Vestal dos tempos modernos

Vestal dos tempos modernos
Teria sido um daqueles finais de semana divertidos e prazerosos, como tantos outros que eu já tinha vivenciado com meus pais se, depois do jantar, eles não tivessem me pedido para não subir em direção ao meu quarto, pois tinham algo a me dizer. Procurei no olhar de ambos um vestígio do que poderia estar acontecendo. Não atinei com nada. No entanto, a fisionomia do meu pai era aquela que eu já conhecia quando ele tratava de um assunto sério. Não pode ser nada relacionado com o colégio ou meu desempenho, pensei. Dois dias antes eu havia entregado a minha avaliação bimestral e ambos, além de esboçarem aquele sorriso contido de orgulho, haviam me parabenizado pelas excelentes notas.
- Qual é a bronca? Vocês estão com umas caras! – disparei, enquanto nos ajeitávamos nos sofás próximos à lareira.
- Não tem bronca nenhuma. Mas, temos um comunicado importante a te fazer. – afirmou minha mãe, desviando o olhar em direção ao meu pai para que ele direcionasse a conversa.
- Você sabe que, sua mãe e eu, estamos envolvidos num grande projeto lá na empresa. Você tem nos visto no escritório adentrando madrugadas, debruçados sobre uma montanha de papéis, mapas e estudos, não é? – começou meu pai, ao que eu balancei a cabeça concordando. – Pois bem! Este projeto está nos obrigando a nos mudarmos para o Peru. Mais precisamente para a floresta amazônica peruana. – acrescentou.
- E lá vai ter alguma escola para mim, ou eu vou poder ficar sem estudar enquanto estivermos por lá? – eu quis saber, já imaginando que teria umas longas férias.
- Esta é a questão. Você não pode interromper seus estudos, e lá não existe nada além da selva e das obras da refinaria de gás que estamos construindo. A cidade mais próxima fica a quase 200 quilômetros e não é nem de longe como as cidades que você conhece. – meu pai ia explanando com vagar sempre atento à minha expressão facial.
- Vocês estão querendo me dizer que eu não vou junto? – arrisquei precipitado, pois estava antevendo que o rumo da conversa caminhava para isso.
- Exatamente! – disseram os dois quase em uníssono.
- E aonde eu vou ficar? Não me digam que vou para um colégio interno! – por um instante senti um frio percorrer minha espinha.
- Não! Claro que não! Já conversamos com o tio Arwin e eles estão ansiosos a sua espera. – disse meu pai.
- Mas eles moram em Memphis! Vou ter que mudar de colégio. E os meus amigos? Vou perder todos eles. – inquiri preocupado.
- Sabemos que vai ser uma grande mudança para você, Mitchel. Por outro lado, pense em como vai ser legal morar com o Darryl e o Josh, você adora seus primos. E, em pouco tempo você vai fazer novos amigos por lá. – ponderou minha mãe.
- Tá! Eles são bem legais. Mas, e vocês? Eu também não vou ver vocês? Quanto tempo vocês vão ficar por lá? – eu estava tão ansioso por respostas que mal esperava obter uma para já fazer outra pergunta.
- Serão cinco anos ao todo! Contudo, não vamos permanecer continuamente por lá todo esse tempo sem voltar para cá. Dependendo de como as coisas vão acontecer, devemos vir umas três ou quatro vezes por ano. Além do que, você também poderá nos visitar. Não de imediato, eu quero que você esteja um pouco mais velho, pois viajar para um país estranho não é coisa para uma criança. – explicou meu pai.
- Eu já tenho doze anos, não sou criança! – afirmei categórico. Ao que os dois se entreolharam e disfarçaram o sorriso.
- Sim, eu sei! Você já é um rapaz. Mesmo assim, é melhor esperar um pouco. – ponderou meu pai.
Fui para a cama naquela noite com a cabeça a mil. Comecei a imaginar como seria minha vida em Memphis, como seria ficar sem os meus pais por tanto tempo, como seria a nova escola. Será que vou gostar? Eu gosto da nossa casa. Gosto de morar em Knoxville. E o Bud? Esqueci-me de perguntar como vai ser com o Bud. – saí da cama e desci as escadas correndo, meus pais estavam no escritório.
- Eu vou poder levar o Bud, não é? – disparei, assim que entrei no escritório.
- É claro que sim, meu filho! Ninguém vai tirar o Bud de você! – afirmou meu pai. – Já falamos com o tio Arwin e a tia Beth sobre isso também. Está tudo certo, não se preocupe. – acrescentou.
- Mas eles já tem o Gunner e a Molly! – considerei, mencionando o airedale terrier e a gata siamesa dos meus primos.
- Mitchel! Sei que você está cheio de expectativas, mas tudo vai dar certo. Quantas vezes nós já não passamos finais de semana e feriadões com seus tios, e sempre levamos o Bud junto, não foi? Pois então, não vai ser diferente agora. – tranquilizou-me minha mãe. – Agora, vá dormir! Amanhã você tem aula. - Dormir, como se isso fosse possível depois de uma notícia bombástica dessas, matutei comigo mesmo enquanto subia as escadas.
Meus pais eram engenheiros de minas. Tinham se conhecido ainda na faculdade e acabaram sendo contratados pela mesma empresa. Meu pai tinha chegado ao cargo de engenheiro-chefe da companhia, e era ele quem iria liderar as equipes que estavam construindo uma refinaria de gás na floresta peruana. Desde que foram envolvidos nesse projeto, nossa vida tinha mudado um bocado. Embora eu passasse menos tempo com eles, o que tentavam compensar com finais de semana cheios de passeios, tínhamos nos mudado para uma casa bem maior no melhor bairro de Knoxville, meus pais compraram uma casa de campo às margens do lago Norris, meu pai começou a participar de campeonatos de polo no clube Gettysvue, o mais seleto da região, depois de se tornar associado, além de trocarem seus carros de luxo anualmente. Eu não tinha a exata noção do que estava acontecendo, mas sabia que tínhamos uma ótima situação financeira.
Levou um mês para a mudança começar. Faltava pouco mais de uma semana para o semestre começar no novo colégio quando me mudei para a casa dos meus tios. Foi uma bagunça generalizada. Eu me dava muito bem com meus primos, respectivamente um e três anos mais velhos do que eu e, embora eu tivesse meu próprio quarto na casa dos meus tios, muitas vezes acabava dormindo no quarto de um deles, depois de literalmente capotar de sono. A adaptação à nova vida foi menos complicada do que eu havia imaginado e fantasiado na minha mente pueril. Tinha o carinho incondicional dos meus tios, considerava os primos como os irmãos que eu não tinha, fui bem recebido pelos colegas de classe e tudo entrou nos eixos em pouco tempo. A única coisa que me deixava um pouco acabrunhado era a saudade que sentia dos meus pais. Fazíamos contato por meio da Internet em algumas ocasiões, mas a transmissão costumava ser tão precária que, muitas vezes, acabava sendo interrompida antes de eu poder contar tudo o que tinha se passado comigo. Geralmente, depois desses contatos, eu ficava caladão por algumas horas. E assim, os três anos seguintes se passaram, entre vindas e partidas dos meus pais.
