Ele era meu melhor amigo, o colega que sempre caía na mesma turma, o vocalista e co-fundador da minha banda. Seria uma relação quase de irmãos, não fosse por um detalhe: a ausência total de discussões ou desabafos. Aquilo era pra mim um mistério e um incômodo, mas eu tentava respeitar os limites dele, que sempre fora um cara fechado. Cada um tem seu jeito de lidar com os problemas e os do Gabriel não eram poucos. Além da convivência forçada com o pai alcoólatra, desde cedo marcada por brigas e recentemente agravada pela morte da mãe, nossa relação com os dois outros integrantes da banda também andava cheia de altos e baixos, nos últimos meses mais baixos que altos. Apesar dos dois CDs suados, fruto de quase cinco anos de estrada, ainda vivíamos de shows esporádicos em boates ou festivais pequenos em cidades do interior e ensaios precários na casa dos pais dele na serra, grande o suficiente pra acomodar os equipamentos sem atravancar o espaço e isolada o suficiente pra não incomodar os vizinhos. Foi num desses ensaios que a banda quase acabou. O clima já pesava quando Gabriel e eu começamos a conversar sobre o show do mês seguinte, em voz baixa demais pra sermos ouvidos pelo Breno e o Théo, o baixista e o batera, dupla de integrantes também conhecida como 'cozinha da banda'. Perguntaram lá do outro sofá o que estávamos tramando e Gabriel retrucou com um seco 'a conversa não chegou na cozinha' que deixou os dois mais putos ainda. Mas, eles seguraram a língua e os ânimos foram arrefecendo até a hora do ensaio. Foi quase no começo, na passagem da música mais intensa e caótica do nosso repertório pra uma com levada estilo cavalgada e backing vocals quase gritados, também nervosa, embora de uma violência contida, que se normalmente já mexia com o emocional, no final daquela semana conturbada foi o que faltava pra deixar todos com os nervos à flor da pele. Numa passada de olho pelo resto da banda, vi Gabriel rosnar a letra da música e socar as cordas com força suficiente pra convulsionar o corpo inteiro. Breno, Théo e eu fomos parando de tocar pra ficar só assistindo, à espera do que de fato não demorou a acontecer: ele levantou a guitarra, pegou pelo braço e começou a marretar a parede como um possesso. Não era difícil imaginar o que passava pela sua cabeça: a morte da mãe, todas as decepções com o pai, as brigas da banda, tudo que ficara guardado por tanto tempo agora vinha de uma vez, enquanto eu aproveitava pra exorcizar meus próprios demônios através dele. Ninguém da banda se drogava ou sequer bebera naquela noite, mas qualquer um poderia jurar que ambos estávamos sob efeito de algo pesado, Gabriel naquele acesso de fúria e eu de olhos vidrados, achando uma espécie de prazer mórbido em ver a madeira rachando, as lascas voando, a cabeça se soltando e depois balançando no ar de um lado pro outro, pendurada nas cordas. Os golpes gradualmente perderam força, até que ele parou por alguns segundos e deitou a carcaça na quina com uma suavidade descabida pra tamanha explosão de violência. Lá ficou a Gibson Les Paul preta destruída, no canto do estúdio improvisado — pra consternação das outras duas testemunhas, que assistiam de testa franzida e coração apertado, como se doesse fisicamente ver aquilo —, e Gabriel caiu de joelhos no chão, cabeça baixa, corpo trêmulo, prestes a chorar de soluçar. Sem pensar, me joguei de joelhos na frente dele e tentei conter a tremedeira com um abraço. "Sei que você tinha que fazer isso..." Passei os dedos pelos seus cabelos úmidos de suor, sentindo seu coração martelar meu peito. "Mas deixa pra quando a gente for famoso. Se é pra quebrar uma guitarra de quase cinco mil reais, que seja num show televisionado." Dei-lhe um beijo no rosto e ouvi aquela sua risada gostosa do meu lado, uma risada solta, leve. Pelo menos isso. Gabriel foi pro quarto e eu tratei de recolher os restos da Gibson enquanto Breno e Théo se entreolhavam naquela espécie de conversa telepática deles. Sem uma das guitarras e nem clima pra mais nada naquela noite, os dois saíram de cara fechada sob uma garoa incipiente e se enfiaram num ônibus de volta pro Rio. Eu não podia negar que estava aliviado. "A cozinha se foi", anunciei da porta do quarto. Gabriel continuava imóvel, sentado na