Final de Ano V

Passado o temporal continuamos conversando mais um pouco, então levantamos os dois juntos. Ele escorregou numa poça de lama, segurou na minha camisa e caímos os dois juntos, ele embaixo e eu em cima. Aquilo era lindo, sentia o calor de seu corpo encostado no meu em meio àquele chão sujo e à brisa morna que procede a chuva. Rimos e tentamos levantar. Nisso senti seu pau duro na minha barriga. Exclamei e rimos mais um pouco. Eu estava nervoso, na verdade, a mil. Mas ele me pediu desculpas, continuando a rir me pediu que entendesse as suas necessidades. Me calei, tomei coragem e coloquei a mão sobre o seu volume. Ele então parou, suas feições mudaram completamente. Ficou bravo. Tentou se desvencilhar de mim, praguejando terrivelmente. Segurei ele no chão e clamei: “Me deixa te ajudar! Por favor! Me deixa te ajudar! Não vou contar nada!”. Ele ficou mais bravo ainda e tentou bater em mim. Se levantou e saiu batendo os pés. Parou de repente. Eu ali, no chão, humilhado. Olhando para o chão, ficou cerca de um minuto em silêncio, mexeu a cabeça negativamente, esbravejando. Então saiu. Fiquei lá jogado com um trapo na sujeira da chuva, pensando em como tudo tinha acabado. Em como eu estaria mal. Que a essa hora ele já tinha ido até a sede e estava prestes a me colocar em maus lençóis. Chorei baixinho, recolhido na minha estupidez. Insignificante, ali fiquei. Ali fiquei por muito tempo. Já devia ter passado da hora do almoço. Se minha família ainda não soubesse de nada, estariam aflitos a minha procura. Mas preferi não tomar nenhuma atitude. Quando finalmente quis fazer alguma coisa, Rodrigo reapareceu com um pacote em baixo do braço. Fiquei confuso. Sua cara não tinha mudado. Não perguntei nada, mas estava totalmente surpreso e até com um pouco de medo. O que ocorreria eu não sabia. Queria só que ele me dissesse que não iria falar nada, que eu devia ir embora e nunca mais falar com ele. Seria a melhor das hipóteses.