No dia seguinte:
Páris retira o último carrapato da sobrancelha, com uma puta dor, e depois observa se tem algum lobo por perto, antes de dar sinal para as ovelhas dormirem.
- Porra, essa vida de pastor não tá com nada, nada acontece, vai tomar no cu! Que tipo de história vou contar para os filhos que um dia terei? O dia que eu tive que tirar um carrapato do cu da ovelha? O dia que tive que tirar um carrapato do MEU cu? Ah, mano, que merda!
Páris assiste o pôr do sol e entra em sua caverna solitária. Prepara um café e dá uma boa mijada. Depois era só deitar na cama de pele de carneiro, quase sempre cheia de pulgas, e bater uma punheta antes de dormir. Esse era o ritual. Ele não sabia, porém, que aquela noite seria bem diferente. Na entrada da caverna, Páris escuta algumas vozes cochichando. Ele pega o porrete, se preparando, caso fosse algum ladrão.
- Vai primeiro, Afrodite, você tem mais mais experiência com homens - pede Athena, apreensiva
- Ah, não fode, Saori Kido! - retruca a deusa da beleza
- Vocês duas são umas caipiras! Venham, me sigam! - Hera lidera - Ô DE CASA! CLAP CLAP CLAP; Ô DE CASAAAA!
Lá dentro, o pastor de ovelhas se surpreende:
"São mulheres??? Caralho, nem sei a última vez que vi uma mulher!"
Páris dá as caras e vê três mulheres da mesma altura que ele ou talvez até um pouco maior, todas bem vestidas, com pouco mais que os olhos à mostra nas faces cobertas com véus.
- Seu nome é Páris? - elas perguntam
- S…sim.
- Nós somos Athena, Afrodite e Hera
- E eu sou Zeus, Huahuahua! Vou mandar um raio, hein? ZIM, ZOPT, ZAPT, hahaha - Páris estava a tanto tempo sem ver uma mulher que havia perdido totalmente a habilidade de não parecer um retardado na frente delas.
- Humano, não seja idiota! Nós não estamos com brincadeiras, somos deusas. Você já deveria ter se ajoelhado ou pelo menos curvado a cabeça, não? - pergunta Hera, impaciente
Paris fica um pouco sem graça por ninguém ter rido de sua gracinha e volta à compostura:
- Olha, eu sei lá quem são vocês, nem o que procuram, mas tenho algo muito importante para fazer e não posso adiar, então, se me derem licença…
- Insolente! - Athena retira o véu, seguida de Hera e Afrodite.
"Eita porra, QUE GATAS!!! Mas… caralho, são muito bonitas, nunca vi nada assim na minha vida!!!"
As três deusas entram na caverna sem pedir permissão.
- Vocês são doidas? Três mulheres entrando na caverna de um cara, num lugar desses???
- Páris, nós somos deusas, já disse! - retruca Hera
- Olha, eu não tenho nada contra sua religião, mas…
- Caralho, moço, nós somos mesmo Hera, Afrodite e Athena! Que prova você quer?
- Uma prova? Kkk, parem de fazer graça… Tá, então transforme essa pedrinha aqui - ele retira do bolso - em uma planta, sei lá. Isso, transforme essa pedrinha em uma rosa! - e ele estende a mão em desafio
- Ok, PLIM! - ordena Afrodite
A pedrinha se transforma em um rosa na mão de Páris
- Eita porraaaaa, como você fez isso??? - ele fica perplexo, a boca aberta e os olhos esbugalhados
- Eu sei lá, não sou cientista, nem bruxa, nem fada; sou uma deusa, eu simplesmente mando e as coisas acontecem.
- Caralho! Ok, ainda preciso processar isso… - ele estava atônito
"Maluco, que porra é essa? … Eu nunca vi mulheres tão bonitas na minha vida… é uma beleza até bizarra. E agora essa rosa na minha mão… Puta que pariu, essas são mesmo Juno, Minerva e Vênus!"
- E então, acredita agora? - debocha Athena.
- Sim, isso basta. Peço apenas que retornem essa rosa em pedra, pois era uma pepita de ouro.
- Ah, sinto muito, eu não sei desfazer
- O quê??? Mano, era uma pepita de ouro!!! Eu a guardo como Fundo de Garantia, porque eu não pago o INSS!
- Hum… Bom, eu também não sei desfazer - diz Hera
- Eu tampouco - completa Athena - Ora, mas não se preocupe com isso, animal, quer dizer… humano. Ouro não será o problema.
Páris se acalma e pergunta:
- Ok, ok… Certo, a questão é a seguinte: três deusas na minha caverna, qual a explicação para isso?
Hera, dessa vez com paciência, explica tudo, tintim por tintim, do que houvera no Olimpo, e a tarefa que os deuses reservaram a ele, dentre todos os homens da terra, de dizer qual era a mais bela das deusas.
- Mas… por que eu???
- Eu já disse, Páris, foi aleatório. Simplesmente aleatório.
