Um mês havia se passado desde que Denise dera um "não" bem firme e decidido ao filho, e além disso, o proibiu de tocar nesse assunto novamente. Um mês, um mês inteiro. E o filho, que se dizia tão apaixonado, parecia ter desistido tão fácil - Denise pensava. E para piorar, agora tinha virado moda: todo final de semana queria ir para a casa do pai, coisa que antes não acontecia. Ela temia estar perdendo o filho por ser uma chata.
Além disso, questões antes já superadas voltaram a incomodar Denise. Será que ficaria solteira para sempre? Desde que terminara com o pai de Beto, quando este ainda tinha quatro aninhos, nunca mais havia se relacionado com ninguém. Tinha plena noção de sua beleza, mas ser mãe solteira acabava por distanciar os homens. E a bem da verdade, sempre que Denise percebia alguém interessado, começava a evitá-lo. A razão, em última instância, era o filho, pois achava injusto levar um desconhecido pra casa, com quem o filho seria obrigado a conviver.
Por mais que tentasse, Denise não conseguia tirar esses pensamentos da cabeça. A todo momento se pegava perguntando se o filho tinha arrumado alguma garota. Mas o que isso importava? Ela estava com ciúme do filho? E por que estaria?
"Ele não gosta de mim de verdade, porque quem gosta não desiste assim. Não que eu queira alguma coisa com ele, óbvio, mas..." - estendendo roupas no varal
"Toda mulher gosta de saber que tem alguém apaixonado por ela… o que tem de tão errado assim, em me sentir bem?…. Se bem que ele não está mais apaixonado por mim" - picando alimentos na pia
"Vou acabar sem ninguém, isso sim, porque fico querendo escolher demais. Tudo bem, eu mereço mesmo…" - ela pensa, fechando irritada o livro que não conseguia ler de jeito nenhum, perdida naqueles pensamentos.
- Aff! Isso está acabando com minha cabeça! Que ódio!
Denise então se levanta e faz aquilo que era bem raro: liga para o pai de Bruno.
O telefone toca algumas vezes, até ela quase desistir:
- Alô? Denise? Pode falar! - o típico som de partida de futebol na TV ao fundo
- Oi, Cassio, tudo bem?
- Tá tudo bem, Denise
- Que bom…
- Pode falar
- Não, eu só liguei, porque… O Beto está bem?
- Sim, ele tá no quarto, por quê?
- Não sei, Cassio, ele anda meio cabisbaixo ultimamente
- Sei, eu também percebi… O que você acha que é? - ele pergunta.
Pela primeira vez passa pela cabeça de Denise que o filho podia ter conversado com o pai sobre as coisas que aconteceram
- Não sei, é justamente o que estou te perguntando. Ele te falou alguma coisa?
- Não, para mim nada.
Denise respira aliviada e admira o filho por ter sido confidente
- Hum, entendo. Bem, eu achei que talvez você pudesse me ajudar a entender
- Talvez eu possa, se você me disser mais, Denise.
Denise precisava desabafar. Não que Cassio fosse o cara certo para isso, mas ela não conseguia pensar em mais ninguém, e além do mais, já sabia que esse assunto não causaria estranheza em ninguém.
- Sabe o que é, Cassio? Eu tô achando que é alguma paixonite dele
- Será? Bom, para falar a verdade eu pensei nisso também, mas acho meio difícil, viu?
- Por quê?
- Ah, geralmente rapazes que têm mães bonitonas não passam pela fase das paixonites, sabe?
- Quê? Como assim?
- ... Se for um rapaz que nunca ficou com garota nenhuma e não sabe nem o que é um beijo, claro que vai ficar mais vulnerável a “sofrer de amor” nessa idade, né? Mas quem já tem essas coisas em casa, como no caso do Roberto, que sempre viveu com você, acho mais difícil ser feito de bobo por alguma garota.
- Cássio, eu ainda não compreendi o seu ponto, sinceramente - ela havia entendido sim, mas mentia para si mesma, para que o assunto fosse por esse caminho.
- Eu só estou dizendo, Denise, que vocês dois, dando uns beijinhos de vez em quando e coisas assim, que querendo ou não acabam acontecendo pela própria convivência, faz com que ele não seja tão bobo com as garotas… porque de alguma forma ele já tem essas coisas em casa rsrs. Por isso eu disse que filhos que tem uma mãe bonita têm essa vantagem.
