O Benefício da Dúvida - cap. VIII

Foi bom não ter nem Gustavo, nem Junior em minha cola. Eu precisava refletir sobre minha vida, até então nunca tinha me relacionado com alguém e hoje estou com dois homem, com defeitos e qualidades, para decidir o que eu queria para a minha vida.
Junior tinha viajado e só voltaria na próxima semana, Gustavo provavelmente ia aparecer na segunda. Liguei a TV e assisti umas séries na Netflix, amei conhecer Anne with an E (Recomendo a todos os leitores). Anne me ensinou a ser corajoso e destemido para conquistar os meus sonhos. Só que ela esperou muito tempo para reconhecer que amava Gilbert Blythe. Mas deu tudo certo!
No fim da noite de domingo Gustavo mandou uma mensagem pedindo para trazer na segunda dois amigos aqui em casa, eram de longe e ele tinha que dar atenção aos dois, e para não ficar longe de mim preferia traze-los. Acho que estava rolando um congresso acadêmico durante o dia, e a noite os caras ficavam sem fazer nada, ele queria trazer aqui em casa pra distrairem a mente.
Pela tarde recebo os colegas de Junior na maior hospitalidade. Eles pareciam se conhecerem a anos. Os carinhas eram bonitos demais, um até ficou flertando comigo, fingi que não estava percebendo nada, tudo o que menos queria era briga. Quando estavam para ir embora agradeceram e o mais atrevido chamado Marconi me deu um abraço e falou no meu ouvido:
-Você é uma delícia, minha pica te adorou conhecer. Deixei meu número escondido entre o livro da mesinha, me liga para marcarmos uma fodo gostosa.
Gustavo nem percebeu a investida de Marconi!
Passamos o resto do dia conversando. Ele me perguntou o que achei dos pais dele, fui sincero ao dizer que amei conhecer a mãe dele. Só isso.
- caso você não se importar trarei outros dois amigos aqui amanhã, ok?
- tudo bem. Eu até gosto, quando morava com meus pais a casa só vivia cheia, e aqui não tenho quase contato nenhum.
Os amigos dele não sabia que éramos namorados, Gustavo dizia ser arriscado falar sobre o nosso relacionamento pois a corporação era preconceituosa. Essa situação de privação me deixava triste pois fingiamos ser amigos de longas datas, nada de beijos e carícias na frente deles. Ficava cansado de esconder quem eu sou, pois já tinha me assumido para meus pais, era praticamente obrigado a omitir minha sexualidade diante dos colegas dele.
Isso foi motivo de discussões, claro que ele sempre achava que era o certo e eu o errado da historia, e caso tivesse uma briga eu corria atrás dele pedindo desculpas por algo que eu não tinha culpa. Ficava amedrontado de expor minha indignação com medo de perde-lo.
A paciência foi pra puta que pariu quando ele trouxe Fagner e Marcos (dois dos amigos) aqui em casa. Estava de boa conversando com eles até surgir o assunto de sexualidade, tentei me conter ao máximo
- mano todo viado gosta de pica, é só estalar o dedo que eles vem querendo mamar, odeio eles. - Respirei fundo e senti Gustavo me olhar com repreensão. Deixei passar!
Pela segunda vez ele fez um comentário pior:
- outro dia um viado veio cheio de gracinha pro meu lado, dei de porrada nele. Deixei ele todo roxo para aprender a não me olhar nunca mais.
- certo que eles são assim todos afetados, mais bater não é a solução. - falou Marcos o outro amigo de Gustavo.
Eu só olhava para Gustavo e esperava ele dar uma resposta devida, mais ele ria de maneira hipócrita concordando com aquele cara bostejando pela boca. Ele só pode ter achado aqueles amigos no lixão. Levantei com raiva e fui para cozinha por conta do nojo que sentia e não querer desagradar meu namorado.
- relaxa Otávio, os caras só estão na gastação.
- gastação? Você tem noção do tanto de atrocidade eu tô ouvindo sendo gay e tendo que ficar calado para te agradar?
- você tá sendo radical com meus amigos. - saiu me dando as costas.
Contei até 10, respirei fundo e fui me juntar a eles por respeito a Gustavo. Foi uma péssima idéia!
- viado tinha que ser considerado como doença. - Fagner disse com cara de nojo.
- Homofobia tambem deveria ser. Mas as vezes eu acho que alguns homofóbicos senão todos, gostariam de estar no lugar dos Gays.
- você tá de brincadeira né mano. - gostejou Fagner
- eu? Jamais!
- só pensa assim quem é viado também.- disse Fagner.
- EU PENSO ASSIM.- sustentei o olhar, não aguentava mais ser omisso diante daquela situação.
- sério Gustavo que você tem amizade com viado é ainda trás a gente pra casa dessa bichinha? - eu olhei atento para Gustavo. Queria ver a resposta dele, se iria me proteger diante daquela ofensa.
