Mágoa (fragmentos de um romance)

Mágoa (fragmentos de um romance)

Vai dor e lamento profundamente. Eu não quero ser condescendente com você e continuar dizendo que eu queria que você fosse feliz – que terminar é para melhorar as coisas para você – você sabia que havia algo que eu escondia quando terminamos. Você me amou até o final, eu segurei você tempo suficiente para fazer você “amar” alguém como eu. Eu precisei de você. Eu te amei porque você me deixou me agarrar a você para que eu pudesse mudar de rumo. De alguma forma, o destino permitiu que nossos universos se tocassem – e quando o fizeram, eu não o deixei ir. Você me amou, mesmo que tenhamos brigado por coisas mesquinhas. Tínhamos tanta paixão, apesar de tudo que qualquer um de nós, tornou-se oposição ao que nós dois realmente sentíamos.

Quando terminamos, você perguntou: "mas como eu mudei sua vida? O que isso significa?" Significa que o amor não é perfeito, o amor pode ir e vir quando estiver pronto, como se fosse um terceiro que tem seu próprio livre arbítrio. Pode deixar você se sentindo como se o mar fosse puxado para trás pela lua. Pode parecer um instante que o derruba em sua presença e, ao passar, você sente que nunca esteve lá. O amor pode ser como aquela cara engraçada que desenharam no blindex do chuveiro, e que a gente ainda a vê quando fica cheio de vapor, e isso não faz seu coração afundar, ela simplesmente está lá, e eu não consigo atinar por que tem esse sorriso malicioso no rosto enquanto depilo as pernas. Antes de você, o amor me fez uma vítima.

Nosso amor era como dirigir em uma tempestade; sentindo cada gota atingindo você mais forte do que qualquer outra coisa que você estava olhando por dentro. O carro abafado e a chuva criariam o mais poderoso e pesado dos silêncios: eu tocaria seus joelhos, suas mãos, e naquele momento eu acreditaria que éramos realmente lindos e que nosso amor parecia um carro rápido e molhado e que você também sentiu. Embora, às vezes, nosso amor pareça a percepção que você tem quando seus limpadores de pára-brisa ainda estão rangendo ao longo do vidro seco, muitos momentos depois que a tempestade passou.

Nossa linguagem corporal sempre foi estranha em fotos e na vida real; ouvíamos com frequência “é tão aleatório que vocês dois estjam namorando”, ou o meu favorito era “como você engravidou dele?” – eu não fazia parte da sua turma. Ele era seu amigo. Ele não era um dos amigos originais com os quais você se identificava tão fortemente, mas um verdadeiro amigo seu. Quando ele veio ao redor, eu senti como se pudesse respirar. Senti meus ombros relaxarem, senti um calor perto dele, senti como se pudesse dizer coisas em voz alta perto dele, que geralmente guardava dentro da minha cabeça quando estava perto de você e seus amigos... Ele por algum motivo, sempre ouvia tudo, e ele viu tudo. Ele sentiu o que eu diria, e sabia o lugar que veio de dentro de mim, mesmo antes de eu falar. Nas festas eu sempre tinha que voltar e me despedir dele. Eu nunca quis estar com ele quando meu corpo abraçou sua presença, Eu ainda queria ser sua namorada, porque eu ainda precisava de você. Ele era nosso amigo; embora eu nunca desonre o fato de que ele era seu amigo primeiro.

Naquele verão, senti por ele sentimentos que não podiam ser ignorados, sentimentos que eu esperava, temia e abraçava. Esperado, porque eu sabia que quando o encontrasse, eu te deixaria, só não sabia quem ele era. Quando todos os nossos amigos apareceram, minha mãe mencionou que eu estava diferente perto dele, mas diferente no sentido de que finalmente era eu mesma novamente: “Quem é ele?”… “ele é nosso amigo”, seu rosto pela primeira vez desde o dilúvio, relaxado, e ela disse apontando o dedo para mim, “você deveria se casar com aquele cara”. Medo, porque eu sabia que não podia imaginar minha vida com você e nunca tive, e medo porque eu sabia que iria embora com tanta pressa em algum momento. Eu sabia que era cruel e sabia que estava com você por desespero (originalmente), mas, novamente, acho que você também foi. Senti medo de explicar para ele como me sentia, porque isso significava colocar tudo em risco; ele e eu perderíamos seu respeito, perderíamos o respeito dos nossos amigos, e teríamos que aceitar que as pessoas eventualmente seguiriam em frente e perdoariam, mas não seria tão logo.