cama, braços apoiados nos joelhos. Cansado demais pra se importar. Eu tinha que perguntar, mesmo sabendo que ele não se abriria. "Como você está?" "De boa..." "Vou pro outro quarto, então. Qualquer coisa me chama." "OK", ele disse baixinho, se deitando de lado com as pernas dobradas e a cabeça aninhada no ângulo do braço. O dia amanheceu tão ensolarado quanto frio. Depois de lutar pra sair da cama, amaldiçoando a temperatura de cerca de 15 graus e sentindo calafrios dentro das roupas geladas, tomei um pouco do café da véspera e fui ver Gabriel, que ainda ressonava na mesma posição em que eu o deixara, drenado daquela catarse maluca. Meu amigo devia estar à beira de um colapso nervoso e era melhor eu ajudar como podia se não quisesse vê-lo num hospital. Saí pra padaria sonolento, praticamente me arrastando pelas ruas desertas, na ida o sol nos olhos, na volta um vento cortante nas costas. Como às vezes fazia com minha namorada, preparei o café da manhã e fui levar pra ele, dessa vez acompanhado de um comprimido do frasco de vitamina C que morava na bancada da cozinha. A frente fria, a má alimentação e o estresse dos últimos dias deviam ter baixado a resistência dele. O silêncio cuidadoso com que pousei a bandeja na cama e me sentei do seu lado não impediu que ele acordasse; esfregou preguiçosamente os olhos e vi as palmas das mãos também esfoladas da surra, alguns círculos vermelhos nítidos feito queimaduras de cigarro, quase em carne viva. "Não estou doente", ele disse olhando a bandeja bem servida e o comprimido. "Mas vai acabar ficando, se continuar assim", retruquei. Ele colocou a bandeja no colo, comeu em silêncio cerca de um terço e empurrou o resto pro pé da cama, feito criança mimada. "Come direito." "Certo, mãe", provocou com um sorriso que em dois segundos se fechou em sombras. Como ela talvez tivesse feito, afastei-lhe os cachos negros da testa e me deitei olhando o teto. "Alex..." chamou baixinho. "Hum?" "Me beija de novo?" "Quê?" Olhei-o sem entender nada. Meu amigo me pedindo um beijo? Que papo torto era aquele? "O beijo que você me deu ontem. Faz de novo." Eu tentava processar as palavras, incrédulo. Aquele fora um gesto espontâneo de apoio a uma pessoa querida em dificuldade, mas isso agora? "Você está cansado. Dorme mais um pouco." Comecei a me levantar da cama, mas a voz dele me impediu. "Por favor?" insistiu em tom sério e necessitado. Ou estava muito carente ou de fato andava se drogando sem que eu soubesse. Pra acabar com aquilo de uma vez, pousei os lábios na bochecha dele por não mais que um segundo, um beijo seco e casto como os que dava na minha irmã. Mal começara a me afastar quando ele passou a mão por trás da minha cabeça e num arroubo de ousadia me puxou de volta, amassando uma boca contra a outra. Arregalei os olhos e recuei instantaneamente, como se os lábios dele estivessem eletrificados. "Está doido? A gente não... Eu tenho namorada, e você não é..." Parei olhando Gabriel, que não dizia nem 'sim' nem 'não', como se aquilo não tivesse a menor importância. "Você é?" A pergunta ficou sem resposta. Também calado, sacudi a cabeça, me tranquei no outro quarto e me deitei de costas na cama. Minha mente fervilhava. Como num filme, os momentos mais importantes da minha vida passaram diante dos meus olhos: minha primeira viagem pro exterior, minha primeira transa, o dia em que Natália e eu começamos a namorar, minha formatura, a aprovação no curso de engenharia civil da federal, o Palio azul que ganhei dos meus pais como recompensa pelo esforço. Nenhum deles se comparava à intimidade morna do corpo de Gabriel nos meus braços no chão do estúdio, ao calor da boca dele naquele beijo roubado. Era inútil tentar me enganar. Meu corpo falara por mim, cada pelo se arrepiando, um frio na barriga como eu nunca sentira com mulher nenhuma. E quando ele mais precisava de apoio, o egoísta aqui erguera um muro entre nós. Destranquei a porta e saí do quarto, mas não tive coragem de voltar pro dele. Acabei no estúdio, passando os dedos pelas marcas na parede, toda a cena da noite anterior nítida na memória. De cinco a dez minutos depois, Gabriel apareceu lá com ar distraído, como se também vagasse sem destino. "Ah, você está aí." Percebeu que afirmara o óbvio e desviou o olhar, tão