Meu Delegado - Capítulo 18



Sophia
Um mês depois...
Como o tempo passa rápido. Já estamos em janeiro e amanhã o Gus faz três anos. Nós vamos
fazer uma festinha pra ele lá na casa do Rodrigo, isso tudo foi ideia dele, ele está mais
animado que eu, para essa festa. Convidei todos os amiguinhos do Gus da creche e ele
também está super animado. Só sabe falar da festinha dos super heróis que ele vai ganhar.
Já era tarde da noite e já tínhamos adiantado algumas coisas da festa. Eu estava super
cansada do trabalho, dia de sábado o movimento lá é uma loucura.
O Rodrigo já tinha ido para a casa dele e eu estava com a Mila aqui em casa me ajudando. O
Gus já estava dormindo há muito tempo, graças a Deus
Vou para o quarto, tomo um banho relaxante e me deito na cama. Logo a Mila entrou no
quarto, com o seu banho já tomado e se deitou ao meu lado. Como estávamos muito
cansadas nem conversamos e logo ela se tapou, fechou os olhos e dormiu. Ela sempre dormiu
muito rápido.
Viro-me de costas para ela e ajeito meu cobertor preparando-me para dormir, mas o toque
do meu celular me impede. A minha vontade era de não atender. Quem é liga às duas horas
da manhã? Pelo amor de Deus! Mas ai eu pensei que poderia ser o Rodrigo, então eu atendi.
- Alô. – minha voz sai um pouco rouca do quase sono que eu tive.
A pessoa do outro lado da linha nada diz. Mas eu sei que tem alguém, pois eu ouço uma
respiração
Tiro o celular da orelha, olho no visor e o numero estava no desconhecido. Levo-o novamente
para a orelha e pergunto.
- Alô, quem é?
Ouço uma gargalhada bem baixa do outro lado e o meu corpo se arrepia de medo.
Eu conheço essa gargalhada. Eu nunca me esqueceria dela. Nunca.
Sinto os meus olhos se encherem de lágrimas e rapidamente encerro a ligação sentando-me
rapidamente na cama. Desligo o aparelho e jogo-o em cima da poltrona perto da porta.
Quando eu percebo, as lágrimas já estão descendo pelos meus olhos e eu não consigo conter.Amiga, o que foi? – ouço a voz grogue da Mila e seus braços passando pelos meus ombros.
- O DG... ele... ele me ligou. – abaixo minha cabeça encostando-a nos meus joelhos e choro
mais.
- Como assim Soph, ele te ligou?
- Ele me ligou... agora..ele..ele. – não consigo terminar e choro mais alto. Os soluços saiam
pela minha boca e minhas lágrimas desciam sem parar.
- O que ele te disse? – não consigo responder, eu só sei chorar.
Eu já desconfiava que ele estava me seguindo daquela vez. Eu sabia que ele estava solto por
ai e conhecendo como conheço, sabia também que não me deixaria em paz. Mas nunca
recebi nenhuma ligação assim e eu sei que era ele, eu conheço essa risada nojenta de longe.
- Amiga, calma. O que ele falou?
- Na-nada, ele não falou nada.
- Então como você sabe que era ele, Soph?
- A risada... a risada dele, eu nunca me esqueceria dessa risada nojenta. Era ele, eu sei que
era.
- Eu vou ligar pro Rodrigo então. – ela diz se levantando da cama.
- Não Camila! – Digo desesperada
- Por que não Sophia? Ele vai saber o que fazer.
- Não, ele... ele, se ele souber ele vai querer vim pra cá. Eu o conheço. E é perigoso, e se... se o
DG fez essa ligação com esse intuito? Com o intuito de tirar o Rodrigo de dentro de casa e
fazer algo contra ele?
- Mas ele nem sabe de vocês dois, Sophia.
- Se ele realmente estava me seguindo como eu acho que estava, ele sabe sim, Camila.
Vamos....vamos esperar, amanhã eu falo com ele.
- Sophia isso é sério. Ele tem que saber. Essa ligação vai ajudar pra caramba na investigação.
- Eu sei... e-eu vou falar, mas eu não quero que ele corra perigo mais do que já está correndo.
- Tá, você tem razão. – ela volta a se deitar e me puxa pra deitar ao seu lado. – Agora dorme
que amanhã o dia começa bem cedo.
