Era o dia do aniversário de Karine, namorada de Caio. Menina abastada e repleta de vaidades; tinha muitas ocupações ao longo de todo o dia, entre as quais, porém, não estava inclusa a leitura de livros, e, talvez por isso, suas ideias eram tão mal formuladas acerca das coisas que ela quase sempre cometia equívocos em suas conjecturas. O casal de pombinhos resolveu fazer um programa diferente naquela noite, longe dos olhos dos pais e dos falsos amigos que os cercavam.
Caio, de posse do carro do pai, levando a tiracolo sua amada, cruzou o bairro em que morava. Deixando para trás os rostos familiares e sua habitual rotina. Exalava uma enorme autoconfiança - refletida, especialmente, nos semáforos que eram desrespeitados e no limite de velocidade que era sumariamente negligenciado - pois finalmente iria se tornar "homem", no sentido popular da palavra. A garota, entre uns reparos e outros na maquiagem, mentia descaradamente para às amigas, por meio do wpp, acerca de seu destino. Quando finalmente chegaram ao destino desejado, um motel razoavelmente sofisticado, o casal, por fim, pôde ficar a sós.
O jovem partiu logo para os “finalmente”, numa tentativa apressada de mostrar a que veio. Caio foi beijando o pescoço de Karine, enquanto que com as mãos desabotoava a blusa da menina, de forma tão grosseira e inábil que até mesmo o botão da blusa da jovem o rapaz resolveu banir, de modos que um primata faria muito melhor. Karine notou que a fase das "preliminares" seria desgraçadamente negligenciada e pensou, de forma vã, em alguma coisa, que tivesse uma espécie de lubrificante, para penetrar-lhe sem lhe causar tanta dor. O brutamonte, todavia, não estava preocupado em amaciar a carne antes de comê-la; seus gestos eram tão mecânicos e destituídos de raciocínio, que quando se deu conta de que seu "garoto" ainda não estava ativo, viu-se completamente nu. Uma cena tão lamentável quanto a de um homem morrendo de sede em frente a uma nascente.
Depois do infortúnio ocorrido, Caio não foi mais o mesmo. Sua relação com Karine foi se tornando tão insossa, até definhar por completo. O desafortunado rapaz não conseguia se concentrar nos estudos, suas notas, que não eram lá essas coisas, minguaram ainda mais. Sua autoestima foi derretendo como uma pedra de gelo sob o sol de veraneio. Logo, a ideia de suicídio começou a encará-lo em cada um de seus momentos de introspecção. Ele parecia não acreditar no que lhe acontecera e começou a duvidar de sua preferência sexual.
Evitando a todo custo ficar sozinho com outro rapaz - assim, suas suspeitas acerca de sua virilidade não teriam a menor chance de se confirmarem. Seu círculo de amizade foi drasticamente reduzido.
Alguma coisa ele precisaria fazer para consertar sua vida, e resolveu começar por tentar não ser reprovado na escola. Caio escolhera a dedo a pessoa que iria ajudar-lhe, ao menos no que concerne aos estudos, seria Fernando. Fernando era o garoto mais popular de todo o colégio e portador da fama de ser o maior pegador de todo aquele lugar. O jovem era, com efeito, boa pinta: moreno, alhos verdes, corpo atlético e oriundo de uma família distinta, muitos eram suas qualidades. Caio o conhecia há alguns anos, e, por incrível que pareça, Fernando foi o único que tentou alguma aproximação quando Caio ficou recluso.
- Fernando, eu andei pensando - dizia Caio -, será que você não poderia me ajudar em algumas matérias. Tô indo muito mal em quase tudo e, pelo jeito, se continuar assim vou acabar repetindo o ano.
- Fica tranquilo meu amigo - rebateu Fernando, enquanto dava uma olhadela nas meninas em volta -, pode contar comigo. A gente se conhece há bastante tempo e eu não vou te deixar na mão, pode contar comigo.
Por fim, ficou combinado entre os dois que iriam aproveitar a tarde de sábado, na casa de Fernando, para por a matéria em dia.
No definido dia, Caio, enfim, chegou à residência de Fernando, um belo apartamento com todas as luxúrias que o dinheiro pode comprar. O anfitrião estava tão ocupado com seus contatos que cometeu a deselegância - com a devida permissão de Caio - de se ausentar por alguns instantes. Jurando que não demoraria a voltar, Fernando pediu a Caio que não fosse embora e, sim, que ficasse, pois voltaria em "1 minuto".
No apartamento, além da discreta presença da criada, confinada nos confins da cozinha, havia também o discreto Antônio, único irmão de Fernando. Jovem solitário e retraído que costumava passar mais tempo trancado em seu quarto que em qualquer outra parte do mundo. Com idade muito próxima a de Caio, Antônio parecia ser o exato oposto de Fernando, no que diz respeito ao comportamento e popularidade, em especialmente com as mulheres. E seria essa pessoa que faria companhia a Caio ao longo de toda uma tarde.
