A estoria jamais contada



A história jamais contada
Adaptação livre de “La história jamás contada” de Alejandro Vera,

Um jovem neto recebe de seu avô a narração de uma história que nada, ninguém conhece, uma estória de amor à primeira vista, seus desenlaces e consequências que marcam toda uma vida.
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- Anda depressa, seja rápido, que o vovô já comprou tudo para o churrasco!!! Merda! Anda depressa! Papai irá direto do trabalho...
- Calma já vou, já vou, você sabe que eu não gosto dessas reuniões de família, sabe que fico enfadado nelas. Essa reunião onde todos os homens da família se reúnem para contar as mesmas piadas ano após ano. Onde cada um começa a contar suas aventuras e conquistas da juventude. Realmente não gosto dessas reuniões.
- Bem pelo menos são apenas uma a cada três meses e nós sempre rimos das piadas do tio Manuel. E tem outra coisa, a vovó também reúne as mulheres e meninas para a mesma coisa.
- Sim, é claro, Carlos, mas mesmo assim ainda não gosto. Não estou animado.
- Bom de qualquer forma, temos que ir se arrume depressa.
Entramos no carro de Carlos, eu olhava pela janela para a rua distraído, não entendia as palavras de meu irmão, tinha tanta preocupação, que não percebia nada ao redor. Distraído e desanimado chegamos à casa de nosso avô.
Após os tradicionais pedidos de benção e os Deus te abençoe, os olá e tal, chegavam cada vez mais parentes, filhos e netos, assim, por volta das dezenove horas, já estavam reunidos os dezoito homens da família. Primeiro estava meu avô, homem agradável, de excelente caráter, generoso, honesto, olhos verdes e feição fechada. Depois meu tio Manuel o primogênito e o mais engraçado de todos. Tio Carlos sério e meticuloso, igual ao vovô. Depois o tio Fernando Henrique, homem sério, brigão, temperamento forte. Tio Ricardo, o musico, toca dezesseis instrumentos, não sabe dançar, mas acompanha uma orquestra sinfônica ou uma bateria de escola de samba. E por fim o Tio Beltrão Tomás, professor de matemática, fechado em si e sem muito a contar sobre ele, aquele filho que passa despercebido, a única coisa que esse meu tio tem de bom é ter uma esposa maravilhosa e linda, chegou a concorrer num concurso de misses, estão casados há oito anos e parecem ter um casamento sólido.
Em seguida enumero os sobrinhos e meus primos: Luís e Luís Raul filhos de Tio Manuel; Carlos Jr e Alexandre, filhos de Tio Carlos; Pedro Luiz, Antonio e Ricardo, filhos de Tio Fernando, faltavam ainda Jesus Enrique e Armando; Ricardinho, filho de Tio Ricardo; Beltrão Filho e Tomás Elias, filhos de Tio Beltrão. Estão assim enumerados todos os homens da família.
Já eram mais de vinte horas e o tio Manuel pedia silencio para contas uma das suas piadas. Eu ‘estava sentado em um dos sofás, com meus fones de ouvido colocados escutando música, isolado em meus pensamentos e problemas. Carlos com uma cerveja na mão, fazia sinais para que eu prestasse atenção na piada do tio, enquanto eu pensava que o melhor era continuar escutando música. Nosso avô estava na churrasqueira, assando costelas, bifes, linguiça e frango.
Por volta das vinte e duas horas, chegaram os três primos que faltavam estava completo o time. Todos estávamos sentados numa grande mesa. Todos comiam com gana, outros tomavam cervejas, outros vinhos e uns poucos refrescos. Meu avô tomava seu vinho português e eu minha cerveja light, apesar do tempo eu ainda estava acabrunhado. Carlos como sempre me dando toques para que melhorasse minha expressão, que desse pelo menos um sorriso amarelo, mas me era difícil, estava muito contrariado.
Meu avô estava sempre prestando atenção em mim, já havia me perguntado duas vezes o que estava acontecendo. Não lhe respondi, nós dois não nos dávamos muito bem, coisa boba, mas que culminou por criar uma distância. Meu tio Beltrão, já tinha derrubado dois refrescos e outra bebida na mesa. Eu pensei se ele seria estabanado assim com a esposa, a miss, mas ao fim, percebi ou concluí que não.
As conversas na noite foram sempre ligadas a piadas, economia, esportes no geral e futebol no particular e mulheres, de tudo um pouco se comentava na mesa. Os tios rodeados de sobrinhos e irmãos conversando entre si. Meu avô apreciava a todos, os ouvia conversar, observava seus filhos e netos conversarem. Para ele era um sonho, ver toda sua prole na mesma mesa, todos saudáveis, alguns rebeldes, brigões, mas honestos. Era uma miríade de personalidades, fisionomias e carisma. Era um sonho feito realidade.
Eu pressentia que meu avô me olhava constantemente, podia notar que estava preocupado comigo, pois minhas feições denotavam intranquilidade. Por volta das onze e meia, depois de muito cigarro e licor, meu avô, parou, levantou no sofá e se dirigiu a seu escritório, onde entra e tranca a porta. Passados uns dez minutos ele a abre e chama o tio Manuel, sussurra alguma coisa em seu ouvido, todos estávamos atentos, contudo vimos apenas meu avô voltar ao escritório.
O tio Manuel pede silencio e disse que vovô queria conversar com Carlitos, com Tomás Elias e comigo. Todos ficaram em silêncio, alguns tios se entreolham e sorriem. Eu sigo os passos de Tomás Elias e juntos passamos para dentro do escritório. Meu avô sério como sempre, está sentado atrás de sua mesa e indica onde cada um deve se assentar. As conversas são diversificadas. Ele escutando e seus netos falando, em seguida ele sempre oferece uma recomendação sobre os problemas apresentados por cada um.
Após conversar com Carlos ele se comprometeu a emprestar uma quantia em dinheiro para reforçar sua empresa. Com relação a Tomás Elias, informou que entraria em contato com um conhecido da alfândega para verificar o que estava impedindo a liberação de um contêiner retido já há quase quatro meses no porto. As conversas com meus primos duraram aproximadamente vinte minutos cada uma. A medida que a conversa terminava cada um ia saindo e por fim restava na sala apenas meu avô e eu.
Antes de sair Tomás Elias disse-me, agora é com você! Eu lhe agradeci e o nominei pelo apelido que não gosta, cabeça de ovo, rimos os dois, aliviando um pouco a pressão que eu sentia dentro de mim, percebi que meu avô esboçou um leve sorriso.
