Rafael abriu a porta como quem esperava há horas. Camiseta preta, olhos de mar calmo. Ela reparou: ele tinha mudado o corte de cabelo. Não comentou. Mas guardou a informação.
— Achei que você não vinha — ele disse.
— Eu quase não vim — ela respondeu.
Silêncio. Ela entrou.
No som, algo lento. Algo que ela não conhecia, mas ele sabia que ela ia gostar. Ele sempre sabia.
Luiza colocou a bolsa no canto e foi até a janela. Ele ficou ali, observando. Ela parecia sempre pronta pra fugir. Mas naquela noite, ela não tinha feito planos pra escapar.
— Tá tudo bem? — ele perguntou.
Ela virou, encarou.
— Não sei. Me diz você.
Rafa se aproximou devagar, como quem não quer assustar um bicho arisco. Parou perto o suficiente pra ela sentir o cheiro dele — amadeirado, limpo, quente.
— Eu só quero você — ele disse. — Sem mapa. Sem pressa. Só você.
Ela quase sorriu. Ele sabia onde tocar, mesmo sem encostar.
E então, ele encostou.
A mão deslizou pelo braço dela, sem pedir. Ela fechou os olhos. Por um instante, quis recuar. Quis controlar. Mas o toque era firme e gentil. Quente. Seguro. Diferente de tudo que ela calculava.
Ele encostou a testa na dela.
— Se quiser ir embora, ainda dá tempo.
— Se você parar agora, eu te mato — ela disse.
Eles se beijaram com fome e calma. Como quem quer explorar sem pressa, mas sem esquecer que tem desejo. Ele a puxou pela cintura, ela reagiu com as mãos nas costas dele, descendo até a barra da camiseta. Tirou. Ele tirou a dela. Devagar.
Na penumbra do quarto, os dois se olharam — pela primeira vez nus de verdade. Sem proteção. Sem tensão.
Ele a deitou como quem molda algo precioso. Começou pelas costas. Beijos lentos na espinha. Mãos deslizando sem invadir. Luiza respirava mais fundo a cada movimento, como se estivesse se reprogramando pra estar ali.
— Não precisa fazer nada — ele sussurrou no ouvido dela. — Só sentir.
Ela sentiu.
Sentiu a língua dele passando entre os ombros, a mão firme segurando seu quadril. Ele a virou com cuidado. Os olhos dele pediam permissão sem palavras. Ela respondeu com um puxão no cabelo, um gemido contido, um olhar sem defesa.
E então, ele entrou.
Lento. Profundo. Conectado.
Ela não dizia nada. Só encarava. Como se finalmente tivesse encontrado um lugar que fazia sentido sem precisar explicar.
O ritmo era certo. O toque, preciso. Ele lia o corpo dela como quem lê poesia em voz baixa. E ela, acostumada a controlar tudo, se deixava guiar.
Gemidos baixos. Respiração pesada. Olhos fixos.
Ela chegou ao clímax em silêncio, mas com o corpo inteiro. Ele veio logo depois, com a testa colada na dela, como se aquilo não fosse só gozo — fosse confissão.
E depois, o silêncio bom. O de quem não precisa dizer nada.
Luiza deitou no peito dele, pela primeira vez sem pensar no amanhã.
— Isso foi... — ela começou.
— Não explica — ele interrompeu. — Só sente.
Ela sorriu.
E dormiu.