A pedido de Fernando, Antônio, com alguma resistência, saiu de seu quarto e foi fazer as honras da casa à solitária visita, antes que essa caísse no sono ou inventasse alguma desculpa para se mandar. Os dois, Antônio e Caio, conversaram por alguns minutos e a afinidade dessas duas pessoas fez com que o colóquio fluísse numa boa. Se sentindo bastante à vontade, e necessitando confidenciar seu fracasso a alguém, Caio viu em Antônio a pessoa perfeita para tal ato. Com efeito, Antônio era discreto e educado o bastante para respeitar o debilitado estado psicológico em que Caio se encontrava; além do mais, Antônio não estudava no mesmo colégio que Caio e, deste modo, não tinham nenhum amigo em comum - por sinal, ele não tinha amigo algum, para chamar de seu. Deste modo, não havia risco da "trágica notícia" se espalhar.
- Então você fracassou na hora "H", né - provocou Antônio, após a confidência do visitante. Cara, relaxa, isso acontece nas melhores famílias. Você não foi o único e nem será.
- É, mas acontece que essa seria a primeira vez da garota e a minha também. Ou seja, era pra ter dado certo - respondeu Caio, com ar de desapontamento, e continuou - e, agora, nosso namoro terminou. Não consigo nem olhar na cara da Karine. Além do mais, estou em dúvida se gosto de meninos ou meninas...
Antônio, engenhosamente, propôs um teste ao seu mais novo amigo, para saber qual a preferência sexual do rapaz, e erradicar, de uma vez por todas, suas dúvidas. Antônio sugeriu fazer uma leve massagem nos ombros de Caio, caso este sentisse algum arrepio ou alguma outra sensação de atratividade, talvez ele fosse de fato gay. Com alguma hesitação, porém, Caio aceitou o que fora proposto.
Ambos ficaram de pé, em frente ao sofá da sala. Com Caio de costas para Antônio, a massagem teve início. Antônio começou levemente a massagear os ombros de Caio, ao mesmo tempo em que fazia algumas perguntas acerca do que Caio estava sentindo. Talvez a perspectiva de ser visto pela empregada, de forma repentina, sendo massageando por outro rapaz; talvez o temor da aparição de Fernando, presenciando uma cena, de certa forma, suspeita; talvez a falta de contato físico, de forma mais íntima, com outro homem que parecia entendê-lo completamente; talvez Antônio estivesse fazendo perguntas próximas de mais de seu ouvido. Não se sabe. O fato é que Caio sentiu um suave arrepio e confortante relaxamento por todo seu corpo, naquele preciso momento.
Em estado de lascivo torpor, Caio jamais havia experimentado sensação, sequer, parecida. Sua pele arrepiava por baixo de suas roupas; em pensamentos sórdidos, imaginava-se sem sua blusa branca que se entrepusera entre seu corpo e as mãos de Antônio. Lutava, em vão, contra tais pensamentos que congelavam qualquer tentativa de fuga; enquanto, no fundo, ele queria se entrelaçar com aquele rapaz que acabara de conhecer, e morrer de prazer em seguida.
O tímido, porém esperto, Antônio notou que Caio estava gostando além do normal de toda aquela situação. Flexionou um pouco seus joelhos e sentou no sofá; impondo - e não pedindo - que Caio fizesse o mesmo, puxou o rapaz para trás com um gesto transloucado. Caio também sentou, contudo, no colo de Antônio e não sobre o sofá.
Sentindo as nádegas macias de Caio sobre seu colo, o pênis de Antônio começou a enrijecer. Caio, em sua tentativa fingida de livrar-se das garras de Antônio, ameaçou debater-se, mas tudo que conseguiu foi roçar sobre o pau duro de Antônio, deixando o rapaz, que costumava saciar seu desejo sexual apenas no computador, ainda com mais tesão.
Antônio, com Caio sobre seu colo, com o braço esquerdo abraçava o tórax do amigo, por baixo da blusa; já com a mão direita, começou a masturbar o rapaz, que ruborizava de calor e excitação. Palavras obscenas eram ditas, por parte de Antônio; falsas queixas, em tom de gemido, por parte de Caio. Este último, quando não aguentou mais e decidira se entregar por completo, balbuciou por meio de palavras submissas que ambos fossem para o quarto, pois o sofá da sala era um local muito arriscado para ficarem naquele esfrega. Sem se desgrudarem, foram para o quarto de Antônio, que, após entrar, bateu a porta. Ambos pareciam famintos - ávidos por sexo - ao caírem sobre a cama de lençol branco e bem aconchegante. Após trocarem beijos ardentes, ficaram completamente nus em questão de segundos. Terminaram na cama, com Caio com as costas sobre o colchão e peito colado ao de Antônio.