O projeto da refinaria caminhava a pleno vapor e, no meio da selva, o conglomerado de edifícios e estruturas ganhava forma. Eu acompanhava as obras pelas fotografias que meus pais postavam. Estávamos em maio, eu completara quinze anos e, em três semanas estaria de férias. Na última conversa com meus pais pela Internet tinha ficado acertado que eu iria para o Peru assim que as férias começassem. Como eles não poderiam se ausentar por alguns meses e, não queriam me deixar passar as férias sem a companhia deles, eu ia ficar quinze dias no alojamento da empresa junto com eles. Nem é preciso mencionar a euforia que tomou conta de mim. Seria minha primeira viagem internacional. Como eu tinha aulas de espanhol no colégio, e já dominava bem o idioma, devido à ajuda da Juanita nossa empregada, achei que não teria problemas em me comunicar com as pessoas, além de ter um montão de coisas para contar quando regressasse.
Meus tios me levaram ao aeroporto em Memphis, de onde partia um voo para Lima com conexão em Newark. Apesar de um membro da tripulação ter ficado responsável por me ajudar nos traslados, meu tio me fez zilhões de recomendações. Em casa, ele já enfiara trocentos papeletes nos bolsos de calças, jaquetas e malas com os telefones da companhia onde meus pais trabalhavam, os da casa dele, endereços e tudo o mais que garantisse que eu não me extraviaria no trajeto. Mesmo assim, quando ele me deu um abraço e um beijo antes de eu entrar no portão de embarque, eu pude notar a apreensão dele com aquela viagem.
- Eu vou ficar bem, tio Arwin! – garanti, retribuindo o abraço afetuoso dele.
Realmente cheguei a Lima no Peru sem nenhum contratempo. Um funcionário da companhia me aguardava no saguão do aeroporto Jorge Chávez, e estava incumbido de me colocar, no dia seguinte, num voo rumo a Pucallpa, capital do departamento de Ucayalli, última cidade antes das instalações da refinaria que ficava uns 200 quilômetros a leste e, aonde eu chegaria num helicóptero da companhia junto com alguns outros funcionários. O mesmo funcionário do dia anterior veio me apanhar no hotel onde eu havia pernoitado. Quando cheguei ao carro que nos aguardava no estacionamento do hotel, havia mais dois engenheiros peruanos na van. Durante todo o trajeto até o aeroporto, eles elogiaram muito o trabalho dos meus pais e, me encheram de perguntas querendo saber se eu também estava pensando em seguir a carreira deles. Fiquei contente ao perceber que meu espanhol podia ser muito bem compreendido.
Um Sikorsky S-76 nos aguardava próximo a um hangar ao lado da pista principal do aeroporto de Pucallpa. O piloto, um jovem americano parrudo de óculos escuro veio nos recepcionar. Os dois engenheiros já o conheciam e os três fizeram observações animadas entre si. Ele tentou se comunicar comigo por meio de um espanhol sofrível e, ficou visivelmente contente quando respondi em inglês. O dia estava lindo, o sol da manhã inundava a terra com fachos dourados, o ar estava quase parado. Mesmo assim, dava para sentir o cheiro da floresta que se esparramava ao redor da cidade. O tempo de voo até as instalações da refinaria estava estimado em cerca de uma hora, segundo nos informou o piloto, assim que colocou os rotores em funcionamento. Tudo aquilo era uma novidade sem precedentes para mim e eu devia estar com uma cara exultante, pois ele logo me perguntou se eu já tinha voado num helicóptero alguma vez. Diante da minha negativa, ele passou a descrever tudo o que estava fazendo para por a máquina no ar e a explicar o que acontecia durante as manobras. Nada podia ser mais fantástico.
Com quase meia hora de voo, subitamente nos vimos emparelhados com outros dois helicópteros que eu julguei serem do tipo Black Hawk, embora não tivesse certeza, pois sua fuselagem estava camuflada. Nosso piloto tentou uma comunicação via rádio, mas este apenas emitiu um chiado que me obrigou a por as mãos sobre os ouvidos, no que fui seguido pelos dois engenheiros. Todas as tentativas do piloto de fazer contato com o aeroporto de Pucallpa foram infrutíferas. Eles estavam tão próximos que eu pude ver o piloto do que estava emparelhado junto a minha janela, fazendo sinais para o nosso piloto, bem como um soldado apontando uma metralhadora em nossa direção pela porta aberta do helicóptero. Logo constatei que do outro lado, no outro helicóptero que nos interceptou, a cena era a mesma.
- Temos que acompanha-los! – disse nosso piloto. – Ao que parece deve estar havendo alguma ação militar na região. No entanto, ninguém me comunicou nada a respeito quando entreguei o plano de voo. – emendou.
- Existe algum aeroporto nessa região, ou ao menos um local de pouso? Não me consta que haja um. – perguntou um dos engenheiros.
- Estamos sendo direcionados para o norte, fora de nossa rota e do aeroporto de Pucallpa. – respondeu o piloto. Eu não gostei da expressão da cara dele. Dava para perceber que estava nervoso. – Estamos sendo sequestrados! – acrescentou, numa voz titubeante, logo em seguida.
Abaixo de nós só se via uma floresta verde e densa. De vez em quando se desenhava uma linha sinuosa de algum rio. Até que de repente, surgiu no meio daquele verde todo, o contorno de um edifício no formato de um pentágono, semelhante ao de Washington onde eu estivera no ano anterior com uma excursão do colégio. A única diferença era que, lá embaixo, dois pentágonos estavam um dentro do outro com a ponta do vértice de um apontando para o norte e o outro para o sul. Uma clareira composta por um extenso gramado circundava a construção, foi lá que pousamos e, pouco depois, os dois helicópteros que nos escoltaram.
Assim que nosso helicóptero tocou o solo, fomos abordados por mais de uma dezena de homens trajando uniformes camuflados e armados com metralhadoras. Recebemos ordens para descer e quase fomos arrancados à força de nossos assentos, mesmo antes das pás da hélice parar por completo. Só então notei que os dois Black Hawk não tinham nenhuma insígnia militar ou de forças armadas, eram aeronaves clandestinas. Só então comecei a ficar com medo. Imitei o gesto do nosso piloto e dos dois engenheiros, erguendo os braços e colocando as mãos atrás da nuca. Em fila indiana fomos levados na direção dos edifícios, para um pórtico ladeado por duas guaritas, onde um sistema automatizado controlava a entrada de veículos e pessoas, através de barras de ferro que desciam do teto até tocarem o chão. Embora nosso piloto tivesse inquirido os homens que nos escoltavam sobre o que estava sucedendo, ninguém respondeu às suas perguntas. Depois de percorrermos um longo corredor, sem nenhum tipo de abertura, chegamos a um salão onde dois homens nos aguardavam. Um deles, o mais velho que aparentava ter uns quarenta e poucos anos, trajava o mesmo uniforme camuflado dos homens que nos escoltavam, contudo, pela deferência que estes lhe fizeram, deduzi que ocupava um cargo superior ou tinha alguma autoridade sobre eles. O outro, com trinta e tantos anos, todo vestido de preto, trajava uma túnica que lhe chegava até os joelhos sobre um par de calças. Por sua postura, conclui que era ele a autoridade máxima daquele lugar.
- Bom dia, senhores! – cumprimentou, num espanhol claro.
- O que significa isso? – perguntou nosso piloto. Não havia firmeza em sua voz.
- Me chamo Gael! Os senhores serão, temporariamente, meus convidados. – respondeu o homem.
- Essa foi uma atitude muito irregular. Interceptar uma aeronave é crime. – retrucou nosso piloto.