Fiquei então sozinho com o grande velho da Clã. Nós olhamos por alguns minutos, tudo em silencio sepulcral. Eu olhava a fumaça de seu charuto subir e ele sem qualquer expressão no rosto me olhava profundamente, como buscando entender o que acontecia dentro de mim. Me levanto e digo que vou buscar um disco qualquer para colocá-lo no equipamento existente no escritório. Com um sinal ele me indica que tudo bem.
Saio do escritório e todos me olham. Pude ver como meu pai cumprimentava e felicitava a Carlitos pela resposta do avô quanto ao seu problema na empresa. Em outra parte os demais brindavam com Tomas Elias pela possível solução do problema com o container. Sem dizer uma palavra, sem olhar diretamente para ninguém, sem expressão alguma, causando expectativas a todos, me dirigi ao equipamento da sala, peguei um CD de Puccinni e pelo mesmo caminho ao contrário, retorno ao escritório de meu avô. Ao trancar a porta procuro por ele no escritório, mas ele não estava. Olhei ao redor e não o localizei. De repente a porta do arquivo se abre e meu avô sai de lá de dentro, trazendo na mão o que parecia ser um álbum de fotografias. Com o charuto na boca e na outra mão uma garrafa de vinho português.
Meu avô senta em sua cadeira à mesa e olhando-me fixamente nos olhos, me diz.
- Como ela se chama? E repete Como ela se chama?
Com uma expressão de assombro devolvo com outra pergunta:
- Quem? Não estou te entendendo?
Ele se levanta, dirige-se ao carrinho de bebidas e enchendo seu copo, sem olhar para mim, continua.
- Como se chama a mulher que te deixou assim?
Meu assombro é total e definitivo, tremo um pouco, minhas mãos suam um pouco, engulo em seco, suspeitando que meu avô estaria lendo minha mente.
- Que mulher, avô! Não estou entendendo merda nenhuma!
Ele se volta e me olha, desta vez sua expressão é de tranquilidade, de saber que não está equivocado, respirando pausadamente, se senta e me diz.
- Olhe neto, eu sei que você não gosta muito de minha companhia!
Fato que imediatamente nego. Mas ele continua impassível.
- Eu sei que é verdade, não nos entendemos bem e te aceito assim como você é. Mas me dói ver você neste estado, desajustado, tão fora de si e conheço esse olhar, olhar que uma vez eu mesmo tive.
- Como você sabe sobre esse olhar? Não pode ser uma preocupação com os estudos? Pelo trabalho na fiscalização? Fadiga? Preocupação pelo meu próximo relatório? Você não sabe avô o que está acontecendo comigo, não creio que compreenda nada, digo-lhe frisando não ter intensão de ofendê-lo. Recosto no assento, peço-lhe um pouco de vinho e ele me oferece um copo, dizendo que era para eu me servir de sua própria garrafa (atitude pouco usual, pois ele não divide suas garrafas de vinho português com ninguém). Enquanto me sirvo, meu avô acende outro charuto e me oferece um, o qual não aceito.
- Anda, aceite um charuto, eu sei que você fuma, indicando-me os da esquerda da caixa. Esses são suaves e um bom acompanhante para esse mágico vinho português que estás bebendo.
- Obrigado avô, é uma honra, mas ainda não entendo sua pergunta!
- Prove o charuto, me diz, cheire-o, veja como a fumaça se eleva, beba um pouco de vinho, saboreei-o, tenta mantê-lo no final da língua, ali poderás apreciar seu real sabor.
Enquanto faço isso, meu avô me diz:
- Quero contar-lhe uma estória, uma estória jamais contada, uma estória que você terá que esquecer, antes que tenha dado o primeiro passo fora dessa sala. Uma estória escondida por muitos anos, tantos que possivelmente esquecerei algum detalhe. Uma estória que ninguém dessa família poderá saber. Uma estória que jamais foi contada! – Me entende neto?
- Sim vovô, mas não acho que seja necessário!
Novamente ele me pede que fume o charuto e beba um pouco mais de vinho. Então meu avô começa sua narrativa.
- É uma estória de amor, de amor à primeira vista verdadeira, esse tipo de amor tão fugaz que marca seu coração, sua mente e sua alma. Um tipo de atração que nunca conseguira explicar o porquê...
Interrompendo-o lhe digo, mas avô, é um pouco sem nexo essa conversa, realmente eu não tenho problemas com mulheres, de verdade que não!
Ele me olha fixamente e me convida a dar outro trago no charuto e beber outro gole de vinho. Nesse exato momento tudo se tranquiliza, escuto a meu avô e cada palavra que ele diz começa a se desenhar em minha mente. Meu avô me conta que:
- Há mais de sessenta anos, talvez um pouco mais, antes de começar a namorar com sua avó, em meados ou final da década de cinquenta, o mundo ainda sofrendo o final da grande guerra, eu trabalhava na prefeitura do município e comprei uma casa próximo ao centro histórico. Estava cursando a pós-graduação na universidade Federal, trabalhava e estudava. Tudo estava normal até que...
- Até o que vovô? O que aconteceu? Disse tirando o charuto da boca.
- Bem, um dia em minha sala, chegou uma dama. Uma mulher preciosa, se me recordo. Tinha uma calça negra, botas, uma blusa preta com decote canoa e mangas largas. Seu cabelo era negro, os olhos escuros, sobrancelhas bem cuidadas, era uma beleza. Seu nome não me recordo. Ao sentar-se na cadeira defronte a mim e quando me olhou, eu fiquei atônito, não por sua beleza, mas sim por todo o conjunto, dela emanava uma segurança, um porte que poucas mulheres no mundo possuem. Não cheguei a suspeitar que por esta mulher tão requintada eu perderia a cabeça e por pouco o coração.
Ela não se dirigiu a minha sala para fazer uma denúncia ou solicitar algum favor, somente queria conhecer-me. Ela havia me visto uma vez e queria me conhecer, lhe encantaram meus olhos e a sensibilidade de meu carisma. Nunca me disse onde me viu pela primeira vez, somente queria saber como eu era.
- Nossa avô, eu acho que acredito, disse sorrindo. Bem continuou ele:
- A mulher se sentou tão segura de si, tão confiante em si mesma, que fiquei perplexo, sem pronunciar uma só palavra. Ela logo se levantou e me estendeu a mão, disse seu nome, do qual não me recordo ainda e saiu de minha sala. Ainda que você não acredite, ela entrou em minha sala apenas para me conhecer e foi embora.
- E isso é tudo? Que estória esquisita avô!
