Há dez anos regressei à Universidade para obter o grau académico de Mestre. Concluída a parte curricular, havia necessidade de encontrar um tema/problema sobre o qual deveria desenvolver a minha investigação e escolher entre os professores um que orientasse essa investigação. Escolhi intencionalmente uma professora, por uma razão de força maior que pouco tinha a ver com o trabalho académico: era amputada da perna esquerda.
Havia um ano letivo que aquela professora não me saía da cabeça, desde o dia em que a vi entrar pela primeira vez na sala onde decorriam os seminários, coxeando com o ritmo e o balanço típico de quem usa uma prótese transfemural. Usava sempre calças ou saia comprida e sapatos práticos, sem salto, para dissimular a prótese, que, todavia, não dissimulavam o corpo bem proporcionado de uma mulher alta, bem constituída sem ser obesa e da minha idade, ou seja, cinquentona.
Em aula parecia uma mulher fria, a quem não se via um sorriso, limitando-se a fazer o seu trabalho com competência, mas sem uma relação empática com os estudantes. Durante um tempo pensei que fosse uma mulher amargurada pelo trauma da amputação, mas depois que começou a receber-me no seu gabinete para trabalharmos sobre a minha investigação, mudei de opinião. Em privado a Professora Doutora Guilhermina era muito mais afetuosa e não se limitava a falar apenas das questões académicas.
Sentados lado a lado para trabalhar eu, com muito cuidado, tentava sempre aproximar-me para poder sentir a rigidez da sua “perna”, o que aconteceu várias vezes. Ela, se percebeu, nunca o deu a entender. Aqueles momentos eram um misto de tortura e de prazer. Tortura, porque era suposto estar concentrado no trabalho, mas sem conseguir, e prazer por ter a meu lado uma e bonita e interessante mulher amputada que me fazia viajar pela imaginação: seria amputada há muito tempo? Porque teria sido amputada? Como seria o seu coto?
Depois de quase um ano de trabalho aconteceu o milagre! Certo dia ela trancou a porta e, dizendo que precisava de um intervalo, pediu para me sentar com ela no sofá que estava ao fundo do gabinete. Olhou-me, pousou a mão na minha perna e disparou “Já nos conhecemos há tempo suficiente para nos tratarmos por “tu”, importas-te, João? Os meus amigos chamam-me Gui; Guilhermina é antigo e comprido, na verdade não gosto muito, mas… deram-me o nome da minha avó.” Claro que não me importava e disse-lhe que só não o tinha feito já por respeito pelo seu estatuto.
O gelo tinha-se quebrado e depois de mais alguma conversa de circunstância ela disse-me que ultimamente sentia dificuldade em concentrar-se quando trabalhava comigo e que a sua cabeça, ali e fora do gabinete, divagava para outros ambientes dos quais eu também fazia parte. E continuou dizendo que tinha reparado como eu a olhava, o que a fazia sentir-se cortejada… desejada, “Será que… me enganei?”
Em vez de responder, arrisquei e beijei-a na face demoradamente. Fui aproximando os meus lábios dos dela e as nossas línguas tocaram-se pela primeira vez enquanto os braços se entrelaçaram. Beijámo-nos durante uns minutos que me pareceram uma eternidade e depois, mais afoito, enchi uma mão com o seu seio. Ela não me repeliu e a arfar procurou o meu pénis intumescido. Foi o sinal para lhe desabotoar a blusa, afastar o soutien e sugar-lhe os mamilos à vez, sem pressa. Os meus lábios viandantes continuaram o passeio enquanto a mão já lhe havia desabotoado as calças e ela soergueu-se o suficiente para que eu as puxasse para baixo. Sem olhar, a minha mão foi explorando e sentiu, primeiro a proteção gelatinosa, depois o plástico duro do encaixe e nesse momento ela travou o meu avanço alertando-me para o que eu já sabia que iria encontrar. Com um sorriso tranquilizador acariciei-lhe as duas pernas, uma de pele branca e sedosa, a outra de uma conjugação de materiais com um look hi-tech.
Então, pediu-me para esperar enquanto tirava um creme da mala e, com a desenvoltura de quem o faz com frequência, abriu a válvula que provoca o vácuo, retirou o encaixe, depois a proteção de gel, expondo completamente o coto, um pouco apreensiva com a minha reação, enquanto me estendia a mão com o creme. “O meu coto está dorido, precisa de uma massagem”.
Olhei-o com ternura, enquanto abria a embalagem de creme. Tinha não mais que um palmo, uma forma arredondada que mais parecia um seio sem mamilo e a cicatriz, quase impercetível, de uma amputação cirúrgica já antiga. Ela ergueu-o e afagou a extremidade. “Não sei se foi boa ideia, mas troquei a perna por este coto por causa de um tumor. Tinha 14 anos. Achas horrível?” Depois deixou-o em repouso à minha espera.
“Claro que não, Gui! Acho que a genética e o cirurgião fizeram um excelente trabalho colaborativo. És linda e este coto torna-te linda e única!”, respondi-lhe enquanto espalhava o creme por toda a superfície, desde a cicatriz até à virilha, invadindo intencionalmente o lábio da vulva por baixo da roupa íntima. Ela sorriu e ergueu o coto para me facilitar a tarefa. “Ahh, isso sabe tão bem! E ainda sabe melhor por perceber que não te importas que eu só tenha uma perna”.
Fiz tenção de me despir, mas ela interrompeu-me “Aqui não… eu moro perto!”. Teria sido uma desilusão se não fosse a expectativa de algo extraordinário que se anunciava.
Desta vez, o Uber fui eu e conduzi-a até à sua casa no bairro de Alvalade. Morava no rés-do-chão de um prédio antigo e ao entrar senti o conforto de uma casa antiga, com história, mas decorada com mobiliário moderno, num estilo clean e funcional. Largou a mochila e sentou-se num banco enquanto dizia autoritária, mas com um sorriso, “Aqui ninguém entra com sapatos”. Descalçou primeiro o seu único pé e depois revirou a prótese ao alto para tirar a outra sabrina. Segui-lhe o exemplo… a tirar os sapatos.
“Estou esfomeada. Vou pedir uma pizza para ser mais rápido, OK? E enquanto ela chega vou vestir algo mais confortável. Se quiseres ir à casa de banho é nesta porta. Ali há música, podes escolher. Eu já venho”.