- Mas é um meio eficaz de conseguir um helicóptero desse porte. – devolveu Gael. – E, eu não falaria em crime, se fosse o senhor. Digamos que apenas estamos pegando emprestado o que sua companhia tem sobrando.
- Não sei se as autoridades vão pensar da mesma forma. – revidou nosso piloto.
- O que elas pensam, ou deixam de pensar, não nos interessa em absoluto. – Gael tinha um sorriso sarcástico estampado no rosto arredondado e de olhos levemente puxados. Certamente era fruto da miscigenação de índios originários das civilizações primitivas que habitavam o Peru e espanhóis.
Eu tentava me lembrar das aulas de história se foram os Astecas, Incas, ou os Maias que habitavam aquela região durante a era pré-colombiana, quando Gael se aproximou de mim e tocou sua mão ligeiramente úmida no meu rosto. Eu estava tão absorto tentando encontrar a resposta que me assustei e, num ato reflexo, afastei meu rosto abruptamente.
- Não tenha medo, meu rapaz! Suas feições são extremamente encantadoras. – observou, me encarando. – Um típico representante imperialista! – acrescentou, dirigindo-se ao que estava uniformizado.
- O que quer conosco? Eu sou um cidadão americano! – arrisquei, fixando meu olhar no dele. Até então eu nunca tinha ouvido a palavra imperialista e não sabia seu significado.
- Isso pouco importa de onde você veio. E, como eu disse, vocês serão nossos hóspedes. – retorquiu friamente.
- Eu não quero ficar aqui! Estou indo visitar meus pais. – afirmei desafiador.
- Essa decisão não é sua! – respondeu ele, colocando novamente aquele sorriso sarcástico na cara.
Por três dias fomos colocados num quarto amplo, de janelas muito altas, quase beirando o teto e, de onde se podia ver um pátio interno fechado entre os edifícios de dois andares quando se ficava em pé nas camas. Além da porta de entrada, havia outra que dava num banheiro. Nesse quarto havia, além das quatro camas encostadas junto às paredes, uma mesa com um tampo bastante desgastado e rabiscado e meia dúzia de banquetas debaixo dela. Era sobre ela que deixavam, duas vezes ao dia, quatro bandejas de inox com as refeições. Durante esse tempo, nossas conversas giravam em torno do sequestro. Eu quase não falava, mas o piloto e os engenheiros teciam mil hipóteses sobre o que estava por acontecer. Falou-se em resgate, em retaliações contra a companhia por motivos desconhecidos, aventou-se a possibilidade de estarmos sendo objeto de troca nalguma negociação com autoridades peruanas e mais um tanto de hipóteses que eram levantadas. No quarto dia, logo depois de havermos acordado e, antes de nos servirem o café, o piloto foi retirado e levado por três homens, mais aquele senhor de uniforme que nos recepcionou no primeiro dia. Nunca vou me esquecer do rosto do piloto naquele momento. Ele olhou para trás em nossa direção, com um desespero de assustar. Cerca de duas horas depois, ouvimos uma sequência de tiros, como uma rajada de metralhadora. Quase não houve conversas entre nós depois disso. Nunca mais vimos o piloto. Naquela noite foi a primeira vez que chorei no cativeiro.
Naquela mesma tarde os homens voltaram e vieram me buscar. Eu estava tão aflito que comecei a espernear e a implorar para que não me matassem. Achei que teria o mesmo destino do piloto, que eu nem sabia qual era. Os dois engenheiros intervieram.
- Ele é só um garoto. Não é justo o que estão fazendo. Chamem o seu chefe, ou a pessoa que responde por tudo isso, deixe-nos falar com ele, por favor. – imploraram, em vão.
Fui conduzido a outro setor daquele edifício. Passamos por corredores e saguões até chegar a uma ala onde aberturas para pátios internos bem ajardinados e a qualidade do piso era muito superior ao local onde eu estava antes. Ao abrirem uma porta de madeira de folhas duplas, toda entalhada, entrei numa espécie de apartamento. Uma sala com decoração minimalista, mas sofisticada, deixava entrever, por meio de arcos amplos, um dormitório cuja decoração principal consistia de uma enorme cama com dossel, envolta num acortinado de tecido quase transparente. Uma porta entreaberta denunciava um banheiro anexo e, um pequeno terraço se projetava diante de duas portas de vidro dando também para um pátio completamente cercado pelos edifícios. Concluí que esses pátios se formavam entre os dois pentágonos e serviam para arejar os ambientes. Gael usava novamente uma túnica preta e calças na mesma cor, estava diante de uma janela com um charuto entre os dedos. Todo o ar do cômodo rescindia ao cheiro de tabaco queimado.
- É um prazer revê-lo, meu jovem! – disse ele, tentando ser gentil.
- Eu quero sair daqui e encontrar os meus pais. Onde está o nosso piloto? Deixe-nos ir embora, por favor. – eu estava tão agoniado que as palavras vinham como uma torrente incontrolável.
- Acalme-se! Vou satisfazer seu desejo por partes. Primeiramente, por enquanto não há nenhuma chance de você rever seus pais. Segundo, vocês não precisam de um piloto, portanto e, considerando que ele conhecia as coordenadas deste lugar, foi preciso garantir que ele nunca chegaria a trazer pessoas indesejadas para cá. E terceiro por hora vocês continuam nossos hóspedes.
- Vocês vão nos matar? – eu balbuciei a frase com o choro brotando de dentro de mim.
- Quem enfiou isso na sua cabecinha? Ao que me consta vocês estão sendo muito bem tratados, não é assim? – respondeu ele, na mais irritante e fria tranquilidade.
- Ahã! – respondi, acenando com a cabeça.
- Pois então! Tire essas preocupações tolas da sua cabeça. Para confirmar o que estou dizendo, é aqui que você vai ficar de agora em diante. Não é confortável? – perguntou ele, aproximando-se de mim com a intenção de enxugar as minhas lágrimas. Mas, eu esquivei meu rosto antes de ele me alcançar. Não podia suportar a ideia daquele sujeito me tocando.
Ele fez questão de me mostrar cada detalhe dos cômodos. No mesmo instante eu me recordei de uma fábula que me fora contada quando eu era ainda mais criança, não sei se por meus avós, ou pela professora do maternal. Era a história de uma princesa chinesa que havia ganhado de presente um rouxinol. O rei havia mandado fazer uma gaiola de ouro ricamente ornada para colocar o pássaro no quarto da princesa. Os dias se passaram e o rouxinol não cantava, embora a princesa o tratasse com todo o carinho. Ele ficava empoleirado num canto da gaiola olhando por uma janela diante da qual florescia uma belíssima árvore. A princesa, vendo a tristeza do pássaro, resolveu soltá-lo da gaiola. No mesmo instante ele voou até o galho mais próximo daquela árvore e se pôs a cantarolar. Por analogia, eu me via na mesma situação do rouxinol, impossível de sentir qualquer alegria enquanto estivesse confinado naquele lugar.
- De agora em diante, estas serão as roupas que você vai usar. – disse Gael, abrindo as portas de um armário de onde pendiam cerca de uma dúzia de túnicas, todas brancas e confeccionadas em musseline.
- Isso parece um vestido! Eu não vou usar isso! – respondi prontamente.
- Pois é tudo o que terá para se cobrir. É isso ou andar nu por aí. – revidou ele, exasperado.