- Não meu neto, deixe-me continuar. Passaram-se aproximadamente três meses e quando esses fatos quase se encontravam esquecidos em minha mente, certo dia me enviaram um envelope com um bilhete me convidando para almoçar num luxuoso restaurante no centro da cidade. Não havia nome no envelope, apenas o convite, marcando dia e hora e local.
Assim, sem pensar muito, peguei o carro e me dirigi ao restaurante, onde cheguei por volta do meio dia e vinte minutos, sentei na mesa reservada em meu nome e me serviram um vinho português sem que eu pedisse.
- Não sei como souberam que você gostava de vinho português?
- Também não sei, mas afirmo que me serviram um vinho do Porto muito bom! Serviram-me uma entrada num prato azul decorado a mão e então adivinha o que acontece? Repentinamente, a mesma mulher que há três meses antes tinha ido até minha sala me conhecer, estava sentada na minha frente, em minha mesa. Eu engasguei com o vinho e minha vista ficou nublada, devido ao engasgo. Me senti desconcertado. Não sei como, mas ela conhecia o vinho que eu gostava, marca e tipo. Estava vestia com uma saia rodada, mas bem marcada na cintura, uma blusa branca semitransparente elegante, possivelmente de seda, o cabelo embora curto, bem penteado emoldurando seu belo rosto, os lábios com um batom cuja cor me pareceu entre o vermelho escuro puxando para negro, pouca maquiagem, apenas um delineador de olhos e um pouco de sombra, sua pele bem clara, transparecendo pelo ombro e colo, um colar de pérolas, seu olhar era tranquilo, ainda que um pouco sarcástico, como se estivesse se divertindo com meu desconcerto, uma tranquilidade que beirava a arrogância. Era uma mulher segura de si mesma, quase invulnerável. Ficamos nos olhando durante mais de cinco minutos, sem pronunciar uma só palavra. Não era um desafio, nem paixão, eram olhares de duas pessoas que se conheciam há anos e que haviam se reencontrado.
Após esse momento inicial, ela me cumprimentou.
- Olá como está?
- Bem! E você?
Ela pensou alguns segundos e então começou a falar, era como se um belo pássaro canoro soltando sua voz.
- Bem e aproveitando a oportunidade para te conhecer melhor, para conhecer um pouco mais de ti! Sabe foi muito difícil conseguir agendar esse almoço com você. Sua secretária é perspicaz e está sempre atenta.
Sorrimos e continuamos nossa conversa. O garçom me serviu outra dose de vinho e ela pediu um licor amarulla ou outra bebida doce parecida. Recordo que sua boca acariciava a borda da taça sensualmente e eu a olhava fixamente.
- Realmente você tem um olhar atrativo e um sorriso único.
Não respondi e continuamos nossa conversa, metade das ideias que ela expressava, o fazia através de gestos ou trejeitos com os lábios. Que boca, eu sentia que cada movimento daqueles lábios me mantinha a mil por hora.
Almoçamos uma comida típica criola, assado, uma torta de leite de égua. A conversa foi fantástica, sobre desenhos animados da década de setenta. Sobre o que gostam homens e mulheres, sobre coisas da vida, mas não falamos de nós dois.
- Avô, como não conversaram sobre vocês? Não perguntou nada sobre ela? Por quê?
- Lembre-se meu neto, quando uma mulher fala muito de si mesma, o melhor é não lhe perguntar nada. Converse sobre a vida e não sobre sua vida. Essas mulheres são muito discretas e é melhor que continuem assim. O tempo passou rápido, conversamos muito mais com os olhares do que com as palavras. Não havia intenção alguma em nossos olhares, somente dizíamos, expressávamos o gosto de estarmos juntos. Esse dia caminhamos um pouco pelo centro histórico e logo depois a levei ao seu veículo, ela com um beijo em minha face se despediu.
Pouco depois, cerca de três semanas, me convidou para almoçar novamente, como havia acontecido anteriormente. Estava belíssima, tinha uns pés formosos, os dedos bem definidos, sem varizes aparentes, brancos como neve pura e virgem. Seus pés eram maravilhosos, lindos como ela.
- Desculpe avô, mas ela é branca de pele? Perguntei assombrado.
- Sim meu neto, era branca como uma pérola, algo extraordinário. Ainda que todos vocês saibam que gosto de mulheres morenas ou mesmo negras, ela era “meu copo de neve” era e foi a única mulher branca em minha vida. Ela era uma mistura de neve branca, com a cor negra de suas sardas e seus cabelos. Seu peito era pintado de doces sardas, alegres sardas. Seu peito quando se envergonhava, ficava vermelho como um morango. Suas sardas eram alegres como sua boca. Era tão perfeita que a confundi com uma modelo de peças intimas que fazia sucesso naqueles anos e era chamada de ovelhinha. Seu cabelo, meu neto, era reto, curto, mas forte, negro como azeviche, como um âmbar negro. Sua pele, ainda que não a tivesse tocado, era possível perceber sua superfície suave, branca, com pelos delicados, posso te dizer que ela era realmente perfeita, toda ela era perfeita. (Que loucura).
Enquanto almoçávamos ela me contava coisas de sua recente adolescência e infância, quando então se aproximou uma mulher madura da mesa e a cumprimentou. A intrusa disse seu nome, que eu não mais recordo, realmente não lembro. Essa mulher me olhou fixamente e de forma inquisidora perguntou a ela:
- Como estão as crianças e seu esposo? Este é um almoço de negócios, estou correta?
- Sim! Respondeu ela com tranquilidade. Te apresento a, disse meu nome!
Eu imediatamente me levantei, a cumprimentei e convidei a juntar-se a nós dois no almoço!
Ela apenas me respondeu, dessa vez num tom mais amável e menos inquisidor:
- Não senhor, obrigado, tenho outro compromisso e voltando-se à minha acompanhante, disse:
- Abraços a seu esposo e aos seus filhos!
Logo após a interrupção, eu fiquei olhando para os pratos, para a toalha da mesa, a parede, para todo lugar, menos para o rosto da mulher que estava à minha frente. Me sentia incomodado com o sucedido, com sua forma inquisidora de falar. Ela então segurou-me pelo queixo, levantou meu rosto e consequentemente meu olhar e disse:
- Assim não posso ver seus belos olhos, que me enlouquecem.
Depois, sorrindo, com a segurança de sempre, comentou:
- Não se preocupe, está tudo bem, fica tranquilo.
A única coisa que conseguir dizer foi:
- Ok, confio em você!
Esse dia nem falamos dela, mas o resto da tarde falamos até o cansaço de política, de metafisica, da vida depois da vida. Enfim conversamos sobre o que concordávamos e discordávamos e do que havia sido minha vida até este dia. Foi uma noite esplêndida, pois pude perceber que ela entendia tudo o que eu falava com ela.
