O Mochileiro #Parte Quinze - Chile Duas Vezes.



Dias se passaram depois do nosso encontro. Decidimos que permaneceríamos por mais um tempo na vila. Contrariando minhas expectativas, nem Juca e nem Chile se sentiam mal com o que estava acontecendo entre nós. Eles estavam ainda mais conectados.
Andávamos pelas ruas e trocávamos carinhos sem pudor. Por vezes nos perguntávamos se as pessoas imaginavam o que acontecia entre a gente, se entendiam que nossas carícias significavam mais que apenas uma relação entre três amigos e o que mais se passava em suas cabeças. Mas as perguntas logo cessavam e lá estávamos novamente exibindo o que tínhamos de melhor: o quanto gostávamos um do outro.
Os dias se resumiam a banhos de mar, o corpo dourado de chile iluminado pelo sol incansável e a beleza divina de Juca. E eu? Eu só conseguia admirá-los. Talvez eu só exista para isso.

O sexo tornava-se maravilhoso a cada minuto. Quando na cama, os sentidos se misturavam de tal forma que era impossível saber onde acabava meu corpo e começava o deles. Erámos a extensão um do outro. Eu não poderia estar mais confortável com isso.
Não há disputas: se Juca quer ser comido, o meu maior prazer é estar dentro dele. Se eu quero senti-los dentro de mim, assim o fazem. Se Chile se acomoda nos braços de Juca, eu poderia admirá-los por dias. Não há um guerra por atenção. O que pode acontecer no futuro cabe somente ao futuro. No momento estamos vivendo nossas descobertas como crianças curiosas diante da natureza que se revela outra a cada olhar. A nossa natureza quase selvagem.

Naquele dia em específico Juca havia saído cedo. Chile permaneceu comigo na cama. Senti o beijo de despedida de Juca em meu cabelo e depois o vi fazer o mesmo em Chile. Ele não falou o que iria fazer no “centro” tão cedo, mas eu poderia imaginar que se tratava de uma daquelas idas ao banco. Ele insistia que, de uma forma ou de outra, o dinheiro ainda era um quarto elemento em nossa relação. Ele estava preso a certos confortos.
Acordamos sem pressa. Fiz um café nada requintado para nós. As horas se arrastavam e o mesmo eu fazia com minhas mãos nos cabelos e nuca de Chile, enquanto assistíamos a programação da TV local. A pele dele ainda é uma das coisas que provoca a melhor sensação do mundo. Eu queria conseguir descreve-lo com palavras mais precisas e mais claras. Esse homem é um mundo inteiro, eu posso jurar pra você.
Juca chegou no meio da tarde. Sem cerimônias jogou alguns papeis sobre a mesa. Ao passar por ela, de canto de olho pude ver do que se tratava: comprovantes, recibos e um envelope de uma companhia aérea. De início não manifestei curiosidade, mas o ser humano é um bicho que precisa ser estudado. Retornei e agarrei o envelope com pressa. O abri sem preocupações e li as palavras que encabeçavam a primeira folha: Brasil – Santiago, Chile.
Eram passagens aéreas. Três. Para uma data muito próxima.
Isso não poderia ser real. Eu estava com três passagens em mãos. Um no nome de Junior (Juca), uma em meu nome e em outra constava o nome Andrei, que afinal, só poderia se tratar de Chile.
Meio ou completamente trêmulo atravessei a pequena casa amarela e afundei no quintal. Carregava comigo as passagens. Juca estava atento as mãos de Chile, que o ensinava como executar com perfeição a trama de uma pulseira simples. Aquelas tradicionalmente hippies. Juca provavelmente me escutou chegar. Ele virou e mirou meus olhos, visivelmente curiosos.
- Chile? – Eu indaguei.
- Nosso menino Chile ou... o lugar? – Ele fingiu despreocupação ao perguntar.
- Não me enrole. O que é isso?
- Ah, isso! – Ele novamente fingiu dar de ombros – Nunca viu passagens, meu pequeno?
- É claro que já. Mas tem nossos nomes nela. Até um tal de Andrei.
Ele largou as linhas que estavam enroladas em seus dedos e caminhou até mim. Num sorriso brincalhão beijou o canto de meus lábios e pegou as passagens enquanto falava.
- Você sempre quis atravessar o deserto do Atacama, no Chile. E daí apareceu ele, o garoto chamado Chile. E ele nos encontrou um tempo depois. Eu precisava fazer algo por nós três, melhor dizendo. – Ele sorriu dando-me outro beijo. – Vamos todos ao Chile. Atravessaremos o deserto e descobriremos o que mais podemos ser depois disso. Talvez a gente passe fome por falta de dinheiro, mas convenhamos, estaremos em um dos lugares mais espetaculares do planeta.
Chile sorriu logo atrás de nós. Ele sabia do “plano”. Eu fui obrigado a sorrir e em seguida puxar Juca para um abraço. Desta vez eu lhe beijei os lábios. Um beijo mais intenso que o que ele me dera.
- Obrigado. – Eu sussurrei entre nosso beijo.
- Eu faria qualquer coisa por vocês. – Juca sussurrou de volta.

Juca sentou na janela, me acomodei no centro e Chile na ponta. Sorríamos novamente feito crianças diante do desconhecido. Em segundos estávamos no ar. Meus dedos se arrastavam pela pele macia do braço de Juca, enquanto a mão de Chile estava carinhosamente pousada sobre minha coxa.
Estávamos, literalmente, dando um passo rumo ao desconhecido. Não sabia como seriam os próximos dias ou como essa viagem nos transformaria. Mais uma vez estávamos trilhando um novo caminho, agora em forma de um trio. O destino sorria para nós, eu posso apostar.


Novamente Juca e Chile autorizaram que tudo isso fosse escrito. Juca está sentado a minha frente. Ele quer ler tudo isso e eu não sei se deixarei. O deserto o fez bem, tirando algumas queimaduras leves. Ele sobreviverá. Chile deve está assaltando a geladeira do Hostel novamente. Não passamos fome, é claro. E não poderíamos estar mais felizes. Somos seres ainda mais livres, afinal.
Antes que me pergunte, sim, nós transamos no deserto. E posso apostar que ainda tem areia no meu cabelo.


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Comentários


foto perfil usuario rodrigopaiva

rodrigopaiva Comentou em 17/05/2016

Vida de rei... Só sexo, farras, sexo,dinheiro,sexo ahhh sexo... Rsrs Assim é ótimo. Ta faltando só mais gente entrar nessa historia pra apimentar mais as coisas.




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Ficha do conto

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Nome do conto:
O Mochileiro #Parte Quinze - Chile Duas Vezes.

Codigo do conto:
83424

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
16/05/2016

Quant.de Votos:
7

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