Ele me deixou sem dizer mais nada. Ouvi quando a porta foi trancada depois de ele sair por ela. Fiquei horas sentado no canto de um dos sofás que ornavam a sala mergulhado em meus pensamentos. O que significava tudo aquilo? Por que haviam feito isso comigo? Só percebi que havia anoitecido quando comecei a esfregar os braços cuja pele estava toda arrepiada de frio. Fechei a porta de vidro que dava para o terraço e fui ao banheiro tomar um banho, o primeiro desde que tinha sido preso. Ao sair, não encontrei mais as minhas roupas que havia deixado sobre a cama. Soube então, que estava sendo vigiado de alguma maneira. Procurei por câmeras escondidas no teto ou nas paredes, mas não encontrei nada. Só me restou vestir uma daquelas túnicas. Pude ver todo o meu corpo por debaixo do tecido transparente. Ao voltar para a sala, notei que, além da porta de folhas duplas da entrada, havia outra na mesma parede deslocada apenas alguns metros daquela. Girei a maçaneta tentando abri-la, mas também estava trancada. Eu andava a esmo pelos cômodos, como se fosse um robô mal programado. De repente, a porta que eu tentara descobrir onde ia dar se abriu, e quatro rapazes passaram por ela trazendo meu jantar. Eles deviam ter uns dezoito ou, no máximo, vinte anos e usavam uma espécie de calça muito folgada, do tipo que eu já tinha visto na televisão, sendo usada por homens tribais do Afeganistão, Irã e Paquistão. O tecido do qual eram feitas parecia ser o mesmo da túnica que eu vestia, por isso pude ver os pelos pubianos e os cacetes deles através da transparência. Todos usavam alpargatas de tecido preto. Os torsos estavam nus e eram bastante musculosos e desenvolvidos. Apesar do estranhamento, não me pareceram hostis, e eu logo perguntei se eles podiam me ajudar a sair dali.
- Sair daqui? Você é a pessoa mais importante deste lugar, por que quer sair daqui? – perguntou um deles.
- Eu importante? Eu vim visitar meus pais e fui raptado. – respondi.
- Você é o novo Uayror Aklla. Teremos o maior prazer em cuidar de você. – disse outro, que se aproximou de mim e acariciou meu braço.
- Sou o que? – perguntei confuso.
- O Uayror Aklla, o servidor dos deuses. – respondeu ele, abrindo um sorriso amistoso.
- Vocês são loucos! O que significa tudo isso? – percebi que estava muito mais enrascado do que podia imaginar.
Alguns dias depois, a porta que me separava do lugar onde ficavam os rapazes não permanecia mais trancada. Tanto eu, quanto eles, podíamos transitar livremente. Eles eram dez no total e foram me dizendo seus nomes os quais, a todo custo, eu procurava gravar na minha mente, mas por sua estranheza não conseguia memorizar tão rápido. Eles começaram a me servir como se fossem meus criados, algo ao qual eu não estava acostumado. Encarregavam-se de me distrair, traziam as refeições, tentaram me dar banho numa banheira cheia de espuma que flutuava como algodão sobre a superfície d’água, não tivesse eu os expulsado e trancado o banheiro.
- O que faz um, como é mesmo, Uayror do não sei o que? – perguntei, quando já me sentia mais à vontade com a presença deles.
- Um Uyaror Aklla faz a conexão entre nós mortais e os deuses eternos. É o único que pode fazer nossos desejos chegarem até eles. – explicou-me um dos rapazes, Hatun, acho que era esse seu nome.
- E como se faz isso? Como posso ser esse tal de Uyaror se nem sei como se faz isso? – quis saber.
- O sumo sacerdote vai te explicar. É com ele que você vai invocar o espírito dos deuses. – explicou Amir. Desse eu me lembrava do nome porque ele me pegava no colo e me colocava na cama quando chegava a hora de dormir e eu, revoltado com aquela atitude, o enchia de porradas no peito e ele nem as sentia.
- Cara, vocês são completamente malucos! – exclamei, achando que tinha entrado em um hospício.
As coisas começaram a mudar alguns dias depois quando Gael, já no avançado da noite, entrou no apartamento e, com um único olhar, fez com que todos os rapazes o deixassem a sós comigo.
- Como estão as coisas? São bons rapazes, não são? – começou, como se já não existissem mais barreiras entre nós.
- São sim! – respondi lacônico. – Quando vou poder ir embora? – ajuntei apressado, não lhe dando a chance de formular sua frase seguinte.
- Depende de você! – respondeu.
- Como assim? Então quero ir imediatamente. – retruquei
- Depende de como você se comportar. – afirmou ele.
- Eu não estou fazendo nada de ruim. – revidei.
- Não, não está mesmo. – ele inspirou e continuou. – Você é virgem, Mitchel?
- Eu ... eu ... – Fui pego tão de surpresa que não sabia o que dizer. Meu rosto parecia estar pegando fogo. Aquela tinha sido a primeira vez que ele me chamava pelo meu nome, e não de meu jovem ou meu rapaz.
- Isso é bom! Aliás, é excelente! Eu já imaginava isso. – disse ele, sem esperar pela minha resposta.
Achei estranho ele me perguntar uma coisa dessas. Esse era um assunto que me deixava muito sem graça. No colégio os meninos ficavam zoando quando descobriam que alguém era virgem. Na verdade, acho que a maioria era, mas os mais atirados ficavam se proseando, deixando os mais tímidos, como eu, muito encabulados. Cheguei à puberdade com certo atraso. Havia pouco mais de dois anos, cerca de algumas semanas antes de completar treze anos, que eu comecei a entender o que significava o meu pau amanhecer duro, a origem daquelas poluções noturnas, o fato do meu cacete começar a enrijecer sozinho quando o balanço do ônibus da escola me obrigava a amarrar a jaqueta na cintura para disfarçar aquele volume protuberante dentro da calça. Quem me deu as respostas para essas questões foi o Josh. Não espontânea e voluntariamente, mas depois do Darryl e eu o flagrarmos atrás da garagem com uma revista pornográfica numa das mãos e a outra ocupada batendo uma punheta.
- O que vocês querem aqui, seus fedelhos! – exclamou zangado, sem saber se escondia a revista ou colocava o caralho dentro da bermuda.
- O que você está fazendo Josh! – perguntou o Darryl, vendo ali uma oportunidade de contar com um trunfo em suas mãos numa próxima briga com o irmão.
- Se você abrir a sua boca para o papai ou a mamãe eu vou te dar uma surra, Darryl! Não duvide disso. – ameaçou o Josh. – E você, o que está olhando com essa cara de besta? – perguntou para mim, pois eu ainda olhava para aquele cacete enrijecido com cara de espanto.
Para matar a nossa curiosidade e, de alguma forma, minimizar o fato de ter sido apanhado se masturbando, ele nos mostrou a revista, como se estivesse nos revelando o maior dos segredos. Querendo se fazer de adulto, explicou o que era uma punheta, elucidou como se fode uma buceta, muito embora eu tenha duvidado de que ele realmente soubesse como se fazia isso, e nos esclareceu o que era aquela substância esbranquiçada que tinha melado sua rola e sua mão. O Darryl e eu não perdíamos uma única palavra do que ele dizia, extasiados com todas essas novidades. Lembro-me que depois disso, o Darryl e eu recorríamos a ele cada vez que ouvíamos uma palavra relacionada a sexo ou sacanagem, como se ele fosse um PhD no assunto.