Nesse momento meu avô se coloca pensativo e solta uma grande baforada de fumaça, toma um pouco mais de vinho e percebo que ele se transporta para esse dia. Antes de continuar a narrativa me disse:
- Ela nunca me dava um número de telefone, mas sempre me chamava na hora exata em que estava totalmente desocupado e assim podíamos conversar por quase uma hora ao telefone. Mas nos dias em que me chamava e eu não podia atender ficava chateada. Eu notava que ele tinha um gênio difícil, gostava de ser o centro de tudo, mulheres assim existem poucas e quando se consegue uma, querido neto, não pode deixa-la ir.
Saímos uma seis ou sete vezes mais, até uma ceia romântica tivemos. Ela trabalhava em uma seguradora, era a gerente de marketing ou vendas (não recordo direito). Nunca me deu o telefone de seu trabalho o que me incomodava muito, mas ela me tranquilizava dizendo:
- Fique tranquilo, eu não perco as oportunidades, você só tem que ter paciência.
- Mas avô, para ela você era apenas um amante! Não percebeu isso?
- Escute-me neto, quando você conhece uma mulher espetacular, o melhor é não pensar e sim deixar-se levar. Quando ela me convidava para ir a algum lugar, eu chegava pelo menos meia hora antes, apenas para vê-la chegar e poder apreciar como ela caminhava para mim. Realmente espero que entenda que meu “copo de neve” era uma mulher espetacular, sem igual, nem comparação, especial, fora de quaisquer parâmetros que eu tenha estabelecido.
Um dia me levou de carro a um lugar, um mirante.
- Um o que?
- Um mirante, um alto de morro de onde se vislumbra alguma bela paisagem, pode estacionar seu veículo e apreciar o horizonte, bem como à pessoa que te acompanha. Na realidade é um local frequentado por namorados que querem um pouco de privacidade. Essa noite em especial eu estava completamente nervoso. Ela também deveria estar, mas não demonstrava. Me lembro que defronte ao local onde estacionamos o veículo havia um monte de entulhos e assim a paisagem não estava tão deslumbrante como deveria, algum espirito de porco, havia descarregado ali. Depois de um tempo de muita conversa e algumas cervejas light, disse a ela que queria beijá-la.
- Como assim avô? Depois de quase quinze encontros, você ainda não tinha beijado ela? Acho que você era devagar quase parando, mesmo nessa época, não?
- Não meu neto, era respeitoso. Eu queria apenas vê-la, apreciá-la, estar ao seu lado. Era encantador escutar ela conversar. Ver como sua inquieta boca se movia para pronunciar cada palavra, eu era feliz apenas em tê-la ao meu lado. E quanto ao beijo ela respondeu que sim.
E então, lentamente nos aproximamos um do outro e nos beijamos. Foi mágico, não sabia se estava beijando bem, mas não importava, só me deixei levar. Ao me aproximar dela senti seu aroma, cheiro de mulher, de princesa, de deusa. Um aroma que só se pode apreciar quando se está a no máximo cinco centímetros de sua pele. Uma armadilha que somente os afortunados caem. Sua pele, seu rosto estava frio, suave, limpíssima e especial. Mais que beijá-la eu a sentia. Sentia seus lábios sobre os meus. Sua ternura al beijar era enorme. Nossos lábios não se beijaram, se acariciaram. Acredito se me recordo bem, que nunca havia beijado assim antes, com tanta vontade com tanto prazer. Nunca havia beijado ninguém dessa maneira, sentindo cada movimento de seus lábios. Em determinado momento, abri meus olhos para ver seu rosto tão perto, percebi messe instante que ela já estava fazendo isso há mais tempo, olhando-me, procurando também saber o que eu sentia quando a beijava. Era um olhar tão romântico que somente após senti-la, já fechamos os olhos, retornando ao nosso idílio.
Eu a abraçava, não era um abraço erótico, sensual ou carnal. Para isso teríamos tempo, somente nessa primeira oportunidade eu tinha a necessidade de sentir seu aroma e o calor de sua pele. Nos abraçamos, sentimos nossos corpos, foi espetacular para mim, sentia como se retornasse aos meus quinze anos, ansioso, egoísta pois queria que ela fosse somente minha. Nos fitamos durante um longo tempo, estava muito nervoso, olhava pra frente do veículo porque não queria vê-la tinha vergonha de olhá-la.
Depois de alguns ternos beijos e de voar e voar de novo, a chamei de minha senhorita cometa e disse que era melhor que fossemos embora. Sem dizer nenhuma palavra ela ligou o carro, lhe dei um beijo a mais e nos retiramos daquele lugar. Enquanto ela dirigia eu aproveitei a oportunidade e coloquei a mão em sua coxa direita acariciando-a. Essa minha mão em sua coxa era a minha forma de dizer que eu era seu, a forma através da qual eu lhe indicava que estava feliz. Em determinado momento eu já não olhava para ela, pois estava como se em transe, voando numa nuvem.
Talvez neto, você não tenha compreendido o significado dessa mão em sua coxa, mas era a forma de me sentir conectado a ela e dizer-lhe que estava feliz.
Tomamos mais uma taça de vinho, acendemos outro charuto e percebi como meu avô desenhava a cena com a fumaça de seu charuto. Era possível notar sua cara de felicidade ao recordar tudo isso. Meu avô continuou contando....
Passaram-se mais de dois meses sem vê-la, eram apenas contatos telefônicos uma ou duas vezes na semana. Eu estava morrendo, estava me desesperando. Tinha uma ansiedade no peito, pelo simples fato de nada saber sobre ela. Suas chamadas eram curtas e algumas até mesmo secas. Pensei que isso estava acontecendo devido à nossa ida ao mirante. Não sabia o que pensar, somente sabia que ela estava me fazendo falta. Depois de sua última chamada, dois meses sem vê-la, ela disse que estava confusa, mas que queria ver-me. Nos encontramos em um restaurante de um lindo hotel. Ceamos e quase não conversamos, somente nos olhávamos, pensávamos bem antes de dizer qualquer palavra, não queríamos cometer alguma gafe, apenas nos olhávamos.
Repentinamente me disse:
- Sabe, sinto muita falta de você, tenha pensado muito em ti. Não te esqueço nem por um segundo, por isso estou confusa e não quero ferir ninguém.
Essas palavras me golpearam, mas não me feriram. Notava-se um ar de tristeza nela, um mal-estar e até mesmo um certo abatimento. Não era meu copo de neve nesse momento, o que eu sentia é que esse copo estava se derretendo, se esvaindo e eu não podia fazer nada para deter isso.