Denise escuta tudo pacientemente. Então era isso. Cassio, e provavelmente muita gente achava que ela e o filho trocavam afetos desse tipo.
- Mas Cássio, você está muito enganado, eu nunca tive essas coisas com seu filho
- Eu sei que você não tem, mas estou dizendo apenas uma coisinha ou outra, coisas que acabam acontecendo mesmo, entendeu?
- Não no meu caso, eu nunca fiz nada com seu filho
- Ôxi, sério?
- Sim
- Tá, mas... Nada, tipo, nada mesmo? - ele pergunta com voz de descrença
- Nada, Cássio, isso é tão incomum assim?
- Lógico, né? Você é muito bonita, é incomum, sim! Será que nosso filho é gay?
- …
- Tipo… Vocês nunca deram nem um beijo???
- Não, Cássio
Por um milésimo de segundo, a mente de Denise é atravessada por uma pergunta indiscreta: o que estava realmente buscando com esse telefonema? Será que, afinal de contas, não queria apenas alimentar sua mente com mais assuntos sobre o filho?
- Nossa… e eu sempre achei que vocês se davam super bem - diz Cassio.
- Mas gente se dá bem, Cássio
- Hum… Então, nesse caso, já que vocês nunca dão uns beijos, acho que pode ser aquilo que você havia dito mesmo, uma paixonite
- Um tempo atrás ele foi na casa de uma amiga do curso de inglês para arrumar o PC dela. Talvez seja ela, não?
- Ah, não! Definitivamente não! rs. Se ele estiver apaixonado é por você, Denise, se liga, né? Acorda! haha.
Denise deixa um sorriso escapar e, percebendo, sente vergonha. Era como se seu disfarce, o disfarce para si mesma, caísse por terra. Mas ao mesmo tempo sentia uma grande emoção em saber que o filho provavelmente ainda estava apaixonado por ela.
- Ah, não, eu acho que n…
- Ah, para Denise! Eu já tive a idade dele e também tive uma mãe lindona! hahaha
- Cred… - ela ia dizer "credo", mas cada vez mais percebia que era estranho dizer algo assim para algo considerado tão normal - Entendo. Então você e a dona Lourdes "ficavam"???
- Sim, ela foi meu primeiro crush, lógico!
Essa imagem Denise não conseguiu processar
- Hum… Mas… De qualquer forma, Cassio, ele não é muito novo pra mim?
Pela primeira vez Denise chegava a esse ponto, e estranhamente sentia uma boa sensação, algo bem adolescente nascer dentro dela, daquela época em que era tão gostoso gostar de alguém e sentir que alguém gostava dela
- Ah, mas você é nova, Denise! Mas por que a pergunta? Está de olho nele? Hahaha
- Eu? rsrs, não, não…
- Ah, para! haha. É óbvio que você tá a fim dele rsrsrs
Denise fica vermelha como pimentão. Mas também pudera, aquela ligação não tinha sentido, era só um pretexto para falar de Beto e isso estava evidente.
- Não, senhor! Só liguei porque…
- Denise, é óbvio que você tá a fim rs. Posso dizer uma coisa?
- Pode
- Vocês combinam pra caralho.
-... Você acha mesmo? rs - Denise não percebia, mas enquanto com uma mão segurava o celular, com a outra fazia cachinhos no cabelo com o dedo indicador, como uma adolescente bobinha e encantada.
- Sim, acho sim.
- Cássio, eu estou pedindo sua opinião séria... Você realmente acha isso?
- Acho sim, Denise, estou sendo super sincero. E pra ele ia ser muito bom, porque ele já é um bom filho. Namorar você ia dar muita responsabilidade pra ele.
- Em que sentido?
- Acontece com todo mundo que namora a mãe. Uma coisa é ser filho, outra coisa é ser namorado da mãe. Pode ter certeza que ele vai querer logo um trabalho, para poder sair com você, comprar presentes… Vai te ajudar na casa, etc., porque vai ser uma relação mais completa, onde ele vai continuar a te ver como mãe, mas também como namorada, noiva, etc.
O coração de Denise pula. Num segundo ela pensa em si mesma com roupa de noiva.
- Entendi… Você acha que eu deveria, sei lá, dar uma oportunidade a ele?