Fui ao WC tratar de uma necessidade fisiológica e aproveitei para apagar os vestígios dos nossos enlaces amorosos que tinham provocado a erupção dos primeiros fluidos. Depois fui para a sala de estar. Tinha várias estantes com uma coleção bem razoável de CD e discos vinil que me chamou a atenção. O seu gosto musical é eclético e tive dificuldade na escolha mas, depois de alguma hesitação, optei por um clássico do Jazz - Charles Mingus - que, a avaliar pelo desgaste da capa, devia ser um dos seus preferidos. Sentei-me no sofá a apreciar os primeiros compassos e fechei os olhos a pensar que me tinha saído a lotaria. Distante, ouvia-se a água do duche a correr.
Daí a algum tempo, aquele som inconfundível de muletas canadianas em deslocação despertou uma sirene silenciosa e, ao olhá-la, levantei-me com admiração. Tinha vestido um robe de turco rosa, calçava uma havaiana e tinha o cabelo louro apanhado com uma mola.
“Ao fim de um dia de prótese o coto merece descansar”, dizia enquanto se aproximava de mim. “Espero que não seja uma desilusão e que…” Não a deixei terminar e silenciei-a com um beijo prolongado enquanto uma das minhas mãos lhe percorria o dorso e depois o glúteo, para atingir o coto. Mas eis que tocou a campainha da porta e eu com um esgar fingido “Ahh, salva pelo gongo!”.
Ela riu-se, pediu-me para receber a pizza e foi para a cozinha. Quando a reencontrei, tinha largado as muletas na esquina e aos pulos ia levando os pratos e os copos do armário para a mesa. Uma tentação! A cada pulo ela erguia o coto cuja forma se adivinhava por baixo do robe, enquanto os seios balançavam tentando fugir pelo decote. “Não gosto de saltar, mas às vezes tem que ser”.
“Pois eu acho que ficas extremamente sexy e tenho uma coisa a confessar… estou a contar-me porque desde que vieste do quarto que me estás a deixar a libido em sobressalto!”
“Primeiro vamos ganhar energia porque desconfio que vamos precisar. Escolhe ali uma garrafa para acompanhar a pizza e vamos devorá-la… antes de nos devorarmos.”
Sentámo-nos em frente um do outro e fomos degustando a pizza e o “Tapada das Lebres”, um vinho tinto do Alentejo que já conhecia, encorpado, que casava lindamente com o repasto. Enquanto saciávamos a fome, trocámos risos e graças, cada vez mais apimentadas, até que a vi sacudir o pé para se libertar da havaiana. Recostou-se e começou a tatear a minha perna, primeiro na canela e cada vez mais acima até encontrar o volume do meu pénis. Segurei-lhe o pé pelo calcanhar enquanto ela me continuava a massajar e aí pude contemplá-lo com pormenor. Acariciei-o, senti-lhe a textura macia da sola, o calor húmido, analisei-lhe as formas e massajei os dedos um a um. Um pé escultural, lindo, muito bem cuidado, as unhas decoradas com um verniz carmim brilhante e um joanete ligeiramente pronunciado que, como já referi noutros contos, é uma das minhas predileções. Percebi que ela se deliciava com a situação e ao fim de alguns minutos tateou novamente o volume entre as minhas pernas e quebrou o silêncio com um sorriso malandro “Hummmm, sinais exteriores de riqueza?! Vamos.” Enquanto calçava a havaiana e pegava nas muletas perguntou-me “Ajudas esta pobre perneta? Trazes a garrafa e os copos para a sala?”
Segui-lhe os passos compassados, primeiro o avanço das muletas, depois a perna solitária… e o meu desejo a aumentar! Aproximou-se do sofá, sentou-se, colocou as muletas no chão e depois instalou-se relaxadamente com a perna fletida e o coto descansando, inerte, sobre a sola do pé. Pus outro disco a tocar, depois sentei-me ao seu lado, reforcei o líquido nos copos e propus “Vamos brindar ao nosso encontro, depois de tanto tempo em que andámos no mesmo sentido, mas em vias desniveladas”. Os nossos copos chocaram, sorvemos um golo e depois de os colocar sobre a mesa aproximei-me e beijei-a ternamente.
Primeiro os lábios, tão ou mais ardentes como os meus, depois o pescoço e seguidamente aquele vale encantado no seguimento do esterno. Ela descruzou “as pernas”, entrelaçou a perna que lhe resta à minha perna esquerda, procurou com o coto a minha masculinidade e agarrou-me a cabeça como se me quisesse indicar o caminho para o seio. Demorei-me intencionalmente a chupar-lhe o mamilo e a lamber-lhe a auréola rosada. Arfando ruidosamente, afastou o robe e expôs o outro seio para que não ficasse com inveja.
Fiz um compasso para me livrar da pouca roupa que já tinha vestida, depois desatei-lhe o laço do robe, afastei totalmente as duas abas e continuei a incursão pelo umbigo, pelo monte de vénus e, num assalto, conquistei-lhe os lábios vaginais. Ela abriu “as pernas” ao máximo e eu ajudei-a segurando-lhe o coto com a mão direita. Corria-lhe entre as coxas um rio doce que me inebriou, introduzi a língua o mais fundo que consegui e assim que comecei a chupar-lhe o clitóris intumescido, desatou em convulsões “Sim, sim, não pares, não pares, NÃO PARES, estou a vir-me, LEVA-ME, LEVA A-ME!”.
No meio das convulsões sentia-lhe o coto irrequieto e, envolto entre os músculos decepados, o que lhe restara do fémur. Foi uma sensação indescritível que ainda acicatou mais o meu desejo.
Após uns segundos de descanso, a Gui puxou-me para cima e provou dos seus próprios fluidos na minha boca. “João, foi tão bom, tão bom! Acho que vais fazer Mestrado, Doutoramento, Pós-Doutoramento, Especialização…” Com o coto, começou a balançar-me o pénis e quando eu já quase não me aguentava e estava prestes a explodir, orientou-o para a sua vulva com uma mão e, mandona, ordenou “FODE-ME JÁ!”. Não tardou muito para que os dois atingíssemos um enorme orgasmo quase simultâneo.