Páris bebe um pouco do seu café e procura raciocinar.
"Você nunca teve porra nenhuma na sua vida. Aproveite essa oportunidade agora, não seja burro. De todos os homens do planeta eu fui o sortudo. Devo explorar isso ao máximo. Pelo menos uma vez na vida farei algo que valha a pena contar para meus filhos e netos que um dia terei. Serei lembrado para sempre!"
Páris bebe o último gole e fala, tentando ser firme:
- Evidentemente, não posso decidir isso assim,
às pressas. É uma decisão que todos os deuses confiaram a mim, tenho que fazer isso da melhor forma. Além do mais, se não for assim, minha decisão poderá ser desmerecida e contestada futuramente, se eu simplesmente escolher sem seriedade. Lembrem-se que decidir qual é a deusa mais bela não é uma decisão sem importância.
As três boazudas se entreolhavam, um pouco surpreendidas pelo argumento de Páris.
- E o que você propõe, então? - pergunta Afrodite
Páris então as olha com firmeza. Mão no queixo e sobrancelhas rijas, bem compenetrado, cerca de dois metros de distância delas, vendo-as de forma ampla e criteriosa. Seus olhos deslizam de alto a baixo, até os pés das deusas - até os pés delas eram perfeitos - e cada uma sente a ousadia e o atrevimento do olhar daquele homem, mas nada dizem.
"Safado, olha o jeito que está nos olhando, rs" - pensa a deusa da beleza
"Feio ele não é, só precisa ter bons modos" - pensa Hera
"Atrevido, cafajeste!" - pensa Athena
- Vai nos dizer sua proposta ou não? - pressiona Hera já impaciente
- Sim, vou. Vocês precisam voltar aqui amanhã. Até lá terei meditado na beleza de cada uma, porque são muitas quest…
- Nem fodendo que volto a essa pocilga amanhã! - diz Athena, indignada
- Então você está eliminada, é simples assim - responde o homem, de forma seca e indiferente
- O… o quê? Isso é uma puta sacanagem!!! - ela esbraveja
- É você que sabe, Minerva. A escolha é sua - ele continua firme e não volta atrás
Athena, se pudesse, transformaria aquele filho de uma puta numa batata, ainda mais porque detestava ser chamada de Minerva. Mas ela sabia que se o fizesse, as duas outras deusas dividiram o prêmio e ela seria desclassificada. Já podia imaginar como seria passar perto de Afrodite nos jardins do Olimpo e vê-la dando aquela risadinha pelo nariz, com o canto da boca, com ares de vitória, só para irritá-la; ou mesmo Hera, jogando indiretinhas para sempre, em cada festa olímpica, contando a todos sobre o dia em que ganhou a porra da maçã enquanto uma tal coitada fora desclassificada. Não, isso Athena não podia suportar, então se calou, detestando Páris.
Páris retoma, encorajado pelo xeque-mate que dera em Athena:
- Bem, como eu dizia, há muitas coisas para se considerar, por exemplo: Minerva e Juno têm belos olhos azuis, enquanto Vênus têm olhos verdes e…
- NOMES GREGOS, POR FAVOR! - exigem as três, que detestavam seus nomes romanos
- Tá, tá, que seja. Athena e Hera têm olhos azuis, enquanto Afrodite têm olhos verdes; eu prefiro olhos azuis do que verdes. Já no tocante à cor dos cabelos, prefiro o ruivo-alaranjado de Afrodite do que o loiro de Hera ou o castanho de Athena. E imagine que ainda tenho que levar em conta a textura… Não sei se prefiro o cacheado, o liso, ou o ondulado. Percebem como o cálculo tem que levar tudo em consideração?
- Você é um verdadeiro sofista, Páris - diz Hera, semi-irritada
- Não, eu entendi seu ponto, animal... quero dizer, humano. É melhor mesmo você pensar bem. Eu odiaria perder para estas duas por algo injusto de sua parte, que não tenha levado em consideração - admite Afrodite
- HUMPF! - emburra Athena, mas consentindo
Páris, mais confiante, conclui:
- Voltem amanhã, preciso descansar e pensar muito - ele finaliza, como forma de assumir a liderança.
Mais uma vez, Páris as olha de cima a baixo, se arrogando O especialista e se demorando particularmente no rosto de cada uma. Athena se sentia envergonhada com um olhar tão penetrante; Hera, se achava inibida e um pouco exposta; Afrodite, excitada e comida.
Ao término daqueles olhares, as três deusas desaparecem. Páris então senta na cama de pele de carneiro, bota a mão na cabeça, pensa por alguns segundos e por fim, suspira:
- PUTA QUE PARIU! - e tira rapidamente o pauzão pra fora, para uma punheta inesquecível.
É uma imaginação tremenda, parabéns e vou já ler o próximo, votado como sempre
Parabéns Larissa!!!! Já conquistou o interesse meu pela história....eita que essa punheta vai ser bem batida kkk
Impressionante como teus contos conseguem cativar