LUIZ, UM NEGÃO ESPECIAL NO RECIFE

Meu nome é Tobias, 46 anos, negro, baixinho, gordinho. Um cara simples e complexo ao mesmo tempo, mas com imensa quantidade de amor dentro de mim. Tenho poucas experiências com homens já que passei 14 anos num primeiro relacionamento, sendo recém-separado. E eis que de repente eu instalo um aplicativo gay na minha última semana de estadia no Recife e tenho um encontro mágico com um rapaz de 37 anos que posteriormente eu saberia que se chamaria Luiz.
Sua primeira mensagem foi enviada num domingo quando eu estava com um amigo tomando café num shopping local. Não podia desenvolver conversa naquele momento, mas o avisei que posteriormente conversaria por escrito assim que estivesse disponível. Assim o fiz.
Ele, um homem negro, com seus 37 anos, morador do Recife - únicas informações que se perpetuariam ao longo dos dias e até hoje, infelizmente. Um cara sensacional, com gosto musical de qualidade que nos uniu numa série de outras boas coincidências. Conversávamos por longos minutos ao longo dos dias até passarmos para o whatsapp e imo e podermos ter contato com as nossas vozes e nossos rostos, posteriormente. Tudo muito lindo que foi despertando em mim o que outrora eu achava que já estava morto há muito tempo, a minha capacidade de me apaixonar, de desejar e ser desejado. Foi uma explosão de sentimentos sem nenhum tipo de conteúdo sexual. Nada contra, mas no nosso ritmo (ouso chamar de nosso).
Sexo? Vocês poderiam se perguntar como não tinha ocorrido sexo nesta cascata emocional desencadeada. Realmente não houve a não ser uma masturbação com imagens via aplicativos o que provocaria um encontro pessoal depois. Nos encontramos numa padaria numa região central de Recife onde ficaríamos juntos em estado de latência por alguns minutos, já que ele havia saído do trabalho há pouco e estava cansado (acho eu), e isto se perpetuou na rua com conversas rápidas superficiais e profundas (não saberia confirmar de fato). Um pouco de mim e dele vieram à tona neste encontro. Luiz me passou uma verdade, independente das poucas palavras trocadas. Um nó banhado de sentimentos se estabeleceu entre nós. Marcamos um novo encontro, porém ele não ocorreu por inúmeros motivos: o meu retorno para um outro país em 2 dias, medo, não gostar de despedidas, segredos, mentiras.
Uma certeza eu teria: Luiz foi marcante na minha vida, Luiz me deixou com a sensação de que estou vivo e com a sensação de que quero mais. Hoje estou fora do Brasil, trocamos mensagens escritas esporádicas o que talvez seja um processo de distanciamento ou de não querer envolvimento. Realmente não saberia dizer a vocês.
Hoje posso dizer que sinto imensas saudades dele, que gostaria imensamente de saber mais dele e tê-lo nos meus braços, beijá-lo, ouvir a sua voz, sentir o seu abraço e seu cheiro de homem. Ficou o desejo despertado desde então, assim como ficou a sensação da impossibilidade e uma grande tristeza por não ter tido mais tempo (e talvez coragem de ambos) para uma entrega entre dois homens adultos. Um final feliz e triste ao mesmo tempo.
Se ele estivesse diante de mim neste momento o que eu faria? Com certeza o abraçaria e o beijaria pelos dias que não pude fazer e por todos os dias que virão. Luiz, você é um cara muito especial na minha vida. Obrigado por termos nos encontrado. Muito obrigado, rapaz. Aos que chegaram até o final um conselho: acreditem nos bons sentimentos mesmo nestes tempos em que eles escorrem pelas mãos.