Permanecemos abraçados, o mundo poderia acabar naquele momento que eu morreria feliz, e quando recuperámos sentámo-nos lado a lado com os braços cruzados, ela a brincar com os meus testículos e eu com o seu coto. “Falta-me uma perna, mas tudo o resto funciona bem!” disse, reclinando a cabeça sobre o meu ombro. E eu respondi “Gui, não te falta nada que faça realmente falta. Para mim és uma mulher perfeita e a amputação não te diminui, pelo contrário, torna-te muito mais sexy.”
“Ummm, sabes mesmo galantear-me! Na verdade, não tenho ouvido isso muitas vezes… aliás, acho que nunca o tinha ouvido, para ser sincera. Tive um namorado que só me subtraía e aguentei-o até ao dia em que ele me atirou à cara que me tinha aceitado como eu era… e outro, meu colega na Universidade, que me amava muito, dizia, mas só dentro de portas, em público tinha vergonha da minha condição, sobretudo quando eu tinha que usar as muletas. Depois fui tendo uns encontros mais ou menos românticos, ocasionais, mais por curiosidade que por outra coisa. Quando a curiosidade fica satisfeita vão embora… João, és um encontro ocasional?”
“Querida Gui, também tive os meus namoros mais ou menos ocasionais, mas nunca tinha sentido por uma mulher aquilo que sinto hoje contigo. Acho que sim, vais ter que continuar a ser a minha Professora, a minha orientadora de investigação, durante muito tempo!”
“De acordo”, concluiu com um sorriso e depois perguntou “Tens programa para hoje, algum compromisso?”
“Não… e se tivesse adiava!”
“Fica comigo esta noite. Não quero que ela acabe já… e acho que amanhã vou faltar ao trabalho!”
“Faltamos?”, perguntei com um sorriso malandro e abracei-a com força.
“Anda, vamos ali para dentro”. Levantou-se, recompôs o robe e o cabelo, apanhou as muletas do chão e calçou a havaiana. Mostrei a intenção de vestir qualquer coisa, mas ela disse-me para deixar a roupa ali e começou a andar na direção do quarto. Era espaçoso e numa esquina, lá ao fundo, encontravam-se a prótese, uma muleta axilar de madeira, uma cadeira de rodas, fechada, mas o que me chamou logo a atenção foi a “perna de pau”! Bem, na verdade é de metal, mas basicamente é uma haste fixa que termina com um tacão de borracha preta, como as pernas de pau do passado, e, na outra extremidade, o encaixe de um material translúcido para o coto.
“São as minhas companheiras para todas as ocasiões. Durante o dia uso sempre a prótese, a não ser quando ela precisa de um ajuste, ou quando há qualquer problema no coto. Em casa ando quase sempre com aquela, tipo perna de pau, porque é mais leve e me deixa as mãos livres. Quando tenho o coto muito dorido uso as muletas. Aquela de madeira é muito prática também, mas não é o ideal para a coluna vertebral.”
“E a rodinhas?”, perguntei. “A cadeira está ali para uma emergência, na verdade uso-a muito pouco”
Foi até lá, largou as canadianas e pegou na axilar de madeira para fazer uma demonstração. “Aprendi a andar com uma destas quase logo a seguir à amputação. O médico e os meus pais não gostavam da ideia, mas nunca a deixei e ainda hoje me dá um jeitão.” A graciosidade com que andava só com aquela muleta era um regalo para a vista. “Uaauuu, que sexy!”, exclamei enquanto ela ria. Depois encostou a muleta, pegou na perna de pau, abriu o robe e enfiou o coto no encaixe com a desenvoltura que quem o fazia habitualmente. “Esta é a mais prática, uso-a diretamente no coto, entra e sai facilmente e é muito leve”. Deu uns passos e percebi claramente que me estava a provocar “Bolas, mulher, qual delas a mais sexy!” Ela fingiu desequilibrar-se, atirou-se para os meus braços e quase nos fez cair o que provocou a gargalhada geral. Depois levantou a perna de pau para a tirar, arrumou-a no lugar e começou a pular na direção da casa de banho contígua. “Anda, vamos tomar banho ao mesmo tempo”.
A banheira tinha sido substituída por uma base de duche que facilitava muito o acesso. Com um pequeno pulo entrou para a cabine e apoiou-se num varão metálico. Seguia-a sem pestanejar e fechei a cabine. Ela pegou no “telefone” e começou a molhar-nos com a água tépida. “Passas-me o gel?” Não passei, enchi a concha da mão com uma dose generosa e comecei a espalhar o gel pelo seu corpo. Nos ombros, nas costas, nos seios, no ventre, no rabo, no sexo e aí demorei-me intencionalmente, nos pelos púbicos, a invadir a vulva e a estimular o clitóris. A Gui imitou-me, encheu a mão e espalhou o gel demorando-se intencionalmente nos genitais. Puxou-me o prepúcio para trás e espalhou o gel pela glande o que libertou uma dose extra de dopamina e logo provocou novo inchaço “Hummm, sinais exteriores de riqueza?!”
Entretanto, também eu lhe espalhava o gel pelo coto, que ela ergueu para me facilitar a tarefa. Depois a perna e quando desci em direção ao pé disse-me “Espera, tem que ser assim” e sentou-se num banco preso à parede, que, entretanto, havia aberto. Levantei-lhe a perna e dediquei a minha atenção àquele pezinho lindo, espalhando o gel pelo tornozelo, depois o calcanhar, a sola, o joanete e os dedinhos, um a um. Ela deliciava-se e eu também, por tatear-lhe o pé e pelo vislumbre do coto pendurado para fora do banco o que, em conjunto com a perna levantada lhe expunha completamente a vagina. “Viu alguma coisa que lhe agrade, senhor?”, perguntou enquanto rodava provocadoramente o coto.
“Ajuda-me a levantar”. Depois de nos enxaguarmos, ela saiu aos pulinhos amparada na minha mão, tirou a sua toalha de um cabide na parede e outra para mim dobrada numa prateleira. Apoiou o coto sobre o lavatório e começou a secar a pele, enquanto eu fazia o mesmo.
Agarrei-lhe os seios por trás “Olha como ficamos bem!” disse-lhe, olhando o nosso reflexo no espelho. Ela ficou um momento a contemplar-nos, o seio direito tapado pela minha mão direita e a ponta do coto pela mão esquerda. Sorriu e empurrou-me para trás. Mais dois ou três pulinhos e sentou-se na sanita para secar a perna e o pé, mas não permiti e eu mesmo tratei da tarefa. Depois regressou ao lavatório e, novamente apoiada com o coto, tirou a escova de dentes e o dentífrico. “Não estava à espera, não tenho escova para ti. Se quiseres podes usar a minha”. Depois de refrescarmos o palato ela pegou numa embalagem, deu-me a mão e, pulando, levou-me até à cama, sentou-se sobre o edredom e perguntou-me se era bom massagista. “Veremos. Primeiro, temos que criar o ambiente.”