Portanto, ser interpelado por um adulto e, além disso, estranho, me deixou muito constrangido.
- Eu não quero falar com você sobre esse assunto. – retorqui.
- Não se preocupe, eu já tive a minha resposta. – sentenciou o Gael.
O dia seguinte amanheceu chuvoso, tinha chovido torrencialmente a madrugada toda. Desde que eu estava naquele lugar essa tinha sido a primeira vez que choveu. Eu estranhei, pois meus pais tinham dito que chovia quase todos os dias na selva, e que aliado ao calor insuportável, que não deixava o suor do corpo secar, isso fazia com que a gente se sentisse como se estivesse mofando. Os rapazes estavam anormalmente agitados naquela manhã e, enquanto eu tomava meu café, escutei o motor de um helicóptero sobrevoando os edifícios. Fiquei eufórico, achando que ia finalmente embora daquele lugar. Quando aquele motor silenciou, vieram outros, pelo menos mais uns cinco ou seis. Dava para saber que pousavam nas redondezas. Eu perguntei aos rapazes o que estava acontecendo, mas suas respostas evasivas, calculadamente estudadas, não me deixaram descobrir nada.
- Apresse-se! Vista-se rápido, que não podemos nos atrasar! – disse um dos rapazes.
- Para onde vamos? Eu não posso sair com essa roupa. – argumentei
- Tome tudo isso aqui. – disse outro, que me estendeu uma taça de vidro com um líquido avermelhado dentro dela.
- Eu não bebo vinho! – exclamei de pronto, ao que ele me dissuadiu a engolir aquele líquido sem fazer mais perguntas. Não era vinho, mais parecia o suco de alguma fruta e era ligeiramente amargo.
Numa espécie de séquito, com cinco rapazes de cada lado, fui conduzido por um labirinto de corredores onde nunca tinha estado antes, até alcançarmos um salão de pé-direito muito alto. Havia umas cem pessoas no salão, entre homens e mulheres, sentados numa plateia distribuída por cadeiras de espaldar alto. Na enorme parede diante deles havia uma pintura, cujos tons escuros das tintas, lhe dava um aspecto sombrio. Nela se via a cabeça de uma ave de rapina olhando para a direita e uma cabeça de puma olhando para a esquerda. Um pentágono de ouro pendia do teto e, no centro dele, havia uma pira onde as chamas de um fogo azulado tremulavam incessantemente. Durante o trajeto até o salão, os sons ao meu redor pareciam estar cada vez mais altos. E, enquanto contemplava o salão, senti como se estivesse num carrossel, tudo girava ao redor. Minha boca estava seca. Os dois rapazes que estavam imediatamente ao meu lado, me abraçaram pela cintura e foi graças a isso que continuei em pé. Todos os olhos estavam grudados em mim. Uma silhueta tremulava a minha frente numa espécie de altar redondo, exatamente abaixo do pentágono de ouro. A muito custo, consegui identificar o Gael. Ao redor de seus olhos havia uma pintura azul muito intensa, e ele usava um manto branco todo bordado com filigranas douradas. Na cabeça, uma mitra pentagonal com aplique de pedras dava-lhe um ar papal. A última coisa da qual me lembro, antes de cair num sono profundo, foi a de sentir os rapazes tirando a minha túnica e me deitarem de bruços sobre o altar circular.
Estava escuro quando acordei na minha cama. Eu estava completamente nu. Meu cu ardia como se um pedaço de brasa estivesse entalado nele. Meu corpo pesava feito chumbo e, demorei a conseguir me sentar e depois me arrastar até o banheiro. Achei meu rosto um pouco pálido quando minha imagem refletiu no espelho. Algo dentro do meu ventre queimava feito ácido.
- Você não devia ter saído da cama! Vamos, nós vamos te ajudar a voltar para lá. – disse um dos três rapazes que entraram no banheiro assim que perceberam minha movimentação.
- O que aconteceu? Eu estava lá quando tudo se apagou. – eu gesticulava os braços desordenadamente no ar.
- Você esteve se comunicando com os deuses. – disse outro rapaz. O absurdo dessa afirmação me fez desistir de entender qualquer coisa. Quando minha cabeça tocou o travesseiro, parecia que havia água dentro dela. Adormeci outra vez.
Fiquei sentindo um incomodo no cu por mais dois dias. A primeira vez que fui cagar, parecia que minhas tripas iam arrebentar. Comecei a suspeitar de que haviam me drogado e enfiado algo no meu cu durante algum tipo de ritual. Minhas suspeitas se confirmaram durante as conversas com os rapazes nos dias que se seguiram. Eu quis saber dos detalhes, mas nada ficou muito bem esclarecido.
A mesma coisa aconteceu aproximadamente um mês depois. Um vaivém de helicópteros desde cedo, os rapazes muito agitados, a tal bebida avermelhada sendo me servida pouco antes de me levarem até o salão cheio de pessoas, um apagão e depois aquela ardência no cu. Coincidentemente, nas últimas duas vezes em que isso aconteceu, eu notara que na noite anterior aos acontecimentos, uma lua cheia de prateado intenso penetrava pelas portas de vidro do pequeno terraço. Fiquei atento a isso, e a coisa se repetiu no mês seguinte. Havia uma relação entre a lua cheia e aquele ritual. Gael devia estar liderando uma seita. Mas, qual a relação entre esses rituais religiosos e um pequeno exército paramilitar? Devia haver muito mais a decifrar, e eu passei a ficar mais atento a cada detalhe.
Também ficava me perguntando o que deveria estar acontecendo lá fora. Meus pais deviam estar quase loucos tentando saber o que tinha acontecido comigo. Será que alguém tentou nos procurar? O desaparecimento de um helicóptero com todos que estavam a bordo, devia ter saído nos jornais e nos noticiários da televisão. Eu estava ali há quatro meses, teriam as autoridades peruanas desistido das buscas? O que seria de mim se isso aconteceu? E, onde estariam os dois engenheiros? Eu sentia muitas saudades dos meus pais e, quando imaginava que morreria naquele lugar, começava a chorar.
Com o passar do tempo e a empatia aumentando, os rapazes ficaram mais ousados. Apalpavam-me frequentemente, eu tinha dificuldade para me livrar deles quando ia tomar banho e, muitas vezes, um ou dois entravam debaixo do chuveiro comigo e passavam a mão insidiosamente pelo meu corpo, de nada adiantando eu protestar e tentar escapulir. Eles sentiam tesão com aquilo e suas jebas se enrijeciam bem diante do meu olhar apreensivo. Percebendo que qualquer tentativa minha de refrear essas atitudes era em vão, fui me acostumando a tudo. Meu esforço para impedir o assédio de dez rapazes em pleno vigor dos altos níveis de testosterona não passava de um arremedo de defesa.
- O que vocês fazem quando não estão comigo? – perguntei certa vez, ao estar rodeado daquele harém de machos.
- Temos aulas, fazemos treinamento esportivo, aprendemos defesa pessoal e por aí vai. – responderam.
- Que tipo de aula? Eu também queria continuar a estudar. Posso ir com vocês? – questionei curioso. Por incrível que pareça eu estava sentindo falta das aulas do colégio.
- Aprendemos táticas administrativas e de negociação. Aprendemos a desenvolver o autocontrole, coisas assim. – explicou um deles.