Logo depois da ceia, ela me disse:
- Meu querido, não posso mais te ver. Você está causando um dano profundo em mim. Não consegui te controlar e você entrou muito fundo dentro de mim. Desculpe-me mas não posso com tudo isso.
Pela segunda vez abaixei meu rosto e pela segunda vez ela voltou a segurar meu queixo e a elevar minha face. E disse:
Lembre-se, assim não posso ver seus lindos olhos verdes, se não me olhas na face. Sorrindo, disse que eu não tinha ideia do quanto me amava, eu também sou sua, mas esse não é nosso momento.
Só me restou fita-la nos olhos, olhar e escuta-la neto. Depois de alguns minutos, se levantou da mesa e se despediu com um terno beijo na face, acompanhada de uma caricia. A vi ir embora sem sequer olhar para trás, ela estava tão formosa como em todos os nossos encontros anteriores. Vi seu cabelo curto, dessa vez solto e um pouco mais comprido. Vi como seu vestido ajustado se afastava de mim, via suas sandálias se movendo cada vez mais longe de nossa mesa e a marca da calcinha fio dental , já quase não podia vislumbrar ao longe. Não disse adeus, não disse nada e tampouco eu queria ouvi-la mais. Somente a vi ir embora.
- Mas avô como é possível que tenha deixado ir a uma mulher especial, única, como você mesmo disse, não poderia deixa-la ir?
- Sim meu querido neto, mas se ela tem que ir, não podes amarrá-la a ti, ela só ficará se quiser, lembre-se somente se ela quiser.
Ambos suspiramos, meu avô tinha os olhos marejados, como nunca havia visto, não eram lágrimas, mas um olhar cheio de felicidade e nostalgia e meu coração ficou pequenino, apertado.
Lodo depois de tomar mais um gole de vinho português e de apreciar outro trago no charuto por meu avô, a imagem onde copo de neve se afastava da mesa foi pouco a pouco desvanecendo.
Meu avô tomou ar e disse olhando-me nos olhos.
- Sabe, logo depois de terminar o copo de vinho português que ela tinha pedido, um garçom se aproximou da mesa e deixou um envelope lacrado sobre a mesma. Eu olhei e não tive vontade de abrir aquele envelope, pensei até que o garçom tinha se equivocado. No entanto, passados cerca de vinte e cinco minutos, pude ler a mensagem e ela dizia o seguinte:
- .... “Te espero em dez minutos no quarto 285- B. Não demore por favor, se não subir também compreenderei. Sua hoje e sempre, assinou seu copo de neve”.
Me levantei da mesa correndo, já haviam passados quase meia hora desde que o garçom havia deixado o envelope sobre a mesa. Corri até o elevador, apertei três andares equivocadamente, minha respiração estava acelerada. Ao chegar ao segundo andar, pensava em minha torpeza por não ter aberto imediatamente aquele envelope e me inteirar de seu conteúdo, pensava que ela já havia ido embora, pensei que ela havia entendido que eu não queria vê-la mais.
Eu corria e corria pelo corredor, mal dizia os minutos e minha falta de jeito. Ao chegar à porta do quarto, abri e não havia ninguém lá dentro. Tudo estava impecavelmente arrumado. Não havia presença humana ali. Ela já tinha ido embora. Eu me perguntava como encontrá-la? Gritava e gritava muito minha frustração. Sentei-me na beirada da cama, estava abatido, cansado e furioso comigo mesmo. Havia deixado a porta aberta e apenas me sentei naquela cama, com o rosto entre as mãos e novamente baixei minha cabeça.
Passaram-se provavelmente uns quinze minutos, então tocaram na porta, apesar dela estar aberta. Ao levantar a vista... ali estava meu copo de neve parada, com seu vestido ajustado, com sua pequena bolsa de mão. E sorrindo me disse:
- Meu querido o quarto é 285-B é o seguinte, este é o 285-C. Você se equivocou de quarto! Pensei que você não me queria mais, pois não subiu depois da entrega do envelope com o bilhete. Pensei que tinha ido embora do restaurante. Eu também já estava indo embora, mas ao passar pela porta, te vi sentado como um bobo, na cama do quarto errado. Estou te olhando há aproximadamente dez minutos e você não levantava essa sua linda face. Já te disse, com a cabeça baixa, não posso ver seus lindos olhos. Seu bobo e nem percebeu que se equivocou de quarto. E nem pense em dizer que acreditava que eu tinha ido, maluco, gatinho meu?
E sorrindo continuou:
- Se eu contar ninguém iria acreditar.
Servindo-me mais vinho, pude ver como o sorriso no rosto de meu avô, crescia. Me olhava fixamente e seus olhos estalavam de alegria ao recordar a cena. Com certeza que copo de neve, essa mulher única devia ter sido muito especial para meu avô. E ele continua contando.
Levantei-me e a abracei, com uma dor enorme no peito, disse-lhe:
- Coração, ainda está aqui! Não sabia mais o que dizer, uma lágrima de alegria escorreu por minha face. Beijei-a e com um pé fechei a porta do quarto. Não podia deixar de olhar para ela, seus olhos me diziam que sim, sou sua. Enquanto a beijava a carreguei para a cama, apoiei sua cabeça num travesseiro e fiquei contemplando-a por vários minutos. As palavras eram desnecessárias, nossos olhares diziam tudo. Ao fundo tocava Turandot de Puccini e desde esse dia tenho gravado essa ópera em todos os meios possíveis (cassete, Cd, DVD, Vinil, ao vivo,). Depois de olharmos diretamente nos olhos, baixei meu olhar, mas dessa vez ela não se chateou, pois o fiz para buscar sua cintura, seu ventre, seus seios. Fechei seus olhos com meus dedos e com a mesma mão acariciei seu colo. Com a respiração alterada me aproximei de sua boca e com pequenos beijos a umedeci. Pouco a pouco mordi seus lábios e ternamente introduzi minha língua em sua boca, com todo gosto e volúpia possíveis.
Beijei depois suas orelhas, seu colo e sentia que pouco a pouco nossas respirações se sincronizavam. Ela não abria os olhos, se limitava a sentir como minha boca percorria seu corpo. Desabotoei pouco a pouco a parte superior de seu vestido, deixei que suas sardas vissem a tênue luz do quarto. Puccini ainda tocava. Lentamente de sua boca sai sua rosada língua para umedecer novamente os lábios luxuriosamente, era um sinal de que desejava outro beijo. Quando cheguei ao botão que permitiu-me ver por completo seus seios, notei que sua respiração estava entrecortada, leves gemidos saiam de sua boca eu aproveitei para soltar seu sutiã e acariciar seu seio direito com minha mão, seu mamilo estava totalmente erguido desejando mais caricias de meus dedos.