Você e eu nos conhecemos na Mouraria ouvindo o fado do Embuçado. Estava chovendo como um presente ou presságio. Ambos igualmente vergonhosos, timidamente cautelosos.

Com o passar dos dias, foi quase um ano de entrega corporal sem reservas a você; Lembro-me de como me encaixava debaixo do seu queixo quando gozávamos num abraço de orgasmo intenso, demorado... depois conversávamos quando você voltava a endurecer. Havia tanta fragilidade gerada em ternura enquanto eu o abraçava impregnada de sêmen. Sempre que ouço as músicas que você costumava oferecer para mim, fico triste e feliz. Agora, só posso me lembrar vagamente de como você usa seu rosto quando fala, ou me lembro do falo rijo em suas mãos que me olhavas lúbrico. Penso em como, quando nos encontrarmos, terei que dizer algo mais do que “como você tem passado?” A reticência nunca foi meu traço mais forte - na verdade, muitas vezes é o meu mais fraco. Não ser capaz de explicar a você como tudo parecia incompleto quando não fui eu quem disse que me apaixonei por seu amigo, é algo que vai parecer (quando finalmente acontecer) tão dramático, e “ex-namorada” – o clássico “um pouco tarde demais”. Eu odeio o clichê; “como se alguém neste planeta não conhecesse um casal que se engajou no amor verdadeiro, foi assim que o conheci ”. Eu nunca te desvalorizei, ou segui em frente substituindo você por seu amigo. Talvez eu até pareça patética ao falar demais para tentar embaraçosamente reconquistar seu respeito. Acho que não importa o que aconteça, vai doer e se sentir desconfortável, mas não importa que eu lhe deva um pedido de desculpas em algum momento. É apenas uma questão de como eu escolhi fazer isso... Embora, eu acho que encontrar você em um show ou com sua nova namorada, seria muito perturbador. Às vezes eu sinto que um telefonema do nada ou talvez ver você na rua quando nós dois não temos nenhum lugar para estar, funcionaria. e “ex-namorada” – o clássico “pleo pouco tarde demais”. Eu odeio o clichê; “como se alguém neste planeta não conhecesse um casal que se engajou no amor verdadeiro, foi assim que conheci seu pai”. Eu nunca te desvalorizei, ou segui em frente substituindo você por seu amigo. Talvez eu até pareça patético ao falar demais para tentar embaraçosamente reconquistar seu respeito. Acho que não importa o que aconteça, vai doer e se sentir desconfortável, mas não importa o que eu lhe devo um pedido de desculpas em algum momento. É apenas uma questão de como eu escolhi fazer isso... Embora, eu acho que encontrar você em um show ou com sua nova garota, seria muito perturbador. Às vezes eu sinto que um telefonema do nada ou talvez ver você na rua quando nós dois não temos nenhum lugar para estar e nada a dizer...

É só!

Agora estou feliz e livre de precisar de alguém e estou agradecida por ter conhecido você. Ter sido sua e você ter sido meu. Não só porque você foi o atalho para eu conhecer o amor da minha vida, mas porque você me mostrou que o amor pode mudar de uma foda rápida e molhada para um sentimento de perene gratidão incessante. Se eu não tivesse te conhecido, teria destruído minha juventude. Eu nunca saberia o que era sentir-se verdadeiramente viva e verdadeiramente mulher. Sou muito grata por todos os momentos que compartilhamos que nos fizeram passar por coisas que ninguém além de nós mesmos entenderá. Acho que parte de mim anseia por essa reciprocidade, mas acima de tudo pelo seu perdão... Talvez esse silêncio, esse novo amor e essa nova vida que cada um de nós tem, seja suficiente. Acho que esse exemplo é quando o amor se torna uma sensação de acolhimento que só a visão do amor pode nos dar quando duas pessoas, como nós, foram amantes...