- Eu não sei se vou consegui dormir depois dessa ligação, Camila. – digo enxugando as minhas
lágrimas.
- Vai sim. E qualquer coisa é só me gritar que eu estou aqui do seu lado pra te socorrer. – diz
e deposita um beijo em minha bochecha.
Respiro fundo e me viro de frente para ela. Não demorou muito e ela pegou no sono.
Mas eu não conseguia pregar os olhos, aquela risada ecoava á todo momento na minha
cabeça e as lembranças de anos atrás voltou á tona.
Um aperto tão grande preencheu o meu coração, como se fosse acontecer algo de ruim ou
estivesse acontecendo. De repente eu senti uma grande necessidade de abraçar o meu filho.
Me levanto da cama e vou andando com lagrimas pelo meu rosto até o seu quarto. Assim que
entro ele estava dormindo tranquilamente em sua caminha. Me espremo em sua pequena
cama e me deito ao seu lado o abraçando com força e deixo um beijo em sua cabeça.
- Mamãe?! – ele diz manhoso pelo sono.
- Shiiiu, dorme meu filho. – deixo um beijo em seu rosto e o trago para mais próximo de mim,
ele se aninhou ao meu corpo e dormiu novamente.
Só assim eu consegui dormir também...
[...]
- Amor, está tudo bem? Você está distante, já te chamei várias vezes e você não me escuta.
- Desculpa Rodrigo, é que estou um pouco cansada, só isso.
Ainda não contei pra ele sobre a ligação de ontem. Estávamos no meio da festa do Gustavo e
eu não ia contar agora. Eu conheço bem o Rodrigo, ele iria querer sair daqui direto pra
delegacia, ou até mesmo pra Rocinha.
- Mesmo? Não tem nada que você queira me falar?
- Não amor, só cansaço mesmo. – sorrio e selo rapidamente a sua boca.
- Vamos lá, o fotografo está nos chamando para tirar foto.
- Vamos.
Fomos e tiramos várias fotos com o Gus e os amiguinhos dele, ele estava muito feliz, como eu
nunca o vi em toda a minha vida. O Gustavo apresentava todo orgulhoso o Rodrigo para seus
amiguinhos como o seu papai. Era a coisa mais fofa. Eu vou agradecer ao Rodrigo o resto da
minha vida, por proporcionar esses momentos para o meu filho, que com certeza, eu nunca
conseguiria proporciona-los sozinha.
Essa é a primeira festa de aniversário do Gustavo. Sim, ele só foi ter uma festa com três anos
de idade. Isso porque o Rodrigo insistiu que não poderia passar mais um ano em branco e a
festa está a coisa mais linda do mundo.
Como a casa do Rodrigo é bastante espaçosa, a arrumação ficou linda. Ele fez várias árias com
brinquedos e pula-pula, piscina de bolinha e animadores de festas. Como não poderia ser
diferente o tema foi dos super heróis, o Gus ama e eu seu preferido é o SuperMan, que é a
fantasia na qual ele está vestido agora, é a coisa mais fofa do mundo e o Rodrigo também
adora.
Não preciso nem dizer que as mães das crianças estão secando o Rodrigo, porque isso já era
de se esperar. Com o tempo eu vou aprendendo a controlar os meus ciúmes e não querer
enfiar a minha mão na cara de todas que o olha com segundas intenções. Até porque se eu
fosse fazer isso com cada uma que o olhasse assim, tadinha da minha mão. Já estaria cheia de
calos de tanto bater.
Cantamos parabéns para ele e logo em seguida o bolo foi servido. Não demorou muito os
convidados foram indo embora e só restou a família.
O Gus acabou dormindo no colo da Julia de tanto que estava cansado, ela o levou para o
quarto dele que tem aqui na casa do Rodrigo. Ele fez um quarto para o Gustavo aqui
também, pois as vezes que passamos o final de semana inteiro aqui.
Sento-me no colo do Rodrigo, que estava jogado sobre o sofá, visivelmente cansado. Passo
minhas mãos em volta do seu pescoço e ele passa as suas pela minha cintura dando-me um
beijo rápido.
- Cansado amor?
- Pra caramba. – suas mãos subiam e desciam lentamente pela minha cintura fazendo-me
arrepiar levemente. – Não sabia que festa de criança era tão cansativa assim.
- Pra falar a verdade, nem eu.
