Ela estava jogando com ele, disso ele tinha certeza. Mas o que ela escondia? O que havia por trás daqueles sorrisos suaves e olhares provocativos?
Uma noite, enquanto jantavam, Helena se inclinou levemente sobre a mesa, seus dedos deslizando pelo copo de vinho. O contato da pele dela com o vidro parecia deliberado, e seu olhar encontrou o de Ricardo com uma intensidade inesperada.
— Tem algo que você quer me perguntar, não tem? — A voz dela soou mais baixa, como um desafio.
Ricardo sentiu um frio percorrer sua espinha. Ele tentou manter a compostura, mas o calor que se espalhava pela sala parecia sufocá-lo. Estava claro que Helena estava ciente de sua desconfiança e, de algum modo, parecia gostar disso. A tensão entre eles se tornava palpável.
— Não sei... talvez — respondeu, jogando o jogo dela.
Helena sorriu, aquele sorriso enigmático que o tirava do controle, e levantou-se da mesa. Sem dizer uma palavra, ela foi até o quarto, deixando a porta apenas entreaberta, como um convite silencioso. Ricardo permaneceu sentado por um instante, o coração batendo rápido. Ele sabia que cruzar aquela porta seria entrar em um território desconhecido, onde as respostas que procurava poderiam ser mais complexas do que ele estava preparado para lidar.
Quando finalmente se levantou, seus passos ecoaram pela casa. Ao entrar no quarto, encontrou Helena de pé junto à janela, a luz suave da lua iluminando seu perfil. Ela não se virou, mas parecia esperar por ele, como se soubesse exatamente o que ele estava prestes a fazer.
— Você acha que sabe de tudo, não é? — disse ela, quase como um sussurro, sem tirar os olhos da noite lá fora.
Ricardo sentiu seu corpo reagir ao tom da voz dela. Havia algo nas palavras de Helena que o prendia, o fazia querer entender mais, descobrir o que realmente estava acontecendo naquele silêncio.
Ele se aproximou, sentindo a tensão crescer entre eles, como uma corda prestes a se romper. Mas, antes que pudesse dizer qualquer coisa, Helena se virou, aproximando-se dele com um movimento calculado. Ela estava perto, perto o suficiente para que ele sentisse o calor de sua respiração.
— Às vezes, o que não é dito... — começou ela, seus dedos roçando levemente o peito de Ricardo, — é mais poderoso do que aquilo que é óbvio.
Ricardo não conseguia mais distinguir o que era real e o que era parte daquele jogo. Ele estava completamente envolvido. Mas, apesar da proximidade, ele ainda sentia que havia algo distante, algo que ela ainda não revelara.
Helena deu um passo para trás, deixando o clima pesado no ar, e com um último olhar provocativo, murmurou:
— Boa noite, amor.
Ela saiu do quarto, deixando Ricardo sozinho com seus pensamentos e o vazio daquela noite silenciosa.
O mistério está cada vez mais forte ...