito sutil e discretamente, foi com o filho do proprietário da loja de suplementos nutricionais para esportistas e atletas, vizinha à loja onde eu trabalhava, que comecei a flertar não só com meu imaginário, mas com aquele corpão sensual transbordando testosterona por todos os poros. A loja, aliás, era um entra-e-sai de marmanjões em roupas esportivas que deixavam à mostra os músculos trabalhados na academia que também ficava no shopping, um colírio para um cuzinho virgem como o meu. O Júlio César não levou nem uma semana para me notar atendendo os clientes dentro da loja e, tratou logo de me acompanhar no meu horário de almoço até a praça de alimentação do shopping. Tudo tinha a cara de uma mera amizade, até eu começar a me encantar com aqueles músculos todos que muitas vezes ficavam expostos sob uma camiseta regata trajada especialmente para exibi-los e, ele não desgrudar os olhos a imensa abundância de carnes que formava uma curva saliente na traseira das minhas calças. Fossem quais fossem as intenções, o fato é que começamos a almoçar juntos praticamente todos os dias, comecei a aceitar os oferecimentos de uma carona para casa em sua motocicleta nos finais de expediente, e nos habituamos a trocar sorrisos sensuais que estavam abrindo caminho para algo mais concreto.
A primeira investida dele, que não deixava dúvidas quanto ao que estava querendo comigo, aconteceu num dia de movimento fraco, de início de semana, logo após a abertura do shopping. O Júlio César entrou na loja na condição de cliente, veio direto a mim jogando charme, sensualidade e um sorriso safado estampado na cara, pedindo para ver um jeans que estava exposto na vitrine. Meu peito palpitava toda vez que estávamos juntos e, confesso impudico, que meu cuzinho experimentava uns espasmos que nunca havia sentido antes, o que costumava me deixar um pouco retraído e tímido diante dele e que, aparentemente, o deixava bem contente. Mostrei-lhe o jeans na numeração pedida, bem como uns modelos que achei também deixariam aquelas coxas grossas mais sexy, e ele seguiu em direção aos provadores no fundo da loja.
- Tem certeza que o número é o que te pedi, Lucas? Não estou cabendo dentro dessas aqui! – questionou ele, me atraindo até a cabine de provas.
- É a numeração que você me pediu, pode conferir na etiqueta do cós! – devolvi, numa ingenuidade quase pueril. – Quer que eu pegue um número maior?
- Será que só um número maior vai resolver? – devolveu ele, o que me levou a abrir a porta do provador para ver o que estava acontecendo.
Parado lá dentro com as pernas ligeiramente afastadas, o jeans completamente aberto, sem uma cueca por baixo e, de onde pendia uma imensa pica à meia-bomba brotando de um denso matagal de pentelhos negros, ele me sorria cheio de tesão. Por uns segundos perdi o rebolado, sem tirar os olhos daquele caralhão cabeçudo que ia crescendo à medida que ele observava minha reação.
- Acho que isso aqui não vai caber dentro da numeração que você trouxe, o que acha? – perguntou libertino, transbordando sensualidade.
- Acho que é só uma questão de saber como acomodar! – exclamei, deixando a timidez de lado.
- Talvez você possa me ajudar! – devolveu ladino
- Claro! – dei um passo à frente, fechei delicadamente minha mão ao redor do cacetão quente e pulsátil e o ajeitei cuidadosamente dentro do jeans, mal tendo como reagir ao puxão que ele me deu, me prensando contra a parede da cabine e me colocando um beijo úmido e devasso na boca onde foi enfiando lentamente a língua, enquanto suas mãos agarravam minhas nádegas numa volúpia desatada.
- Delicinha do caralho! Me amarro em você, Lucas, sabia? E agora você acaba de me confirmar o que eu já vinha suspeitando, você me curte, não é?
- Sim! Muito! – respondi, sincero e sentindo convulsões no cuzinho.
Que nome dar àquilo eu não sabia, mas sabia que ia deixar rolar o que fosse para sentir aquela pica entrando no meu cu e me mostrar todos os mistérios que eu desconhecia. Ele saiu da loja sem levar o jeans, o sorriso largo e prazeroso que iluminava seu rosto demonstrava que estava levando algo mais importante, a caricia suave dos meus dedos longos e finos sobre seu falo insaciado.
- Topa um cineminha na última sessão do sábado à noite, depois de as lojas fecharem? – perguntou ele, durante o almoço naquele dia, no qual a nossa conversa girou em torno da ousadia daquela manhã e que, já não deixava dúvidas de que ambos queriam a mesma coisa, estreitar aquela amizade levando-a para outros níveis.
- Beleza! Qual dos filmes sugere? – perguntei, mais uma vez ingênuo e demonstrando toda a inocência da minha condição virginal.
- Minha caceta chupada pelo tesudinho ao lado! Está bom para você? – ele lambia sensualmente o canudinho do refrigerante que estava em suas mãos, enquanto lançava seu olhar sacana na minha direção.
- Está perfeito! – exclamei, sentindo meus hormônios fervilhando nas veias.
Aquela semana parecia não ter fim, essa era a sensação que ambos estavam sentindo e que era explicitada a cada momento que nos encontrávamos. No sábado pela manhã, o Júlio César passou diante da loja enquanto eu atendia um cliente e abanou as entradas no cinema que acabara de comprar para aquela noite, só para me atiçar. Apesar de ser um sábado à noite e, de ser uma das sessões mais concorridas das salas de cinema que ficavam no térreo do shopping, a sessão para aquele filme tinha grandes espaços vazios entre as poltronas. Esperamos todos que estavam na fila entrarem para só então procurar um canto afastado distante de qualquer outro assistente. O lugar escolhido pelo Júlio César ficava numa das últimas fileiras, um pouco de esguelha, o que obrigava a quem as ocupava a ficar numa posição até um pouco incômoda, mas que atendia totalmente as expectativas que ele havia depositado naquele encontro. Luzes apagadas, propaganda de trailers de outros filmes da mesma produtora dominando a imensa tela colorida e nossos corações batendo à mil, quando senti a mão pesada e forte dele roçando a minha coxa. Nos encaramos com um sorriso libidinoso, de puro tesão. A mesma mão pegou a minha e a levou até o volume saliente que latejava debaixo do jeans dele. Eu a deslizei sobre toda a extensão do que mais parecia um tronco duro cheio de vida própria. Ele inclinou a cabeça e a deitou no meu ombro enquanto ambos deslizávamos nos afundando nas poltronas. Uma olhada furtiva ao redor e, para a tela à minha frente, sinalizava o início da saga aventureira e futurista que envolvia sobreviventes de uma humanidade extinta e robôs, num misto tão fantasioso e irreal que jamais conseguiria prender a minha atenção. Ainda mais que, naquele momento, ela estava toda focada naquilo que pulsava dentro da minha mão. O Júlio César abriu a braguilha e desceu um pouco a calça, ao mesmo tempo em que se virava um pouco para o meu lado e apoiava uma das pernas sobre o apoio de braço que separava nossas poltronas. Como por magia, um gigantesco poste de carne saltou lá de dentro e ia empinando cada vez mais diante do meu olhar cobiçoso. Escorreguei da poltrona até meus joelhos tocarem o chão e peguei na verga incrivelmente rija. Atraído pelo aroma almiscarado que provinha dela, aproximei meu rosto e fechei meus lábios ao redor daquela cabeçorra lustrosa que, de tão úmida, chegava a brilhar mesmo sob os parcos fachos de luz que vinham da tela. Ao soltar um gemido contido, o Júlio César enfiou os dedos nos meus cabelos forçando minha cabeça para baixo enquanto erguia ligeiramente a bunda da poltrona. A rola saborosa e vertendo um líquido aquoso e salgado mergulhou na minha garganta, me obrigando a respirar rapidamente pelo nariz para não me engasgar. Simultaneamente às minhas lambidas, chupadas e mordidinhas ao longo da verga dele, eu deslizava provocadoramente as pontas dos dedos entre os pentelhos grossos e encaracolados. Ele se agitava na poltrona, soltava o ar por entre os dentes cerrados e não desgrudava os olhos, nem por um segundo, da boca que trabalhava seu membro rijo com tanto empenho. Parecia um sonho estar com aquele pauzão intrépido latejando na minha boca, e eu tratava de acaricia-lo de corpo e alma enquanto desfrutava daquela sensação única e prazerosa. Às vezes, eu ficava com o coração na mão ao ouvir os gemidos do Júlio César tão altos que talvez pudessem atrair a atenção de alguém, e nós sermos flagrados naquela putaria devassa. Mas, ninguém prestava atenção em nós, parecia que aquelas cenas criadas pelo imaginário de um lunático despertavam um interesse quase doentio na plateia silenciosa, o que nos contemplava com minutos preciosos de um prazer sem igual. Ora o Júlio César agarrava minha cabeça e a mantinha fixa, enquanto socava aquela jeba na minha garganta, ora ele a tirava da minha boca para retardar o gozo que atormentava sua virilha querendo fazer aqueles dois colhões, que eu acariciava, despejarem todo seu conteúdo. Esse goza-não-goza aconteceu três vezes, ele dominando e controlando a situação. Só que, minha boca aveludada, macia e úmida não lhe dava trégua e, na quarta vez que aqueles testículos enormes e ingurgitados sentiram a necessidade de expelir a porra que haviam produzido, ele não conseguiu se controlar. O primeiro jato veio tão potente e carregado que eu quase me engasguei. Engoli-o no sufoco quando segundo já voltava a encher minha boca. O Júlio liberava gemidos roucos e esporrava feito um touro na minha boca sedenta, que se deliciava com o sabor nucífero daquele creme esbranquiçado e pegajoso que vinha aos borbotões, na minha primeira experiência sexual com um macho. Ambos deixamos o cinema em êxtase, realizados e felizes com aquela relação que entrava num novo patamar de cumplicidade. Agora ela era mais real e podia evoluir sem limites.
A caminho do trabalho, meu ônibus passava pelo centro comercial do bairro popular onde eu morava. Observando o movimento nas calçadas e as fachadas que passavam diante da janela do coletivo, eu acabei por me deparar com um anúncio quase mágico na tabuleta de vagas em frente a uma agência de empregos – AGENTE DE TURISMO – reluziam as letras que atraíram minha atenção. Estava lá a oportunidade pela qual eu tanto esperava. No dia seguinte, antes mesmo da agência abrir, eu me juntei a uma pequena fila que já havia se formado diante da porta. A maioria das vagas era para funções simples e refletia na composição da fila de pessoas com instrução básica. A moça que me atendeu logo tratou de me explicar que a vaga era para vendedor de pacotes turísticos numa agência de viagens, o que não exigia a formação que constava no currículo que coloquei em suas mãos.
- Não tem importância! Estou à procura de uma vaga na minha área. – expliquei, diante da menção do salário que ela me apresentou. Nada muito diferente daquele que eu vinha recebendo. No entanto, eu já me via conquistando posições mais compensadoras dentro de uma agência de viagens, onde havia mais possibilidades de crescimento.
