Final de Ano IV

Segui ele até os fundos, perto da lavanderia e então ele me agradeceu. Suspirei aliviado. Disse que acordou desorientado e sem entender o que ocorrera e que o pessoal lhe relatara o que houve no bar e que eu o levei para casa. Esticou a mão e me cumprimentou declarando toda a sua gratidão. Ainda completou que isso é que era um bom e verdadeiro amigo. Acabamos rindo. Voltei para o almoço um pouco confuso. Estava ao mesmo tempo feliz pelo reconhecimento de Rodrigo, mas pesaroso pelo que tinha feito. Que tipo de monstro eu era. Me aproveitei de um homem, um pai de família, desacordado, pelos meus próprios desejos sexuais. Me senti péssimo. Dormi a tarde toda, tentei escapar do casamento, mas acabei tendo que ir. Nem prestei atenção na cerimônia. Minha família compareceu em peso. Mas eu estava perdido, contemplando Rodrigo, absurdamente gostoso, num terninho preto bem simples. Já imaginei loucuras, o pau duraço. Pedi perdão por estar numa igreja. Na festa só fomos eu, meu pai, meu tio mais novo e meu avô. O resto voltou para a fazenda. Havia uma comida bem mineira, no próprio salão da paróquia. Cerca de 100 pessoas. Tentei desanuviar a cabeça. Comi, bebi e até dancei um pouco com as moças caipiras da cidade. Bobas elas não eram, ainda mais quando se tratava de um forasteiro. Mas não queria nada com ninguém. Nada afetivo. Queria sexo. Estava desejoso. Não muito tarde já estávamos em casa, dormi como uma pedra e o dia que se seguiu foi de correria. Minha avó e tias cozinhavam incontáveis pratos e sobremesas para a ceia. Minhas primas e primos decoravam a velha casa para o novo ano que viria. Os homens foram buscar o restante das coisas numa cidade vizinha, inclusive algumas cadeiras e mesas de plástico, já que esperávamos mais convidados. Fui junto para ajudar. Chegamos a tarde, a tempo de começar a recepcionar quem vinha chegando. Dei uma escapada para falar com o Rodrigo. Não conseguia deixar de pensar nele. Ia ficar sozinho novamente. Encontrei ele tratando dos últimos animais e já se encaminhando para casa. Conversamos e rimos um pouco. Ele falou que ia comer na casa de seu outro irmão, o Jorge, já que o Leandro tinha ido para Santos em Lua de Mel, e que poderíamos nos encontrar para beber um pouco depois da meia-noite. Deixei combinado. Voltei para casa mais do que feliz. Me preparei para a noite. Ceiamos fartamente, como no Natal; colocamos umas músicas animadas, até meu avô e minha avó dançaram. Estavam todos muito felizes. Contamos cada minuto até a meia-noite. As crianças já tinham dormido, cansadas; os mais velhos, bêbados demais para qualquer coisa. Foram todos deitar e eu vazei para a casa do Rodrigo. Lá chegando, fui recebido com muita animação. Ficamos batendo papo e bebendo até altas horas da noite. Já quase amanhecia e lá estávamos os dois. Apesar da naturalidade da nossa amizade, viria e mexia, me pegava em pensamentos sexuais. Ficava admirando seu corpo. Estava vestido numa camiseta branca de algodão, um short azul marinho curto e com os pés descalços. Muito sexy, muito sedutor, exalando sexo. Pelo menos era o que eu achava. Ou a minha mente tomada pelo desejo. Já bem bêbado, ele me confidenciou algumas coisas. Que quando jovem era muito beberrão e descabeçado, que tinha trepado com quase todas as moças da cidade e que sem querer, engravidara uma delas. Como era costume, foram casados as pressas. Não a amava e logo era pai de dois meninos gêmeos, que tinha que sustentar e cuidar. Teve que dobrar seus serviços na fazenda, enquanto a mulher era empregada doméstica na cidade. E que nem sexo eles faziam mais. Há meses que ela não se deitava com ele. Enfim, seu casamento era infeliz, a vida dura e o tesão acumulado há meses. Tomei coragem para perguntar porque não se separava. Disse não querer decepcionar sua família, nem entristecer os filhos. Já que não havia remédio para isso, perguntei já aos risos porque não procurava prostitutas ao menos para se aliviar. Disse respeitar muito o fato de serem casados e que já estava envergonhado o suficiente do que havia ocorrido na despedida de seu irmão. Falei para ele que entendia a situação e, já que tudo parecia perdido, porque não batia uma boa e velha punheta. Rodrigo riu e me por fim me disse que sua mãos calejadas dificultavam a coisa. Não dava o mesmo prazer. Pensei comigo, mal sabia que tinha dado uma ajudinha nesse departamento. Olhei no relógio e eram 5 horas da manhã. Me despedi e fui para casa. Acordei a uma da tarde, já com fome. O dia 1º daquele novo ano estava quente e úmido. Comemos o requentado do dia anterior e ficamos o resto do dia naquela ressaca. Como no Natal, era uma sexta-feira e iríamos embora na segunda-feira a tarde. Só voltei a ver o Rodrigo no dia da partida. Grande parte dos meus tios e parentes já tinham ido para suas casas até domingo, só nós acabamos prolongando em mais um dia já que, curiosamente, dia 4 de janeiro era, curiosamente, feriado na cidade onde morava. Acordou pela manhã já pensando na triste volta para casa. Foi cedo para o curral e lá estava Rodrigo, mais lindo do que nunca, suado e exalando um odor masculino e convidativo. Estava puxando esterco com uma pá, sem camisa e com um cinto bem apertado na cintura. A barba estava por fazer e seu sorriso largo. Me cumprimentou efusivamente. Ficamos ali conversando toda a manhã. Não sei como tínhamos sempre tanta conversa, afinal nos falávamos todo santo dia. Era cerca de 10 horas quando o calor dos últimos dias mostrou sua razão. Uma tempestade se formou e caiu uma chuva muito forte. O vento soprava quente e trazia jatos de água para dentro do curral, que inundou. Ficamos lá, sentados sobre um cocho, esperando a chuva passar. Levou mais de 40 minutos para tudo acalmar, muitas telhas voaram, árvores caíram, córregos transbordaram. Rios de lama foram arrastados para dentro do curral. Que sujeira. Rodrigo já se martirizava por todo o trabalho que teria. Falou pra mim que provavelmente as estradas estariam impedias e que não poderíamos voltar aquele dia. Não achei tão ruim assim. Teria mais tempo para ficarmos juntos.

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Ficha do conto

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Nome do conto:
Final de Ano IV

Codigo do conto:
79306

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
20/02/2016

Quant.de Votos:
2

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