Na sala, eu mal conseguia olhar para Gabriel. Eu meramente fingia que nada tinha acontecido, eu não estava sabendo lidar direito com a situação.
Foi então que eu resolvi me colocar no lugar de Gabriel, ele devia estar péssimo, envergonhado, talvez fosse minha obrigação dar alguma espécie de satisfação a ele, ao invés de deixar as coisas no ar.
Escrevi no papel, um bilhete e lhe entreguei. Nada sofisticado, apenas dizendo para ele sair da sala, que eu queria conversar com ele.
Eu levantei o braço.
- Posso ir ao banheiro? – Pedi.
- Sim, Gustavo. – Respondeu a professora.
Houve murmúrios na sala, risadinhas abafadas, provavelmente as pessoas estavam achando que eu estava indo vadiar no banheiro. Essas fofoquinhas já estavam me deixando sem paciência.
Caminhei até o final do corredor para me relaxar. Avistei Gabriel saindo da sala.
- Vamos para um lugar mais tranquilo. – Eu falei.
Eu e Gabriel fomos até uma parte menos movimentada do colégio, perto de um banheiro antigo, que hoje em dia ninguém mais usava porque era muito antigo e sujo.
- Eu queria te pedir desculpas, Gabriel. – Instantaneamente ao ouvir esta minha frase, Gabriel me deu um abraço forte, lacrimejando. – Calma. – Eu ponderei. – Isto tudo é muito diferente pra mim.
- Pra mim também. – Falou Gabriel. – Eu nunca tive este sentimento por ninguém na minha vida. Você acha que eu estaria me humilhando e me expondo assim à toa?
- Então Gabriel, eu acho que você está se precipitando. Eu não sei se eu quero algo que envolta sentimentos, entende?
Neste momento Gabriel me agarrou pela cintura e lascou um beijo profundo, voraz, meu corpo estremeceu, meu pênis latejou dando sinal de vida e eu me senti flutuando.
- Vai dizer que não sentiu nada agora?! – Ele falou.
- Senti. – Eu respondi, cabulado.
- E esse sentimento foi ruim? – Ele perguntou.
Fiquei alguns segundos fitando aquele Gabriel lindo e meigo na minha frente. Meu cérebro tentava resistir, dizendo que aquilo tudo podia sair errado, mas agora minha boca pedia mais dos lábios daquele garoto lindo.
- Na verdade. – Eu finalmente falei. – Foi o melhor sentimento que eu já tive.
Agarrei Gabriel e voltamos a nos beijar, um beijo mais longo, mas romântico e ainda mais gostoso que o anterior. De forma praticamente instintiva, entramos no banheiro, onde teríamos mais privacidade para nos beijar.
A minha cabeça estava a mil. A boca de Gabriel era muito deliciosa. Eu me sentia fora de mim, não parecia real. O meu corpo e o de Gabriel se enroscavam. O nosso beijo era perfeito, nossos lábios se encaixavam direitinho e nossas línguas mesclavam em harmonia. Parecia que eu tinha vivido a vida inteira só para ter aquele momento.
As mãos de Gabriel tocavam o meu rosto, a respiração dele se misturava com a minha. Eu tentava aproveitar ao máximo cada segundo singular daquele instante, cada centímetro daquela boca.
Gabriel desfez o beijo e em seguida me deu um forte e longo abraço. Depois sussurrou em meu ouvido: - Deixa eu conquistar o seu coração?
Eu dei um sorriso e balancei a cabeça fazendo que sim.
- Você é perfeito. Eu tô com medo disso tudo ser um sonho. – Eu falei.
Fiquei fitando os olhos de Gabriel. Por que será que ele tinha gostado de mim? Era muito difícil acreditar que um garoto daqueles estava apaixonado por mim. Não que eu fosse feio, eu era muito bonito, mas até aquele instante eu achava que todos os príncipes que existiam no mundo eram héteros e estavam em busca de princesas, eu não sabia que podia existir um príncipe daquele jeito igual ao Gabriel.
Quais eram as probabilidades? Acho que teria sido mais fácil eu ganhar na mega sena do que ter achado Gabriel.
E de repente eu comecei a sentir vergonha de saber que ele tinha me visto lá no outro banheiro da escola com aqueles dois skatistas e depois ter me visto no banheiro da casa do Luís sendo fodido pelo Felipe. Comecei a me sentir indigno, será que Gabriel merecia um garoto igual a mim? Gabriel era um garoto tão puro. Subitamente comecei a sentir nojo de mim mesmo.
Gabriel se precipitou sobre mim, para me dar mais um beijo, mas eu virei o rosto. Eu não conseguia mais dar um beijo em Gabriel. Eu estava me sentindo podre demais para um garoto como ele, contaminado pelas putarias que eu tinha feito antes.
Fiquei com vontade de apagar tudo, desejei mais do que tudo ser um garoto puro para ser possuído pelo amor de Gabriel. Comecei a chorar.
Sai do banheiro correndo e chorando, deixando Gabriel com uma expressão de aflição no rosto.
Por tudo que é mais sagrado manda o 10 pó favor
Eu to chorando não tô brincando