- Mas valeu apena, só de ver aquele sorrisinho no rosto dele valeu pra mim.
- Obrigada amor. Obrigada por tudo. – digo e busco a sua boca novamente.
- Você não precisa agradecer nada Soph, eu já disse que eu fico feliz em vê-lo feliz... Em te ver
feliz. – ele passa a mão pelo meu rosto tirando meus cabelos dali.
Deito minha cabeça em seu ombro e o abraço mais forte deixando um beijo na curvatura do
seu pescoço.
- Eu te amo muito Rodrigo, muito mesmo. Aconteça o que acontecer nunca, nunca duvide do
meu amor por você... nunca.
Antes que eu pudesse impedir, as lagrimas já estavam caindo.
E nem eu sabia por que.
Não sabia o porquê daquelas palavras ali naquele momento. Eu só senti uma necessidade
imensa de dizê-las. Eu também te amo muito, Sophia e nunca duvide disso.
Um soluço sem querer escapole de minha boca e ele me faz olha-lo.
- Soph, por que você está chorando? – diz olhando fundo nos meus olhos e enxuga de leve o
meu rosto. – Amor você está estranha, está acontecendo alguma coisa que eu não sei?
- Rodrigo eu rec...
- Filho eu estou indo.
Quando eu ia contar pra ele sobre a ligação, a Julia aparece. Merda! Justo agora que eu tomei
coragem!
Limpo rapidamente o meu rosto.
- Estava chorando, querida? Aconteceu alguma coisa?
- Não, não foi nada Julia. Está tudo bem.
- Mesmo?
- Mesmo.
- Se o meu filho estiver aprontando com você, me fala que eu dou uns bons tapas nele.
- Mãe! – exclama o Rodrigo.
- Pode deixar, Julia. – digo sorrindo. – Mas não é nada, está tudo bem.
- Então ta, eu acredito em você. Rodrigo vem me dá um abraço, filho que eu estou indo.
Levanto-me do colo do Rodrigo, ele vai até ela dando-lhe um abraça e deposita um beijo em
sua cabeça.
Sim, eles finalmente se acertaram. Já estava mais do que na hora disso acontecer, eles
conversaram e ele finalmente tirou todo o rancor que sentia pela mãe. Eu não sei como foi
essa conversa, até porque não é da minha conta. Mas parece que foi bem esclarecedora pra
ele.
- Soph eu vou dar uma carona a sua mãe, já que vocês vão ficar aqui.
- Por que ela não fica aqui também, Sophia?
- Você sabe muito bem como aquela mulher é, Rodrigo. – digo sorrindo. – Vou lá me despedir
dela.
Saio dali e a Julia e o Rodrigo vem atrás, mas ao contrario da mãe que continua ao meu lado,
ele entra em casa.
- Tem certeza que não quer dormir aqui hoje, mãe? A senhora vai ficar lá sozinha. Tenho minha filha, pode ficar tranqüila que qualquer coisa eu ligo.
- Tudo bem então.
Despeço-me dela e da tia Patrícia, e da Mila que também já estavam indo.
Depois de todos terem ido embora eu entro, fecho a casa e subo para o quarto. Encontro o
Rodrigo saindo do banheiro com uma toalha amarrada na cintura. Ele vai para o closet e eu
me sento na cama para retirar minha sandália dos pés.
Depois ele volta e se senta ao meu lado abraçando-me e deixa um beijo rápido nos meus
lábios.
- Amor, eu estou muito cansado, será que a gente pode continuar a nossa conversa amanhã?
- Tudo bem amor, pode. Vai descansar.
Beijo-o e ele se joga na cama.
Não tem importância de eu esperar até amanhã para conta-lo sobre a ligação. Ele está
realmente muito cansado, coitado, precisa descansar um pouco.
Vou para o banheiro, tomo um banho um pouco demorado e depois vou até o quarto da
frente e dou um beijo no Gus que dormia profundamente. Deixo a porta do quarto um pouco
aberta e me deito ao lado do Rodrigo que já dormia, sinto-o se mexer na cama e logo em
seguida o seu braço passa pela minha cintura levando-me de encontro ao seu corpo.
- Boa noite, amor. – ele diz com uma voz bem rouca de sono e deixa um beijo no meu
pescoço.
- Boa noite.
Não demorou muito os meus olhos foram pesando e quando percebi já tinha dormido.