Liguei um candeeiro que tinha sobre a cómoda e apaguei a luz de teto. Liguei a TV no canal Mezzo, onde estava a tocar um quarteto de cordas e disse-lhe “Deita-te de barriga”. Despejei uma porção de óleo na mão e comecei por massajar o pescoço e, simetricamente, os ombros, o dorso em direção à cintura e depois os glúteos com os polegares quase a invadirem o ânus. Ela ronronava que nem um gatinho. As minhas mãos continuaram a viajar pelas coxas e depois pela perna, demorando-se a estirar o gémeo e o tendão de Aquiles. Dobrei-a com cuidado e massajei suavemente a sola do pé e os dedos. Vagarosamente porque aquele pé me estava a fascinar. Depois deixei-o em repouso e dediquei a minha atenção ao coto, massajando-o desde a virilha até à extremidade. A visão era fabulosa, uma perna escultural estendida e outra terminando onde mal começava. O meu pénis estava decididamente a reanimar-se.
Então, pedi-lhe que se virasse. Comecei a massagem pela fronte, pelas têmporas, pelo maxilar e pelo pescoço. Antes de lhe massajar os seios, chupei-lhe os mamilos… parecia que o ar lhe faltava! Enquanto dedicava atenção àqueles seios gostosos, ela pegou-me no pénis “Ummmm, já estás crescido!” mas eu continuei a percorrer-lhe o corpo em direção ao ventre e depois às virilhas, tateando intencionalmente os lábios e o clitóris que foram ficando cada vez mais lubrificados com o óleo e com os seus próprios fluidos. Depois massajei a frente da perna e do pé e sentei-me na borda da cama no lugar onde deveria estar a perna esquerda, se existisse. Levantei o coto e percorri a cicatriz com um beijo em cada um dos pontos da costura, o que deixou a Gui em êxtase a ponto de ser ela a controlar os movimentos do coto para que eu o continuasse a mimar. Depois massajei-o, apertando gentilmente os músculos decepados que envolvem o pedaço de fémur.
Enquanto isso ela envolveu-me com a perna como que para me puxar para si mas eu resisti. Então ela sentou-se e empurrou-me para trás, de costas sobre a cama. Virou-se e começou a chupar-me sofregamente o pénis e eu, em retaliação, agarrei-lhe o pé e beijei-o, lambi-o, mordisquei-o e chupei-lhe os dedos, enquanto ela me devorava. Naquela loucura atingi o clímax e eu não consegui resistir mais, descontrolei-me num orgasmo monumental, com a sensação que ela me virava do avesso pelo prepúcio e vim-me na sua boca sem que ela tivesse desperdiçado uma única gota.
Quando abri os olhos a Gui olhava-me com um ar de triunfo. Deitámo-nos lado a lado e no beijo senti o meu próprio sabor. Aninhei-a no meu braço e ficámos assim, em silêncio, longos minutos até ela dizer que estava a ficar com frio. Então, enfiámo-nos debaixo do edredom, em concha, como se ela se tivesse sentado no meu colo, enquanto eu lhe afagava a metade da coxa esquerda. A última coisa que me lembro foi de a ouvir dizer “O meu coto gosta de ti” e depois… adormecemos.
Despertei sem saber bem onde estava, como se estivesse a recuperar de uma embriaguez. O relógio digital na mesa de cabeceira marcava 8:24 horas. Virei-me para mudar de posição e, sem querer, acordei a Gui. “Bom dia, querida Gui, dormiste bem?”, perguntei-lhe, ela primeiro espreguiçou-se e depois respondeu-me entrelaçando a perna entre as minhas e apertando-me num abraço “Muito bem. Gosto de sexo, mas sexo com amor é outra coisa! Não te quero perder, não posso perder-te! Vou alapar-me a ti, aviso-te.”
Ergueu o coto, descobriu a minha ereção matinal e, na brincadeira, começou a repreender-me “João!!! És insaciável!” enquanto continuava brincando com o meu pénis. Essa ‘prova de vida diária´ costuma ser temporária, mas se continuas a provocar…”
Continuou… e depois subiu com o coto sobre mim e montou-me enquanto eu a amparava agarrando-lhe os seios. Começou num trote lento que foi aumentando a cadência e acabou num galope até que cavalgámos até à Lua. Nos minutos seguintes, entregamo-nos à preguiça e foi o Sol a penetrar pelos buracos do estore que nos despertou daquela letargia boa.
“Estou a precisar de um café. Ajudas-me no duche como ontem?” Levantou-se e saltitou até ao fundo do quarto. Pegou na perna de pau, enfiou o coto no encaixe e só a tirou para entrar na cabina do duche. Terminada a ‘ménage’ ela voltou a colocar a perna de pau e foi até à cómoda procurar a roupa íntima. Eu, provavelmente, tinha uma cara de espanto a apreciar a facilidade com que ela tirava e colocava a perna de pau e andava de um lado para o outro, conforme o necessário, porque ela desatou a rir quando me olhou.
“Vá, fecha a boca antes que entre a mosca! Anda, hoje fazes tu o café que eu estou muito cansada da noite”. Segui-a apreciando com luxúria a forma como mancava com a perna de pau e quando ela se sentou com a perna em riste disse-me para a puxar, coisa que fiz sem esforço, apenas senti a ligeira resistência do coto a vencer o vácuo. Encostei-a à parede e aguardei instruções de onde estavam as cápsulas do café, o pão para as torradas, a compota, etc.
Tomámos o pequeno-almoço com calma, entretivemo-nos a arrumar o quarto, a falar das nossas vidas para além da Universidade, fomos almoçar fora e passear junto ao mar e à tarde, despedimo-nos com nostalgia das últimas horas maravilhosas, mas com a promessa de que daí a dois dias iríamos reencontrar-nos para um fim-de semana a dois, sendo que eu teria a responsabilidade de a surpreender.
