Eles são sempre tocantes em
sua tristeza, ternura e ansiedade,
todos os tristes homens idosos
que um dia foram tristes rapazes.
Como não se emocionar
com seu isolamento e desolação,
seus tênues sonhos e esperança
de um amor,um novo amor, uma amizade?
Os mais pobres e feios ainda anseiam
por um calor humano passageiro, um toque,
um aperto de mão,a sensação, o deleite
da nudez de um outro, de sua força e graça
enriquecendo toda aquela pobreza, vazio e morte.
Amizade é apenas para os jovens
mas também deveria ser para os velhos.
Os velhos precisam mais de amigos
que os jovens, que os têm em excesso.
Quando eu era mais jovem e de boa aparência
sempre me oferecia aos homens idosos.
Eu também saía com outros rapazes, às vezes,
mas pelos velhos sentia um amor especial.
Eu costumava me sentir como um radioso anjo louro
que descia ao mundo para libertá-los da
escuridão de suas moradas insalubres,
da cansativa procura nos parques, nas saunas,
da espera paciente, costas doridas, tornozelos inchados,
de pé no fundo escuro das salas de cinema.
Fátua juventude! E no entanto, do fundo do coração,
eu apenas queria que eles fossem amados
tanto quanto eu o era. E mais importante:
eu vinha ao encontro deles e eles
nunca me rejeitavam, como os jovens às vezes faziam
com sua frivolidade, capricho e mesquinharia.
Os velhos são sempre sérios. Eles têm que ser.
Era por isso, em parte, que eu os amava.
Minha mocidade passou, eu ainda amo os homens idosos,
mas não existem mais à minha volta, como outrora,
anjos radiosos como o que eu fui em meus dias dourados.
Muito bom. Poeta de mão cheia.