Era uma sexta-feira, Luís, um amigo meu – que continuava a ser meu amigo apesar de todos os boatos no colégio a meu respeito – havia me chamado para dormir na casa dele. Não estava esperando nenhuma segunda intenção, nós éramos amigos mesmo, só amigos, ele era bonito e tal, mas não a ponto de eu arriscar a nossa amizade em troca de sexo.
Contudo, chegando a casa dele, eu logo descobri que havia segundas intenções sim!
Luís abriu a porta de pijama, entrei normalmente. Quando chego na sala, me deparo com Gabriel e Felipe sentados no sofá, cada um num extremo do sofá, bem distantes um do outro. Estavam assistindo uma partida de futebol.
Lancei um olhar de censura para Luís. Luís sempre fora o politiqueiro da sala, o apaziguador, era um menino de bom coração, certamente tinha usado a influência que ele tinha com nós três para tentar fazer com que ficássemos de boa.
Era evidente no rosto de Gabriel e de Felipe, que para eles, aquela armação também havia sido uma surpresa – embora uma surpresa altamente previsível – era claro que não esperavam por aquilo.
- Luís, por favor né, você realmente acha que essa sua louvável tentativa de transformar nós três em amigos vai dar certo? – Eu perguntei para ele. – Desculpa, mas chega a ser patético isso.
Luís deu um sorriso triunfante e foi andando em direção ao sofá, falando em voz alta.
- Eu não quero que vocês se tornem melhores amigos, mas acho... – Feliz o interrompeu.
- É, mesmo porque não faço amizade com bichas. – Declarou.
- Nem eu! – Gabriel tratou logo de dizer. Em seguida olhou para Felipe. – E também não faço amizade com gente retardada.
- Vai tomar no cú, Gabriel! Vê se me enxerga na esquina. – Respondeu Felipe. Luís completou a frase que havia sido interrompida.
- Mas acho que vocês podem ser bons colegas. Eu só peço para deixarem o orgulho e o rancor de lado.
Luís era um menino puro e ingênuo, isso era a única coisa que eu conseguia pensar naquele momento.
Na falta de opção, resolvi me dirigir ao sofá também. O sofá era grande, cabia nós quatro tranquilamente. Eu fiquei sentando entre Luís e Felipe.
Igual eu falei, Luís já estava de pijama, mas Felipe ainda estava com a roupa da rua, todo despojado. Eu me perguntava como que aquele garoto conseguia ser tão sexy e tão viril. Felipe tinha um piercing na orelha e uma tatuagem no braço, ambos na parte direita do corpo. Ele estava de havaianas, bermuda preta e uma camisa regata branca.
Eu tinha que fazer muita força de vontade para não olhar para o lado e ficar admirando seus pés, suas pernas e braços, mas eu não conseguia evitar que meu nariz cheirasse o perfume dele que vinha na minha direção. Um perfume forte de homem.
- Luís, eu posso pegar um copo d’água? – Eu pedi.
- Claro, pode ficar à vontade, vai lá na cozinha pegar. – Ele falou.
Eu já conhecia bem a casa de Luís, portanto eu já tinha uma “certa” liberdade de ir até a cozinha e pegar um copo d’água pra mim. Eu estava com uma dorzinha na garganta, algo que estava me incomodando desde de manhã.
Bebi dois copos de água, mas o incomodo na minha garganta continuava, procurei tentar ignorar e voltei para a sala. Os meninos tinham parado de assistir ao jogo e agora estavam instalando o Nintendo, parecia que a programação agora seria jogar.
Ficamos jogando até mais ou menos 1hr da madrugada, o tempo todo comentários sarcásticos do Felipe com Gabriel, do Gabriel comigo, de mim com o Felipe e todas as combinações possíveis, só o Luís que era isento dos ataques.
Eu ficava pensando, o Luís é muito burro. Teria disso melhor colocar um jogo em que nós quatro fossemos aliados contra algum outro inimigo, ao invés de pôr um jogo de um contra o outro.
Depois do videogame, como se não bastasse, resolvemos ir jogar “War”, aquele jogo de tabuleiro. As pessoas pareciam que estavam soltando faísca, com a exceção de Luís, nem preciso explicar. O Felipe parecia especialmente estressado, porque era o Gabriel que estava ganhando o jogo.
No momento Gabriel estava atacando a Europa de Felipe atrás de Dundinka. Era uma jogava arriscada para Gabriel, eram cinco exércitos de ataque contra oito de defesa, tudo indicava que Felipe estava com a vantagem da batalha, mas os dados iriam dizer diferente.
Conforme os dados eram lançados, Felipe começou a ir perdendo os seus exércitos gradativamente, enquanto que a pequena força em Dundinka avançava. Felipe começava a ficar revoltado e Gabriel estava rindo à toa.
Finalmente os últimos dados foram lançados: 4, 6 e 6 de Gabriel contra 2, 2 e 4 de Felipe. Era o fim de Felipe no jogo, ele havia perdido a totalidade da Europa, agora era só uma questão de algumas rodadas até que ele fosse aniquilado do mapa.
Fora de si, Felipe se levantou e atirou o tabuleiro no chão, com um grito de raiva. Gabriel ria.
- Essas pessoas que não sabem perder... – Dizia Gabriel fazendo cara de falso perplexo com a falta de controle de Felipe.
O clima começou a esquentar, parecia que ia tender a briga. Luís interveio e falou que era melhor a gente dormir, afinal já eram 3hrs da madrugada.
Colocamos os colchões no chão do quarto de Luís, arrumamos nossas camas e tal, quem tinha que escovas os dentes, escovou; quem tinha que colocar o pijama, colocou; e então fomos dormir.
Ninguém ficou de conversinha, estava um clima de emburramento no ar. Eu não demorei a pegar no sono.
OQ ACONTECEU
Porra, li até o fim e nada aconteceu...Vai contar o resto ou vai me deixar na mão aqui de pau duro pra gozar?
SERÁ QUE OS QUATRO VÃO TRANSAR?