atarantado quanto eu. "Tem massa corrida e tinta branca lá em casa", eu disse ansioso, culpado. "Posso te ajudar a consertar a parede fim de semana que vem." "Valeu." Forçou um sorriso. "Vamos fechar a casa?" O processo foi silencioso, assim como as duas horas da viagem de carro pro Rio. Depois de deixá-lo em casa, fui buscar Natália pra jantarmos num restaurante a três quadras do condomínio dela, um italiano pequeno e aconchegante, de onde seguimos pra um motel também nas redondezas, como de costume. Aos beijos no elevador, já tínhamos esquecido do mundo, ela tão ansiosa de saudade e tesão que nem me esperou fechar a porta do quarto pra me pagar um boquete que por pouco não me fez gozar ali mesmo. Carreguei-a pra cama, tirei a roupa dela e chupei o grelo bem de leve, dois dedos enfiados na buceta, ora indo e vindo, ora mexendo lá dentro, até ela dar a instintiva chave de coxa e a deliciosa tremidinha que sempre me deixavam pronto pra entrar com tudo. Fizemos amor em perfeita sintonia, bocas coladas, dedos entrelaçados, nos aproximando juntos do clímax... E então, como se trazida pelo gozo, a imagem daquele beijo voltou com a rapidez e intensidade de um relâmpago, tarde demais pra que eu pudesse apagá-la da cabeça ou substitui-la por outro pensamento. Eu não podia acreditar que gozara pensando no meu amigo. Naquela noite o sono veio atrasado, fragmentado e carregado de sonhos homoeróticos. A situação fugia do meu controle e agora era eu que me sentia à beira de um colapso nervoso, paralisado pela sensação inédita de descobrir que desconhecia minha própria identidade, de entrar às cegas num mundo ao mesmo tempo assustador e eletrizante. Meu namoro de cinco meses com Natália não durou nem mais três dias. Saí da casa dela me sentindo um cretino, ainda mais por lhe dar a desculpa manjada do 'não é você, sou eu', embora pelo menos nesse caso fosse a mais pura verdade. Eu estava mergulhado até o pescoço na maior crise da minha vida e não faria promessas que fosse incapaz de cumprir. Quanto à banda, no próximo fim de semana as brigas com a cozinha continuaram do ponto onde haviam parado: além de querer controlar tudo, nós ainda dávamos ataque de estrela, destruindo equipamento caro; eles tinham a sintonia perfeita deles, se entendiam só com um olhar, eram uma metade sólida o suficiente pra começar outra banda sem dificuldade; se não voltássemos logo pra Terra, começariam a espalhar cartazes à procura de outros integrantes. Eram tantos argumentos e ameaças que já nem tentávamos discutir, resignados com o fim da formação. Eu, pelo menos, estava muito mais preocupado com Gabriel. Mais que a banda ou meu namoro, o que ameaçava ruir era nossa amizade, aquele sim meu chão. Até por falta de guitarra, não houve ensaio naquela semana. Gabriel e eu fomos sim pra casa na serra, mas só pra consertar a parede antes que o pai dele resolvesse levar a namorada pra lá e nos desse esporro pelo estrago. O trabalho no friso divisor de ambientes foi relativamente rápido — relativamente, porque as horas se arrastaram sob o mesmo silêncio incômodo e dessa vez eu precisava de álcool. Enquanto Gabriel entrava no banho, fui comprar cerveja no posto. O que teria levado menos de dez minutos acabou durando quase vinte pela lerdeza do atendente e excesso de clientes, entre os quais um grupo de quatro garotas numa conversa difícil de ignorar: "Mas como você sabe se um cara é gay ou hétero?" "Gay ou bi, porque pra mim não existe homem 100% hétero", uma corrigiu antes que alguém respondesse. "Quando os homens se juntam pra falar besteira, do que falam? De pau. Quando fazem desenho obsceno, é de quê? De pau. Quando entram num banheiro público, o que fazem? Ficam olhando o pau dos outros. Quando zoam os amigos, se chamam de quê? De viado. Parece que vivem doidos pra experimentar... Ou repetir, né?" "Não tem jeito de saber", uma terceira falou. "Às vezes nem eles mesmos sabem." A última foi categórica: "Pra mim quase todo mundo é bi. Já ouviu falar da Escala Kinsey?" Pedi mais uma gelada pra virar no caminho e saí como se fugisse daquele assunto que nos últimos dias parecia me perseguir. Quase no portão da casa, o velho Palio azul à toda e o coração idem, abri a janela e joguei a garrafa vazia contra o meio-fio, ouvindo