- Aprendemos a lidar com pessoas e a construir mecanismos de defesa. – acrescentou outro.
- Sei! – balbuciei, embora aquilo não fizesse nenhum sentido para mim. O que pude constatar, é que todos eles tinham aquela capacidade de falar e não dizer nada, de ser gentis, mesmo estando com vontade de matar o outro, e isso me intrigava.
Aos poucos, eu mesmo sentia tesão diante daqueles caralhões expostos, dos troncos largos e musculosos, das coxas peludas e grossas, daqueles olhares vorazes e, do toque lascivo daquelas mãos. Por conta desse desejo incontrolável, numa noite em que dois deles vieram se deitar comigo, deixei que me bolinassem livremente. Comecei a acariciar com a ponta dos dedos os bíceps deles e não me retraí quando a boca de um deles se colou na minha. Eu devolvia um olhar sereno e doce ao olhar cobiçoso deles. Excitei-me quando senti suas mãos apalpando vigorosamente minhas nádegas. E, quando um deles começou a esfregar a pica melada na minha cara e me ordenou que a abocanhasse, eu obedeci docilmente. A cabeçorra suculenta tinha um sabor delicioso, um quê de salgado e amendoado. À medida que ia relaxando, ficava com mais vontade de brincar com aquela tora de carne que pulsava nos meus dedos. O sorriso de satisfação que se desenhava em seus semblantes me encorajava a continuar. Como o outro rapaz também se aproximou acintosamente do meu rosto, eu ora colocava uma ora colocava outra rola na boca e chupava o néctar que fluía delas. Meus dedos passeavam e se afundavam nas virilhas pentelhudas deles e, massagear aqueles culhões ingurgitados tirava gemidos das bocas deles. Um deles enfiou o dedo no meu cu e começou a fazer movimentos circulares ao redor do meu anelzinho corrugado.
- Delicioso! – exclamou.
Deitaram-me de bruços e começaram a dar mordiscadas nas minhas nádegas, enquanto se revezavam enfiando um dedo no meu cu. O tesão se apoderou de mim e meu corpo tremia de desejo. Eu gemia a cada vez que um daqueles dedos penetrava minhas pregas. Com o cacete muito duro, um deles se deitou sobre mim e começou a esfregar a rola no meu rego. Gemi alucinadamente. Ele pegou o cacete numa das mãos e começou a pincela-lo dentro rego, sondou até encontrar meu orifício anal. Num golpe abrupto e vigoroso, meteu a rola no meu cu. Eu gani como uma cadela. Senti-o entrando em mim, enquanto movia cadenciadamente a pelve contra minhas nádegas. Dor e prazer se misturavam, enquanto o outro colocava a pica novamente na minha boca e eu a sorvia com desejo. Depois disso, outros rapazes também começaram a se deitar comigo. A certa altura, eu já tinha levado a rola dos dez no cu e conhecia o sabor almiscarado de todas elas.
Estávamos em novembro, e um período mais chuvoso começou a dominar dias e noites. Embora um mês inteiro tivesse se passado desde a última vez que me levaram para o ritual, devido ao acúmulo de nuvens no céu eu não consegui ver a lua cheia chegar. Por isso, eu fui surpreendido com o alvoroço que antecedia os acontecimentos sem uma preparação prévia. Mesmo assim, arquitetei uma estratégia para não tomar aquele líquido avermelhado, pois algo me dizia que era ele que me fazia apagar justamente na hora em que era colocado no altar. Seria difícil burlar a vigilância que os rapazes faziam sobre mim, aguardando até que eu sorvesse todo o conteúdo do cálice no qual ele era servido. No entanto, como desta vez apenas dois estavam muito próximos de mim e, agitados demais se preparando para me conduzir, consegui dar um escapadela até próximo da janela e atirar todo o conteúdo para fora. Simulei todos os sintomas durante o trajeto até o salão até me deparar com o Gael em seus trajes sacerdotais. A única diferença era que meus ouvidos não estavam inundados de sons e meus olhos não tinham imagens flutuantes diante de si. Ao ser colocado sobre o altar, Gael tirou minha túnica diante da plateia silenciosa e atenta. Um dos rapazes se aproximou com um pequeno vaso dourado no qual Gael enfiou as mãos e despejou um pouco de água aromatizada sobre meu corpo nu. Um cheiro adocicado e enjoativo se espalhou pelo ar. Mais quatro rapazes se aproximaram e cada um deles pegou firmemente nos meus membros, deitando-me sobre o tablado circular, bem abaixo do pentágono de ouro, que pendia do teto com o fogo acesso. Gael se aproximou e cochichou alguma coisa no ouvido de um deles, depois de haver me encarado com certa desconfiança. Notei que ele devia ter percebido que talvez eu não estivesse drogado o suficiente para não saber o que estava se passando à minha volta. Extremamente atento à minha reação, ele mesmo assim continuou o ritual. Ao erguer os braços em direção à pintura da cabeça de águia e do puma, em cuja base havia mãos humanas segurando um pentágono em cujo centro se via um olho, um disco dourado do qual saiam raios simulando um sol e, uma pirâmide cheia de degraus, ele e os rapazes começaram a entoar um canto usando palavras de um idioma que eu não compreendia. Mas, que se assemelhava em muito ao idioma que as únicas mulheres daquele lugar, índias quíchua, falavam entre si, quando vinham fazer a faxina dos meus aposentos. Toda tentativa de me comunicar com elas em espanhol fracassou, elas não o falavam. A plateia se pôs de pé e esperou o final do canto para, em uníssono, proferir cinco frases igualmente ininteligíveis. Quando voltaram a tomar assento, meus braços e pernas bem abertos foram aguilhoados a presilhas pelos punhos e tornozelos. Eu estava apavorado, mas procurava manter o autocontrole para que não descobrissem minha farsa. Munido de uma espécie de espéculo, Gael se aproximou de mim e o enfiou no meu cu, abrindo-o como se fosse proceder a um exame de anuscopia. O pentágono com o fogo tremulando foi baixado por um sistema de correntes até um meio metro do meu cu. Um rapaz trouxe um objeto também dourado semelhante a um funil, entregou-o cerimoniosamente a Gael que o ergueu no ar e, depois o segurou sobre meu cu arreganhado. De um jarro que outro rapaz lhe entregou com a mesma cerimonia, ele fez gotejar uma substância que previamente havia aquecido sobre o fogo que ardia no centro do pentágono. Nesse instante, quase fui descoberto, pois o líquido oleoso e quente ardia no meu cu como uma brasa acessa. Tentei me controlar apertando os punhos e comprimindo os olhos, mas não consegui reter o ganido gutural que saiu pelos meus lábios. Gael voltou a me encarar desconfiado, mas diante da expressão aparvalhada que imprimi ao semblante, ele prosseguiu com o ritual. Todos os rapazes fizeram um círculo ao meu redor, ajoelharam-se e começaram a entoar outro canto. Desta vez a plateia permaneceu sentada e acompanhou a cantoria. Gael tirou a mitra de sua cabeça e a ergueu no ar. Finda a cantoria, um dos rapazes a tomou de suas mãos e ele deitou-se sobre o meu corpo. Senti quando ele abriu o manto e sua ereção tocou minhas nádegas. Ele se ajeitou sobre mim, introduzindo a jeba no meu rego. Moveu a pelve, esfregando a rola melada e apartando meus glúteos. Ao mesmo tempo em que, num impulso repentino e bruto, ele enfiou a cabeçorra da pica no centro do meu cuzinho arreganhado pelo espéculo, eu a senti estocando o íntimo das minhas entranhas, me assustando com o tom grave de sua voz que verbalizou as palavras ACHALAW2 AJALLO3 AKUY4 AÑAYCHAY5. Enquanto todos retomavam um cântico, Gael me fodia sem dó nem piedade. Eu gemia sob seu corpo pesado, enquanto o vaivém daquele caralhão esfolava minha mucosa anal. Antes de o cântico terminar, Gael havia galado meu cuzinho com os jatos de sua porra espessa e morna, que eu agora sentia escorrer lentamente para as profundezas do meu ser. Ele se levantou fechando o manto antes que alguém pudesse ver sua jeba ainda pingando esperma e tirou o espéculo do meu cu. Cada um dos rapazes foi, sucessivamente, lhe entregando um lencinho de tecido branco todo arrematado com bordados dourados. O lencinho quadrado não tinha mais do que uns doze ou quinze centímetros de lado, e Gael foi pegando um a um das mãos dos rapazes e, com o dedo indicador coberto pelo lencinho, o enfiava em meu cuzinho. O centro do lenço saía tingido com o meu sangue e, após devolvê-lo ao rapaz que o tinha entregado, este caminhava até a plateia, onde o dava a alguém. Aquilo parecia ser considerado um objeto sacro glorificado pelos deuses, fossem esses sabe-se lá quem.
