2.
De branco, como os versos de um poema
sem rima nem métrica.
Livre de espartilhos, só com um véu
que quase lhe desvenda o mamilo
e escancara a beleza assimétrica.
3.
Sonhei-nos num amplexo infindável.
Como se tivesse medo de te perder,
reclinado sobre o teu cabelo negro
uma mão segurando a cintura esguia
e a outra viajando no teu dorso,
depois escorregando na madeira fria
e finalmente repousando no teu coto,
como quem diz sem ser por palavras:
Que deslumbrante és, mulher querida!
4.
Tocaste-me profundamente!
Sem te dares conta,
amor platónico,
ausente mas presente, tão distante.
Mas o oceano pouco monta
para o pensamento livre, enamorado... errante.
5.
O amor não me engane com esta lonjura,
Este ecrã branco, esta coisa fria,
que só poder ver-te me traz amargura!
Embarga-me a voz num grito mudo.
e só teu sorriso cheio me enche a vida
triste de tão distante que é o teu mundo,
Luciana querida.
6.
É pela Internet que te olho nos olhos
e sempre que fixas os olhos da câmara
Imagino-te a olhar-me... sem escolhos!
7.
Fugiu-me a mão ao controlo.
Escapou-se sem dizer nada,
roubou-te o seio arfante,
assaltou-te o ventre quente
e fixou-se, determinada, no colo.
Explorou gulosamente o teu jardim
descobriu, florejante, um lindo broto.
E como quem abre uma prenda rara
afagou lenta e ternamente o teu coto.
8. O TEU PÉ
Com leves toques, quase despercebidos,
despertaste-me os sentidos.
Distraída? Inocente?
Tocaste-me com a perna, tocaste-me a alma!
Tremi, tentei manter a calma.
Inocente? Aparente…
Com o pé, descoberto, me chamaste,
com o tato do pé me cativaste!
Assim, de repente…
O teu pé, distraído, tão sensual,
despertou-me o instinto animal.
Rugi, silenciosamente.
Sem qualquer remorso o aprisionei
e sem pudor o acariciei
mas não impulsivamente!
Estudei-lhe a anatomia, senti a temperatura,
gravei para memória futura,
p’ra recordar… apaixonadamente!
9.
A praia deserta
e o meu coração cheio,
aos saltos com batida incerta,
a ver-te deitada na areia, desnudada!
O teu corpo cintilando ao Sol
repleto de gotas frescas
de água límpida, salgada
10.
Uma muleta em vez da perna,
graciosa, não anda, desliza
com a leveza de uma gazela.
Olhares furtivos e indiscretos,
ignora-os, não lhes liga…
naquela hora o mundo é dela!