Dia 20 de fevereiro de 2022. Exatamente 00h no Brasil e 12h no Japão. Algo acontece no mundo, sabe-se lá o quê. Alguma coisa houve, nada físico, nem pôde ser visto, sentido ou percebido por ninguém. Mas aconteceu. Ninguém sequer soube. Mas aconteceu. É muito difícil dizer o quê, a melhor forma é mostrar.
Em uma cabana no interior de Minas Gerais, estava havia três dias Denise. Ela sabia que perderia o prazo da editora se não tomasse essa atitude radical, de se isolar do mundo e ficar ali até terminar seu livro.
Exatos vinte dias após seu isolamento, Denise podia voltar para São Paulo, enviar aquele texto para a editora e ficar livre de pressões por no mínimo seis meses! Era como um grande peso que saia de suas costas. Ela toma o último banho ali, organiza tudo e... Pé na estrada! Entra no carro feliz e realizada. O “algo” já tinha acontecido havia dezessete dias, três dias após sua chegada na cabana, mas ela não sabia. E na verdade, ninguém sabia.
Depois de quase uma hora na estrada de terra, ela chega na pista, e mais seis horas depois, em sua casa em São Paulo. Ela toma um banho, pede um lanche, come e dorme pesadamente.
Os primeiros dias passam e Denise vai à casa dos pais, os quais não via há um tempão. Eles conversam bastante, falam sobre tudo, almoçam e matam a saudade.
Mais tarde, porém, o "algo” começa a mostrar-se.
Aconchegados na sala, conversa vai e conversa vem, a família reunida liga a TV, onde passa um programa de auditório trazendo a seguinte pauta: “Meu Pai Não Aceita Meu Namoro Com Minha Mãe”. Um rapaz que devia ter uns dezenove anos estava ao lado da mãe e do pai, conversando com a apresentadora do programa, e recebendo aplausos e vaias da plateia conforme a família debatia aquele assunto estranho.
Denise não pode acreditar:
- Mas olha que loucura! Kkk Eu não acredito numa coisa dessas, gente!!!
- O que, filha? - pergunta dona Vilma, que estava ao lado da filha no sofá.
- Ué, mãe, você não entendeu? Esse moço aí tá querendo ficar com a própria mãe! E ainda acha que o pai dele está errado em não permitir!!! Gente, que mundo é esse que a gente tá vivendo? Hahaha
- Ah, sim… O pai não está deixando? - Dona Vilma pergunta um pouco confusa.
- Lógico que não, né??? Óbvio! Kkk
- Hum, entendi. Bom, de fora a gente pode não entender o porquê, mas pode ser que o pai saiba que o rapaz não quer nada sério e…
- Hãn? Isso é o de menos, mãe! A questão é que se trata de um filho querendo namorar a própria mãe! Que loucura!
-... Hum…
Denise tem impressão de que a mãe ainda não tinha entendido
- Entendeu, mãe? É um filho e a própria mãe dele!
- Sim... Mas filha, o que tem de mais? Desde que eles gostem, eu ach...
- O QUÊ??? Kkkkkkkk. Mãe, você tá louca??? Kkk Acho que a senhora ainda não entendeu rsrs. Eu estou falando que esse rapaz aí… ele quer “ficar”, ele quer… namorar, entendeu? Beijar, transar, tudo! Com a própria mãe!!! Essa mulher aí, ó, essa que tá no palco, essa de cabelo preto… é mãe dele!
- Sim, filha, isso eu entendi. Lógico que entendi! Só que ela é uma mulher adulta, ué, ela sabe o que é melhor pra ela, poxa.
- Ãhn!!!? - Denise estava absolutamente confusa, sua mãe jamais falaria algo assim. E tudo ficou mais bizarro à medida que o auditório estava claramente do lado do rapaz, torcendo pelo “casal” de mãe e filho.
- Filha, ainda não entendi por que você acha isso tão ruim, mas ok - diz Dona Vilma querendo encerrar o assunto.
“Mas que porra é essa, minha mãe tá usando drogas, só pode kkk” - pensa Denise.
Em seguida, o Sr. Julio senta ao lado de Denise, que fica no meio.
- O que tá rolando? - ele pergunta.
- Pai, sua mulher tá doida, só isso rsrs - diz Denise balançando a cabeça.
- O que foi, amor? - ele pergunta curioso.
Dona Vilma ia responder, mas Denise toma a frente:
- Tá vendo essa… aff, agora entrou o comercial!! Que saco… Mas enfim, tinha uma mulher aí, no palco, que estava namorando o próprio filho!
- Hum…
A expressão dele não mostrava nada demais.
- E… sua mulher ainda achou que “tudo bem”!
- … Não entendi, “tudo bem” o quê? - ele pergunta confuso.
