O AMIGO
Aconteceu depois de um jantar que o pai deu para um amigo. Quando eu cheguei em casa, tava tocando um jazz no som, e eles tavam sentados do mesmo lado da mesa, muito perto um do outro, e com os pratos sujos postos de lado. Entre eles, três taças — duas cheias — e uma garrafa de vinho pela metade.
“Hey, filhão, que bom que você chegou! A gente tava te esperando. Senta aqui. O Paco você já conhece, é claro.”
“Acho que eu não me lembro de você…”, disse, apertando a mão do amigo do pai e fazendo um raio-x do cara. Era alto, grandão como ele, só que loiro e, em vez de barba, tinha só um bigodão, mas muito bem cultivado. Devia ter uns 40 e poucos anos e a maior pinta de gringo. O rosto dele não me era estranho.
“Oi, Dieguito”, ele disse. De fato, tinha sotaque estrangeiro, tipo espanhol ou italiano, mas muito leve, como alguém que já mora aqui há muito tempo. “A gente se conheceu há um mês com o teu pai naquela trilha à Cachoeira do Segredo.”
“Ah, sim! Tô ligado!” Paco. É claro que eu me lembrava. Ele era o bonitão meio metido a besta que parecia estar arrastando a maior asa pro meu pai, e que fez todo o grupo de trilheiros passar a me chamar de Dieguito, esse diminutivo ridículo. “Tudo bem?”
“Que bom te ver de novo”, ele me respondeu. Segurei firme a mão dele e ele devolveu um aperto tão firme quanto o meu. Olhei direto nos olhos dele, azuis feito uma piscina. Sustentei meu olhar tipo um fuzil, só pra ver se ele cedia primeiro. Ele não se intimidou. Até sorriu, o filhadaputa.
Paco parecia ter saído de um filme pornô dos anos 70. Fora aquele ar de quem consegue tudo o que quer, de quem tá sempre olhando o mundo por cima. Tive a mesma impressão quando o conheci. A verdade é que eu já não tinha ido com a cara dele no dia da trilha. Agora, então…
CIÚMES DO PAPAI
Sentei à mesa meio agitado, do tipo, quem você pensa que é, italiano? Puxei a taça extra na mesa e me servi do vinho. Eu não conseguia tirar os olhos do pai, impaciente com a maneira como ele não tirava os olhos do Paco. E o cara não parava de me fazer pergunta, parecia que tava me entrevistando.
“E você, Dieguito, tem namorada?”
“Namorado,” eu corrigi, me irritando com o jeito de ele me chamar. “E a resposta é não.”
“Ué, e por quê? Um molecão bonito desse jeito…”
“Meu pai’’, respondi dando um golão no vinho. “Ele me pôs na coleira.”
Eles riram. O pai falou algo sobre o meu trabalho, como eu andava ocupado, e que a gente tinha um trato sobre eu manter as notas altas na faculdade enquanto eu morasse com ele, blá blá blá. E o Paco emendou num papo sobre si. Eu nem fiz questão. Puxei o celular e fiquei rolando a timeline do Instagram.
Tudo o que eu mais queria era me mandar dali e ir pro quarto, tomar um banho, desaparecer. Naquela época, eu meio que já tinha desistido de chamar a atenção do pai. Ele devia estar em outra. Parecia até me evitar quando estávamos só nós dois em casa. Sempre no quarto, sempre trancado, mais distante do que nunca.
De modo que eu também tinha desencanado. Já tava até saindo com outros carinhas. Naquela noite mesmo, eu tinha acabado de ter um sarro com um colega de treino no banheiro da academia. Mas chegando em casa e vendo o Paco ali, eu não consegui disfarçar o ciúme.
TENSÃO NO AR
“O Diego também leu esses, né, Diego?”, disse o pai.
“Anh? O quê?”
“Eu estava contando ao Paco sobre seu projeto na faculdade, meu filho. O Paco escreve para uma revista italiana sobre o mesmo tema que você tá estudando.”
Ah, tinha isso. O Paco era jornalista. Além de bonito era inteligente. Escrevia pra revista e tudo. Tenha dó…
“Ah, legal. É, desculpa, cara. Ando muito distraído, essa foi uma semana muito cansativa. Acho que vou pro quarto.”
“Não, de jeito nenhum, eu que peço desculpa”, respondeu Paco de pronto. “Na verdade, tá ficando tarde pra mim, acho que preciso ir embora.”
“Mas já?”, o pai perguntou fazendo muxoxo e levantando a garrafa de vinho pra ver o quanto ainda restava — metade. “A gente nem terminou a primeira.”
“Fica pra próxima, meu amigo. Preciso mesmo ir, amanhã tenho uma viagem logo cedo.”