____________________
Capítulo 2 - História de uma amputação
Voltámos a encontrar-nos, claro. Depois do sexo da noite, com prolongamento matinal e cumpridas as habituais tarefas com que se inicia cada dia, merecíamos o repouso dos guerreiros. Fomos até à sala de estar, a Gui tirou a perna de pau com que normalmente andava em casa e sentou-se, como na noite anterior, com a perna dobrada e o coto aconchegado na sola do pé. Sentei-me ao seu lado com o braço sobre os seus ombros.
Na mesa de apoio estava um volume de “Homo Deus”, um livro de Yuval Harari. Peguei-o e perguntei “Andas a ler isto? Já o li há uns anos e gostei bastante”; e começámos a falar daquele e de outros livros. Depois passámos para a música e ela “A propósito, porque não pões qualquer coisa a tocar para ouvirmos?” Fui até à estante dos discos e enquanto íamos falando fui dedilhando as capas dos vinil, hesitante na escolha, até que esbarrei com o álbum “The Future” de Leonard Cohen. “Olha, já que estamos em maré de israelitas, vamos ouvir o velho Cohen”.
Quando voltei para o sofá, a Gui tinha-se recostado sobre uma almofada com a perna estendida. Levantei-a gentilmente, sentei-me, coloquei-a no colo e comecei a massajar-lhe o pé. O ponto de vista era magnífico! O pé lindo, quente e macio nas minhas mãos, em primeiro plano, em segundo plano adivinhava-se a forma do coto sob o robe e, finalmente, a cara da Gui com um sorriso de satisfação. Talvez esse sorriso me tenha dado confiança para perguntar como é que tinha sido descoberto o tumor que lhe havia roubado a perna esquerda.
“É uma loooonga história. Tinha treze anos e já andava há tempo com umas dores, mas ninguém ligou importância; pensavam que eram as dores do crescimento, mas certo dia dei uma queda estúpida, que à partida não devia ter consequências, só que parti a perna. Exames para cá, exames para lá, descobriu-se um osteossarcoma no fémur, perto do joelho. A partir daí foi uma via-sacra, cirurgia para recuperar o osso quebrado e raspar o tumor, vários meses de quimioterapia, outra cirurgia, mas nada conseguiu vencer a voracidade do cancro e no dia 10 de fevereiro de 1977, mais ou menos um ano depois, tornei-me oficialmente amputada. É o meu ampuaniversário! Enfim, antes uma perna que a vida…”
“E como é que uma menina de catorze anos encara essa situação?”
“Quer dizer, quando não há alternativa não há problema. Claro que isto é muito fácil de dizer agora, mas é muito difícil superar uma perda destas, sobretudo numa idade em que passamos a vida a olhar para o espelho. Foi a minha mãe que me deu a notícia que tinham de me amputar a perna para poder viver e claro que chorámos e chorámos até não termos mais lágrimas. Mas por outro lado, por incrível que possa parecer, tive uma sensação de alívio, porque durante o último ano tinha sofrido muito com as dores constantes, as cirurgias e as sequelas dos tratamentos.
Dei-lhe um beijo carinhoso no pé, para a consolar e ela continuou, “O choque maior foi quando me foram mudar o penso e puxaram os lençóis para trás. Eu sentia a perna no sítio, mas ela já não estava lá. A minha perna agora era uma bola de ligaduras e quando a enfermeira as começou a desenrolar eu virei a cara para o lado e recusei-me a ver. Só consegui olhar para o coto vários dias depois.” E ao dizer isto afastou o robe para o descobrir, ergueu-o, afagou-o com as mãos e continuou, “Mas hoje acho que fizeram um bom trabalho, gosto da forma do meu coto! Podia era ser um mais comprido que ajudava a controlar melhor a prótese…”
“Gui, o teu coto é lindo e é muito sexy! Dá-me a volta à cabeça… às cabeças!” disse, enquanto me estirava para o beijar repetidamente e acariciar. “Que bom gostares do meu cotinho! E ele também gosta de ti… sabem tão bem as tuas mãos!” e enquanto falava ia movendo o coto cuja forma mudava conforme os diferentes grupos de músculos se contraíam ou descontraíam em torno do que restara do fémur.
“Mas tenho que te perguntar e preciso de uma resposta sincera: gostas mesmo de mim com um coto, ou gostas mesmo é do coto comigo?”
“Gui, há mais de um ano que nos conhecemos e que trabalhamos de perto. Tive tempo de perceber que és uma mulher inteligente, culta e com mundividência. E esta semana, na intimidade, percebi que também és apaixonada, independente e autónoma… e muito bonita! A perna amputada é apenas mais uma característica tua… bem interessante, por sinal.” Ela puxou-me para si e apertou-me nos braços em silêncio durante longos segundos.
“Bom, continuando, um ano sempre em tratamentos e depois a fisioterapia e a reabilitação, atrasei-me muito na escola. A minha sorte é que eu era espertita… sou!... (riu-se) e apanhei rapidamente as matérias. Além disso, acho que o meu sucesso escolar funcionou como mecanismo de compensação para a minha nova condição de deficiente.”
“E os outros miúdos? Às vezes são cruéis…”
“Não me posso queixar, aceitaram-me bem. Quando retomei a escola já usava prótese, porque me adaptei rapidamente. Claro que nessa altura a tecnologia protética não tinha nada a ver com a atual, mas era “uma perna” e disfarçava… mais ou menos. Acho que se andasse de muletas teria sido pior.”
“Namoros de adolescência?!”
“Pois, aí é que foi pior. Tive várias paixonetas daquelas de morrer de amor, mas depois eles falavam em ir à discoteca dançar, à piscina, à praia… e eu não podia. Ou melhor, pensava que não podia! Comecei a retrair-me e fui-me afastando dos rapazes para não apanhar mais desgostos. Por essa altura, iniciei uma amizade íntima com uma colega que também tinha um ‘handicap’ – era muito gordinha e complexada como eu. Apoiávamo-nos muito e partilhávamos as nossas ‘dores’. Passámos muitas noites na minha casa, ou eu em casa dela e ganhámos confiança a ponto de dormirmos juntas. Ela dava-me muita segurança com o meu corpo e, por exemplo, massajava-me o coto com naturalidade quando me apareciam aquelas sensações do membro fantasma. Aliás, durante muito tempo senti cócegas no pé que já não tinha, ou as mesmas picadas no joelho de quando o tumor se tinha instalado, ou dores fortes na ponta do osso. Agora já só aparecem muito esporadicamente.
