O Aluno Novo – Capítulo 12.

– Calma. – Falo interrompendo o beijo e olhando em seus olhos. – Eu não posso fazer, não podemos fazer, você vai me magoar de novo, vou me sentir um lixo de novo. Preciso sair daqui.

– Eu gosto de você e quero ficar com você. – Yuri fala segurando na minha mão.

– Você já disse isso uma vez e no fim correu para outra pessoa. – Saio da cama e vou caminhando até a porta.

– Felipe eu já pedi desculpas, eu estava confuso. Eu não quero mais te magoar, só quero ficar com você caramba!

– Yuri, estou cansado de só ficar, não quero mais isso, preciso de alguém para ver filme junto, ir passear, conversar sobre a vida, você infelizmente não pode me dar isso. Eu não posso exigir que você se assuma pra escola toda só porque quero andar de mão dada com você. Isso seria injusto. – Abro a porta do quarto. – Por favor, não venha atrás de mim, é melhor assim.

Saio do quarto e ele fica lá em silêncio. Sinto meu olho arder e começo a chorar no meio da festa, quero ir embora daqui. Procuro Brenda no meio das pessoas, preciso dela agora.

– Brenda! – Grito assim que vejo ela de longe.

– Nossa Fe, onde você estava, o banheiro era tão longe assim? Ei, você tá chorando? O que aconteceu? Quer ir embora?

Balanço a cabeça em sinal de confirmação pra ultima pergunta dela. Ela me abraça e vamos caminhando até a minha casa em silêncio. Sinto as lágrimas escorrendo pelo meu rosto. Sinto raiva de mim mesmo, posso ter perdido o Yuri por causa da besteira que eu falei, nossa como eu sou idiota!

Assim que chegamos em casa, vou direto para o banheiro limpar meu rosto e um milhão de pensamentos assombram minha cabeça. Eu gosto dele, porque recusei tentar? Podia ser escondido no começo, só nós dois, com o tempo ele se assumia, eu conseguia esperar. IDIOTA IDIOTA IDIOTA!

– Agora me conta, o que aconteceu? – Brenda me questiona assim que eu saio do banheiro.

– Eu encontrei com o Yuri enquanto estava procurando o banheiro, eu entrei no cômodo e dei de cara com ele.

– E o que esse babaca fez dessa vez?

– Nada, juro. Dessa vez o vilão da história sou eu. Ele se declarou pra mim. – Começo a chorar de novo.

– Meu...Deus. Mas ele não estava com a Melissa? Pera, ele não era hétero?

– Ele se descobriu bi e terminou com a Melissa porque gosta de mim e eu estraguei tudo.

– Calma vem aqui me abraça. – Brenda me abraça e caminha comigo até o sofá. – Deita aqui no meu colo, me conta tudo.

– Ele se assumiu pra mim, nos beijamos e eu disse que não podia fazer aquilo, falei que queria alguém pra namorar e andar de mão dada em público, não podia fazer ele se assumiu pra escola toda só porque queria fazer isso, então disse que era melhor a gente não ter nada e EU ESTRAGUEI TUDO! – Começo a soluçar.

– Calma amigo, você não estragou nada. Ia ser pior se tivesse forçado ele a se assumir, ele ainda não está pronto, você fez certo em pedir pra se afastar. Talvez uma hora role de vocês ficarem juntos, tipo em público e afins quando ele já estiver pronto.

– Te amo.

– Te amo. – Ela da um beijo na minha testa.

Acordo sozinho no sofá e olho a hora no celular, já são duas da tarde. Vejo as minhas notificações e tem três mensagens de Brenda falando que foi embora assim que eu dormi. Estou com uma dor de cabeça horrível, tomo um banho, como alguma coisa e deito na minha cama. Só quero dormir até amanhã pra não pensar em nada do que rolou na festa.

– Felipe acorda, vai se atrasar pra escola. – Minha mãe fala me chacoalhando.

– Oi? Escola? Hoje não é domingo? – Falo confuso e sonolento.

– Felipe, hoje é segunda, chegamos em casa ontem à noite e você já estava aqui dormindo, a festa pelo jeito foi boa.

– Ah verdade eu fui em uma festa, foi boa sim, nossa estava tão cansado.

– Agora chega, o final de semana acabou, vai tomar banho pra não se atrasar.

– Tá bom.

Levanto com a maior preguiça do mundo, lembro de tudo que rolou na festa, mas da maneira mais confusa possível, sei do fora que dei no Yuri, olhar ele hoje não vai ser fácil, ele foi sincero comigo sobre seus sentimentos e eu simplesmente joguei um balde de água fria nele.

(CONTINUA)