o som dos estilhaços morrer atrás de mim. Eu, até então um cara responsável, agora dirigia em alta velocidade com uma long neck entre as pernas, implorando pra ser parado por uma viatura da polícia e levado direto pra delegacia. Não devia estar pensando com clareza, ou então não estava pensando em nada; pelo menos não quando atravessei o quarto do Gabriel pra esperar do lado da porta do banheiro, mãos entrelaçadas na nuca, andando pra lá e pra cá ao pé da cama de solteiro coberta por um edredom branco. A cama dele. Talvez tenha demorado quinze minutos, talvez um. Tanto fazia. Se precisasse, eu teria passado meia hora ali. Foi só a porta se abrir que, num gesto tão impulsivo quanto o dele naquele mesmo quarto no fim de semana anterior, tomei o beijo de volta com juros e correção, mãos correndo pela sua nuca, costas e cintura. Senti-o enrijecer contra minha virilha e o toquei através da toalha branca felpuda. "É minha primeira..." sussurrou. "Minha também." De novo colei os lábios nos seus, dessa vez num beijo longo e molhado que ele não interrompeu nem pra tirar a toalha. Puxou minha mão de volta e fechei os dedos gelados naquela carne quente e dura, sentindo-a pulsar na palma. Seus lábios desceram pela minha orelha, a boca chupou a ponta e a respiração acelerou no meu ouvido, aflita. Comecei a bater devagar, tentando nos dar tempo pra descobrir aquela nova forma de prazer, mas seus quadris me impuseram um ritmo mais rápido e com a mesma pressa sua mão abriu minha calça e mergulhou na minha cueca. De posse da prova definitiva de que eu queria aquilo tanto quanto ele, Gabriel deixou escapar um gemido carregado de tesão. Achei que fosse gozar na minha mão e me excitei com a ideia de sentir sua porra quente entre meus dedos, mas ele não ia terminar tão cedo; se abaixou na minha frente, puxou de uma vez minha calças e cueca até os joelhos e tomou a cabeça do meu pau entre os lábios. A boca se abriu pra que eu avançasse até a entrada da garganta e começou a sugar com sede, rápido e forte, como se exigisse minha porra e logo. Em vez disso, deitei-o na cama, acolhi-o na boca e tentei imitar tudo que gostava de receber num boquete, com cuidado pra guardar os dentes e suavizar a pressão no começo. O instinto sobrepujou a insegurança e o foco foi pouco a pouco se deslocando pra sensação nova e excitante de chupar um pau pela primeira vez: o gosto salgadinho do pré-gozo, o volume preenchendo minha boca, cada curva da cabeça de cogumelo, cada veia do corpo, os gemidos nos meus ouvidos, as mãos que acariciavam meus cabelos até afastarem minha cabeça pra evitar o gozo. Vendo que ele agora se abria pra mim, passei pras bolas e então o períneo, língua esticada até quase o buraquinho, arrancando um urro de antecipação. O gosto era o mesmo de qualquer outra parte do corpo dele e minha vontade de cair de boca. Se pudesse, enfiaria a língua toda. Depois foram os dedos. Num convite deliciosamente despudorado, Gabriel ergueu os quadris e guiou minha mão pro meio das coxas. Tentei provocar um pouco mais alisando a portinha lubrificada de saliva, mas ele se apressou em empurrar a bunda contra minha mão, avisando logo que não sossegaria enquanto não tivesse o que queria. O dedo entrou até o nó, depois mais um. Com um gemido quase agoniado, Gabriel levantou ainda mais os quadris pra que eu pudesse explorar melhor seus pontos de prazer. Me puxou pra um beijo e me deitei do seu lado, nossos lábios colados num beijo desesperado, nossas línguas indo e vindo dentro das bocas enquanto meus dedos iam e vinham dentro dele, preparando o caminho. “Não dá mais pra esperar, Alex.” Suspirou no meu ouvido. “Entra agora, me come, faz amor comigo.” Por sorte eu tinha na carteira uma camisinha, que coloquei em tempo recorde apesar do tremor nos dedos. Frio, tesão, nervosismo? Provavelmente tudo junto. Fisicamente não podia ser muito diferente de comer um cu feminino, mas e o emocional numa hora dessas? Gabriel me puxou de volta, olhos faiscando de desejo. Eu também tinha pressa de possui-lo, mas precisava ir com calma. Encostei na portinha e devagar fui abrindo aquele túnel apertado, centímetro por centímetro, até estar todo dentro. Lentamente, o brilho dos seus olhos passava do fogo à água. "Está doendo? Quer que