“Não acredito que estou falando isso” - ela pensa
- Lógico. Na verdade eu achava que isso já acontecia, estou bem surpreso, até.
- rs
Os dois conversam um pouco mais antes de desligarem. Ao término, Denise já havia se decidido a pensar nisso pelo menos como uma possibilidade. O filho era bonito, gentil… E acima de tudo, não havia nada de errado em uma mãe namorar o filho. Talvez fizesse mesmo todo o sentido, já que ninguém poderia cuidar melhor do filho que a própria mãe.
Já era hora do jantar, quando Cássio chama o filho no quarto:
- Você dormiu a tarde toda ou tava só batendo punheta? Hahaha
- kkkk Que nada, pai, eu tava vendo um filme rs
Eles jantam e conversam sobre várias coisas, mas antes de saírem da mesa o pai tenta uma abordagem:
- Filho, e seu relacionamento com sua mãe, como tá?
- Ah, o de sempre… nada demais
- Sabe o que eu estava pensando? Você já tá na idade de namorar, bicho. Por que não chama ela pra sair?
- Ah, acho que não dá - diz ele tímido
- Você já a chamou?
- Não, mas… já levei uns foras dela rsrsrs
- Sério? Kkkkk
- É foda rs
- Isso acontece, filho. Mas sei lá…. Você gosta dela ou só quer dar uma comida? Kkk
- Porra, pai, não fala assim, né?
- Huuuuummmm, então você gosta da mamãe, hein?
- Já gostei, hoje não mais - ele tenta despistar
- Mano, você não sabe nem mentir rs
- kkk Eu tô falando sério, pai
- Bom, toma aqui, não é muito, mas dá pra você sair com sua mãe. Mas para isso você tem que primeiro convidá-la - diz ele, dando trezentos reais ao filho
- Pai, muito obrigado, mas não posso aceitar
- Ô, caralho, não dificulta as coisas, pega esse dinheiro!
- Pai, ela não vai aceitar…
- Você gosta dela ou não? Se disser que não, tudo bem, não vale mesmo a pena.
- … Eu gosto
- Então deixa de ser frouxo e convida ela para sair!
Beto pega o dinheiro um pouco sem graça
- Obrigado, pai
- Já tem ideia do que fazer?
- Talvez...
- Vou te dar o caminho das pedras: você compra uma calcinha para ela e …
- Ah, pai, para de graça! Kkk
- Tô brincando, não seja um escroto com ela rs
- Eu acho que sair comigo vai ser mais difícil. É mais fácil eu fazer um jantar e comprar um presente pra ela… Quando ela chegar vai ficar surpresa rs
- É, pode ser uma boa. E filho…
- Oi, pai
- Use camisinha rs
- Eu sei, pai rs
Depois dessas coisas, Beto não via a hora de voltar para casa. E quando chegou, estava com a esperança renovada. O clima entre ele e a mãe estava bem melhor agora, havia apenas um leve incômodo de constrangimento entre os dois.
Os dias se passam e algumas conversas interessantes surgem entre eles:
- … É, eu até achei que você estava namorando aquela moça do PC, que você foi arrumar, lembra? - instiga Denise
- Ah, não, não. Não tenho nada com ela, não. Você não precisa se preocupar com isso, eu não namoraria alguém sem te dizer. Sabe, antigamente eu também vivia me perguntando se a senhora tinha algum namorado escondido rsrs
- Sério? Você pensava isso de mim?
- Quando eu tinha uns dez, onze anos, sim. Depois entendi que você não ia namorar mais
- Você acha que eu não tenho mais idade para namorar?
- Não, desculpe, não foi isso o que eu quis dizer
- Eu não estou tão velha assim, filho
- Claro que não, eu sou o que tem a mãe mais nova entre todos os meus amigos.
- Hum…
- E o que tem a mãe mais bonita também.
- Obrigada - ela cora
- …
- …
Os dois ficam constrangidos novamente, mas desta vez ambos saboreavam o momento sem mudar de assunto, até que Denise retoma:
- Ainda estou na idade de encontrar alguém
- Sim, com certeza, mãe
- Só falta a pessoa certa pra mim…
- É…
- Alguém que tenha paciência comigo…
- …
- ...Que queira algo sério e não apenas entretenimento
- Sim, mãe, com certeza
- … E… tem que ser alguém que não desista fácil, sabe? Tipo, se a pessoa gosta mesmo, ela não desiste fácil… não é?