- sai fora mano, você mesmo sabe que odeio essas paradas. Da nojo!- Gustavo falou para agradar os amigos dele. Senti uma dor no coração, mais precisava ser forte e racional. Não deixaria passar!
- como já estão sabendo sou gay, e se não sou bem vindo na vida de vocês pelo que sou, eu também não os quero em minha vida. Podem se retirar da minha casa e não voltem mais aqui.
Eles não falaram nada, pegou as chaves do carro em cima do centro e foram embora, Gustavo foi junto. Dei graças por não tê-los perto de mim. Cerca de 20 minutos Gustavo apareceu com o satanas no corpo pronto para despejar sua ira por achar que eu estava errado, só que dessa vez eu não iria deixar ele me dobrar, estava preparado para enfrenta-lo!
- quem você pensa que é para falar assim com meus amigos?
- o dono desta casa. Eu não vou me reprimir pra te agradar ou fazer sala para homofóbicos. Aquele cara foi extremamente grosseiro, me desrespeitou e você não foi homem para me defender!
- meus amigos não gosta dessa parada. Todos são heteros.
- jura? Então abra aquele livro e veja o que está escrito em um papel deixado por "seus amigos". - Ele abriu o livro e lá tinha o bilhete de do carinha que veio aqui no dia anterior escrito: você é uma delícia, desejo muito manter o contato e quem sabe marcarmos uma foda no sigilo, gostoso. Meu número é ....
Gustavo ficou ainda mais possesso quando leu.
- por sua causa eles nem falaram comigo direito. Acham que eu sou viado que nem você! - falou exaltado e vindo pra cima.
- Oi? Lógico que você não é com eu. Não sou hipócrita tão pouco covarde por preferir ver meus amigos humilhar a pessoa que amo e ficar calado para ser aceito em um padrão que não me cabe. Se eu não sirvo para você, vá embora e deixe eu seguir a minha vida. Prefiro ficar só do que abrir mão de minha liberdade para agradar um hipócrita como você! - recebi tapa forte em meu rosto.
- já chega.
Respirei fundo coloquei a mão no rosto e olhei sério para ele. A troca de olhar foi tão tensa que ele caiu na real pela besteira que fez. Gustavo tentou me tocar mais desviei de sua mão, entrei no quarto de hóspedes fiquei lá pensando em tudo, foram 5 h de reflexão. Será que seria sempre assim caso eu escolhesse ele como meu namorado? O que aconteceria se eu fizesse algo contrário à opinião dele, resolveria na porrada? Viveria em um relacionamento abusivo?
Gustavo não veio atrás de mim, e eu não ouvi sua voz durante esse tempo.
Tomei coragem, abri a porta. Na sala e na cozinha ele não estava. Sai até o portão e seu carro estava estacionado na rua. Entrei e fui no meu quarto e lá estava ele, dormindo como se nada tivesse acontecido. Ele precisava de uma lição pelo que fez, não iria deixar barato aquele tapa.
Coloquei uma panela com água no fogo, tomei um banho rápido. Peguei 15 facas de todo tipo que estavam no armário. Entrei no quarto ele ainda estava dormindo. Arrumei as facas em volta do seu corpo!
Olhei do lado e vi sua arma no criado mudo, tive outra idéia kkk. Peguei ela e tirei todas as balas guardando-as em uma gaveta. Fui até a cozinha e peguei a panela fervendo, respirei fundo. Com a arma na mão direita dei um tapa tão forte em seu rosto que a zoada ecoou pelo quarto, os dedos ficaram certinho no rosto, ele ficou assustado. Gustavo levantou atônito e olhou em volta da cama as inúmeras facas. Mas o medo foi maior quando viu a arma em minha mão apontada para a sua cabeça, e na outra a panela de água fervendo.
- o quê é isso Otávio?
- A hora do acerto de contas! Ou você achou que o tapa foi de graça? - falei com sarcasmo.

Continua...


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Comentários


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potiguar91 Comentou em 04/06/2020

Tem que ser assim mesmo, antes só do que mal acompanhado. Relacionamento tem que ser libertador e não opressor.

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rajkumarwess Comentou em 04/06/2020

Nossa... Gustavo é otário. Acabei de crer! Otávio... quero só ver até onde ele vai com esse... " relacionamento"?.

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gustavopassivorondon Comentou em 03/06/2020

Tá muito louco... Tô amando.

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coroaaventura Comentou em 03/06/2020

UAU! LOUCURA ISTO! ARRISCADO DEMAIS. NÃO PRECISAVA DISTO.




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Ficha do conto

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Nome do conto:
O Benefício da Dúvida - cap. VIII

Codigo do conto:
157472

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
03/06/2020

Quant.de Votos:
9

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