Pouco depois, eu estava preenchendo formulários e participando daqueles enfadonhos testes psicológicos que te mandam completar sequências de dados em cujos lados constam diversas figuras, ou responder as opções – nunca, às vezes, várias vezes, sempre – para questões hipotéticas e outros tantos que uma selecionadora colocava diante dos cinco candidatos à mesma vaga na saleta abafada onde o zumbido dos dois imensos ventiladores na parede contribuía para a desconcentração. A essa bateria de testes seguiu-se uma entrevista com um sujeito míope cujos óculos viviam escorrendo do nariz aquilino. As perguntas não só me pareceram desconexas, como eram de fato, o que foi me levando a acreditar que aquela agência mixuruca de bairro só podia estar oferecendo uma vaga numa empresa com as mesmas características. Foi minha disposição em atuar na área em que me formei, e o ideal de evolução que me mantiveram na disputa pela vaga, enquanto via o número de candidatos minguando a cada nova etapa. Um pouco cansado, faminto e único candidato restante entrei para a última etapa do processo seletivo, uma estranha e incomum tomada de fotografias, de rosto, em pé, e esboçando um sorriso forçado e incrédulo diante da câmera fotográfica barata de um sujeito de aparência relaxada. Nunca tinha ouvido falar que faziam fotos num processo seletivo e, ao comentar o inusitado com os meus pais naquela noite, começou a surgir uma pulga atrás da minha orelha quanto ao tipo de vaga que estava sendo ofertada.
- Se os resultados dos testes não te garantirem a vaga, as fotografias com certeza irão! – afirmou o Júlio César quando lhe contei como tinha sido a entrevista.
- Você acha que é só a minha aparência que vai me abrir os caminhos para um emprego? Tenho muito mais a oferecer do que uma carinha bonita, sabia? – devolvi um pouco zangado com a afirmação dele.
- Eu não duvido disso! Só que eu te contrataria para uma vaga apenas vendo uma fotografia dessa sua bunda gostosa. – zombou malicioso.
- E que vaga seria essa? – questionei, já imaginando a besteira que ele ia devolver.
- A de meu namorado, está bom para você! – exclamou
- Eu pensei que já era o dono dessa vaga! – retruquei
- Mas até agora eu não tirei proveito de todo o potencial do meu namorado! Ele não se dispôs a me deixar enfiar meu pau no meio dessas nádegas polpudas, onde está um buraquinho que eu estou louco para estrear. – sentenciou cheio de malícia.
- Vou pensar no seu caso! Com carinho, prometo! – asseverei, fazendo com que ele me mandasse um beijo sorridente por sobre a mesa da lanchonete onde estávamos almoçando.
Menos de uma semana depois de ter participado do processo seletivo recebi uma ligação para comparecer à agência. Meu coração quase saiu pela boca. Seria o que eu estava esperando? Corri para lá, pedindo para sair da loja mais cedo naquele dia.
- Seu currículo, o resultado dos testes e sua entrevista, interessaram nosso cliente. Você pode comparecer a esse endereço amanhã pela manhã? – perguntou a mesma moça que me atendeu no primeiro dia. Mesmo tentando não parecer afobado com a notícia, dei meu sim tão enfaticamente que a levou a dar uma risadinha irônica.
Qual não foi meu eto quando cheguei ao endereço na Avenida Paulista que a moça havia me dado e constatar que no edifício de luxo ficava outra agência de empregos.
- O Sr. Armando trabalha aqui? –perguntei perplexo, achando que estava com o endereço errado. Qual a razão de me enviarem para outra agência de empregos se eu já tinha feito toda aquela batelada de testes?
- Sim, o senhor quem é? – perguntou a recepcionista, uma moça de visual muito mais chique que a coitada da agência de bairro que, após eu me identificar, saiu de trás do balcão e pediu que a acompanhasse, andando à minha frente com um conjunto de saia e blazer e sapatos de salto alto. – Sr. Armando, este é rapaz, Lucas do horário das 11:00 hs. – disse ela, em voz firme, ao me deixar diante da porta de uma das salas e de um sujeito enfiado num terno de mau gosto.
- Sente-se meu rapaz, sente-se! Lucas, é isso? – perguntou
- Sim, senhor! Bom dia!
- É sobre a vaga de agente de turismo, não é mesmo?
- Sim, senhor, é!
- Bem, nosso cliente é uma pessoa muito exigente, por isso, vou pedir que faça mais alguns testes e uma entrevista, tudo bem? – emendou em seguida. – Ah! Já lhe mencionaram que a vaga é no exterior? Você fala inglês, Lucas? – era tanta pergunta que, por um momento, fiquei atordoado.
- Tudo! Não. Tenho um bom domínio, sim! – respondi, à medida que me recordava da sequência de perguntas. Ele mal prestou atenção às respostas, foi logo me levando a uma sala semelhante à qual onde eu havia feito os testes na agência anterior, só que mais bem decorada, e me jogando um chumaço de folhas com testes muito parecidos com os que eu já tinha feito.
- Eu já fiz alguns testes e passei por uma entrevista. – mencionei, começando a achar tudo aquilo muito esquisito para uma simples vaga de vendedor de pacotes turísticos.
- Sim, sim, eu sei! É que somos muito zelosos ao enviar um candidato para uma vaga numa empresa, entende, Lucas? – tudo bem, pensei com meus botões, mas daí a levar o candidato à estafa como se fosse para ser o CEO de uma multinacional, havia uma grande distância e, um despropósito sem tamanho.
- Tudo bem! – o que me restava dizer? Na minha condição, assim como a de muitos jovens à caça de seu primeiro emprego nesse país, até ficar de quatro para levar uma vara no rabo durante o processo seletivo estava valendo, desde que o tão sonhado emprego e o salário de fome viessem no pacote.
Fiz os testes numa sala anexa quase cheia de candidatos, não sei se apenas para aquela vaga ou se para outras que a agência oferecia, sob a supervisão de uma loira esquálida também enfiada num tailleur de uniforme e saltos de sapatos altos tão finos quanto as pernas dela.
- Muito bem! Vou encaminhar seus cadernos para nosso avaliador enquanto você faz a entrevista, ok? – disse ela quando lhe entreguei as provas preenchidas.
A entrevista foi com o próprio Sr. Armando. Suas perguntas versaram mais sobre a minha opinião sobre alguns aspectos que ele disse estarem atrelados ao cargo que eu ocuparia, do que sobre o pouco de experiência que eu tinha. Era uma balela desconexa que não seguia nenhuma linha de raciocínio minimamente lógica, mas quem era eu para questionar a capacidade daquela gente.
- Muito bem, Lucas! – exclamou ao concluir seu repertório de perguntas. – Vejo que também já fez as fotografias, e agora só fica faltando a entrevista para testar sua fluência no inglês, certo? – antes de eu responder, ele me mandou esperar noutra sala onde me sentei diante de uma mesa vazia.
- Goody Morningui, Ms. Lucas! – cumprimentou a voz fanha do sujeito que ocupou o outro lado da mesa, cerca de um quarto de hora depois.
- Good Morning! – devolvi.
- In a few words, tell me about your skills and hopes, Lucas! (a frase na verdade soou assim = Ini ei few wordis, tell mi abouti your skills and hopis, Lucas!) – continuou ele, num sotaque miserável que, logo após a minha resposta, veio acompanhado de seu relato de como tinha conquistado aquela posição depois de ter trocado seu “Ricifi” ensolarado, porém sem oportunidades e, se mudado para “Sun Paulo”, o que positivamente não me interessava nem um pouco. Ante meu domínio do idioma estrangeiro, ele não se aventurou a fazer mais perguntas para não deixar evidente as dificuldades que tinha com a língua. Longe de considerar sua pronúncia sofrível e seu sotaque um deboche ou um preconceito quanto a sua origem, o que em nenhum momento passou pela minha cabeça; eu só deveria ter sido mais atento e prudente, pois esse amadorismo era mais um dos detalhes que eu havia ignorado de tão empenhado que estava em conseguir meu primeiro emprego e, que era uma pista do caminho que estava me levando para o período mais sombrio do meu destino.
Esperançoso de sair dali com um emprego confirmado, tive que lidar com a frustração de ter que aguardar um telefonema para dali há alguns dias. Voltei para casa crente que aquilo não ia dar em nada, tudo me cheirava a uma arapuca. No entanto, dois dias depois, o tal telefonema veio e, com ele, o pedido para que comparecesse a outro endereço; este, um hotel cinco estrelas também na região da Avenida Paulista, onde supostamente se daria meu encontro com o contratante da vaga. Confesso que rumei no dia e horário combinado até lá sem depositar confiança alguma em conseguir um emprego decente.
- Vou avisar que o senhor está aqui na recepção! – disse o rapaz bonito e desenvolto que me atendeu no balcão. Fiquei admirando seu corpo atlético dentro do terno sisudo que em nada acobertava seu jeitão sexy, enquanto ele se comunicava com alguém num inglês impecável. – À esquerda do lobby há uma pequena sala de espera, pode aguardar lá que o senhor Khalid já está descendo. – disse ele, com um sorriso amistoso que formava uma covinha em seu queixo anguloso e bem escanhoado.
- Obrigado, Felipe! – respondi, depois de identificar seu nome no broche dourado abaixo do logotipo do hotel.
- Não por isso! – devolveu ele, visivelmente contente por eu o ter chamado pelo nome. Além de um gato, é um gentleman balbuciei enquanto me dirigia à tal sala de espera.
Nem tive tempo de apreciar a sofisticação do lobby do hotel quando um homem maçudo, de ombros largos, trajando um terno super-alinhado, veio caminhando na minha direção com a mão estendida e um amplo sorriso no rosto. Nossa conversa começou com ele fazendo um esforço para falar português, mesmo quando lhe fugiam algumas palavras, após ter colocado em minhas mãos um cartão de visitas onde se destacava o nome Khalid Al-Jamil Al-Masri abaixo de um logo empresarial.
- Bom dia! – cumprimentei ao me levantar e sentir como a minha mão sumia dentro da dele.
- Bom dia! As fotografias não fazem jus à sua beleza! – afirmou, me deixando sem graça. Será que íamos começar as tratativas da vaga por esse caminho ou, será que essa história de vaga era mesmo real? Foi difícil encontrar uma resposta com aquele macho me medindo da cabeça aos pés como se eu fosse um cavalo de corridas que estava adquirindo.
Percebendo meu desconforto com aquela abordagem direta e aquele olhar de lobo que está a um salto de cair sobre sua presa, ele conduziu a conversa rapidamente ao que interessava. Havia mesmo uma vaga, era para uma de suas empresas, uma agência de viagens em Doha, no Qatar, que ele havia montado com seu primo e sócio, querendo promover um incremento de turistas entre os dois países.
- Para isso, preciso de alguém com conhecimentos na área turística aqui no Brasil para que possamos oferecer pacotes diversificados para nossos clientes árabes, bem como, quem seja fluente no português para fazer as transações com hotéis e agências de turismo aqui no Brasil. – afirmou ele, de forma clara e objetiva.
Falei um pouco sobre como poderia contribuir com esses objetivos e, de forma sincera, da minha inexperiência por se tratar do meu primeiro emprego na área. Ao me responder que ele e o sócio se encarregariam pessoalmente de me ensinar o achavam que eu precisaria saber, vi pela primeira vez uma luz no fim do túnel.