Bem, eu e a Ana ‘flirtámos’ muito e até acho que vacilámos na certeza sobre a nossa orientação sexual. Trocávamos muitos carinhos e gostávamos muito de nos masturbarmos uma à outra, mas, no fundo, sempre sonhámos com príncipes encantados. Ela foi muito importante para mim. Depois a vida afastou-nos e só nos reaproximámos recentemente, depois de ela se ter divorciado. Continua a ficar comigo muitas vezes e ainda dormimos juntas!...” disse com um sorriso malandro.
“Mas, definitivamente sou mais heterossexual que homo e o que eu procurava era um homem. Quando fui estudar para a Universidade de Coimbra ainda não tinha tido verdadeiramente um namorado e sentia-me tão incompleta fisicamente, tão pouco merecedora, tão feia e inferior, que aceitei namorar com o primeiro imbecil que me apareceu - um colega de curso que se dedicava a tudo (e a todas…) menos a estudar. Não tínhamos nada em comum! Ele não tinha nada que eu admirasse… mas eu achava que não podia escolher! O nosso relacionamento mal durou um ano. Foi o tal fulano que, como te contei, quando lhe disse que precisávamos de rever a nossa relação, me respondeu que me tinha aceitado como eu era e que outros não o fariam. Foi o ponto final no namoro e o ponto de viragem na minha autoconfiança. A partir daí decidi que quem quiser gostar de mim tem de gostar como eu sou. Por isso até lhe estou agradecida.”
Arrastei-me por ela acima como uma serpente e interrompi o relato com um beijo “Eu gosto de ti como tu és!” e, intencionalmente, cobri-lhe a extremidade do coto com a minha mão. Comecei a ganhar um volume no baixo-ventre e a entusiasmar-me, mas ela empurrou-me “Não, agora não, não podemos queimar os cartuchos todos de uma vez! Vamo-nos vestir e tu vais levar a tua perneta favorita a almoçar fora”. E fomos.
Fomos passeando pela marginal do Estoril até ao Guincho, atravessámos a serra de Sintra, descemos até Colares e parámos num restaurante da Praia das Maçãs. Escolhemos uma mesa na esplanada para podermos ver, ouvir e inalar o perfume do mar. No final do almoço, enquanto esperávamos pela sobremesa, apertei as pernas da Gui entre as minhas. A direita quente e macia a esquerda rígida e angulosa. Daí a pouco vi-a recostar-se um pouco e logo de seguida senti o seu pé descalço, só com uma meia de nylon, a tatear-me o pénis e os testículos, tal como tinha feito na noite anterior. Repetiu a pergunta, a mesma da noite anterior, “Sinais exteriores de riqueza?!”. Segurei-lhe o pé entre as minhas mãos “Olha, olha, a sobremesa aqui! Adoro este pé, sabias?!” Quando o empregado veio servir a sobremesa ela tentou libertar-se, mas eu não o soltei. O empregado viu, sorriu e quando se foi embora desatámos os dois a rir, com ela a insultar-me “Doido! Maluco! Ele viu tudo!” e eu, ainda a segurar-lhe o calcanhar, a massajar-lhe a sola e a entrelaçar os meus dedos com os dela, “Sim, reparaste como ficou cheio de inveja?!”
Antes do regresso fomos passear pela praia que naquela tarde de fim de inverno estava deserta. Quando parámos defronte ao mar abracei-a por trás e segredei-lhe “Querida Gui, estou a medir bem as palavras: acho que te amo!”. Ela virou-se para mim “Só achas?!” e selámos o início do nosso namoro com um beijo tão estonteante que quase caímos no areal.
Chegámos a Lisboa já anoitecia e parei o carro em frente à porta do prédio. Despedimo-nos para enfrentar os nossos afazeres profissionais do dia seguinte com a promessa que lhe telefonaria para combinarmos o fim de semana. Vi-a subir os 5 degraus da entrada, um a um, depois a virar-se e enviar um beijo soprado.
Nesse momento já sentia saudades dela.
_______________
Capítulo 3 - Fim de semana romântico a três… pernas.
Os últimos dois dias tinham sido dos mais extraordinários de toda a minha vida. Eu estava perdidamente apaixonado e passei a quinta-feira a contar os minutos para poder ligar à Gui, sem conseguir concentrar-me no trabalho. Após uma pesquisa aturada na ‘net’, encontrei um hotel rural, perto de Estremoz, que me pareceu ideal para um fim de semana romântico.
Ao fim da tarde, tal como tínhamos combinado, liguei à Gui. Depois dos introitos e cumprimentos habituais, disse-lhe que estava a morrer de saudades, que não a conseguia tirar da cabeça e que ansiava pelo dia seguinte para irmos de viagem. Recusei revelar o destino, disse apenas que seria um sítio tranquilo para nos dedicarmos inteiramente a nós. Ela respondeu que esperava pela surpresa e que também estava de tal modo ansiosa que já tinha preparado a bagagem necessária.
A manhã de sexta-feira foi uma verdadeira tortura que parecia não ter fim, mas assim que consegui livrar-me das obrigações, fui a casa, preparei o saco de viagem, tomei um duche e por volta das 17 estava a tocar à campainha, da Gui. Ela abriu a porta e lançou-se para os meus braços, abandonando a muleta axilar que usava no momento. Pendurada no meu pescoço, arrastei-a para dentro, apanhei a muleta do chão e devolvi-lha.
Tinha um vestido azul escuro, curto, mas suficientemente comprido para lhe ocultar o coto e calçava apenas com uma meia de nylon que tornava a perna ligeiramente mais morena.
“Então, ainda não estás pronta?”
“Estou, já tenho tudo preparado, mas tenho um pedido para te fazer. Já que vamos para um sítio tranquilo e, imagino, sem muita gente, importas-te que vá de canadianas?”
“Claro que não me importo! Porque haveria de me importar?”
“Não tens vergonha de andar com uma perneta?”
“Não, porque é a perneta mais linda do universo e arredores. Vá despacha-te que temos muito que andar!”
“OK, chefe, é só calçar-me!”
Sentou-se no banco da entrada e calçou um sapato com um salto de uns 5 cm que, juntamente com a textura do nylon, tornava o pé ainda mais feminino e bonito. Não disse nada mas dei comigo a pensar gulosamente se seria uma única meia e, nesse caso o coto estaria desnudado, ou se seriam uns ’collants’ com a perna vazia dobrada.