Não foi nenhuma surpresa receber a visita do Gael ainda durante a manhã seguinte. Trajado como um corvo agourento, ele nem de longe lembrava aquele ídolo resplandecente sob seu manto sacerdotal. Nem suas vestes deixavam aparecer aquele corpo que era bastante sarado. Como sempre quando me fazia essas visitas, ele começava com algumas perguntas nas quais não tinha o menor interesse nas respostas, observações corriqueiras e despretensiosas, até finalmente entrar no assunto que o trazia até meu cárcere suntuoso.
- Gostou da minha performance de ontem? – perguntou de supetão, encarando-me fixamente para descobrir na minha expressão facial o que as palavras talvez trouxessem de forma mentirosa.
- Não me recordo de tê-lo visto ontem. – menti, esboçando a cara mais blasé que consegui.
- Tem certeza? – insistiu
- Sim, tenho! – exclamei prontamente. – A última vez que nos vimos foi há dois dias, naquela tarde em que os trovões faziam sacudir o teto sobre nossas cabeças, lembra-se? Foi exatamente essa a frase que você usou para definir aquela tarde.
- Tem razão! Estou tão envolvido nas minhas tarefas que acredito que fiz confusão. – sentenciou ele. Eu, contudo, não engoli a desculpa dele. Tinha aprendido a reconhecer um sujeito blefando e, Gael era um mestre nessa arte. Mas, respirei aliviado quando ele deixou o apartamento sem insistir no assunto. Minha ingenuidade certamente não era páreo para seu caráter arguto.
Ao completar um ano preso naquele lugar, eu havia perdido todas as esperanças de um dia vir a rever meus pais e o mundo civilizado lá fora. Passei a ter a certeza de que mais cedo ou mais tarde acabaria morrendo naquela masmorra luxuosa, ou de morte natural ou providenciada por alguém, quando não servisse mais aos propósitos nefastos desses tresloucados. Também observei que, passado esse tempo, começaram a haver mudanças no harém de rapazes. De início foram três novas caras que surgiram e, ao longo do ano seguinte, quase todos haviam sido substituídos. Como eles haviam me relatado que estavam ali para fazer algo que se assemelhava a um curso ou estágio, deduzi que os que saíam tinham completado seu ciclo de aprendizagem. O que não mudou, foi o desejo e o interesse dos novatos em conhecer o meu cuzinho e se deleitar com os favores sexuais que eu lhes proporcionava na privacidade das longas noites daquele exílio.
No terceiro ano de cativeiro, eu já tinha conquistado um pouco da confiança do Gael. Podia circular por espaços além do meu apartamento, sob restrita vigilância de guardas é certo, embora com mais liberdade. Fazia as refeições com o Gael, o chefe dos guardas e mais uns três ou, eventualmente quatro homens que, cheguei a concluir, eram os comandantes daquele lugar, numa sala ornada de espelhos e pinturas nas paredes. Era-me permitido acompanhar os rapazes tendo aulas de defesa pessoal nos extensos gramados ao redor dos edifícios, nas cercanias de onde o helicóptero que me trouxera até ali havia pousado anos antes. Àquela altura, Gael já tinha certeza de que eu ludibriava os rapazes e dava um jeito de não ingerir a beberagem que me ofereciam antes dos rituais. Tanto é que já fazia algum tempo o cálice nem me era mais servido. Ele adotara como rotina me fazer uma visita poucas horas antes. Nessas ocasiões, ficava me examinando através da túnica. Meu corpo havia se desenvolvido e já não tinha aqueles movimentos desengonçados, adquirira formas esguias e, a bunda polpuda e arrebitada, devia ser resultado da voluptuosidade com que os rapazes se apoderavam dela. Ele me dirigia um sorriso assanhado, enquanto sem nenhum pudor, acariciava a ereção dentro de suas calças.
Certa noite eu suava em bicas e não conseguia conciliar o sono. Havia me levantado duas vezes para me enfiar debaixo do chuveiro, na vã tentativa de afugentar aquele calor úmido e insuportável. De repente, imaginei ter ouvido sons de um rotor de helicóptero. Fechei a água para me certificar de que não estava sonhando, pois ainda era madrugada. Antes de conseguir fechar completamente o registro d’água, além do barulho de helicópteros, um estrondo fez sacudir todo o edifício. Nem bem eu atinara com o que estava acontecendo, outras duas explosões abalaram as paredes. Uma sirene disparou e os dois rapazes que estavam deitados comigo na cama seguiram nus para a porta que dava para o alojamento deles, trancando-me no apartamento. Ouviam-se vozes gritando, ordens sendo berradas a plenos pulmões em espanhol e quíchua. Guardas atirando do solo para a negritude da madrugada na direção em que vinha o som dos rotores, o que fazia o céu ser iluminado por traços de fogo. A energia foi interrompida e eu me vi no escuro. A única luminosidade vinha das portas de vidro que davam para o terraço, e das estrelas que alumiavam o pequeno pátio diante dele. Não havia nada com que eu pudesse fazer uma luz e, comecei a tatear pelo apartamento que nunca me pareceu tão grande como naquele momento. Rajadas de metralhadoras ecoaram pelo corredor que dava acesso ao apartamento. Saí tropeçando sobre os móveis procurando desesperadamente a porta, para me certificar de que estava trancada. Mas, antes de chegar a ela, uma das folhas de madeira foi arrancada do batente com uma explosão. Pedaços de alvenaria me atingiram, e o impacto do deslocamento de ar me atirou para trás. Por entre a densa nuvem de poeira e fumaça de cheiro químico, materializaram-se vultos usando uniformes militares. Eu soltei um grito espavorido, pois achei que seria sumariamente fuzilado. Um foco de luz azulada atingiu meu rosto e tive que levar as mãos até os olhos para me proteger do clarão. Ela vinha do capacete de um homem que veio em minha direção. Acuado e nu ao lado de um móvel, eu comecei a esmurrar o sujeito que se empenhava em me conter.