- Devo esperar por um telefonema seu quando tiver entrevistado os demais candidatos? – perguntei, um pouco ousado e, ao mesmo tempo, esperançoso.
- Não! Minha decisão está tomada. Quero você! – precisei me segurar para não dar um pulo de alegria diante dele.
- O que quer que eu faça em seguida? – minha voz denunciava a ansiedade e a felicidade que tomavam conta de mim.
- Bem, em primeiro lugar precisamos providenciar a sua documentação. Você tem um passaporte válido, Lucas? – perguntou ele. Eu, um passaporte válido, na minha condição, de que me serviria um documento desses? O mais longe que eu tinha viajado foi para o interior do Estado onde moravam meus avós.
De qualquer forma, ele parecia estar muito bem assessorado, pois ligou para um escritório de advocacia se identificando e, em árabe, passando instruções a alguém para providenciar tudo de que eu precisasse.
- Ligo para você assim que me entregarem seus documentos. Alguém vai procura-lo entre hoje e amanhã para que você forneça tudo o que eles vão precisar para a emissão desses documentos, está bem? – a cada palavra dele aumentava a minha vontade de dar um abraço naquele homem, tamanha era a minha felicidade.
Cheguei em casa falando mais do que uma maritaca. Contei detalhadamente aos meus pais tudo o que o Khalid havia me proposto e de como seria a minha vida num país do qual eu apenas tinha ouvido falar pela televisão. O que me fez lembrar que, para os próximos dois dias, tinha uma tarefa enorme pela frente para saber tudo o que fosse possível sobre esse país longínquo e totalmente estranho à nossa cultura. Os senões dos meus pais começaram durante o jantar daquela noite. A distância, não saber nada sobre os costumes daquele povo, o que se ouvia sobre as pessoas daqueles países que ninguém conhecia bem ao certo, tudo era motivo para que eu talvez repensasse aceitar esse emprego.
- De jeito nenhum! Logo no primeiro emprego eu ganho uma baita chance dessas, imagina se vou deixar isso passar em branco! – aleguei, enumerando tudo de positivo que me vinha à cabeça.
- Mesmo assim, filhão! Estive conversando com o Genival, aquele advogado com escritório na sobreloja da padaria, e ele mencionou um tal de contrato que seria prudente deixar escriturado em cartório para você não ir para o estrangeiro sem garantias.
- Pai, esse Genival é um advogadozinho chinfrim, não deve entender nada de relações internacionais. É bom nem dar ouvidos à conversa dele. – argumentei, só então me dando conta de que realmente minha tratativa com o Khalid ficara restrita a um bate-papo. No entanto, era bom nem mencionar isso agora, ou não me deixariam aceitar o emprego.
Outro que começou a botar pedras no caminho foi o Júlio. As razões dele eu bem podia compreender, prestes a poder começar a meter seu pintão no meu cuzinho, eu lhe escapava das mãos como água escorrendo por entre os dedos. Confesso que a carinha desolada dele mexeu comigo, o que me fez perceber que eu já estava mais envolvido com ele do que pretendia. Na verdade, eu estava gostando dele, apesar de saber que era um tarado a fim de se dar bem no meu cuzinho sabidamente virgem e, sem um objetivo nítido traçado para seu futuro. Por enquanto, ele cursava a faculdade de engenharia, vivia às custas do pai e da loja de suplementos energéticos, não esquentava a cabeça com nada e procurava viver a juventude circulando sobre uma motocicleta de alta cilindrada. Se, depois de me desvirginar e foder meu cu algumas vezes, ele ainda se mostraria interessado num relacionamento comigo era uma grande incógnita. Já eu, teria muito a perder deixando uma oportunidade concreta de um bom salário escapar das minhas mãos só porque aquele caralhão suculento e promissor ficava me atentando.
Domingão de sol, um dia após o aniversário do Júlio, no qual o presenteei com uma das novas camisas de uma coleção que havia chegado à loja naquela semana e, que ele fez questão de experimentar durante a rápida escapadinha que dei para lhe entregar o presente e cumprimenta-lo pelo aniversário, quando o pai não estava; logo cedo o celular tocou e a carinha malandra dele apareceu na tela. Na véspera, ele havia me levado até os fundos da loja, tirado apressado a camiseta que estava usando só para me mostrar seu peitoral largo parcialmente revestido de pelos que deixavam seu tronco sexy e viril, pedindo para que eu mesmo vestisse a camisa nele. Tudo um pretexto para me roubar uns beijos de língua e dar uns amassos na minha bunda. O que me fez retornar ao trabalho com a respiração afogueada. Meu gerente já tinha sacado que rolava alguma coisa entre mim e o filho do dono da loja vizinha, o que não o impediu de, mesmo casado, começar a se oferecer como mais uma opção para o que ele acreditava estar rolando entre nós, enfiando sua pica curiosa no meu cuzinho.
- Estou aqui de pau duro lembrando de você acariciando meu peito e daqueles beijos cheios de tesão que trocamos. Preciso te ver! Está um dia lindo lá fora, vamos dar um rolê de moto por aí? Até prometo de ensinar a pilotar, como você vive me pedindo. – disse ele quando atendi o celular.
- E quanto vai me custar esse rolê? – perguntei, pois sabia que as intensões dele não se limitavam a um simples passeio num dia ensolarado.
- Só uns beijinhos e uns amassos nessa bunda tesuda! – devolveu ele. A sinceridade dele não me etava mais, até valia pontos a favor dele.
- Só? – ele riu do outro lado
- Veste um short e a gente pode partir para algo mais quente. – foi minha vez de rir.
- Tarado!
- Você gosta, que eu sei!
- E aí aproveita para abusar!
- Passo aí em meia hora! Shortinho, valeu? – ele desligou rindo. Meu cuzinho convulsionava desejoso, piscando as preguinhas imaculadas.
Fiquei esperando por ele atendendo seu pedido, enfiado num short de fendas laterais profundas pelas quais emergiam minhas coxas grossas, roliças e lisinhas. Ele trajava algo semelhante, deixando aquele par de pernas grossas e peludas atuando como um chamariz para incautos virgens como eu. Ele não quis me revelar nosso destino. Porém, não demorei a constatar que estávamos seguindo rumo ao litoral, agarrado à cintura dele na garupa da motocicleta. Vali-me da posição privilegiada ora para acariciar seu abdômen trincado e rijo, ora para dar uma pegada naquela rola maciça debaixo do short. Fazia tempo que eu vinha pedindo para ele me ensinar a pilotar uma moto. Ele fazia charminho e me chantageava pedindo boquetes na pica, beijos na surdina, carícias em seu corpo e, livre acesso de suas mãos às minhas nádegas nuas. A resposta dele era quase sempre a mesma, ia me ensinar, mas queria foder meu cuzinho em cima da moto, eu na frente de bunda de fora e ele atrás só metendo a rola no meu cu. Acabávamos rindo e a oportunidade de isso acontecer parecia nunca surgir em meio aos nossos compromissos diários. Aquele domingo ia terminar com nossos desejos realizados, e era o que estava fazendo daquele dia um dia especial.
Numa avenida próxima à rodovia que nos levaria ao litoral, ao ver duas motocicletas se emparelhando conosco, uma com dois ocupantes, outra com um, percebi que daquela situação ia sair merda. No primeiro semáforo que fechou pressenti o perigo pairando no ar quando o garupa da moto ao nosso lado nos encarou como se certificando de que suas intenções podiam ser postas em prática. Mesmo antes do emparelhamento, durante a aproximação deles, eu tirei a mão da cintura do Júlio e da rola dele que eu vinha acariciando já vinha uns 500 metros. No semáforo seguinte, que o Júlio até intentava cruzar quando já no amarelo, uma saída precipitada de um carro no cruzamento o fez desistir, e ficamos à mercê dos bandidos.
- Perdeu, playboy! Desce! – disse o garupa que pulou armado antes mesmo da motocicleta parar completamente.
- Calma aí! – disse o Júlio, que não tinha compreendido o alerta que eu havia soprado em seu ouvido.
- Desce, porra! Anda logo, ou quer tomar chumbo aqui mesmo? – ameaçou o desgraçado
- Calma, estamos descendo!
- Tu tem uma puta de uma bunda gostosa, oh viadinho! – afirmou o cara quando desci da motocicleta e fiquei perdido no meio do ir e vir do trânsito. – Eu ia adorar foder teu cu, viadinho gostoso! Tô começando a ficar de pau duro como teu macho aí!
- Então não leva a moto, por favor! Deixa a gente seguir. – pedi, tentando me valer do interesse dele. E, constatando que debaixo do short do Júlio havia mesmo uma ereção enorme distendendo o tecido.
- Qual é viadinho? Aparece lá nas quebradas e eu te dou um trato, valeu! – afirmou, montando na motocicleta do Júlio e saindo em disparada com os outros dois antes mesmo do semáforo abrir.
Eu tremia feito juncos ao vento quando o Júlio me abraçou e me levou até a calçada, pois os carros começavam a se mover. Nenhuma viva alma nos socorreu, parecia que a cegueira havia se apossado de todos os motoristas que estavam à nossa volta. O nosso dia especial foi por água abaixo, um cacete amolecendo lentamente e um cuzinho esperançoso iam continuar sem se encontrarem. Só nos restava procurar uma delegacia e registrar o roubo, voltar para casa e continuar acreditando que aquilo fazia parte das mazelas de uma metrópole. Tinha sido a nossa última chance de transar, pois antes daquela semana terminar, eu teria que partir.
Precavido, deixei para comunicar ao meu gerente que estava deixando o emprego na loja na véspera do meu embarque para o Qatar. Toda a documentação havia ficado pronta, as passagens aéreas já estavam em seu poder e o Sr. Khalid me mandou uma mensagem com data e hora de nossa partida, eu deveria estar no hotel dele duas horas e meia antes para seguirmos juntos ao aeroporto. Desde a ligação dele tudo se transformou num alvoroço e, uma tremenda ansiedade passou a ser minha companheira constante. Deixei o expediente mais cedo, no meio da tarde, pois queria me despedir do Júlio, o que se apresentava como a tarefa mais difícil que eu teria que enfrentar.
- Já vai? – perguntou ele quando entrei na loja dele.
- Já! Acabo de pedir demissão.
- É amanhã, não é? – perguntou, com a voz triste
- É. Amanhã a essa hora tenho que me encontrar com meu novo chefe, para seguirmos ao aeroporto. – esclareci. Ambos estávamos desconfortáveis, nos movíamos um em frente ao outro sem saber bem como agir, onde pôr as mãos, como ficar apoiados sobre os pés, algo que nunca tinha acontecido antes.
- Vou sentir sua falta! – confessou
- Eu a sua! Foi uma pena o que aconteceu no domingo. – afirmei
- É, foi!
- Eu queria tanto que tivesse acontecido! – confessei.
- Mesmo? Eu também! Sonhei tanto com isso! – revelou.
- Eu quis que você fosse o primeiro! Cheguei a vislumbrar detalhes de nós dois juntos. Mas, então aconteceu aquilo.
- Acharam a minha motocicleta ontem durante uma blitz numa avenida perto de uma favela. Vou buscá-la na delegacia daqui há pouco. – revelou
- Que bom! Pelo menos nem tudo daquele domingo está perdido.
- É. Só que o que eu mais queria daquele dia vai ficar perdido para sempre. – a voz grave dele chegou a falhar enquanto pronunciava as palavras, o que fez meus olhos começarem a marejar.