Ela tinha previsto usar as canadianas pois quando lhes pegou já tinham a altura regulada para compensar o salto.
“Fazes o favor de me levar o saco e o ‘necessaire’?”
Enquanto os arrumei na bagageira ela abriu a porta traseira para colocar as canadianas. Depois com pequenos saltos reequilibrou-se, abriu a porta da frente e sentou-se. Antes de pôr o motor a funcionar, dei-lhe um beijo e começou a nossa jornada. Dirigi-me para a ponte Vasco da Gama e ela percebeu que íamos para sul
“Para onde me estás a raptar?!”.
Apanhámos a A2 e regulei o ‘cruise control’ para 90 km/hora. Não tinha pressa! Ela estava visivelmente feliz (tal como eu!) e não parava de tagarelar sobre tudo e mais alguma coisa. Coloquei a mão sobre a sua meia coxa e ela puxou o vestido para cima expondo o coto para que eu o acariciasse diretamente. Afinal usava ‘collants’ e a perna vazia estava enfiada por dentro pela parte posterior, pois não se via. E assim fizemos vários km a conversar, eu a fazer carícias no coto e o coto na minha mão.
Às tantas disse-lhe “Com a meia o teu cotinho ainda fica mais agradável ao toque!
“Queres experimentar o pé?”, descalçou-se e sem tirar o cinto de segurança virou-se no banco e colocou o pé no meu colo para eu brincar com ele.
“Olha, acabei de descobrir que não ter a perna esquerda ajuda em certas circunstâncias”, disse sorrindo. “Faz amor com o meu pé mas não te distraias!” e encostou a sola à minha cara para eu beijar e sentir aquela mescla afrodisíaca de odor natural e de couro. O meu pénis em riste tinha dificuldade de se arrumar.
Parámos em Évora para jantar. Estacionei o carro o mais perto possível do centro histórico e atravessámos a Praça do Giraldo em direção a um restaurante que conheço. O som das canadianas, seguido do tacão do sapato, ecoava na calçada e na minha cabeça; à nossa passagem todos os olhares se viravam. Ela ria, “Eu já estou habituada, será que te vais habituar também?”
Tentei abraçá-la, mas é uma manobra algo difícil quando o par anda de muletas… Jantámos, retomámos o caminho e 20 minutos depois chegámos ao destino, já a Lua nos espreitava. Feito o ‘check in’ fomos para a nossa suíte cuja salamandra, a um canto, tinha sido previamente acesa, pelo que fomos acolhidos com um agradável conforto térmico e com o perfume do azinho a arder. O mobiliário ‘vintage’ muito bonito e do estilo Império, era monumental e fazia-nos sentir pertencer à realeza, embora eu seja 300% republicano.
Coloquei os sacos de viagem sobre o canapé, à entrada, e depois de fazermos o reconhecimento dos aposentos e da vista bucólica para além da janela, tirei as canadianas dos braços da Gui, abracei-a e disse-lhe “Vossa alteza permite que expresse a minha alegria por partilhar este momento com a minha rainha e dá-me a honra desta valsa?”
“Dançar, para esta rainha é um pouco difícil…”. Silenciei-a com um beijo, abracei-a e começámos a balançar suavemente ao som de uma melodia imaginária. Segurando-a, rodopiámos, primeiro lentamente, mas depois fui imprimindo um ritmo e uma amplitude maior que despoletaram o riso. Depois abracei-a ainda com mais força e disse-lhe ao ouvido “Ver-te feliz, faz-me feliz. Amo-te e quero-te feliz o resto das nossas vidas” e ela levantou-se na ponta do pé para se aproximar do meu ouvido “Estou perdidamente apaixonada e quero fazer parte de ti para sempre”.
Após nos termos instalado meti mais uma acha na salamandra para manter a temperatura e descemos ao bar para tomar algo. Estavam alguns hóspedes na sala e novamente fomos alvo de muita curiosidade. Ignorando os olhares embasbacados, sentámo-nos numas poltronas, quase em frente um ao outro, em torno de uma mesa baixa. Pedi dois Portos tónicos, que fomos sorvendo em pequenos golos enquanto conversávamos e os assuntos foram tantos que repetimos a dose.
A Gui estava absolutamente relaxada e, distraída, fazia pequenos movimentos com o coto. Quando reparou na atenção que me estava a despertar, puxou o vestido um pouco para cima para me regalar com a ponta do coto a aparecer, a saltitar e os músculos a contraírem-se debaixo da meia de ‘nylon’.
“Provocadora! ”repreendi-a, teatralizando. “Eu?!” e levou a mão ao peito com um ar de fingida admiração. Então, ergueu a perna olhando para o pé, para centrar nele a minha atenção e continuou “Este sapato está a matar-me!” e soltou-o do pé deixando-o a balançar na ponta dos dedos, expondo o arco plantar e o joanete. Um impulso maior e o sapato caiu. Aí, levantei-me, calcei-lhe o sapato tateando intencionalmente a sola do pé, apanhei as canadianas do chão e disse resoluto “Bem, vamos para cima? Tenho fome”. “Fome?!” perguntou, agora verdadeiramente surpreendida, “Sim, tenho fome de ti!”, respondi.
Segui-a ao subir a escada rendido ao charme e à desenvoltura com que aquele pé solitário vencia os degraus, um a um, e deixei-me ficar para trás para espreitar novamente a ponta do coto, porque de um ponto de vista mais baixo o vestido não o ocultava totalmente.
Assim que entrámos a Gui despiu o casaco de malha e largou as canadianas para me abraçar. Levantei-a, como quem pega uma criança ao colo, ela enrolou a perna à minha volta e imaginei que faria o mesmo com a outra se a tivesse. Com violência aparente e controlada atirei-a para cima da cama, descalcei-a e percorri-lhe a perna e o coto aos beijos. Depois abri-lhe o fecho do vestido e foi ela que o tirou enquanto eu me desenvencilhei das minhas roupas. A cama era muito alta e quando a puxei para mim pela perna os nossos sexos ficaram praticamente à mesma altura, eu em pé e ela deitada de costas. Despi-lhe os ‘collants’ e a calcinha, mas antes de fazer a vontade ao meu pénis intumescido e apressado, baixei-me e lubrifiquei-lhe a vulva com a língua. Depois, continuei a estimular o clitóris e os lábios com a minha glande. Ela começava a ficar em êxtase, beliscava os mamilos e gemia de prazer. Levantei-lhe a perna e apoiei-a no meu ombro. Lentamente fui introduzindo o pénis e aumentando o ritmo enquanto lhe beijava o pé e segurava o coto com a mão direita. O clímax chegou-nos daí a segundos.