- A mulher, pai!!! - diz Denise já irritada - A mulher aí - ela aponta para a TV -, querendo namorar o filho!!! O filho dela mesma!!! Não é filho de outra mulher, é filha dela mesma, gente!!!
Sr. Julio coça a cabeça.
- … Deixa eu ver se entendi: o rapaz já tem uma namorada e mesmo assim quer namorar a mãe? - ele pergunta querendo entender
- Eu não sei se ele já tem alguma namorada pai!!! Mas isso é irrelevante! Se ele tem namorada ou não, é irrisório! O ponto é que ele está querend...
- Calma, Denise, ô loko! Kkkk - diz o pai sem entender por que a filha estava tão estressada.
- Eu tô calma!!! Ok, desculpe… - ela respira - A questão é que se trata de um filho tendo um relacionamento com a mãe, caramba! Preciso desenhar isso pra vocês?
- Sim, já entendemos isso, mas o que tem demais??? - Sr Júlio parecia ainda mais confuso
- Ela tá doida, amor, comeu queijo estragado em Minas rsrs - diz Dona Vilma se levantando para pegar o controle remoto, voltando em seguida para o sofá.
O pai continua:
- Olha, filha… Sei lá, eu não vejo tanto problema, não. Claro, tem a questão da idade, né? Ela tem o dobro da idade dele, isso pode ser um pouco ruim, mas… Nem todo mundo liga pra essa questão de idade e…
- Não é essa a questão! A idade é o de menos! Ok!!! ESQUECE!!! Esquece esse assunto!!! - diz Denise, surtada - Vocês com certeza não entenderam até agora o que se passa! Não vou desenhar mais!
Os pais se entreolharam, sem entender por que a filha tinha implicado tanto com aquele casal de mãe e filho. Depois eles tiveram um ótimo café com bolo e passaram boa parte da tarde juntos antes de se despedirem.
Aproveitando que estava na cidade de seus pais, Denise resolve passar na casa onde moravam duas amigas, as irmãs Sabrina e Érica. Conversa vai e conversa vem, Denise desabafa:
- Ai, gente…Aí eu explico pra minha mãe… e você acredita que ela nem ligou???
- É, amiga - diz Sabrina -, pessoas mais velhas são assim, não torcem por casal nenhum rs
- Hã, como assim? - pergunta Denise sem entender.
- Seus pais, eles não torceram pelo casal, né? Eles foram indiferentes… Não é isso o que está nos contando?
- Sabrina, você não entendeu, não estou falando sobre eles terem torcido ou não pelo casal, o que estou dizendo é que se tratava de uma mãe e um filho querendo namorar. E minha mãe achou que "tudo bem". Olha que loucura! rs
- Hum... Mas qual o problema, Denise? Não entendi… - pergunta honestamente Érica.
- HAHAHA, palhaças! Vocês estão de brincadeira, né? Suas sem graças! - diz Denise, convicta que era uma pegadinha.
- …Bom, gente, vamos jantar? - Sabrina tenta encerrar o assunto.
- Vamos, sim... - responde Denise, mas ainda incomodada - Mas… vocês estão falando sério? Olha, eu não quero que brinquem com isso agora…
- Amiga, eu não sei por que de repente você achou isso tão estranho… Tipo, eu é que não entendi sua reação rs… São apenas mãe e filho, isso acontece, ué, é normal - diz Érica
- Normal??? - a cabeça de Denise explode de vez
- Denise, eu também não vejo nada demais - concorda Sabrina.
- .... Ok, gente, deixa pra lá - já esgotada intelectualmente.
- Você tá bem, querida? - pergunta uma delas.
- Estou, estou sim. Vai, vamos jantar! - termina Denise, se levantando, querendo acabar com aquele assunto de vez.
O jantar estava delicioso, e depois de um tempo conversando, Denise tem que ir embora. Sabrina toma a palavra:
- Denise, você nem falou do Beto, ele ainda está com o pai dele? - pergunta Érica.
- ... Sim. Ele sempre passa as férias com o pai… Mas depois de amanhã ele volta.
- Ele tá lindo, viu? Que rapazinho lindo seu filho ficou.
- ... Obrigada… Bom gente, eu já vou indo. Até a próxima, meninas.
Denise entra no carro com a cabeça doendo.
Começando a ler mais uma novela da Lari, o começo desta não me pegou muito mas tenho que ma atualizar para ver os novos. E tenho certeza que a Lari tem um grade roteiro para tudo isso kkkkk.
Apocalipse do incesto!! Adorei!! Kkkk Parabéns!
Parece um filme, showww
Caramba. Muito criativo! Vale dez estrelas. Dá uma lida nos meus contos e me manda uma mensagem sincera. Pode até criticar muito que eu não ligo. Vou considerar uma crítica importante com base na qualidade de seu conto.
Delícia