Algo dentro de si o impulsionava a continuar investigando. Não era só curiosidade, era uma necessidade. Ele precisava descobrir o que Helena escondia — se é que havia algo. A dúvida consumia cada vez mais sua mente, e o fazia questionar cada detalhe da relação deles.
Ele saiu do quarto e caminhou pela casa, seus passos ecoando no corredor. Ao chegar à sala, Ricardo percebeu que a porta de um pequeno armário estava entreaberta. Estranho. Ele não se lembrava de tê-la deixado assim.
Impulsionado pela crescente paranoia, ele se aproximou e abriu o armário. No fundo, escondido entre caixas velhas e algumas roupas, havia um envelope. Um envelope comum, mas que parecia fora de lugar. Ele o pegou com as mãos trêmulas e, hesitante, abriu.
Dentro, encontrou algumas fotografias antigas. Elas mostravam Helena, jovem, muito antes de conhecê-lo, mas o que o chocou foi a presença de outro homem ao lado dela, em todas as fotos. O rosto do homem parecia familiar, mas Ricardo não conseguia identificar de imediato quem era. O homem estava sempre sorrindo, e Helena parecia feliz ao seu lado, em uma intimidade que fez o estômago de Ricardo revirar.
Mas o que realmente o deixou sem ar foi a última foto do envelope. Era recente. Helena, em uma cafeteria, conversando com o mesmo homem das fotos antigas. A data, no canto da foto, mostrava que o encontro havia ocorrido na semana passada.
Ricardo sentiu um misto de raiva e confusão. Quem era esse homem? Por que Helena não havia mencionado nada? As dúvidas fervilhavam em sua mente. Ele precisava de respostas.
Ricardo guardou as fotos de volta no envelope e subiu rapidamente as escadas até o quarto onde Helena já estava deitada, aparentemente dormindo. Ele entrou com passos firmes e a luz suave do abajur revelou os olhos dela se abrindo lentamente, como se tivesse sido acordada pelo movimento brusco dele.
— Helena — disse Ricardo, sua voz baixa, mas carregada de tensão.
Ela o encarou, os olhos piscando devagar, como se tentasse compreender o que estava acontecendo.
— O que houve? — perguntou, a voz dela soando serena demais, como se soubesse algo que ele não sabia.
Ricardo jogou o envelope na cama entre os dois.
— O que é isso? — Sua voz agora tinha um tom de acusação que ele não conseguia mais conter.
Helena olhou para o envelope e, por um breve momento, um lampejo de surpresa cruzou seus olhos. Mas foi rápido. Ela logo recuperou a calma, pegou o envelope com delicadeza, e olhou para as fotos com uma expressão que era difícil de ler. Não havia negação, nem choque. Apenas uma leve tristeza.
— Você encontrou, então — disse ela, mais como uma constatação do que uma pergunta.
Ricardo sentiu o peito apertar.
— Quem é ele, Helena? — Ele insistiu, a raiva e o desespero misturando-se em sua voz.
Ela suspirou, largando o envelope de lado. Seus olhos encontraram os dele, mas agora havia algo diferente ali. Era como se ela estivesse prestes a revelar algo que mudaria tudo.
— Ele é meu passado, Ricardo — começou ela, com uma calma desconcertante. — Alguém que eu pensei ter deixado para trás há muito tempo, mas que voltou... inesperadamente.
— E você não achou importante me contar? — A dor na voz de Ricardo era evidente.
Helena se levantou devagar, aproximando-se de Ricardo. Ela parou à sua frente, seus olhos brilhando com algo que ele não conseguia decifrar.
— Porque algumas coisas do passado, Ricardo, não podem ser explicadas com palavras. Não são simples... Elas voltam para nos assombrar quando menos esperamos.
Antes que ele pudesse responder, a porta da frente da casa se abriu com um leve rangido. Ambos congelaram. A essa hora da noite, não deveria haver mais ninguém ali. Ricardo olhou para Helena, confuso, mas ela manteve o olhar fixo, sem surpresa.
— Quem está na minha casa? — A voz dele tremeu, uma mistura de raiva e medo.
Antes que Helena pudesse responder, passos lentos ecoaram pela escada. Alguém estava subindo, e Ricardo sentiu seu corpo inteiro entrar em alerta. Ele se virou em direção à porta, pronto para confrontar quem quer que fosse, mas Helena não se moveu.
E então, a figura apareceu no corredor. O homem das fotos. O mesmo sorriso que Ricardo tinha visto nas imagens agora estava ali, no rosto daquele estranho, como se ele fosse um velho amigo entrando em casa. Mas a calma em seus olhos era assustadoramente calculada.
Ricardo sentiu o chão se mover sob seus pés.
— Helena... o que está acontecendo? — Sua voz era apenas um sussurro agora, como se ele não quisesse ouvir a verdade.
Helena olhou de volta para ele, sem desviar o olhar, e disse, com uma tranquilidade que lhe gelou a espinha:
— Ele nunca foi apenas do passado, Ricardo. Ele sempre esteve presente. Na minha vida... e na nossa.
Sexto sentido..Ricardo tá morto ...kkk
O mistério agora tem um rosto mas ainda não se sabe o que é...