- Nunca vou te esquecer, Júlio, nunca! – asseverei, deixando os pudores de lado e abraçando-o com todas as minhas forças.
- Eu tinha tantos planos para nós dois, Lucas! – respondeu, me apertando junto ao peito e se controlando para não chorar. – Sei que você precisa seguir seu caminho, e que não tenho o direito de atrapalhar seu futuro, pois não tenho nada a te oferecer em troca. Mas, quero que você leve consigo não só a certeza do quanto eu gosto de você, como o desejo de que seja muito feliz. – emendou, me levando ao choro. Até então, nenhum dos dois fazia ideia do quanto estávamos gostando um do outro. Clientes esperavam para ser atendidos, mesmo assim, ele me arrastou até os fundos da loja, no mesmo cantinho onde algumas vezes tinha me dado uns amassos e nos beijamos demorada e ternamente.
No horário combinado eu estava de malas prontas na recepção do hotel do Sr. Khalid. Ele se juntou a mim minutos depois do recepcionista ter anunciado a minha chegada. Seu sorriso largo aumentava o glamour de sua figura trajada em extrema elegância, num terno que devia ter custado um bocado de salários que eu ganhava. A simpatia e a maneira calorosa como aconteceram nossos dois únicos encontros até então, não me deixavam sentir o abismo que nos separava.
- Vejo que sua beleza tem inúmeras facetas conforme a luz de fundo na qual você se encontra. Isso me agrada muito! – disse ele, ao apertar minha mão, fazendo-me corar diante do recepcionista e do rapaz que veio pegar nossas malas para levar até o carro. Que maneira peculiar de tratar com um funcionário, pensei comigo, enquanto procurava disfarçar meu embaraço com sua observação.
- Boa tarde, Sr. Khalid! – gaguejei encabulado
- Khalid, Lucas! Apenas Khalid de agora em diante, ok! – retrucou ele.
Como passageiros da primeira classe, fomos os primeiros a embarcar no A380 da Qatar Airways ocupando duas luxuosas cabines conjugadas. Pusemo-nos mais à vontade, o que no meu caso significou tirar apenas o blazer dos ombros, enquanto o Khalid se livrava do paletó, afrouxava a gravata, abria os primeiros botões da camisa e arregaçava as mangas até os cotovelos. Ele, sem dúvida, era um homem lindo e sensual. Devia estar com pouco mais de trinta anos, os pelos escuros que apareceram assim que ele abriu um pouco a camisa e, aqueles que forravam seu braço musculoso de ossatura larga me fizeram esquecer, por alguns minutos, o nervosismo que agitava meu corpo. Enquanto dele vinha um perfume amadeirado e profundo. Sem o paletó cobrindo a parte abaixo da cintura dele, pude notar o imenso contorno do sacão dele, bem como a gigantesca rola grossa com a cabeçorra bem destacada que mais parecia uma mangueira colada à coxa dele. Provavelmente ele estava usando uma cueca tipo samba-canção por baixo da calça, o que permitia que todo aquele volume se tornasse visível quando ele estava sentado. Essa constatação me fez engolir em seco. Eu estava tenso, minhas mãos úmidas. Assim que o avião começou a correr pela pista fui tomado por uma sensação de desamparo. Eu parecia como um daqueles astronautas flutuando no espaço sideral fora da astronave, apenas ligado a ela por tubos que garantiam sua sobrevivência no vácuo. No meu caso, naquele momento, o cordão umbilical estava se rompendo e eu me vi perdido e só. Era a primeira vez que eu me afastava da minha família, o que me fez refletir se tinha mesmo tomado a decisão mais acertada sobre aquele emprego. O Khalid parecia estar lendo meus pensamentos, colocou sua mão maçuda sobre a minha e a aconchegou. Eu me virei na direção dele e esbocei um sorriso nervoso.
- Sinto que teremos uma relação muito amistosa! – exclamou, me devolvendo o sorriso.
Quando o trem de pouso perdeu contato com o solo e o nariz do avião embicado num ângulo agudo começou a alçar voo, eu apertei aquela mão com mais força que o recomendável, mas o Khalid pareceu não se importar com isso, pois a reteve enlaçando seus dedos nos meus. No pulso dele reluzia um Patek Philippe em meio aos densos pelos escuros que cobriam seu braço, até o avião voltar a ficar em posição horizontal, eu me concentrei nele, o que de certa forma, amenizou aquela experiência ao mesmo tempo sensacional e apavorante.
- Tudo bem? – perguntou ele, adivinhando o que se passava comigo.
- Tudo! – respondi, com a voz mais firme que consegui. Ele sabia que era mentira, mas que em breve se tornaria verdade, e voltou a apertar minha mão que, só então, me dei conta de ainda estar aconchegada na dele. Nada podia ser mais embaraçoso, especialmente quando vi como a comissária de bordo olhava para mim.
Para quem nunca tinha entrado num avião, aquelas mais de catorze horas de voo até Doha foram se tornando um teste de paciência e autocontrole, à medida que as horas pareciam não passar. Após um tempo, nem a diversão a bordo, nem os cochilos e, nem a conversa descontraída com o Khalid serviram de alento para amenizar o que eu estava sentindo. Pisar em terra firme foi um alivio, mesmo eu constatando que ela divergia em muito daquela em que eu cresci.
Do aeroporto seguimos em direção ao apartamento do Ahmed, primo e sócio, do Khalid em diversos negócios. Ao contrário do Khalid, o Ahmed era solteiro, e seria com ele que eu ia morar, o que me foi informado naquele momento. O Ahmed certamente ainda não havia chegado aos trinta anos, também era um homem muito atraente, atlético, com olhos cor de âmbar tão intensos que chegavam a hipnotizar e, que se destacavam como os de um felino no escuro quando em contraste com sua pele acobreada e uma barba e cavanhaque densos, trazidos bem curtos a aparados. Ao sentir seu olhar sobre mim me senti repentinamente nu, tamanha a intensidade penetrante com a qual me encarou.
- Você tem razão, ele é lindo! – observou o Ahmed dirigindo-se ao primo em inglês. Meu rosto se afogueou e, eu tenho certeza, que se parecia um pimentão de tão ruborizado. – Ahmed Abdul Aziz bin Suwaid, muito prazer, Lucas! – exclamou, me estendendo a mão que, tão logo a minha se encaixou nela, me apertou e manteve aprisionada por alguns minutos.
Por menos que eu estivesse familiarizado com a cultura daquele país, não era a recepção que eu esperava de um futuro patrão. Um ainda diminuto facho de luz pareceu surgir ao longe me sinalizando que talvez algo não estivesse em conformidade com aquilo que eu estava esperando daquele emprego. No entanto, era cedo demais para tirar conclusões e me preocupar com o que não era essencial, e a coisa caiu no esquecimento.
A decoração minimalista, os imensos painéis de vidro que iam do teto ao chão em quase todos os amplos ambientes faziam com que o apartamento parecesse flutuar nas alturas. Havia um perfume másculo no ar, não amadeirado como o do Khalid, mas cítrico e adstringente, o que dava uma sensação de frescor e umidade, tudo o que não existia naturalmente no Qatar. O quarto que haviam me destinado ficava ao lado daquele do Ahmed. Era imenso, confortável, com uma cama grande voltada para uma vista que se perdia ao longe sobre a cidade, indo parar numa imagem que ficava flamejando indefinida numa linha que juntava o céu e a terra.
- Espero que esteja do seu agrado. – disse o Ahmed, num português arrastado.
- Sim, está! É tudo muito bonito, obrigado! É aqui mesmo que vou morar? – perguntei perplexo com tudo aquilo, afinal eles não tinham contratado um CEO e sim, um mero gestor de turismo.
- Sim! Se algo não estiver do seu agrado pode dizer. – respondeu o Ahmed, me fazendo perceber que minha pergunta tinha lançado uma dúvida sobre as acomodações.
- Não, não! Está tudo perfeito, maravilhoso, para ser sincero! – respondi apressado.
- Você morar com o Ahmed vai facilitar tudo. A agência não fica muito longe daqui e vocês poderão seguir juntos para o trabalho, uma vez que é ele quem fica mais tempo por lá. Como você ainda não conhece a cidade, não terá problemas para se locomover. – asseverou o Khalid.
Eles queriam que ficasse em casa pelo restante daquela semana, mas no segundo dia, eu já não aguentava mais ficar perambulando sozinho por aquele apartamento e pedi para começar a trabalhar no dia seguinte. Não era só a ansiedade para iniciar o trabalho que me atormentava, mas a sensação de que ele era apenas um apêndice de algo maior. Os demais funcionários da agência que ficava num luxuoso edifício comercial foram igualmente calorosos na recepção que promoveram em minha homenagem, o que amenizou um pouco aquela minha primeira impressão deixada pelo Ahmed e pelo Khalid. Talvez aquele povo fosse mesmo muito mais amistoso do que se ouvia falar no Brasil e mundo afora.
Apesar da barreira linguística, me inteirei rapidamente aos colegas da agência, em sua maioria homens. Apenas duas mulheres, jovens, faziam parte do staff, e eu sabia que em relação a elas eu devia ter um comportamento bastante restrito, embora ambas tivessem estudado em universidades na Europa e conhecessem muito bem os costumes ocidentais. Para mim não era dificuldade alguma lidar com essas restrições, uma vez que meu interesse por mulheres se resumia a um coleguismo social. Envolvimentos em outros níveis eu só previa com homens e, mesmo com esses, quanto mais machos melhor.
Durante os primeiros três meses, tudo transcorreu sem que nada me sinalizasse que minha decisão de aceitar o emprego e me mudar de país tivesse sido um enorme erro. O Ahmed e eu convivíamos muito bem juntos e, com o Khalid, as coisas não eram menos empolgantes. Foram semanas tão incríveis que eu me sentia vivendo um sonho das mil e uma noites. Tudo contribuía para que eu deixasse de lado meus medos, minhas inseguranças e voltasse a ser o cara espontâneo e extrovertido que sempre fui. Eram incríveis os locais onde eles me levavam, me mostrando como era o Qatar que eu desconhecia. Embora eu relutasse em aceitar a grande quantidade de presentes que eles me davam, de roupas, relógios, joias de ouro que pareciam estar por todos os lados naquele país, um celular de última geração, bem como um super notebook nos mesmos moldes, a persistência em me presentear continuava. Diziam que era para compensar a saudade que eu sentia da minha família. Nesse período, eu também podia entrar em contato com ela a hora que quisesse e quantas vezes tivesse vontade.
Eu não gastava um único Qatar Riyal do meu salário, pois o Khalid e o Ahmed providenciavam qualquer simples desejo meu. Assim, eu perguntei como poderia enviar boa parte do meu salário para ajudar meus pais nas despesas de casa e, quitar meu financiamento estudantil. O Ahmed designou um dos funcionários da agência para que providenciasse as remessas mensalmente. Ao mesmo tempo, nas vídeo-chamadas que fazia para falar com meus pais, descobri que eles estavam recebendo integralmente o mesmo montante que eu recebia, achando que era quem o estava enviando.
- Acho que tivemos um pequeno problema de comunicação, Ahmed. Meus pais estão recebendo parte do salário que estou enviando através do Ehsaan e mais o mesmo valor que estou recebendo. – argumentei quando constatei a duplicidade de envios.
