A exemplo da primeira vez que se encontraram a voz dele ressoou em seus ouvidos, doce, quente e suave como uma manta de caxemira argentina naquela noite de inverno. O burburinho das vozes no salão não conseguiram apagar a musicalidade da voz em seus ouvidos. Ela, olhando-o de soslaio, agora que estavam tão próximos junto ao balcão, numa sensação indelével pressentiu sob as roupas dele o pau duro ao mesmo tempo em que aquiescia ao convite para aos aposentos do andar de cima da pousada.
Entregaram-se um ao outro com a gana apressada dos encontros casuais. Semi despidos ela o cavalgou com fúria até cair inerte de bruços sobre os lençóis sacudida por tremores de tal intensidade que a ela mesma surpreendia, totalmente abandonada ao prazer. Ajoelhado, ele a tomou por trás indo e vindo, entrando e saindo resfolegando desejo e tesão. Finalmente acabou. Ele gozou dentro dela com um grunhido mais alto e mais longo, abandonando seu peso em suas costas, aparando seus seios com as mãos nervosas por longos momentos, quase deixando-a sem fôlego. Depois de um tempo que parecia infinito para ela, durante o qual ele conseguiu verter nas entranhas dela golfadas espessas de sêmen, ele finalmente se afastou e saiu de dentro dela. Seu rosto pálido, olhos azuis, lindos, mas tão esgazeados por dentro a encararam por alguns momentos. Um sorriso vitorioso cruzou seus lábios e sua língua sulcou seu rosto, lentamente, do queixo à testa, passando pelos lábios e olhos, que ela apertou com lascívia provocante.
Ela se levantou da cama, nua buscou a calcinha e a calça e rapidamente as colocou junto da blusa na larga poltrona, sem vesti-las. Então ele se enxugou entre as pernas com uma toalha que encontrara perto do casaco. Ela puxou o lençol branco e engomado ao longo de suas pernas brancas e delicadas onde escorriam filigranas do sêmen dele e, languidamente, puxou o cobertor até o queixo. Com os baços no torpor do orgasmo recente a luz delicadamente foi se apagando.
Desde então, ele e ela vinham ali praticamente todas as noites, voaremos para o céu em carne e osso...
Ele amava o sexo com ele. Extasiava-se em perder-se na carnalidade sensual, envolvendo todos os sentidos na descoberta contínua de si mesma através dos olhos, mãos, boca e corpo de quem desencadeava nela uma centelha de revelação. Desde o tempo do colégio das madres ela sempre pensou que , ao torná-lo um pecado, o cristianismo havia feito muito pelo sexo.
De vez em quando, fragmentos de seus últimos encontros saltavam aos olhos dela, como flashes de poder incomum, mas ela nunca conseguia segurá-los por muito tempo, eles evaporavam tão rapidamente quanto bolhas de champanhe ao longo da taça de cristal.
Foi ele quem a fez descobrir várias canções e autores, novas músicas, novos pensamentos para somar ao rock, metal, hip hop que sempre marcaram os ritmos da pousada. Ele havia aberto horizontes para novos mundos, mal vislumbrados antes. Novos sons, cheiros, posições que no sexo plenificavam suas feminilidade.
Nunca o criticou pela casualidade que ele insistia manter e tão pouco nunca pretendeu outra coisa senão o prazer da vida intimamente perpenetrada. Ele tinha penetrado quase insondavelmente nas dobras de seus pensamentos, paixões e desejos secretos. Ele havia navegado nas ondas de sua intensa luxúria, sua imprudência como um leviatã imutável. Tinha sido seu Moby Dick, enquanto ela, como uma louca ninfomaníaca o descobrra, o provocara, desejou, seduziu, fascinou, arpoou e talvez finalmente feriu mortalmente.
Lembrou-se das sensações, dos lábios dele, da língua, que ele adorava fazer cócegas em todos os lugares, com uma constância e intensidade que sempre a deixavam atônita, e seu jeito infinito, faminto e ganancioso de amá-la continuamente, como se nunca pudesse saciar sua sede por ela. Em vez disso, o rosto, a voz estavam agora envoltos na névoa do caos que rodopiava em seus pensamentos. No entanto, poucos meses haviam se passado.