“Bom, se é assim…”
SELINHO INESPERADO
Os dois se abraçaram e trocaram um um beijo curto nos lábios. Aquilo me deu um choque elétrico. Eu nunca havia visto o pai tratando outro homem assim, de forma tão íntima, com um selinho. Ainda que Paco tenha chamado meu pai de amigo, eles só podiam estar transando…
Na verdade, eu nunca tinha pensado a respeito da sexualidade do meu pai naqueles termos. Pra mim, ele sempre tinha sido hétero. Quer dizer, mesmo na minha fantasia, quando eu desejava que meu pai me torasse pela casa, eu não o via como um homem gay. Na minha cabeça, era só brincadeira de pai e filho.
Depois daquele selinho no meu pai, Paco se dirigiu a mim pra um abraço mas eu estendi a mão entre nós dois antes que ele pudesse chegar mais perto. Não é que eu estivesse com ciúmes. Eu tava furioso!
“Obrigado pela visita”, eu disse meio friamente, apertando a mão dele.
“Obrigado vocês por me receberem. Desculpem por incomodar, me alongar assim tão tarde. É que a conversa tava boa” falou, levantando a sobrancelha pro meu pai. “Ei… Diego”, emendou, “eu tenho uns livros lá em casa que podem te interessar. Se você quiser, é claro.”
“Ah, legal. Sim é, claro”, respondi, olhando pro meu pai e do meu pai pro Paco. “Eu ia adorar.”
“Eu te mando uma lista depois. Como você prefere? Passa aí teu Instagram.”
Aquela pergunta me deixou mais irritado ainda. O ar de quem sempre tem tudo o que quer. E eu sabia o que ele tava fazendo: tentando agradar o filho do namorado novo só pra ficar bem na fita. Mas aquela estratégia barata não ia colar comigo.
“Pô, cara, eu quase não uso Instagram”, menti. “Até tenho perfil, mas já nem posto mais nada lá.”
“Seu número, então? A gente se fala por whatsapp.”
“Eu te passo o número dele depois, Paco, pode deixar”, respondeu o pai rapidamente, abrindo a porta pro Paco sair e me salvando de inventar mais uma desculpa esfarrapada. “E brigado pela oferta, o Diego vai adorar dar uma olhada nos teus livros. Né, meu filho?”
“Ah, sim, claro” eu disse, tentando parecer menos mal educado. “A gente se fala, cara. Obrigado.”
MAL ENTENDIDO
“O que acabou de acontecer aqui?”, perguntou o pai num tom bem indignado depois que viu o elevador descer com o Paco e bateu a porta atrás de si.
“Ué, eu que sei”, eu respondi dando de ombros e tentando não parecer tão irritado. “Só não quis atrapalhar nada entre vocês dois.”
“Você nem olhou direito na cara do cara, Diego!”
“Da próxima vez”, eu disse, tentando manter a calma, “eu prefiro que você me avise quando for trazer seu namorado pra casa. Porque aí eu posso me programar, fazer outros planos.” Falei isso e me pus a lavar a louça pra tentar esfriar a cabeça.
“Meu namorado?”, meu pai retrucou impaciente, enquanto se desfazia da camisa do trabalho. “Cara, olha o que você tá dizendo… Você é foda, Diego.”
“É, pai. Tá foda. Quando você me chamou pra vir morar aqui, eu achei que a gente ia ser amigo, que ia fazer as coisas juntos. Mas faz mais de mês que a gente nem se vê direito. Parece até que você me evita. Deve ser por causa dele, né? Agora tudo faz sentido.”
“Que coisa mais feia, Diego. Tô decepcionado com você. Não é assim que se trata uma pessoa. Ainda mais uma visita tão especial, um amigo do seu pai, mesmo que você não se interesse por ele.”
“Que eu não me interesse? Como assim? Quem se importa com minha opinião? Você tava comendo ele com os olhos! Na minha frente! E ele também! Se eu tivesse chegado um pouquinho depois, sabe lá o que eu teria encontrado.”
“Você não sabe o que tá dizendo.”
“Se ele é tão especial assim, por que você não levou ele pra sua cama?”
“É o quê, moleque?”
“Eu vi ele te beijando, pai.”
“Diego, o Paco é meu amigo. Se você quer saber a verdade, ele veio pra te conhecer melhor. Faz um mês que ele não para de me perguntar sobre você. Desde a porra da trilha. E você aí, com a droga dessa tromba! Porra!”
O MELHOR ABRAÇO DO MUNDO
O pai entrou pro quarto batendo a porta e me deixou sozinho na cozinha lavando a louça. Peguei a garrafa de vinho pela metade sobre a mesa e bebi dois, três goles grandes no gargalo pra tentar me acalmar. Não esperava ouvir o que o pai disse sobre o Paco, nem tava preparado pra reação que ele teve.
Não era possível que eu tivesse entendido tudo errado. Como eu pude ser tão cego? E pior, como eu pude deixar tão claro assim que eu tava com ciúme do meu próprio pai? Por mais que eu quisesse o que eu queria com ele, no fundo, no fundo, eu sabia que aquilo não era certo. Onde eu tava com a cabeça?
Fiquei lá, lavando a louça, ruminando minha vergonha, minha idiotice, minha culpa, e nem notei quando o pai voltou à cozinha e me abraçou por trás. Se nem o vinho nem a louça tinham conseguido me acalmar, aquele abraço quentinho, suave e ao mesmo tempo pesado, me deram um ânimo novo.