- Você não precisa enviar mais nada do que recebe, deixe que nós providenciamos os envios, ok? – respondeu ele.
- Mas, não é justo! O combinado foi que eu receberia QR 21.500,00 e, conforme está, estou recebendo o dobro disso. – argumentei.
- Façamos o seguinte então, enviamos integralmente seu salário para seus pais e tudo o que você precisar você pede a mim e ao Khalid, combinados? – ponderou ele.
- Continua não sendo nem justo nem o combinado! – exclamei
- Já está discutindo comigo? – levei um susto com a objetividade da pergunta dele e o tom de voz resoluto em que foi feita.
- Não, claro que não Ahmed! Eu só ....
- Então o assunto está encerrado! – respondeu ríspido.
- Me desculpe! – atrevi-me a balbuciar depois de alguns minutos, acrescentando um sorriso acenando bandeira branca na direção dele. Ele me respondeu com uma piscadela e um sorriso.
Aquela postura dele, e outras que já haviam ocorrido antes, inclusive com o Khalid, me mostraram que meus limites para contestá-los eram extremamente limitados. Ambos eram autoritários e não gostavam de ver suas ordens discutidas. Eu que aprendesse a lidar com isso. Foi o que fiz. No trabalho era muito diferente, meus argumentos e posições eram respeitadas e acatadas em quase sua totalidade, mas nos assuntos privados, eu tinha os mesmos direitos das mulheres daquele país, ou seja, ficar de boca calada e aceitar o que os homens determinam, sob pena de ser castigada.
No final de um dos expedientes, quando ambos estavam na agência, eles resolveram me levar a um dos inúmeros shoppings da cidade. Já tinham feito isso algumas vezes, jantávamos juntos, trocávamos umas ideias e seguíamos para casa. Naquele dia o objetivo não era apenas esse, foi o que descobri quando paramos diante da vitrine de uma loja que vendia roupas não ocidentais. Quando entramos, pensei que um deles ia comprar algo para si, mas depois de falarem com o vendedor em árabe, percebi que eram para mim. Com alguns modelos de Kandoora (= tradicional túnica usada por homens árabes. A peça, sempre com manga longa e comprimento até o tornozelo, pode ser encontrada em diversas cores e materiais, os modelos diferindo ligeiramente de região para região do Golfo, com diferenças sutis, assim como seu nome, Kandoora, Thobe ou Dishdasha) em mãos, o vendedor as colocou diante de mim e, acredito, me questionava sobre a minha preferência, pois não estava entendendo uma única palavra do que ele dizia. Procurei por auxílio nos olhares do Khalid e do Ahmed, em cujos semblantes havia um disfarçado risinho.
- Queremos que você passe a usar a Kandoora, você é o único a trajar roupas ocidentais na agência. – disse o Khalid
- Não vou me sentir confortável dentro disso! – respondi.
- Como sabe, se nunca vestiu? – perguntou o Ahmed.
- É esquisito!
- Assim como calça e camisa o são para nós! Trate de ir ao provador e vamos ver o que combina mais com seu corpo. – aquilo era mais uma vez uma ordem, não uma sugestão ou um pedido, aquele tom de voz ia se tornando cada vez mais identificável.
- Anah jamil jidana! (= ele é muito lindo!) – proferiu o vendedor, conseguindo a aquiescência dos dois. Sem entender o que tinha dito, fiquei me sentindo uma iguaria pela qual os três homens babavam.
- Gostou? – perguntou o Khalid
- Sinceramente? Me sinto ridículo dentro dessa roupa. – respondi. Não foi a resposta que esperavam, até porque ela deve ter soado um pouco depreciativa quanto aos costumes deles.
- É uma questão de hábito! Você vai se acostumar. – disse o Ahmed. Lá estava novamente a determinação, sem chance de objeções. A partir dali me calei, e só acenava com a cabeça um sim ou um não conforme o que me perguntavam.
Saí da loja com as mãos cheias de sacolas, o que se repetiu em mais outras duas lojas, haviam me comprado um enxoval completo, antes de entramos no restaurante para jantar. Os dois estavam bastante tagarelas naquela noite, enquanto eu não sentia a menor vontade de conversar, especialmente depois do que tinha acontecido. Pouco antes de pedir a conta, o Khalid colocou uma caixinha diante de mim. Ambos me encaravam esperando minha reação quando a abrisse. Um modelo de relógio Patek Philippe igual ao que ele usou durante o voo até o Qatar reluzia lá dentro.
- Percebi que você gostou dele quando o viu no meu pulso. – afirmou, enquanto eu planejava uma resposta que não parecesse ofensiva objetivando declinar de mais aquele mimo.
- É muito bonito, e caro! Não acho que seja o tipo de presente que devam me dar, ainda mais depois do que já compraram hoje. – devolvi. – Ademais, ele fica lindo no seu pulso, para o meu o diâmetro é um pouco exagerado. – acrescentei.
- Podemos encomendar um que se adapte ao seu pulso, isso não é problema! – retrucou o Khalid.
- Por que estão fazendo isso? Primeiro os inúmeros presentes, a duplicidade no salário, agora as roupas e esse relógio, qual o motivo disso tudo? – perguntei, pois era esmola demais para um santo só. Eu senti que estava sendo comprado, para o quê, eu ainda não sabia.
- Gostamos de você! É um agrado, só isso! – exclamou o Ahmed
- Eu me contento com o que é justo pelo meu trabalho, até morar no seu apartamento é um pouco demais, se me permite mencionar. Agora, isso tudo, foge um pouco da relação patrão-empregado. – afirmei.
- Não gosta de presentes? – perguntou o Khalid
- Não é isso, Khalid, entenda! Trabalho para vocês há três meses apenas, e isso não condiz com o trato que fizemos. – argumentei. Eu não quis ser explícito, perguntando o que estava na minha cabeça, pois sabia que aqueles presentes teriam um preço e eu já começava a desconfiar qual era ele.
- Queremos te propor uma coisa, mas aqui não é lugar para falarmos sobre isso. Conversamos ao chegar em casa! – disse o Ahmed, percebendo que eu já desconfiava da proposta que estavam para me fazer.
Minhas suspeitas se confirmaram quando chegamos ao apartamento. O verdadeiro motivo pelo qual me trouxeram para o Qatar era para manterem relações sexuais comigo. Ambos eram homens ativos com um desejo alucinado por carinhas como eu, discreto, bonito, sem nenhum trejeito que denunciasse minha condição, o que no Qatar é passível de 100 chibatas e morte se o sujeito for muçulmano e, prisão por alguns bons anos e castigos físicos se for estrangeiro antes de ser deportado.
- Você reúne tudo o que desejamos, Lucas! Vai nos ser muito útil na agência, mas também queremos que se sinta querido em outros aspectos. Nesse curto período de convívio, já deu para percebermos que você tem tudo para atender nossos desejos, tem um corpo espetacular, é refinado e companheiro, tem um astral incrível e, não duvidamos, deve saber muito bem como agradar um macho entre quatro paredes. – expôs o Khalid, abrindo finalmente o jogo.
- Nem sei o que dizer!
- Pense um pouco a respeito! Vamos te dar o tempo que precisar! – retrucou ele.
- Esteja certo de que, por sermos dois, não vamos te machucar, nem fazer nada com você com o que não esteja de acordo. Queremos uma relação aberta e sincera, com benefícios para todos. – asseverou o Ahmed.
- Eu me sinto enganado! Fui atraído para uma armadilha! – balbuciei, me dando conta da tremenda enrascada em que estava envolvido.
- Não coloque as coisas nesses termos! Nos valemos de um subterfúgio, sim, mas não o engamos, a proposta foi um emprego e você tem um emprego, certo? - questionou o Khalid.
- E é assim que vocês pretendem que eu me sujeite a saciar as taras de vocês dois, aceitando sem resmungar tudo aquilo que quiserem fazer comigo? – questionei.
- Você é gay, não é? Sabemos que é! Qual o problema de manter relações sexuais conosco se isso faz parte da sua natureza? Não acha que está exagerando demais nas suas colocações? – questionou o Ahmed.
- Sou gay, sim! Mas preferia eu mesmo escolher meus parceiros quando me sentisse confiante para isso, e estivesse diante da pessoa certa. – respondi.
- É por isso que estamos te dando um tempo.
- E quais são minhas opções ao final desse tempo, me entregar aos dois ou, me entregar aos dois? Não me parece que tenho muitas escolhas! Eu prefiro abdicar do emprego e voltar ao Brasil. – respondi com convicção.
- A questão não é tão simples assim! Investimos em você, tivemos despesas, como pretende nos ressarcir, se até para ajudar seus pais você depende do que recebe? – questionou o Khalid.
- Eu fico na agência até cobrir os gastos que tiveram comigo, me mudo do seu apartamento e quando estiver tudo quitado vocês me liberam, é justo, não é? – perguntei.
- Isso nem de longe nos compensaria pela expectativa e esperança que depositamos em você! – exclamou o Ahmed.
- Então vou à polícia! Vocês não estão me dando outra opção! – afirmei, tentando parecer o mais seguro possível.
- Lucas, meu rapaz ingênuo! O que você dirá à polícia, que está sendo chantageado para manter relações homossexuais? Sabe o que farão com você, que é estrangeiro e não tem sequer documentos em sua posse? Será preso por pederastia. Sua palavra como estrangeiro não vai ter peso algum se alegarmos que você é um garoto de programa, o que é crime aqui, sabia? – explicou o Khalid. Eu estava irremediavelmente refém daqueles dois, sem meu passaporte, sem falar árabe, na condição de homossexual e, portanto, completamente sem respaldo para nada.
- Por que você fez isso comigo, Khalid? – minha voz saiu tão fraca que mal a pude ouvir, enquanto as lágrimas desciam pelo meu rosto. Eu estava fodido, não literalmente, mas fodido como nunca estive.
Ele não respondeu. Formou-se um silêncio pesado. Eu estava parado no meio daquela sala gigantesca e ricamente decorada tão fora da minha realidade quanto um peixe fora d’água, fazendo força para respirar num ambiente totalmente alheio ao seu. O primeiro a se aproximar de mim foi o Ahmed. Seu braço me puxou para junto dele e sua mão levou minha cabeça ao seu ombro, havia um perfume de flores de bergamota emanando dele. O Khalid se juntou a nós, cercou minha cintura com seus braços, encaixou-se na saliência da minha bunda e apoiou a cabeça nas minhas costas. Eu chorei.
- Vá descansar, Lucas! Esteja certo de uma coisa, não queremos te fazer mal. Pense um pouco a respeito com calma, e você verá que não somos seus inimigos. – disse o Ahmed.