[...]
Acordo com uma criaturinha pulando em cima de mim e gritando...
- Mamãe, escola mamãe.
Ele gritava repetidas vezes e ao mesmo tempo pulava em cima de mim. Abro os meus olhos
assustada. Pra ele estar acordado deve ser muito tarde e eu não posso me atrasar para o
trabalho de jeito nenhum. Mas assim que olho o relógio ao lado da cama, vejo que ainda são
07h00min da manhã.
- Está cedo ainda meu filho. – digo coçando os meus olhos. – O que você está fazendo aqui
nesse quarto? Não sei. – ele fez uma cara engraçada e levantou as mãos.
O Rodrigo deve ter colocado ele aqui antes de ir para a delegacia.
- Okay, você já me acordou mesmo, então vamos tomar um banho.
Levanto-me da cama e o levo para o banheiro, dou um banho rápido e coloco a roupa da
creche que eu havia trago ontem, pois já sabia que dormiríamos aqui.
Desci com ele nos braços e encontrei a Maria sentada na cozinha.
- Bom dia Maria
- Bom dia. – diz com um sorriso simpático e dá um leve aceno de cabeça.
- Maria eu posso te pedir um favorzinho?
Ela logo se levanta da mesa e se põe a minha frente.
- Claro Senhora.
- Sem o senhora, por favor, eu já disse isso. É Sophia, apenas Sophia.
- Tudo bem. – diz e sorri um pouco sem graça – Mas o que você quer que eu faça?
- Você pode fazer o leite do Gustavo e dar pra ele, por favor, enquanto eu me arrumo? –
pergunto um pouco sem jeito.
- Claro.
Coloco o Gus sentado na cadeira pego o seu babador e coloco, não quero correr o risco dele
sujar o uniforme.
- Mamãe já volta ta meu amor?
Ele acena.
Subo, me arrumo rápido e arrumo também a cama do Rodrigo e depois saio já pronta. Tomo
o café da manhã rapidamente e quando saio do portão já encontro o Douglas, o policial que
nos acompanharia hoje, à nossa espera.
- Bom dia, Douglas. – digo sorrindo.
- Bom dia, Sophia. Bom dia, Gustavo. – fala bagunçando os cabelos do Gus.
- Bom dia. – ele responde o fazendo sorrir.
Entramos no carro e fomos rumo à creche do Gus primeiro, por mais que o Shopping fosse
bem perto da casa do Rodrigo, e a creche, digamos que um pouquinho distante, eu fiz
questão de passar lá primeiro. Ainda estava em tempo, eu não me atrasaria. Como
estávamos de carro, tudo é mais rápido. Então vinte minutos depois já estávamos parados
em frente à creche. Depois que deixamos o Gus lá nós voltamos para a Barra e não demorou muito chegamos ao
Shopping.
- Muito obrigada, Douglas.
- Que nada. Já sabe né? Se for almoçar fora do Shopping me liga pra eu vir te buscar, se não
for, de qualquer jeito ás seis horas eu estou aqui para te pegar.
- Tudo bem.
Desço do carro e entro no Shopping.
Passei a manhã inteira trabalhando, não tive tempo de parar nenhum minuto, o movimento
está muito puxado e por um lado isso é bom, pois a comissão no final do mês é maior.
Deu a hora do almoço e como sempre eu e a Jessica, que virou uma grande amiga minha aqui
na loja, fomos almoçar juntas.
Depois daquele episodio do Rodrigo aqui na loja ela veio toda sem graça se desculpar comigo
pela forma que ela agiu, e eu claro não tive porque não desculpar. Não posso culpar as
mulheres por eu ter um homem maravilhoso que chama atenção por onde passa, e ela não
tinha como adivinhar que ele era o meu namorado. Mas depois que ela me pediu desculpas e
eu a desculpei, nós passamos a nos dar muito bem. Ela me ajudou a me adaptar na loja e nós
sempre almoçamos juntas, isso quando o Rodrigo não vem me buscar para almoçarmos
juntos. Ela é uma ótima pessoa, meio doidinha, mas ótima.
Já tínhamos comido e resolvemos passar no Mc Donald’s pra tomar um sorvete, eu
simplesmente amo, e ainda tínhamos bastante tempo sobrando.
Sentamos na praça de alimentação e começamos a comer o sorvete.