tire?" "Não!" Fechou as pernas e os olhos, prendendo meus quadris e libertando as lágrimas. "Mexe." De novo espreitei seu rosto à procura de algum sinal de desconforto, a única coisa capaz de me impedir de mergulhar fundo nele e deixar o instinto nos guiar até o clímax. Só achando prazer, beijei as faces úmidas e salgadas das lágrimas, investi com carinho e tomei seu pau melado na mão direita, que ele não demorou a afastar pro lado. "Assim não vou conseguir segurar." Quem disse que dava pra segurar? O ritmo acelerava à nossa revelia e eu sabia que não ia parar enquanto não me derramasse naquele cu quente, apertado e piscante. Aconteceu mais cedo que eu esperava, quando ele desceu a mão pelas minhas costas, colou o peito no meu, me puxou pela bunda pra eu entrar ainda mais fundo e gemeu no meu ouvido. Seu gozo veio sem aviso, melando minha barriga toda e escorrendo entre nós, tão quente e farto que nem se eu quisesse poderia mais segurar o meu. O abandono com que o segui, gemendo como nunca e estremecendo da cabeça aos pés, foi completo em tantos sentidos que me trouxe a certeza final de ter experimentado a trepada da minha vida, seguida de torpor tamanho que precisei de vários minutos pra me situar. Quando enfim acordei pra piscina de porra no seu umbigo, Gabriel sorriu, beijou meu rosto, estreitou o abraço e sussurrou 'fica', como se tivesse passado pela minha cabeça sair de dentro dele. Minutos depois, a porra já estava seca e nossas energias recarregadas. A brincadeira continuou no chuveiro, ele lavando a bagunça que fizera e eu viajando no vaivém das suas mãos ensaboadas, pronto pra outra em segundos. Meu pau ficou mais uma vez aos cuidados da sua boca, numa garganta profunda de revirar os olhos, enquanto suas mãos sorrateiramente ousavam sobre minha bunda; apertavam e separavam as bandas, apertavam e separavam, os dedos cada vez mais perto da única parte inexplorada do meu corpo. "O que vai fazer?" "Shhh. Confia." Um dedo ensaboado atravessou o anel e mexeu um pouco lá dentro, pra frente e pra trás, pra um lado e pro outro, até achar um ponto que deixou minha respiração ofegante e minhas pernas bambas. Dessa vez eu não ia aguentar. Fechei as torneiras com pressa, ergui-o pelos braços e o arrastei de volta pro quarto. Foi só me deitar na cama que ele se jogou por cima e voltou a chupar com tudo, cabelos molhados pingando na minha virilha e coxas. "Quero sentir seu gosto. Goza na minha boca, Alex. Goza tudo na minha boca." Agora eram dois dedos esfregando o ponto mágico, prestes a concretizar o pedido. Foi tanta porra que Gabriel engasgou, mas depois conseguiu engolir tudo. Trouxe o gosto no beijo e se deitou do meu lado, perna jogada sobre as minhas, pau duro melando minha coxa. Eu queria mais, mas ele parecia já não ter a menor pressa. Seus dedos brincaram nos meus cabelos com uma suavidade etérea e acabei conformado em puxar as cobertas. Ficamos um bom tempo assim, relaxados, aquecidos, protegidos, só eu, ele e a chuva fina que voltara de mansinho sem que nenhum dos dois percebesse, toda a raiva e tristeza desvanecidas pra deixar só seu olhar límpido e sorriso tranquilo. Meu Deus, que sorriso. "E você?" A pergunta abrupta me trouxe de volta à Terra. "Quando vai ser meu?" "Quando você quiser." Beijei a testa dele. "Eu SOU seu." O sorriso cresceu, iluminando todo o seu rosto. “Eu também. Esse tempo todo, mesmo sem você saber. Por que acha que explodi daquele jeito lá no estúdio? Aquela letra é minha, esqueceu?" "Claro que não." "E o que ela diz?" 'Como dizer que te quero / se nem comigo sou sincero' foram os primeiros versos que me vieram à cabeça. Me senti ingênuo por nunca ter percebido nada, por ter pensado que ele escrevera aquilo pra uma ex. "Vou escrever uma pra você também", sussurrei no ouvido dele. "Só que essa vai ser uma balada." Nos beijamos longamente e sua mão se enfiou por baixo das cobertas. "Você disse quando eu quisesse." Deu um sorriso malicioso. "Então acho que vai ser agora."
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Fauno, meus parabéns! Que poético, envolvente, romântico, lindo! Um conto que dá vontade de vivenciar, de ter como autobiográfico, muito obrigado pelo prazer desta leitura. Parabéns.
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