Fui me deitar com a sensação de ser a mais estupida das criaturas. À medida que as horas passavam e o sono não vinha de tão inconformado que eu estava com tudo aquilo, fui rememorando cada passo que me levou àquela situação. O anúncio na fachada da agência de empregos, ele talvez até fosse verdadeiro, porém para uma vaga numa agência pequena, com um salário que mal passaria do mínimo para um iniciante. Lá estava a primeira isca, o cara que tirou as fotografias. Já era um capanga de uma quadrilha. A segunda agência, na Avenida Paulista, certamente jamais foi uma agência de empregos, mas um escritório envolvido no tráfico internacional de pessoas, disfarçado de agência de empregos. As pessoas que estiveram lá no mesmo dia que eu, mulheres jovens de boa aparência que à essa hora deviam estar se prostituindo mundo afora; os dois gays, os únicos homens que também preenchiam os supostos testes de aptidão, com certeza eram garotos de programa. O cara que mal sabia falar inglês se passando por entrevistador. Como pude ser tão cego, e não enxergar que aquilo tudo era um grande teatro? Vejo agora que foi minha obstinação por um bom emprego na minha área, o desejo de progredir e ajudar meus pais que colocaram uma venda nos meus olhos e não me deixaram enxergar o óbvio. De onde cairia do céu um salário como o que eu estava recebendo num país estrangeiro para um recém-formado sem experiência alguma? Só na ilusão simplória de um parvo. O que seria de mim agora? O que fazer para voltar para casa? Como sair dessa enrascada?
- Ainda agitado? – perguntou a voz grave do Khalid, ao entrar no quarto para verificar como eu estava depois da discussão. Não respondi, o que por si só já era uma resposta. – Não se martirize à toa! Nós gostamos muito de você, Lucas! Acredite!
- Fica difícil de acreditar quando se descobre o quanto fui enganado. – respondi.
- Você teria aceitado deixar sua família e seu país se eu tivesse dito que era para você ser nosso, que palavra posso usar para dizer o que você é para mim e para o Ahmed, nosso parceiro sexual? Não, não é? Por isso usei o subterfúgio do emprego, que não tem nada de falso ou enganoso, foi apenas um ardil. – disse ele.
- Você me trouxe para cá para eu me prostituir! – exclamei, dando nome a como me sentia, uma puta. – O salário que jamais receberia no Brasil, os presentes caros, até esse quarto luxuoso é tudo pagamento pelos serviços sexuais que desejam de mim. Não passo de uma meretriz! – acrescentei, sentindo a voz embargar novamente.
- Não é assim que nós o enxergamos, juro! Você me acha tão asqueroso assim para não sentir atração por mim? – questionou.
- Eu nunca disse que você é asqueroso! Você e o Ahmed são uns dos homens mais atraentes que eu já vi! – respondi sincero. Até porque ele tinha vindo ao meu quarto usando apenas uma cueca folgada de seda.
- Vou te confessar uma coisa, quando há pouco, lá na sala, você perguntou quase chorando por que eu tinha feito isso com você, me senti muito mal, como se fosse a criatura mais vil desse mundo. Tudo que eu nunca quis, desde a primeira vez que vi esse rosto lindo sorrindo para mim, foi te magoar. – poucas vezes vi tanta sinceridade nas palavras de uma pessoa. – E confesso mais, ouvir você dizendo que me acha atraente, está me dando um baita tesão. – acrescentou, afagando meu rosto com aquela mão máscula.
Eu estava tão sensível e vulnerável que aquele toque era um alento mais do que bem-vindo. Ele percebeu que eu estava precisando daquilo e, de muito mais. Aproximou-se um pouco mais de mim e me puxou para um abraço. O tronco peludo e viril dele afastou os maus pensamentos da minha mente. Com muita sutileza e cuidado, ele foi aproximando o rosto do meu. Ficou a centímetros de mim, penetrando seu olhar no meu, a ponto deu eu sentir o ar que ele expirava roçando meu rosto. Uma mão na minha nuca trouxe minha boca para junto da dele. Um beijo longo, carinhoso e espreitador me fez sentir o sabor de sua boca. A língua dele foi me penetrando aos poucos, eu a recebia com toques sutis da minha, deixava-a entrar e vasculhar à vontade, em movimentos libidinosos que começaram a me dar tesão. Primeiro levei minhas mãos aos ombros espadaúdos e vigorosos dele; depois, fiz uma delas deslizar sobre o tórax forrado de pelos, deixando que estes escorregassem entre os meus dedos, como fazia com um ursinho de pelúcia na minha infância para conseguir dormir. Ao sentir meu toque, a sensualidade dele pareceu aflorar em todo seu esplendor, aquilo o excitava, mexia com sua libido, fazia a pica eriçar.
- Gosto do seu toque, dessas mãos macias, do seu beijo! – exclamou ele, pegando fogo por dentro.
Ele foi me despindo, o olhar brilhava, dando àqueles olhos de tigre uma aparência ao mesmo tempo predadora e sensual. À medida que ficava nu, meu corpo parecia arder, minha pele se arrepiava como se estivesse sentindo frio e a sensação tátil ficava tão intensa que o mínimo contato das mãos dele quase me levava à loucura. Meu cuzinho experimentava espasmos e contrações intensas, sinalizando o desejo de aquele macho penetrar seu membro nele. O Khalid ficou deitado ao meu lado por um bom tempo, deslizando as costas dos dedos sobre diversas partes do meu corpo nu, onde tufos de pelos sobre as falanges, atuavam com a suavidade de uma pluma.
- Você é lindo, Lucas! Muito lindo! Nunca desejei tanto alguma coisa quanto desejo fazer sexo com você. – sussurrou ele junto ao meu ouvido, enquanto lambia e mordiscava minha orelha. – Gostoso como você é já deve ter ouvido isso algumas vezes antes de um cara trepar com você, não é? Mas, eu juro que estou falando a verdade. Você me deixa alucinado! – emendou, fazendo questão que eu visse o tamanho da ereção que estava dentro de sua cueca.
- Eu nunca estive com um homem como você imagina! Quer dizer, por completo! – revelei. Ele quase surtou me puxando por cima dele e agarrando minhas nádegas que amassava com força.
Nesse esfrega-esfrega a cabeçorra da rola dele saiu pelo cós e roçava meu ventre, minhas ancas e minhas coxas, deixando um rastro pegajoso do pré-gozo que minava da jeba excitada. Depois de mais um daqueles longos beijos, onde já enfiava a língua em mim como se estivesse me fodendo, eu fui lentamente descendo pelo pescoço dele, peito, abdômen até chegar com meus beijos furtivos abaixo do umbigo dele. O perfume do pré-gozo me atraiu como uma abelha a procura de néctar. A cabeçorra arroxeada e lustrosa estava prensada contra o ventre dele pela ação do elástico da cueca. Eu a puxei para baixo e o imenso cacetão tombou para o lado sobre uma de suas coxas. Eu o tomei na mão, acariciei e coloquei os lábios sobre ele, deixando que escorregassem para baixo até toda a cabeçorra estar na minha boca. O Khalid grunhiu, agarrou meus cabelos e ergueu as ancas forçando a pica na minha garganta. Uma boa quantidade de pré-gozo escorreu para dentro dela e eu o sorvi como se estivesse chupando um picolé. Ele era deliciosa e provocantemente saboroso. Ergui meu olhar na direção do dele quando comecei a chupar e lamber a caceta, percorrendo e explorando, com os lábios e língua, toda a extensão daquela verga assustadoramente grande e grossa. À medida que eu a trabalhava, ela crescia, pulsava e ficava tão retesada que eu mal conseguia movê-la. Ele gemia e se entrava àquele prazer, segurando firme a minha cabeça que, de quando em quando, afundava em sua virilha. Para não sufocar, eu beliscava e puxava os pelos das coxas dele. Era o único jeito de ele me soltar. Mas, eu mal tirava a verga da minha boca e já voltava a abocanha-la, seduzido por seu tamanho portentoso, pelas grossas veias insufladas que a revestiam, pelo sacão tentador onde se faziam bem perceptíveis duas bolonas tão imponentes quanto a própria pica.
- Preciso meter nesse cuzinho! – grunhiu ele, enquanto seu dedo deslizava sobre as minhas preguinhas, sondando e dando curtas penetradas na fenda estreita que piscava desvairadamente.
Ele me posicionou meio de lado, meio de bruços e veio para cima de mim. Eu apartei as pernas, facilitando o acesso ao meu rego, onde o cacete dele deslizava enquanto ele se esfregava em mim. Seus beijos e mordiscadas desceram pelos meus ombros, costas e chegaram às nádegas. Ele cravava os dentes nelas até ouvir meu gemido, abria-as e passava a língua sobre o meu cuzinho, até ouvir meu tesão clamando por seu falo. Entre as lambidas, ele enfiava um dedo no meu cu, movendo-o dentro dele ou fazendo curtos movimentos de entra-e-sai. Isso me fazia quase implorar por sua rola, de tanto que eu gemia e rebolava. Quando ele pegou o cacetão na mão e o pincelou sobre a minha rosquinha eu soube que havia chegado a hora, espasmos contraiam a minha musculatura. Apesar do tesão, da vontade imensa de sentir um macho entrando em mim eu estava receoso e inseguro. O Khalid forçou a cabeçorra contra a fendinha umedecendo-a com seu líquido pré-ejaculatório para facilitar a penetração. Mas, ela se distendeu, longe do necessário para deixar passar aquele volume. Tentou uma segunda vez, sem sucesso. Cuspiu no meu cuzinho e o espalhou com a glande antes da terceira tentativa, mais enérgica que as anteriores. Eu gani e ele sabia que não ia passar sem me rasgar todo. Feito um louco, saiu correndo em direção ao banheiro, voltando com um frasco de lubrificante e uma toalha que colocou debaixo da minha bunda. Voltou a abrir minhas nádegas, jogou um pouco do líquido frio sobre meu cuzinho e lambuzou toda a pica com ele. Com mais gana do que antes, voltou a apontar o pau na minha rosquinha, forçou, eu gani, forçou novamente, mais bruto, mais determinado, o meu anelzinho cedeu, se abriu até algumas pregas se romperem, eu gritei, a dor se espalhava, e aquele macho imenso e sedento deslizava imponente para dentro do meu corpo. A mais confusa e maravilhosa sensação que eu já havia sentido. O alvoroço e meus ganidos trouxeram o Ahmed para o quarto, mesmo sonolento e esfregando os olhos, ele se aproximou para nos observar, em especial, as expressões do meu rosto, um misto de martírio, dor e prazer, tão eloquentes que só podiam brotar da felicidade que eu estava sentindo.
- Hal ant eadhra’! (= é virgem!) – exclamou o Khalid, quando notou a presença do primo, sem interromper as estocadas que metiam seu cacete no meu rabo. Imediatamente vi a pica do Ahmed crescendo dentro da cueca. Isso reforçou meu tesão, me fez empinar a bunda para o cacete do Khalid deslizar mais facilmente para dentro e gemer tão sensualmente que ambos só pensaram em me foder até estarem saciados.
O Khalid me abraçou como se estivesse me dando um mata-leão, lançava sua pelve com força contra a minha bunda carnuda encaixada em sua virilha, tirando do vaivém cadenciado o máximo de prazer que podia. Sussurros em árabe nos meus ouvidos não precisavam de tradução, eu sabia que eram fruto do tesão e do prazer que eu estava lhe proporcionando. Pela minha boca entreaberta, que me ajudava a conseguir o fôlego que só o nariz não permitia, escapavam os ganidos e, de quando em quando, alguns gritinhos de dor e prazer, pois eu já não sabia mais o que era um e o que era o outro. As lambidas que eu dava nos meus lábios para mantê-los úmidos e, o vermelho intenso e reluzente que eles apresentavam, instigaram o Ahmed a tirar o caralhão da cueca e enfiá-lo no meio deles. Enquanto ele pincelava a jeba no meu rosto, me permitindo sentir o aroma almiscarado daquele falo descomunal, eu me rendia também à vontade dele. Eu estava tão fascinado por aqueles dois machos, por seus caralhos gigantescos, como jamais pude imaginar existirem naquele tamanho e grossura, que só queria ter meu cuzinho preenchido por eles.