A Jessica começou a falar sobre o carinha que ela conheceu na balada no sábado, alguma
coisa dele ser bom de cama e ser muito grande. Não entendi muito bem, na verdade eu
estava longe. De repente aquela mesma sensação de que algo de errado está acontecendo
toma conta de mim. Eu senti a necessidade de ver o meu filho nessa hora, mas eu não podia,
não podia simplesmente sair dali. Eu tinha apenas vinte minutos restante, não ia dar tempo
de eu ir lá na creche e voltar, não ia dar.
- Soph, está tudo bem? Eu estou falando aqui e você nem está ouvindo.
- Sei lá. Eu estou com um pressentimento muito ruim. Eu preciso ver o meu filho.
- Calma isso é coisa da sua cabeça. Olha já já o expediente acaba e você vai ver ele e vai ver
que está tudo bem.
- É, você está certa. Eu estou ficando um pouco paranoica. – digo mais para ela, pois eu não
me convenci totalmente disso.
Terminamos o sorvete e voltamos para a loja.
Eu trabalhei o tempo inteiro mal, eu não via a hora de sair daquele lugar e ir para casa e ver
que o meu filho estava bem e que era só coisa da minha cabeça.
As horas passaram lentamente, mas assim que as 18h00min marcaram no ponteiro do
relógio, eu sai apressadamente dali, nem a Jessica eu esperei. Cheguei ao estacionamento de
fora do Shopping e o Douglas já estava lá. Entro rapidamente no seu carro e ele seguiu em
direção à creche.
- Está tudo bem, Sophia?
- Está Douglas. – digo forçando um sorriso. Ele pareceu não acreditar muito, mas também não
disse nada.
Assim que ele para o carro em frente á creche, eu desço e atravesso a rua, tinha alguns pais
que buscavam os seus filhos naquele horário saindo dali com eles. Cheguei perto da mulher
do portão e antes que eu possa perguntar pelo meu filho, ela diz...
- Oi Sophia. O Gus já foi. – com um sorriso simpático nos lábios, que pela primeira vez eu não
consegui corresponder.
Senti minhas pernas fraquejarem e meu coração gelar.
- Como assim ele já foi? Eu só estou vindo buscá-lo agora, não é possível ele ter ido.
- O pai dele veio buscá-lo.
- Aãn! Como assim?
O Rodrigo não me avisou nada que viria buscar o Gustavo, e sempre quando ele faz isso, ele
despensa o policial do dia, vai me buscar e na volta passamos aqui.
Comecei a me desesperar de verdade quando ouço ela dizer...
- É o pai do Gus, o... como é o nome dele mesmo... Diogo eu acho, não era o Rodrigo não...
Isso mesmo, Diogo o nome dele, os olhos eram os mesmos, o rosto e tudo... O Gus é a cópia
do pai. – já podia sentir meu coração bater aceleradamente e meus olhos se encherem de
lágrimas.
Ele pegou o meu filho.
– Ele disse que você pediu pra ele vir buscá-lo, porque ia se atrasar um pouco no trabalho.
- Co..como.... como vocês dão o meu filho a um estranho? – eu já estava me alterando. – E
sem a minha autorização?
- Nunca faríamos uma coisa dessas, Sophia, ele entrou, conversou com a diretora e sim, ela
falou com você, inclusive você autorizou a saída dele.
- Eu não autorizei nada, vocês estão malucos...
De repente o meu celular começa a tocar. Eu olho no visor e o numero é desconhecido.
É ele, só pode ser ele.
Atendo.
- Oi meu amor, como você está? – aquela voz nojenta ecoa pelo telefone e isso me faz sentir
mais nojo e raiva do que eu um dia já senti por esse homem.
- Eu quero o meu filho, seu desgraçado. O que você fez com ele?
- O nosso filho? Ele está ótimo, só falta você aqui, amor pra família ficar completa.
- Você é maluco, tem problemas mentais... Solta ele agora DG ou...
- Morena, eu acho melhor você vim pra casa, o Gustavo não para de chamar por você e...
- Você está maltratando o meu filho seu desgraçado? – a raiva começou a me tomar de uma
forma tão grande, que as lágrimas que estavam em meus olhos secaram.