Era espetacular tê-la. Em seguida liberei os dois seios do sutiã para que meus olhos pudessem contemplá-los. Seu ventre branco se notava com facilidade. Minha boca esqueceu a dela, dedicando-se então a beijar e sugar cada mamilo. Sentir a maciez de seu estomago e os movimentos rápidos de seu ventre. Meu coração quase explodia e o sangue corria acelerado por minhas veias. Tirei rapidamente minha camisa e deixei meu dorso ao ar, o que ela rapidamente sentiu com seus dedos. Passava sua mão por minhas costas e com a outra acariciava meus cabelos, apertando-o com força enquanto eu lhe beijava o ventre. Logo ela me deitou de costas e sentada sobre mim, vi como seu belo rosto era coberto por uma pequena mecha de cabelo. Como eu ela fechou meus olhos para que sentisse cada beijo de sua boca por todo meu leito, por meu colo, minha orelha e minha cansada boca.
O suor se fez presente em mim, cada poro rapidamente soltou sua dose sutil, o qual ela sentiu tanto com a boca quanto com os dedos. Devagar sentia seus movimentos de quadris sobre mim, para estimular-lhe, levantei a parte inferior de seu vestido e acariciei durante um longo tempo seus glúteos e puxando de vez em quando seu pequeno fio dental branco.
Pouco a pouco se acomodou para que sua intimidade se encontrasse, tendo nossas roupas no meio, com minha masculinidade. Os movimentos eram rítmicos, sua cintura parecia um tornado e meu sangue estava a ponto de estourar para fora de minhas veias. Deitei-a na cama e com extrema rapidez tirei seu vestido. Deixei a descoberto aquela estupenda figura, uma silhueta que não demonstrava já ter parido dois filhos, um ventre perfeito, liso, negativo. Uma pele brilhante, tenra, suave, um quadril bem arredondado, bem desenhado, um umbigo que era um sonho, coxas fortes e delineadas e uma calcinha fio dental que mal cobria seus pelos pubianos, bem aparados e cuidados, denotando limpeza, dedicação e cuidado. Lentamente aproximei meu rosto e meu hálito quente entre suas coxas a fez suspirar e arrepiar, abrindo-as tal como uma flor proibida. Levantei-me da cama para tirar minhas já amarrotadas calças, caindo em seguida sobre seu ventre. A despojei de sua calcinha e pude notar sua excitação, pois a umidade era visível aos olhos. Brinquei longamente naquele terreno fértil, com dedos e boca. Eu apreciava as reações em sua face, onde bailavam sorrisos e rictos que podiam ser interpretados de mil formas diferentes, mas todas ligadas ao prazer e a excitação, e talvez, até mesmo a uma pequena dor. Seus olhos ora estavam fechados, ora bem abertos, refletindo também a intensidade das sensações as quais era submetida. Eram o espelho de nossa paixão.
Quando não mais conseguia se controlar, mudou o jogo e me puxou para cima, assumindo agora o protagonismo. Agora era sua face que bailava em meu baixo ventre. Nossos corpos em polvorosa, não tinham posição e nem lugar. Era uma mescla, insana e intensa. Ela virou e rapidamente estávamos ao contrário um do outro. Era um bailado esquisito, onde usávamos todo o corpo para transmitir ao outro a intensidade de nossa guerra, de nossa paixão, de nossa entrega e por que não dizer de nosso amor, carnal e imaterial. Não havia limites, excessos, ou falta, tudo estava e era permitido, nós nos dávamos essa liberdade, essa entrega. Minhas mãos subiam e baixavam de suas costas , sentindo como seus quadris se contorcionavam ao ritmo de nossos corpos.
Após muitos, vários minutos de beijos, caricias, abraços e loucuras, me retirei de seu corpo, virei-a de bruços e voltei para dentro dela, montado em suas costas, mas continuamos olhando-nos nos olhos, movíamos apenas nossas cinturas. Eu podia ver e sentir como suas pernas abriam e fechavam, como seu quadril se encaixou em meu abdômen e como meu corpo se adaptada perfeitamente ao dela.
Eu me curvava para beijar seus seios e a segurava pelos cabelos, fazendo com que seu corpo também se arqueasse, adaptando-se aos meus movimentos, ao mesmo tempo que controlava a posição de sua cabeça, de modo a ter acesso aos seus lábios, que buscava como um náufrago à sua tábua de salvação.
Novamente abandonei seu corpo em meio aos espasmos de prazer que lhe proporcionava, transformando nosso amor em agonia, em uma muda suplica. Passei a deslizar minha língua e boca por suas costas, sua cintura, seu flanco. Beijei e lambi seus glúteos. Realmente estávamos enlouquecidos com tudo o que estávamos fazendo e sentindo.
Olhei em seu rosto e vislumbrei um tênue sorriso de satisfação, entrega e um imenso amor. Puxei então seu quadril para cima, deixando-a de quatro, expondo sua linda e rosada flor.
Eu estava surpreendido com o que escutava, tomei quase de um gole toda a taça de vinho e puxei duas, três vezes um trago no charuto e soltei a fumaça ao ar, como se estivesse expirando um último hálito de vida. Percebia a seriedade da narrativa de meu avô, sua história e a intensidade da mesma. Não estava excitado, mas entendia a paixão que um homem pode ter por uma mulher.
Meu avô soltou outro jato de fumaça, o que me permitiu continuar visualizando quase ao vivo a cena.
- Eu estava suando muito, podia ver como sua mão direita passava sobre meus glúteos, puxando-me de encontro ao seu corpo, tornando assim ainda mais ajustada aquela penetração. Eu alguns momentos, se levantava sobre seus braços, para logo em seguida cair com os peitos sobre a cama. Nesse momento ela se separou de mim e olhando-me com uma feição séria, me obrigou a deitar de costas na cama e como uma tigresa, pulou sobre meu corpo, sua mão me segurou e auxiliou a encontrar o caminho de volta para dentro de seu corpo e assim ela começou a fazer amor comigo, sendo agora a protagonista, a chefe, a dominadora e eu o submisso. Seus movimentos, sua paixão, sua pele úmida, seus cabelos agora desgrenhados, seus lábios sempre úmidos, seus mamilos intumescidos e sua cintura louca... foi espetacular. Eu com minhas mãos acariciava suas nádegas e isso a conduziu rapidamente a outro intenso orgasmo e eu em toda minha paixão consegui chegar ao meu junto com ela.