O Ahmed se contorcia todo enquanto eu chupava sua verga e sorvia seu pré-gozo, acariciando seus testículos consistentes através do sacão peludo. Ele encarava o Khalid com a ansiedade e o desespero brilhando no olhar cobiçoso, como se estivesse a apressar o primo para que liberasse o meu cuzinho o quanto antes. O Khalid dominava a arte de foder, não tinha pressa alguma de tirar seu falo da minha fendinha apertada e acolhedora, que o agasalhava como jamais tinha sido agasalhado. O único orifício virgem que ele havia penetrado até então foi a vagina da esposa que cedeu à entrada de seu cacete com muito menos esforço. Meus esfíncteres contraídos nem de longe podiam ser comparados a uma vagina, eles eram muito mais estreitos, muito mais potentes em apertar um caralho em seu bojo.
No momento em que o Ahmed soltou uma boa porção de pré-gozo levemente salgado na minha boca, e o Khalid chegava ao fundo das minhas entranhas socando todo aquele cacetão no meu cu, deixando apenas as bolas aprisionadas entre as bandas macias da minha bunda, eu sucumbi e gozei. O prazer era tanto que a própria dor havia me anestesiado para ela e deixado triunfar apenas aquela sensação maravilhosa de ter um macho engatado no meu cu. Por pouco o Ahmed não esporrou na minha boca quando me viu gozando, liberando todo meu tesão naquele líquido esbranquiçado que saia do meu pinto.
- Aistamtie! (= ele gozou!) – exclamou o Ahmed. No mesmo instante, ouvi o som gutural emergindo rouco do peito do Khalid, senti duas estocadas tão profundas, potentes e doloridas que soltei um grito. Aos poucos, meu cuzinho foi se enchendo da porra viscosa e morna que ele ejaculava em mim, ronronando feito um gato satisfeito no meu ouvido.
- Ai, Khalid! – gemi, confirmando o prazer com o qual ele me presenteava.
Ele estava ofegante e eu também. Ele estaria satisfeito por um tempo com os colhões drenados, eu continuava cheio de tesão depois de levar a minha primeira pica no cu, pois ele não parava de se contorcer ao redor da rola do Khalid que, aos poucos, ia perdendo aquela rigidez tenebrosa, enquanto suas mãos não paravam de passear pelo meu corpo languidamente estirado debaixo do dele. Quando senti que ele puxava vagarosamente o cacete para fora do meu rabo, travei a musculatura anal como se quisesse segura-lo em mim. Um beijo dado de esguelha sobre a minha boca, simultâneo a sacada abrupta da cabeçorra que ainda estava engatada no meu cu selou o término do coito. Ao se pôr em pé, o Khalid deu uma última agarrada nas minhas nádegas e as abriu para verificar o estado em que deixara meu cu. A visão da rosquinha se fechando a partir do rombo deixado pelo primo, até voltar a ser apenas uma diminuta fenda da qual brotavam algumas gotas rutilantes de sangue, transformou o Ahmed num garanhão incontrolável diante do cio de uma égua. Uma pegada forte nas minhas coxas girou meu corpo sobre a cama até eu ficar de frente para ele, num puxão minhas ancas ficaram apoiadas na beirada da cama. Eu estava tão inebriado e seduzido pelo corpão másculo daquele macho arfando de desejo pelo meu corpo que abri as pernas e as dobrei na altura dos joelhos para expor meu cuzinho faminto. Com a gigantesca benga na mão o Ahmed veio para cima de mim, enfiou a chapeleta úmida numa única estocada na rosquinha já completamente ocluída. Meu ganido pungente preencheu o quarto de luxúria e libidinagem, ao mesmo tempo que meus esfíncteres prendiam o caralhão e o mastigavam puxando-o para dentro com o auxílio dos impulsos do Ahmed. Gemendo de dor e prazer, eu sentia aquele macho se apossando de mim, penetrando nas profundezas do meu corpo e do meu ser, à procura de carinho e afagos. A entrega incondicional envolta em beijos e carícias nas costas largas do primo, voltou a endurecer a pica já flácida do Khalid, denunciando o tesão que a cena voltava a injetar nele. Por estar de pé e, firmemente apoiado sobre as pernas, as estocadas do Ahmed eram bem mais doloridas e potentes. Embora a jeba fosse ligeiramente menor do que a do Khalid, pouco mais do que um palmo, aquela posição parecia torna-la maior e me atingir mais profundamente, a ponto de eu sentir as estocadas socando minha próstata contra o púbis, provocando uma dor lancinante que me fazia ganir e gritar. Ele não estava sendo bruto, pelo contrário, havia se inclinado sobre mim e acariciava meu rosto com suavidade, depositando seus beijos molhados e lascivos sobre meus lábios agoniados. Cravei as pontas dos meus dedos com tamanha força em seus flancos que as marcas das minhas unhas em sua pele estariam visíveis por alguns dias. Parado próximo à cama, o Khalid manipulava sua benga, excitado e cobiçoso, o que levava o meu tesão a um estado fervilhante, quase explosivo. O vaivém do Ahmed no meu cu não parava, ora ficava tão intenso que eu gritava, ora se amansava e me fazia gemer como um gatinho pedindo afagos, o que ele fazia colando sua boca na minha, e enfiando sua língua nela numa dança sensual com a minha. Aquela sensação prazerosa estava se formando novamente e me levando a contrair todo o baixo ventre, enquanto se concentrava nos meus testículos preparando-os para um novo, irremediável e farto gozo. Eu mal podia acreditar que estava esporrando outra vez envolto numa felicidade sem tamanho.
- ‘Iinah qadim maratan ‘ukhraa! (= ele está gozando outra vez!) – avisou o Khalid, o que fez o Ahmed intensificar seus beijos, e eu cofiar carinhosamente sua barba macia.
Aos poucos, sua expressão, que me encarava como se estivesse mirando em jubilo algum profeta santo, se contraia e o arfar estertoroso se tornava grave e espaçado, não demorei a sentir o que aquilo representava, gozo. Um gozo radiante em forma de jatos potentes de porra que fluíam daquele cacetão e inundavam meu cuzinho esfolado em brasa.
Com a pica já fora do meu cu, de onde pingavam derradeiras gotas de esperma, ele admirava meu cuzinho arregaçado, trocando olhares cúmplices com o primo. No rosto de ambos brilhava o deleite de uma conquista significativa. Uma das minhas pernas ainda estava apoiada em seu ombro, e ele a segurava de tal maneira que permitia a visão por ambos do meu cu e, de onde escorria um pouco do sêmen cremoso e esbranquiçado que ele acabara de esporrar ali. Com o polegar ele o recolheu e o enfiou dentro do buraquinho lanhado.
- Estamos tão felizes, Lucas! É isso que queremos de você, esse carinho, essa entrega, essa acolhida dos nossos desejos. Você não podia ser mais perfeito! – sentenciou o Ahmed
- Queremos cuidar de você! Queremos que você nos presenteie com esse prazer que acaba de nos dar. – completou o Khalid.
Eu nunca havia pensado na maneira em que seria descabaçado, mas confesso que me senti muito feliz e realizado quando vi aqueles dois machos saciados elogiando meu desempenho. Aquela certeza de querer abandonar tudo, de voltar para o Brasil já não tinha mais a mesma intensidade e determinação. Eu agora estava dividido entre aqueles dois tesões de homens e a volta para a minha vidinha pacata e até um pouco insossa de antes. Não tinham sido completamente honestos comigo ao me trazerem para Doha, mas era inegável que estavam gostando de mim e não queriam meu mal.
- Vamos deixar você descansar agora, daqui a pouco vai amanhecer e você precisa se recuperar. Você precisa que façamos alguma coisa por você? – perguntou o Ahmed.
- Que fiquem aqui comigo! – exclamei, fazendo com que no rosto viril de ambos se formasse um sorriso como eu nunca tinha visto naqueles rostos.
- Ah, Lucas! Isso me deixa tão feliz! – afirmou o Khalid
- A mim também, Lucas! A mim também, tesudinho! – emendou o Ahmed, enquanto ambos se ajeitavam um de cada lado na cama larga que, dali em diante, seria meu patíbulo sexual.
Na manhã seguinte, acordei sozinho, sentindo falta do calor daqueles corpões enroscados em mim. Um diálogo em árabe me permitiu saber que o Khalid e o Ahmed estavam tomando o desjejum. Tomei uma ducha e ia me preparar para seguir para o trabalho junto com eles quando tive a ideia de usar as roupas que eles haviam me comprado.
- Sabah el kher! (= Bom dia!) – cumprimentei, surgindo completamente nu e com a thobe e a cirwall (ou também sunnah, é uma espécie de calça folgada e ceroula que chega até os tornozelos e é usada por baixo da thobe) pendendo do braço.
- Sabah el nur! (= Bom dia!) – responderam ambos, num coro perfeito e atônito, enquanto seus olhares se arregalavam sobre a minha bunda que lhes dera tanto prazer na noite anterior. O Ahmed chegou a engasgar ao me ver, o que me fez lançar uma risadinha na direção dele.
- Podem me ajudar a vestir isso aqui? – perguntei, fazendo com que os dois se apressassem prontificando-se a me auxiliar. Ao me verem aceitando trajar as roupas tradicionais de sua cultura ficaram tão contentes como uma criança que acaba de ganhar uma guloseima.
- Evidente! O que te levou a aceitar nossa sugestão? – perguntou o Khalid.
- O que aconteceu na noite passada e, o que carrego de vocês dois dentro de mim e que se faz presente a cada passo que dou. – respondi sincero, despertando a libertinagem deles.
- Lucas, seu tesão do caralho! Quer me deixar de pau duro já a essa hora da manhã? – questionou o Ahmed, passando a mão sobre uma das minhas nádegas enquanto o Khalid se apossava da outra.
- Estou pedindo para me ajudarem com a vestimenta, não para me devorarem feito dois leões famintos! Até porque, creio que nem vou conseguir sentar por alguns dias. – revelei, numa sensualidade que deixou ambos de pau duro.
Sem dúvida, as roupas eram confortáveis. Me atrapalhei um pouco para ajustar e fazer as dobras da sufra (também chamada de Guthra ou Gutra – tradicional lenço usado na cabeça. De formato quadrado e feito em algodão, ele é dobrado como um triângulo e colocado sobre o Gahfiya com a dobra na parte da frente. Existem muitas maneiras de amarrar o lenço na cabeça. A escolha da cor do Ghutra – toda de algodão branco, quando é chamado de Sufra, ou Shimagh – quando quadriculada vermelha e branca, estão sobretudo relacionadas com a moda) sobre a gahfiya (Pequena touca branca usada para prender o cabelo dos homens e manter o Guthra no lugar), e prendê-la com o agal (“cordinha” preta de duas voltas que se vê no topo da cabeça de um árabe A peça é feita de lã de camelo ou de ovelha, tramada para formar uma corda. O Agal é utilizado sobre o Ghutra e o Gahfiya). Teria que praticar um pouco antes de ter certeza de que estava fazendo da forma correta. Mas, essa minha disposição só enchia os dois de satisfação por me verem adotar seus trajes tradicionais.
- Me explica como você consegue ser tão lindo nu, ou trajando tão somente um lenço que seja? – questionou o Ahmed, quanto meu look estava completo.
- Não seja exagerado! O que você queria eu já te entreguei ontem, não foi? – devolvi. Ele riu, no que foi acompanhado pelo Khalid.
- E quando vai se entregar para mim de novo? Põe a mão aqui e sente o quanto eu quero repetir a dose. – brincou, levando minha mão até o cacetão rijo. – Estou pressentindo que vou passar o dia todo com o cacete duro. – emendou, colocando um beijo na minha bochecha.