O pênis dos dois estava duro e louco por uma penetração. A lubrificação natural e instintiva corria de forma excessiva. O de Antônio, porém, em função da posição, foi o primeiro a penetrar, pois há algum tempo já roçava por baixo de Caio. Foi uma penetração delicada e prazerosa, fazendo com que Caio fechasse os olhos, entrelaçasse as pernas sobre a cintura de Antônio e o abraçasse, com a ternura de uma criança desprotegida.
Antônio metia gostoso em Caio. Ambos estavam em tal estado de voluptuosidade que nem se importavam com o ranger da cama em despertar a curiosidade da serviçal. Em vinte minutos, entre mudanças de posição, palavras sussurradas ao pé do ouvido e gemidos de prazer, Antônio havia gozado duas vezes sem tirar de dentro. Enquanto Caio, confortabilíssimo em sua posição passiva, admitia cada vez mais sua homossexualidade, ao menos naquele momento de deleite. Ele - Caio - também gozou, e foi na posição de quatro, tal qual uma cadela sendo comida por seu macho, um gozo tão intenso que cingiu seu próprio rosto de um branco viscoso.
Os dois estavam exaustos. Transaram loucamente por aproximadamente uma hora. Deitados sobre a cama, com os corpos suados e despidos, olhando para o teto e refletindo sobre o que haviam acabado de fazer.
- Foi bom pra você? - perguntava Antônio, sarcasticamente.
Com um sorriso de lado e um brilho completamente diferente nos olhos, Caio respondeu:
- Acho que nem preciso responder... Agora entendo porque que meu namoro com aquela garota não vingou.
Eis que então uma voz ressoa no ambiente. Penetrando por entre as paredes que ocultaram aos olhos mortais a intensa entrega carnal de dois jovens ávidos de desejo:
- Vocês estão no quarto?
Era Fernando, que acabara de chegar, abrindo a porta do quarto de Antônio dois segundos depois da mencionada pergunta. Antônio congelara, Fernando parecia não acreditar no que estava vendo e Caio ficou completamente pálido após o sobressalto.
Um filme (de terror) perpassou pela cabeça de Caio em poucos segundos. Imaginou-se sendo rejeitados pelos pais rígidos, rejeitado pelos amigos, as explicações que teria de dar a Fernando, enfim, tudo parecia um verdadeiro tormento. Sobre uma cabeça que, há poucos minutos, realizava cada desejo carnal que criava, agora pairava uma nuvem negra a lhe apavorar com seus trovões. Caio enrolou-se num lençol branco - testemunha ocular de tudo que aconteceu - e, tomado por um pudor tão grande quanto um câncer em estado avançado, sem dar uma única palavra, se aproximou da janela, em passadas largas, e saltou.
Não gritou, não chorou, não levou roupas, dinheiro ou coisa do tipo. Pulou do décimo quinto andar com apenas duas coisas: o lençol - presente no momento mais marcante de sua vida - e a falta de coragem de assumir suas verdades perante a sociedade. O choque, no encontro com a calçada, fez com que seu crânio espatifasse instantaneamente - talvez o choque que as pessoas teriam ao saber de sua opção sexual fosse menor. Expirou de forma repentina e prematura, deixando para trás suas roupas, família e outras transas - tão boas, ou melhores que essa. Sob o lençol branco jaz / um corpo que não suportou seus ais.
concordo com um amigo conto sensacionallllllllllllll bjos Laureen leia os meus ok amigo bjos Laureen
Muito bom e bem escrito. Pena o final trágico da imaturidade, mas compreensível. Votei é claro. Beijos
Puro sex appeal, sensualidade e poder de sedução. Imagino o brilho que ficou nos olhos de Caio após ter recebido as leitadas do amigo. Doravante deve se orgulhar do seu corpo, da sua bunda gostosa e do prazer que ela lhe proporciona. bjs
Perdoe meu atrevimento, mas lhe darei minha opinião mais sincera: 1)Penso que "pecou" no início, pois a mensagem gritante do conto é as consequências do preconceito, mas a forma como descreveu a namorada do Caio, não sei, me soou um pouco preconceituosa. 2) Acho que esse conto não pode ser limitado à um conto eróticos, não depreciando o erotismo, mas esse conto tem uma mensagem mais profunda, e contos eróticos são mais simplórios. Permita-me uma sugestão: Trabalhe mais nele, acrescente... é muita história para caber em poucas linhas. Quem sabe, em breve, não lerei um bom livro chamado Sob o lençol?! Pense nisso!
excelente esse conto prende a atenção e e bem elaborado enredo No conto Caio tem de tudo menos formação pessol de dialogo e mesmo atenção ja que nem seu amigo que de pronto nem quis ajuda-lo e a carencia fes com que ele enveredasse por caminhos tortuosos, mereceu meu voto
Muito forte, final intenso. Talvez não agrade a todos, mas com certeza muitos se identificarão com Caio.