O pai havia tirado a roupa do trabalho e tava de volta à cozinha só de cuecas -- a samba-canção branca de algodão que eu adoro. Senti o peito dele nu contra minhas costas e seus braços musculosos e firmes me prendendo pelos ombros. De sua pele, emanava um cheiro bom, cheiro de pai. Era uma mistura de cheiro de vinho tinto com suor, madeira, grama fresca e almíscar.
“Você me desculpa?”, ele perguntou me balançando suavemente ao som do jazz que tava tocando no aparelho de som e me dando uns beijinhos e uns cheirinhos no meu pescoço e por trás da minha orelha. “Eu não queria ter gritado com você.” Fui ficando arrepiado. “Nem ter te deixado com ciúmes.”
“Pai…”, eu respondi em tom de protesto, mas baixinho, virando o rosto por cima do meu ombro pra olhar no olho dele. Não queria falar daquele assunto.
“Tá tudo bem, meu filho… Estamos só nós dois agora. Tá tudo bem.”
Daí me virei e abracei o pai de frente. Me aninhei no seu peito peludo e musculoso como eu não fazia há muito tempo. Ficamos ali, eu nos braços dele sendo balançado ao som da música enquanto enrolava os pelos do peito dele entre meus dedos. Era dali que vinha o cheiro de pai.
Aquele era o melhor abraço do mundo.
O PAU DO PAI
No instante seguinte senti algo duro e grande contra minha barriga. Me apertei ainda mais contra o pai pra ter certeza do que eu tava sentindo, de que aquilo tava mesmo acontecendo. Sim! Era real! Tinha uma coisa roliça, enorme e quente querendo pular pra fora da cueca dele.
Depois, levantei a cabeça e vi o sorriso mais tenro do pai por baixo do seu bigode. Ele parecia continuar dizendo, tá tudo bem, meu filho, mas sem dizer nada, só com os olhos e o sorriso. Me afastei um pouco do seu abraço e olhei pra baixo. Foi quando vi pela primeira vez o pauzão do pai.
Tava duraço e tinha escapado pela abertura da samba-canção. Era imenso e grosso, muito maior do que eu imaginei nos meus sonhos mais pervertidos. Não circuncidado como eu, mas muito mais volumoso e pesado. E dali, daquela altura, eu podia sentir que parte do cheiro do pai vinha dali também.
Olhei de novo pro pai e lá tava ele, balançando o corpo ao som da música e sorrindo, os olhos meio cerradinhos embaixo das sobrancelhas grossas e o sorrisinho suave que me diziam que tava tudo bem. Sorri de volta também. Daí ele pegou uma das minhas mãos e a pôs delicadamente sobre o pau dele.
Eu olhei pra ele de novo e ele fez que sim com a cabeça, mas não disse nada. Não precisava. Não havia o que pudesse ser dito. Tudo o que ele dissesse, e que eu respondesse, ia soar falso e destruiria aquele momento único, sagrado. A primeira vez que o pai deixou eu segurar seu pau.
A sensação de ter aquele corpo grande, quente e rijo na mão me deu um arrepio. Queria tocar cada veia, decorar seu comprimento, pesá-lo, medi-lo, estudá-lo, possuí-lo, tudo bem devagar. Eu mal conseguia fechar meus dedos de tão grosso que era, e toda vez que eu tentava, o pai parecia endurecer ainda mais.
Papai seguia dançando, sorrindo. Pegou na minha mão de novo e a fez puxar de leve o prepúcio dele, revelando a cabeça do pau vermelhona, brilhando de tanta baba. Imediatamente, um cheiro intenso e gostoso de pica subiu até minhas narinas, e eu mal conseguia resistir.
Mas antes que eu pudesse cair de boca naquele mastro gigantesco, o pai me puxou pra perto de novo e me deu um beijo na boca. Primeiro um selinho suave, como o que havia dado em Paco, mas depois eu pedi mais, abri a boca e pus minha língua na boca dele.
Sentir seu hálito cálido de vinho, sua barba roçando meu rosto, sua língua tocando minha língua, tudo isso enquanto eu segurava seu pau, parecia um sonho. Nos beijamos longamente, depois nos descolamos e ficamos nos olhando bem no fundo dos olhos, coladinhos, sorrindo, sem nada pra dizer.
Aí ele sussurrou: “Vai em frente, meu filho. Mama o pau do pai.”
***
[Se você chegou até aqui, muito obrigado! É muito legal saber que tem gente se divertindo aí do outro lado do mesmo jeito que eu tô me divertindo ao escrever essa história. Na parte 5, tem "Confissões do papai - volume 2". Vamos descobrir tudo o que aconteceu na perspectiva do Antônio e saber mais detalhes dessa transa na cozinha depois que o Paco foi embora. Comenta aí embaixo, dá seu like, deixa eu saber que você tá curtindo. E me conta o que você espera para os próximos capítulos. Um beijo!]