- Eu não fiz nada minha querida... ainda. Mas se você não aparecer aqui em uma hora e meia
eu acabo com a vida do desgraçado daquele delegado e da sua mãezinha. E você pode ter
certeza nunca mais verá o Gustavo. Nunca mais.
- Você não teria coragem de fazer isso.
- Você sabe que sim. – ele diz e solta uma gargalhada no final.
Nojento.
- Vou te mandar uma foto agora, pra você ver que eu não estou de bobeira.
Não demorou muito e meu celular vibrou sinalizando uma mensagem. Por um momento
retiro o celular da orelha e abro a mensagem, tinha duas fotos. Uma em frente ao prédio do
Rodrigo no qual nós estamos morando agora e na outra foto era o Rodrigo saindo do seu
carro em frente á delegacia e nessa foto em especial tinha um cano de uma arma próximo á
câmera, apontada para o Rodrigo. A foto parecia ter sido tirada de longe, mas era o Rodrigo
eu sei que era.
Escuto o DG me chamando e levo o telefone á orelha novamente.
- Tudo bem eu vou.
- Muito bem, mulher esperta. Tem um dos meus homens ai envolta vai até um deles.
- Não, eu estou acompanhada e eu vou sozinha depois.
- Sophia. Não tenta me enganar, eu tenho todos na minha mira inclusive o delegadinho de
merda. Se você estiver me enganando...
- Eu não estou te enganando, em uma hora eu chego ai, eu prometo. Tudo bem então.
Antes que ele desligue, eu o paro.
- Espera! DG deixa eu falar com o meu filho? Por favor!
- Tá. – ele demora um tempo e depois começo a ouvir o choro do Gus de longe e o meu
coração imediatamente se apertou. Eu conheço o meu filho, sei que está com medo. – Pode
falar.
- Filho, é a mamãe.
- Mãe, mãe com medo. – ele chorava muito e isso me destruía ainda mais.
- Calma amor, a mamãe já está chegando. Vai ficar tudo bem. – minha voz falha um pouco,
mas respiro fundo tentando me controlar.
- Tá. Já chega, já se falaram... Agora Sophia, sem gracinhas entendeu, ou então nunca mais vai
ver o Gustavo e aquele bosta vai pra vala, assim como sua mãe. – diz e desliga o telefone na
minha cara.
Seguro o celular com força na minha mão e respiro fundo, tento me tranqüilizar e tirar a
preocupação que com certeza toma conta do meu rosto e atravesso novamente a rua indo
em direção ao carro. Eu só não vou direto daqui, pois eu sei que o Douglas não vai me deixar
só, enquanto eu não estiver em casa. Entro no carro e ele me olha.
- Ué, cadê o Gustavo?
- Você falou com o Rodrigo?
- Sim, falei com ele de manhã.
- Só?
- Só. Por quê?
- Nada.
- E cadê o Gustavo? – pergunta novamente, agora desconfiado.
- Ele já foi... o.. oo Rodrigo veio buscá-lo. Sem me avisar, acredita? Quase fiquei louca. Agora
vamos logo pra casa que eu estou muito cansada.
- Claro.
Ele pareceu não acreditar muito, mas também não disse nada.
Como a creche era perto de casa, não demorou muito para chegarmos. Antes de descer eu
dispenso o Douglas alegando que não sairia mais de casa hoje e que ele poderia ir embora.
Subo correndo e agradeço a Deus por não encontrar a minha mãe na sala, entro no meu
quarto e tranco a porta.
Eu não sei o que fazer.
Eu tenho, tenho que contar para o Rodrigo, ele tem que saber. Mas se eu contar eu ponho a
vida das pessoas que eu mais amo no mundo em risco. Eu não tenho muito tempo pra
pensar, não sei muito o que fazer.
Pego um papel e uma caneta e começo a escrever uma carta. Eu espero que ele me perdoe
por isso. Eu espero que ele não me odeie... que ele me entenda. Mas eu tenho que fazer isso.
É o meu filho e eu não pensaria duas vezes em abrir mão de minha própria vida por ele. O
Gustavo precisa de mim nesse momento.
Termino de escrever a carta e percebo que está toda molhada pelas minhas lágrimas, dobro e
coloco dentro de um envelope.
Saio novamente do quarto e a casa continua quieta, vou bem de vagar até o quarto da minha
mãe e ela está dormindo. Saio dali antes que ela acorde.