Permanecemos lado a lado a olhar-nos nos olhos com um sorriso, mas em silêncio que palavras não eram necessárias. Ao fim de uns minutos a Gui levantou-se e pulou até ao WC. Momentos depois segui-a e tratámos da nossa higiene noturna. Quando ela ia ganhar balanço para o primeiro pulo de regresso à cama, agarrei-a e levei-a nos braços.
“Menina, vamos dormir que amanhã o programa começa cedo.”
Deitei-me de costas a revisitar a tarde e a noite. Não faço ideia do que passava pela cabeça da Gui, mas sei que aninhada no meu ombro adormeceu rapidamente.
A luz da manhã arrancou-nos de um sono profundo. “Bom dia, dormiste bem?” Ela ronronou como uma gatinha “Siiimmm, muuuito bem… Gostei tanto do amor que fizemos ontem. Estavas mesmo com fome! Mas sabes… eu também estava”.
Depois, já mais desperta “Afinal onde vamos hoje? Tens de me dizer para escolher a indumentária”.
“Vamos à feira de velharias e antiguidades de Estremoz. Agrada-te?”, perguntei. “Boa ideia, há anos que não vou lá. Mas para isso, vou levar uma roupa mais prática para andar à vontade”.
Depois do duche matinal, preparámo-nos para sair. Ela vestiu ‘sweatshirt’ e ‘jeans’, com a perna vazia dobrada para trás e presa à cintura. Para calçar escolheu um ténis. Saímos após o café matinal e uns 10 ou 15 minutos depois estacionei no Rossio de Estremoz, bem perto da feira. Começámos o nosso périplo e calmamente íamos parado para apreciar as peças que estavam à venda. Sempre que a Gui queria pegar em algo para ver, apoiava o coto no punho da canadiana para ficar com as mãos livres e ali ficava ele, redondinho, a provocar-me um tesão. Às vezes, enquanto observávamos algo ou perguntávamos o preço, eu colocava a mão sobre o coto. Os olhares curiosos sucediam-se, mas ela continuava indiferente e eu com uma ponta de orgulho por estar acompanhado de uma mulher diferenciada e linda.
De repente, uma coisa que estava no meio de um amontoado de velharias, espalhadas sobre um pano no chão, chamou-me a atenção. Baixei-me e apanhei-a. Era uma placa azul, esmaltada, com um número de porta, o Nº 19, que apresentava muitos sinais de envelhecimento. Comprei-a e quando nos afastámos uns metros, a Gui perguntou-me com um misto de espanto e curiosidade “Para que é que queres isso?!”. Olhei-a e respondi “Para te oferecer! 19 de março…foi na terça-feira passada, o dia em que fizemos amor pela primeira vez. O primeiro dia do resto das nossas vidas, como canta o Sérgio Godinho.” Os olhos da Gui ficaram rasos de lágrimas e sem palavras, esticou-se o máximo que pôde e aproximou os lábios para que a beijasse “Obrigada, querido, foi o melhor presente que alguma vez tive!”. Abracei-a e beijei-a sem querer saber de quem estava a ver. Naquele momento só existíamos nós no mundo.
A visita à feira continuou até a Gui confessar que estava cansada e precisava de se sentar um pouco. Procurámos uma esplanada e sentámo-nos ao Sol primaveril a tomar um café. Ficámos ali a conversar ao ritmo do Alentejo, a região do país onde ‘pressa’ é uma palavra desconhecida.
Fomos almoçar em Monsaraz, uma vila que sempre me encantou e que a Gui não conhecia. Ficou rendida “Lindo, é quase como mergulhar na Idade Média e depois aquela vista sobre o grande lago é magnífica, a comida ótima!... João, estou a adorar o nosso fim de semana, quero que nunca mais acabe!
Finalmente tomámos o caminho de regresso à nossa casa temporária. Enquanto conduzia levei a mão ao coto da Gui “Gosto mais de saia…” e ela riu.
Chegámos por volta das 19 horas e subimos imediatamente. A Gui estava de facto muito cansada, foi ao lavabo e logo de seguida recostou-se na cama. Confirmei que havia sais de banho e comecei a encher a banheira de água quente. “Gui, há anos que não tomo um banho de imersão, não é muito ecológico, mas estes são dias excecionais. Vamos?”
Entrar para a banheira sem uma perna obrigou-a a sentar-se primeiro na borda e só depois sentar-se, imersa. Eu sentei-me no lado contrário e mergulhámos até ao pescoço o que me obrigou a fletir os joelhos. O coto ficava a tocar o meu pénis, que mostrou imediatamente sinais de vida, e a Gui apoiou o pé no meu peito. Fechou os olhos e ficámos assim até que as extremidades dos nossos membros começaram a engelhar. Pedi uma refeição leve que comemos na cama, passámos pelo sono e só muito mais tarde consumámos o amor.
Domingo. Acordámos tarde, com a alma leve mas o corpo pesado. A Gui tinha os ombros e os braços doridos por causa das canadianas. Antes de nos levantarmos, peguei na loção e fiz-lhe uma longa massagem
“Tenho saudades da prótese, devia tê-la trazido”
“Hoje não vamos andar mais. Só de carro.
“Então vou levar o vestido e o sapato de salto. Pode ser que tenhas sorte…” rematou rindo.
Pusemo-nos a caminho em direção a Setúbal com o fito num peixe fresco grelhado. E realmente tive sorte, pude acariciar o coto e o pé da Gui e, distraídos com a brincadeira, chegámos ao destino num instante. O almoço correspondeu às expectativas e antes de nos sentarmos no carro ainda estivemos a namorar-nos à beira Sado, já com nostalgia do fim de semana que se aproximava do fim. Uma hora depois estávamos a atravessar o Tejo.
Chegados a casa, não sabíamos bem o que fazer, nem o que dizer e foi a Gui que abriu o jogo “João, adorei este fim de semana mas não quero que acabe já, vamos lá para dentro fazer uma festa?”
Depois do amor, voltou a assaltar-nos a tristeza da separação temporária. Despedi-me com uma proposta:
“Vamos fazer deste fim de semana a nossa vida?”
“Vamos. Amanhã quero-te cá!”