Dias depois, vim a cometer uma imprudência da qual me arrependi sincera e amargamente. Como eu disse, depois de ter sido deflorado pelos dois, aquele subterfúgio que usaram para me trazer para o Qatar tinha perdido totalmente a importância. Eu entendi que a minha primeira reação de revolta por ter sido enganado, era justa e válida. Porém, eu só tinha lucrado com aquilo. Tinha o emprego dos meus sonhos, estava ajudando meus pais, vivia num lugar cercado de todo conforto, com o qual jamais havia sonhado e, tinha o afeto sincero, a amizade e os cuidados de dois tremendos machos atraentes, o que para um gay era um verdadeiro idílio. Aquela imagem que eu criei na minha cabeça logo que descobri o ardil deles, de me assemelhar a um pássaro preso numa gaiola de ouro, tendo de cantar para alegrar meus donos, tinha sido uma fantasia que não correspondia à realidade. O que então me levou a tomar uma atitude como aquela eu não saberia responder.
Afora algumas poucas vezes em que caminhei sozinho pelos arredores do apartamento onde morava, eu mal sabia me orientar pela cidade. O trajeto entre o apartamento e a agência era praticamente tudo que eu conhecia porque o percorria com o Ahmed dirigindo de domingo a quinta-feira, os dias úteis no Qatar. No dia seguinte ao de ter meu cuzinho arregaçado pelos dois, eu ainda estava inconformado com as ameaças que o Khalid expressou no momento de raiva durante a nossa discussão. Como não tinha a posse do meu passaporte, procurei na Internet o endereço da embaixada brasileira em Doha, para uma eventual necessidade de me ver forçado a procurar ajuda caso nosso relacionamento se tornasse conturbado, uma possibilidade que até então eu não tinha aventado, mas que a nossa discussão me mostrou ser factível. Com o endereço em mãos, não fazia ideia para que lado da cidade ele ficava e, acabei perguntando para um dos colegas da agência, pois o Google Earth não me apontava uma referência conhecida. No mesmo dia, algumas horas depois, eu o vi na sala do Ahmed e tive um péssimo pressentimento, ele estava me dedurando. A expressão no rosto do Ahmed através dos painéis de vidro que separavam a sala dele da minha quando me encarou, confirmou a minha suspeita. Tão logo a conversa entre os dois terminou, ele teclou algo no notebook e aproximou o olhar quando a resposta ao que tinha teclado surgiu na tela. Num salto ele se levantou da cadeira, fechou o notebook com uma pancada violenta e veio na minha direção. Fui arrancado da cadeira quando sua mão se fechou ao redor do meu braço e ele, sem dizer uma única palavra, me arrastou em direção ao estacionamento, destravou as portas de seu Porsche 911 TurboS e praticamente me atirou para dentro dele, saindo pela rampa da garagem do edifício como se fosse tirar o pai da forca. Ele dirigia feito um louco pelas ruas e eu temendo pelo resultado daquela reação violenta não conseguia articular uma palavra sequer. A fúria dele enquanto falava em árabe com o Khalid pelo celular me apavorou.
- Nadhl khayin! (= traidor desgraçado!) – berrou ele, assim que entramos no apartamento e ele desferia um soco contra a parede depois de atirar longe as chaves do carro. Eu não sabia o que ele havia dito, mas tinha a certeza de que não era boa coisa.
- Eu não entendo árabe, Ahmed, você sabe disso. – respondi, deixando-o ainda mais colérico.
- Hal satakhunana wara’ zuhurna? Hadha hu! (= Vai nos trair pelas costas? É isso!) – continuou berrando e ignorando o que eu havia dito.
- Eu posso explicar! Não é o que você está pensando! – tentei falar para que me ouvisse.
- Askti! Alan ‘ana man yatahadathu! (= Cala a boca! Agora sou eu quem fala!) – proferiu, socando mais uma vez a primeira superfície que seu olhar injetado vislumbrou.
A porta do apartamento se abriu e o Khalid entrou, tão ou mais alterado do que o Ahmed. Por uns instantes pensei que fossem me ecar, pois os punhos cerrados de ambos denotavam a fúria pela qual estavam tomados. Eu já havia aprendido a reconhecer os humores daqueles dois. Quando estavam de bom humor e contentes, esforçavam-se para falar comigo no parco português que haviam aprendido. Quando aborrecidos com alguma coisa, não especialmente comigo, ou quando eu os peitava nalgum assunto privado, era em inglês que se dirigiam a mim. Porém, quando raivosos como cães como era o caso agora, era em árabe que soltavam o verbo por cima de mim, mesmo sabendo que eu não estava compreendendo uma palavra sequer.
- Acha que agora que nos deixou foder seu cuzinho pode fazer de nós gato e sapato nos enganando enquanto arma um esquema para se livrar do nosso acordo? É isso que você pensa, Lucas? Pois tente, e você verá se eu não cumpro o que te disse alguns dias atrás, te denunciando às autoridades por pederastia. Assim você vai sentir como agem os juízes nesse país e como vão aplicar a lei da Sharia sem dó para um estrangeiro que macula nossos costumes. – sentenciou o Khalid, num português cheio de atropelos devido a fúria e reiterando as ameaças.
- Eu não fiz o que fiz com a intensão que vocês estão imaginando, eu juro! Eu estava dividido entre vocês e voltar para o Brasil, mas isso não existe mais. Eu quero ficar com vocês! – devolvi sincero.
- Como vou saber que não está mentindo, tentando ganhar tempo para nos apunhalar? – questionou transtornado.
- Porque estou falando a verdade e porque quero que vocês tenham mais confiança em mim. Eu não sou nenhum mau caráter, saibam disso! Acreditem, ou não! – revidei com firmeza, embora minhas pernas tremessem feito gelatina.
- Você nos enganou! Traiu nossa confiança! Ou acha que somos idiotas de não saber o que você estava planejando ao querer descobrir onde fica a embaixada brasileira? – exclamou autoritário o Ahmed.
- Tudo o que vocês não podem alegar é que eu os enganei. Se formos falar em enganar, vocês se esmeraram em muito para conseguir me trazer para cá. – revidei, mais enfático e mais seguro de minhas palavras, o que os levou a, pela primeira vez desde que a discussão começou, refletir sobre o que eu dizia. – O que você esperava que eu fizesse depois de ter sido ameaçado até de me colocarem numa prisão? Como querem que eu continue a confiar em vocês se ficam me ameaçando? Quem está totalmente errado aqui são vocês! O que fizeram é considerado tráfico internacional de pessoas, é crime! Não conheço as leis desse país, mas tenho quase certeza absoluta de que fazer de mim um escravo sexual em cárcere privado não seja algo que tenha respaldo na justiça. Portanto, uma vez que se trata de ameaçar, sou eu quem podem ameaça-los de prisão, pois os criminosos aqui são vocês! – continuei, liberando tudo o que estava entalado na minha garganta.
O Ahmed, que fazia um tremendo esforço para controlar aqueles seus punhos cerrados, partiu para cima de mim, agarrou e apertou meu queixo me encarando, a centímetros do meu rosto, com um olhar de onde saiam faíscas de raiva, por estar sendo confrontado daquela maneira, coisa a que os homens árabes não estavam habituados. Um menino aqui cresce sabendo que seus desejos são uma ordem, suas vontades precisam ser respeitadas, suas decisões são soberanas e, a isso todos os que não são machos devem se submeter, exatamente o que eu não estava fazendo.
- Isso, bata! – exclamei desafiador quando a mão dele se ergueu para me atingir, sendo segurada pelo braço determinado do Khalid antes de ele desferir o golpe. – Bata em mim, depois compre uma coleira e me prenda como se eu fosse um cão, cujos limites de liberdade se resumem aos passeios guiados e controlados pelo dono. – emendei zangado. Ele rosnou algo incompreensível em árabe e não me bateu. Seu semblante já expressava arrependimento por ter levantado a mão para mim, embora continuasse bravo como um touro enfurecido.
De repente, estávamos os três em silêncio, o clima tenso, cada um procurando dentro de si o equilíbrio do qual precisava. O Khalid era mais controlado, menos temperamental e genioso que o Ahmed, particularmente em relação a mim. Talvez, fosse pelo fato de eu estar convivendo sob o mesmo teto do Ahmed, o que, de certa forma, acabou nos aproximando mais. Por conta disso, ele se sentia mais traído por mim que o Khalid, reagindo mais intempestivamente. O silêncio acalmou os ânimos, eu estava exausto e só queria ficar sozinho. Fui para o meu quarto tentando não chorar, não lhes daria esse gostinho.
Já era tarde da noite quando o Ahmed abriu a porta do quarto e enfiou a cabeça para dentro. Fingi que estava dormindo, pois outra discussão naquele dia seria demais para mim e, tudo o que eu não queria, era ter que falar com aquele sujeito irascível. Não sei o que ele pretendia vindo ao meu quarto, mas minha imobilidade sobre a cama ainda completamente vestido o desencorajou de qualquer intento.
Eu já o esperava totalmente pronto para seguir para o trabalho quando ele saiu do quarto na manhã seguinte. Ele não me cumprimentou, nem eu a ele. Nesse mesmo silêncio turrão seguimos para a agência. Ela começava a se afigurar o meu lugar preferido naquele país. Lá eu podia ocupar minha mente com coisas produtivas, podia esquecer daquela sensação de me sentir um escravo, podia ser eu mesmo, embora tivesse a certeza de que estava cercado de pessoas traiçoeiras que levariam ao conhecimento do Ahmed qualquer pequeno deslize que eu cometesse. A cara emburrada dele para comigo durou quase uma semana, eu não dei uma brechinha que fosse para aliviar aquele clima hostil, o que o estava deixando de mau humor com quem cruzasse seu caminho.
- Dentro de dois dias vamos embarcar para Chipre, esteja preparado para passar uma semana por lá! – grunhiu ele, quinze dias depois, pouco antes de eu ir dormir. Foi a primeira frase que ele me dirigiu desde a discussão. Eu não perguntei nada, derrubando a expectativa dele de que fosse querer saber o motivo da viagem, o tempo que passaríamos por lá ou, tirar qualquer dúvida que eu porventura tivesse.
- Ok! – respondi, sem nem me voltar em sua direção.
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Comentários


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passivo10 Comentou em 26/03/2022

Simplesmente maravilhoso Votado

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mlkaosp1 Comentou em 01/07/2021

Conto fake da porra

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Comentou em 01/07/2021

O melhor conto que já li aqui!

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gutoalex Comentou em 01/07/2021

Muito bom seu conto, bem escrito adorei

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palonso Comentou em 01/07/2021

É provavelmente o melhor conto que li aqui. Longo mas completo. com muita descrição. Claro que quero saber mais e estou ansioso por mais uma sessão de sexo, exploração de sensações e gozo total.




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Ficha do conto

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Nome do conto:
Escravo da na terra dos Sheiks

Codigo do conto:
181525

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
30/06/2021

Quant.de Votos:
18

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