Assim que chego à portaria eu deixo a carta discretamente com o porteiro, pois eu poderia
muito bem estar sendo vigiada por um dos homens do DG. Deixei bem claro para o porteiro
para entregar a carta somente ao Rodrigo.
Saio do prédio e pego o primeiro ônibus, que eu vejo que me deixaria perto da Rocinha. Cada
metro que o ônibus andava, parecia que o meu coração iria pular para fora, de tão nervosa
que eu estava.
Assim que o ônibus para no ponto perto da favela, eu desço e começo a caminhar
apressadamente para dentro. Quando chego na entrada da favela um dos moto táxis que
ficam ali, para a moto na minha frente.
- Monta ai, vou te levar pro chefe.
- Não preci...
- São ordens dele, anda logo. – o cara era meio mal encarado e não parecia estar com muita
paciência.
Subo na moto e agarro na sua cintura. Ele sobe o morro rápido demais para o meu gosto, a
sensação que eu tinha era que a cada curva que ele dava nas vielas, nós iriamos bater de cara
em algum muro ou poste. Não demorou muito e ele parou a moto em frente de uma casa
enorme, e muito linda por sinal. Ali eu soube que era a casa do DG. Só ele teria condições de
fazer uma casa dessas aqui na favela, e também é obvio, pela quantidade de “soldados” –
como são chamados os traficantes que tomam conta deles – que tinham envolta da casa.
Um deles veio até a mim e colocou a mão nas minhas costas e me empurrou de leve para
entrar.
- Vamo que o patrão tá locão que você ainda não chegou. Assim que entro na casa, dou de cara com o desgraçado que acabou com a minha vida há três
anos.
Ele tinha um sorriso maior do que a cara, ele era nojento, só de olhá-lo me dava vontade de
vomitar e ao mesmo tempo o medo me invadia. Mas eu não vou deixa-lo perceber isso, não
vou.
- Minha morena finalmente chegou. – ele diz se levantando da poltrona, que o deixava com
um ar de dono de tudo, e veio andando até mim. A minha vontade era de correr, mas eu tive
que me conter.
Pelo Gustavo. Tudo isso é pelo Gustavo.
Ele chegou mais perto de mim, perto até demais, e tentou me tocar, mas eu desviei.
- Cadê o meu filho? Eu quero vê-lo.
- Calma meu amor. Você já vai ver o moleque... – cada passo que ele dava em minha direção,
eu dava dois para trás, até que eu senti a parede. Não tinha mais pra onde correr. Ele me
prensou nela.
- Me deixa matar essa saudade que eu estou de você. – O DG leva sua mão para o meu rosto
acariciando-o e a outra segura com força a minha cintura, sua boca nojenta estava bem
próxima a minha.
E eu já podia ver tudo se repetindo novamente... Tudo

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105261 - A professora submissa - Capítulo 42 - A filha da professora submissa - Categoria: Sadomasoquismo - Votos: 7
105260 - A professora submissa - Capítulo 41 - Categoria: Sadomasoquismo - Votos: 5
105259 - A professora submissa - Capítulo 40 - Categoria: Sadomasoquismo - Votos: 3
105258 - A professora submissa - Capítulo 39 - Categoria: Sadomasoquismo - Votos: 2
105257 - A professora submissa - Capítulo 38 - Categoria: Sadomasoquismo - Votos: 2
105256 - A professora submissa - Capítulo 37 - Categoria: Sadomasoquismo - Votos: 4
105255 - A professora submissa - Capítulo 36 - Categoria: Sadomasoquismo - Votos: 2
105254 - A professora submissa - Capítulo 35 - Categoria: Sadomasoquismo - Votos: 2
105253 - A professora submissa - Capítulo 34 - Categoria: Sadomasoquismo - Votos: 2
105252 - A professora submissa - Capítulo 33 - Categoria: Sadomasoquismo - Votos: 2
105251 - A professora submissa - Capítulo 32 - Categoria: Sadomasoquismo - Votos: 3
105250 - A professora submissa - Capítulo 31 - Categoria: Sadomasoquismo - Votos: 2
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105212 - A professora submissa - Capítulo 27 - Categoria: Sadomasoquismo - Votos: 5
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Ficha do conto

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Nome do conto:
Meu Delegado - Capítulo 18

Codigo do conto:
110215

Categoria:
Heterosexual

Data da Publicação:
11/12/2017

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