O cansaço caiu sobre mim. Realmente não sei se foi o cansaço ou a intensidade, porque nossas respirações estavam totalmente aceleradas ainda que nossos corpos não se movessem. Tamanha foi a explosão de nosso clímax que estávamos totalmente abatidos, sem tocar-nos, sem movermos e sem reação. Depois de alguns minutos, ainda carregando seu peso, a deitei ao meu lado na cama. Um fio de seu suor escorria por suas costas de forma volumosa e era possível ver as gotículas de suor em suas nádegas e seus braços. Eu por outro lado, estava totalmente banhado em suor, grossas gotas em minha fronte, costas e coxas. Nesse momento pude apreciar seu formoso corpo. Pude apreciar dentro da tranquilidade produzida após ter feito bem o amor, debaixo da tranquilidade do infinito e abaixo da tranquilidade da própria serenidade. Meus olhos percorriam seu corpo, desde seus cabelos desalinhados, até seus calcanhares. Desde suas pintas e sardas nas costas até a linha branca de seu traje de banho em seu traseiro.
Me coloquei de lado, coloquei minha cabeça sobre o braço direito e apreciei seu belo rosto, seu sorriso plácido, seus olhos sonolentos para logo em cair em um profundo sono. Eu me recordo apenas de ter colocado minha mão sobre seu ombro e de lhe dar um beijo na face. Ela nem respondeu, pois também, devido ao cansaço, caiu no sono.
Meu avô tomou outro gole de vinho, era já a terceira garrafa que consumíamos. A fumaça de seu charuto, já não tinha a mesma rapidez, do que naquele momento em descrevia estar na cama com seu copo de neve, mas agora tinha a tranquilidade da bruma do mar. Em seguida se levantou de sua cadeira, caminhou até a janela que fica ao lado do aparelho de som, onde Janos Nagy (tenor) cantava Nessum Dorma, de Turandot. Seu olhar voltou a se perder no vazio, sua cabeça baixa fitava um lugar perdido próximo aos seus pés... suspirou e disse:
- Neto, depois, quando me levantei, ela já não estava... não estava meu copo de neve. Não estava a ternura de sua pele, não estavam minhas sardas e nem minhas pintas, ela havia saído, ido embora.
- Não me despertou, não se despediu, somente me deixou um lenço de seda azul, com um toque de seu aroma e seu perfume, isso foi tudo que restou dela e nada mais.
Levantei-me e me aproximei dele, brinquei em seu copo e lhe disse:
- Nunca avô, nunca mais a viu? A deixou ir?
Então ele me respondeu.
- Não meu neto, não a deixei ir, somente se foi. Me deixou com o melhor dela, tudo foi dito, mas não podia ficar ao meu lado.
Meu avô tinha o olhar perdido, como se estivesse recapitulando tudo que havia me contado. Em seguida se virou para mim e perguntou:
- Como se chama ela? Qual é o nome da mulher que te deixou assim, neto?
Eu lhe disse o nome.
Não houve necessidade alguma de explicar o que eu estava passando. Apenas o olhar de meu avô, me disse o que tinha a fazer. Amá-la enquanto estivesse a meu lado, somente amá-la e apreciar toda a essência da qual jamais esqueceria, ainda que se afastasse de mim. Porque conforme a experiência de meu avô, eu nunca a deixaria ir e ela somente irá se assim ela o desejar.
Me senti mais aliviado, toda pressão desapareceu, enxerguei meu avô de forma diferente. Saber que atrás de seus olhos verdes, de seu rosto forte e de sua armadura, havia um homem capaz de amar com tal intensidade a uma mulher, que nunca a esqueceu e foi capaz de amar com tamanha intensidade minha avó que ainda mantem esse sentimento à flor da pele.
Depois de um longo silêncio, penso em sair do escritório de meu avô. Deveria ter passado mais de três horas nossa conversa. Imaginei que meus tios e primos já haviam se retirado. Caminhei até a porta e meu avô me disse:
- Neto, apague bem o charuto e beba a última gota de vinho e deixe o copo sobre a mesa e então poderá sair. Sorrindo, retrocedo meus passos e depois lhe dou um forte abraço e até mesmo o beijei, abro a porta e saio da sala.
Carlos se aproxima de mim e me disse, isso foi tudo, tanta parcimônia para nada?
- Como para nada, se fiquei quase três horas ali dentro com meu avô?
Carlos então me responde:
- Três horas, ficou maluco, mal passaram sete minutos. Para que você levou o disco para o avô? Não pediu nada a ele? Porque queria conversar com você por último?... Não estou entendendo nada? Fale alguma coisa?
Sete minutos... pensei um momento, fiquei em silencio e pensei... será que tudo foi magico. O vinho sim é magico. Ao pensar nisso, a porta do escritório se abriu e meu avô saiu com seu copo e meus tios se aproximaram para conversar, o levaram para jogar dominó e realmente haviam se passado apenas sete minutos para eles, pois para mim e meu avô haviam se transcorrido mais de três horas de um agradável conto que jamais foi contado.
Depois de conversar com meus primos, meu avô me chamou e me disse.
- Neto sirva-me um pouco mais do vinho, daquele que você gostou.
Todos ficaram em silêncio, admirados, porque meu avô havia me oferecido seu vinho português, o que nunca havia feito com ninguém, nem sequer a seu filho favorito que era Emanuel. Fui até o escritório e me servi, enchi até a tampa o copo de meu avô e quando ia sair vi o álbum, com o qual meu avô tinha saído da outra sala de arquivo, quando ficamos a sós. Ao abri-lo todas as páginas estavam sem fotos, exceto uma, onde uma linda mulher, formosa mulher, de pele branca, cabelo negro com numerosas sardas em seu colo, com uma dedicatória que dizia:
- Eternamente sua e que te amará para sempre, assinava, seu copo de neve, sua feiticeira e sua senhorita cometa.
Meu avô entrou repentinamente, trancou a porta e perguntou:
- Onde está meu vinho
Ao levantar minha cabeça, depois de ver a foto, pergunto ao meu avô:
- Quem é essa mulher tão formosa?
Ele ao se aproximar, retorna a pergunta:
- Que mulher neto?
Esta dessa fot... parei no meio da frase, pois ao olhar novamente para o álbum, não havia nenhuma foto, todo o álbum estava de novo vazio, todas as páginas em branco, exceto uma, onde estava um lenço de seda azul, já amarelado pelo tempo.
Então meu avô me respondeu:
- Não era nada, apenas uma eterna recordação!
A partir desse momento, juro que não me lembro de nada, do que conversei com meu avô naquele escritório, absolutamente nada. Quando lhe perguntei, somente me disse:
- Falamos sobre a vida. Depois simplesmente sorriu.