- Claro, concordo, mãe
"Mano, esse é o meu momento, tenho que aproveitar. Sei que ela vai me dar uma bronca, mas foda-se, tenho que tentar só mais essa vez. Pai, essa é por você!"
- Mãe, se eu não fosse seu filho, a senhora aceitaria namorar comigo?
-… Beto, a questão não é você ser meu filho... Não tem nada demais uma mãe namorar seu filho, oras. Eu namoraria você sim, por que você é especial, sabe?
- Então por que não aceitou quando pedi?
- Eu… tenho medo
- De quê?
- De sofrer
-...
A conversa termina depois de algum tempo e o dia termina.
……………………..
Um dia depois, 18h.
O nhoque tinha ficado impecável, graças ao YouTube e aos produtos de qualidade que pôde comprar. O vinho e tudo o mais já estavam à mesa. A casa inteirinha arrumada e a meia-luz das velas ambientando a sala de jantar. A música instrumental romântica rolava baixinha. Só faltava a mãe chegar. Beto estava ansioso, mas não tanto quanto achou que ficaria.
A fechadura faz barulho e Denise entra, deslumbrante, como sempre acontecia quando vinha da casa de alguma amiga. O vestido preto tubinho delineava seu corpo com exatidão e entregava um decote generoso; o salto vermelho, o mais alto que ela tinha, que empinava seu bumbum ao máximo; seu cabelo parecia mais radiante que o normal.
- Filho, cheguei! - ela anuncia, como sempre fazia
- Oi, mãe - Roberto se apresenta com sua roupa social, de caimento impecável: camisa branca, gravata verde musgo, calça preta e sapato. O cabelo bem penteado, o perfume bem masculino.
Ela se surpreende:
- N... Nossa, filho, como você tá lindo! - toda desconcertada - Aonde você vai???
- A lugar nenhum, mãe - ele estende a mão para ela, esperando que ela aceitasse.
Ela entrega a mão ao filho sem entender direito o que estava acontecendo e Beto a conduz docemente até a sala de jantar. As duas mãos dela vão à boca assim que vê aquela ambientação
- Filho!… Você…
Roberto então faz como ensaiou o dia inteiro: abraça a mãe sutilmente por trás, sem se aproveitar, enquanto ela vibrava com aquela mesa tão lindamente posta, ambientada com a música instrumental mais linda. A voz rouca do filho em seu ouvido a fez estremecer:
- Mãe… fica comigo?
O coração dela explode, como o de uma adolescente apaixonada.
- Filho… - ela tenta dizer, sem desvincular seu corpo do dele
- Eu vou ter paciência, mãe, eu juro… - a voz mais rouca e ainda mais baixinha no ouvido
Denise estava explodindo de paixão por dentro. Ela gira o corpo e encara de frente o filho que um dia gerou. Beto não se intimida e continua olhando em seus olhos. As mãos de Denise no peito do filho. As mãos de Beto ambas no quadril da mãe.
Olhos nos olhos.
O rosto de Beto parecia estar mais próximo, mais próximo, mais próximo…
Lábios nos lábios.
"Meu filho, eu te amo" - ela pensa, sentindo suas emoções explodirem como fogos de artifício
O beijo começa tímido, mas decidido, e vai crescendo até virar um beijo de gente adulta, ainda que contido.
Língua na língua.
O beijo fica mais saboroso, mas Roberto sabia que não podia avançar. "Não seja escroto", seu pai havia dito. Seu pau estava duro como pedra, mas não deixou encostar na mãe.
- Eu te amo, mãe!
- Eu te amo, filho… eu… eu aceito!
- Esse é o melhor dia da minha vida, então! - ele comemora, feliz e sorridente
- Filho...
- Oi.
- Obedeça à sua mãe agora. Me beija direito!
Pelo visto ela não mudou muito de ideia, mas pensou tanto nisso que nem consegue tirar da cabeça, incrível que só de notar que todo mundo acha isso normal, foi o suficiente para ela se entregar para o filho.
É isso aí. Tem que obedecer a mamãe. Beija ela do jeito que ela precisa.
Beija ela rapaz aproveita. Valeu Larissa!!!