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Comentários


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Comentou em 16/01/2019

Realmente... Longo, mas muito bom... Parabéns! Votado sim! Leia nossos contos tambem, comente, vote.

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bomaluno1000 Comentou em 23/04/2017

Que segredo...

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Comentou em 25/01/2017

Muito bem escrito. Parabéns.

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kzdopass48es Comentou em 16/01/2017

Anya, maravilhosa historia de amor! o amor tem que ser livre! Só permanece se for verdadeiro!Betto

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trovão Comentou em 16/01/2017

Lindo por demais! Parabéns

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apeduardo Comentou em 16/01/2017

Sensacional, longo, mas sensacional e a modelo escolhida, o copo de neve, não poderia ser mais sensual e provocante, parabens, uma linda estoria de amor.

foto perfil usuario silverprateadosurfer

silverprateadosurfer Comentou em 16/01/2017

Anya, isso não é uma conto é uma estoria de amor, singela, intensa, linda, nos mostra a que estamos expostos com a vida, é muito triste amar e ter que abrir mão desse amor, porque o alvo de nosso amor, não é nosso e sim de outro/outra. Sua afirmação quando diz que temos que deixar ir, que somente permanece do nosso lado se quiser é intensa, profunda, mas principalmente perversa. Votado com louvor.




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Ficha do conto

Foto Perfil anya
anya

Nome do conto:
A estoria jamais contada

Codigo do conto:
95656

Categoria:
Heterosexual

Data da Publicação:
15/01/2017

Quant.de Votos:
15

Quant.de Fotos:
5