- Mitchel? Pare Mitchel! – a pronúncia de um inglês tão perfeito me fez estremecer.
Outros homens se aproximaram e, com a claridade aumentada dos focos sobre seus capacetes, identifiquei a vestimenta militar daquele que procurava me segurar. As manchas em formato de pixels nas cores bronze, cinza e verde escuro do uniforme camuflado, diferente daquele que os guardas usavam no meu cativeiro, bem como as insígnias de capitão sobre os ombros e o símbolo da força aérea dos Estados Unidos, não deixavam dúvida, eu estava sendo resgatado. Um choro convulsivo sacudiu meu peito e eu me atirei nos braços daquele homem corpulento coberto de poeira. Ele me puxou para junto de si e, empurrando a metralhadora que estava presa a um tirante para trás de suas costas, me pegou no colo sem o menor esforço, como se eu fosse um boneco. Ainda pipocavam tiros por todos os lados enquanto percorríamos aqueles corredores destruídos. Em alguns trechos não havia mais nenhuma parede em pé. Foi por uma dessas aberturas que ganhamos terreno na escuridão da madrugada em direção à silhueta de um Pave Hawk com as pás girando, enquanto outros três helicópteros Apache rodavam sobre nossas cabeças despejando artilharia pesada fazendo partes dos edifícios voarem pelos ares. Eu me agarrei ao homem que me transportava com tanta força que meus dedos chegaram a doer. Mesmo quando ele tentou me colocar dentro do helicóptero, onde outros dois soldados procuravam ajuda-lo a me puxar, eu não conseguia abrir minhas mãos e soltar sua jaqueta. Meu corpo nu mal havia tocado o chão metálico e frio da aeronave quando ela começou a alçar voo. O homem que me resgatou sentou-se ao meu lado e procurou me tranquilizar. Apoiei minha cabeça em seu peito e passei meus braços ao redor de seu tronco quente e agitado. Ele me abraçou enquanto alguém me cobria com uma manta. Eu estava vivo e livre, nunca tinha me sentido tão feliz.
Levamos cerca de duas horas e meia até alcançarmos o tombadilho do USS Ronald Reagan fundeado fora das águas territoriais da costa peruana. Como eu, ainda em estado de choque, não soltava o tórax do capitão, ele caminhou ao meu lado me amparando, uma vez que eu me recusara a deitar numa maca que haviam providenciado. Eu tinha a impressão de que se deixasse aquele homem de olhos azuis e de feições tão familiarmente americanas, podia voltar àquele inferno de solidão na selva. Um médico me examinou na enfermaria para confirmar que não havia sido ferido durante o ataque. Enquanto o médico fazia a palpação do meu abdômen eu me virei na direção do capitão que estava junto à porta do ambulatório com o olhar fixo em mim e o uniforme ainda coberto de poeira. Ele devia ter uns vinte e poucos anos, certamente não era nem uma década mais velho do que eu, mas aquele físico definido, a barba cerrada e bem aparada lhe conferiam um aspecto maduro. Ele segurava o capacete debaixo do braço, seus cabelos estavam emaranhados e seu rosto anguloso e viril me fez lembrar que eu estava completamente nu. Subitamente, senti vergonha por estar tão exposto e, dobrei os braços pudicamente sobre meu sexo enquanto o médico inspecionava meus olhos.
- Ele está bem doutor? – perguntou o capitão, assim que o médico deu o exame clínico por encerrado.
- Vamos fazer uma radiografia do crânio e do tórax, além de uma ultrassonografia abdominal apenas para confirmar, mas me parece que ele está muito bem. Ele ainda está em estado de choque. Vou aplicar-lhe um tranquilizante tão logo os exames estejam concluídos. Estará bem até o início da tarde. – respondeu o médico.
- Obrigado! – balbuciei na direção do capitão, com a mente embotada. Ele sorriu para mim e deixou o ambulatório.
Eu acordei na enfermaria do porta-aviões por volta das duas horas da tarde. Estava um pouco enjoado e o cheiro marítimo só fazia aumentar essa sensação. A luz que vinha do teto me ofuscou por alguns segundos. Ouvi vozes nas proximidades, mas permaneci na cama, embora estivesse me sentindo com forças para levantar. Uns quinze minutos depois de acordar, um enfermeiro enfiou a cara no box onde eu estava.
- Olá! Como está se sentindo? ... Doutor, ele acordou! – disse ele, enquanto o médico que me examinara entrava no box.
Ele repetiu a pergunta do enfermeiro e deu um discreto sorriso quando respondi que estava bem. Recusei a oferta de me trazerem algo para comer. O médico me garantiu que o enjoo cessaria se eu comesse alguma coisa, mas eu duvidei que isso fosse acontecer. Em vez disso, preferi sair da cama e me sentar numa poltrona, que tinha avistado assim que meus olhos se abriram. Comecei a fazer uma série de perguntas ao médico querendo saber como tinham me localizado, quando iria ver meus pais, se ele sabia onde estavam os engenheiros que tinham sido sequestrados comigo, enfim eu queria respostas. No entanto, ele não as tinha. Disse que sabia pouco sobre o assunto, mas que, à época do meu desaparecimento, a notícia estava em todos os jornais e televisões do país. A única resposta que ele conseguiu me dar com certeza foi a de que o capitão que me resgatara não estava mais a bordo. Todo o esquadrão especializado encarregado do resgate já havia decolado em direção à base aérea de Moody, na Georgia. Senti o peito sendo invadido por um doloroso sentimento de solidão. As lágrimas afloraram sem eu perceber.
Meus pais tinham deixado o Peru há mais de um ano, com o encerramento do contrato e o projeto viabilizado, voltaram à nossa casa em Knoxville. Durante todo o tempo em que permaneceram lá, estavam empenhados em descobrir meu paradeiro. A empresa, onde continuam trabalhando, fez todos os esforços para nos localizar. Ela usou de sua influência junto a senadores e outras autoridades americanas, FBI, polícias secretas de outros países latino-americanos e, quem quer que pudesse ser útil nas buscas e localização. Uma vez que, as autoridades peruanas deram as buscas por encerradas três semanas depois do nosso desaparecimento, alegando a queda do helicóptero e a morte de todos os ocupantes, embora nunca tenham sido encontrados vestígios dessa queda. É bem verdade que outros interesses estavam por detrás do caso e, nem mesmo o presidente do país se mostrou muito empenhado na solução.
Eu fui levado, com outros tripulantes do USS Ronald Reagan que estavam saindo de licença, quatro dias depois do meu resgate, para a base naval de San Diego, na Califórnia e, de lá, segui num voo comercial até Memphis. Meus pais e toda a família do tio Arwin estavam a minha espera. Sendo abraçado, simultaneamente, pelo meu pai e minha mãe, eu tive a certeza de que meu pesadelo havia terminado. No final daquela semana cheguei à nossa casa em Knoxville. Meu quarto estava do mesmo jeito em que eu o havia deixado. Era o quarto de uma criança, e eu sabia que aquela criança não existia mais. Mesmo assim, joguei-me sobre a cama onde uma colcha de patchwork afundou com o meu peso, não podia haver felicidade maior.
- Vamos redecora-lo para que fique do jeito que você achar melhor, meu querido. – disse minha mãe, tão ou mais feliz com o meu regresso quanto eu mesmo.
- Esse é o melhor lugar do mundo, e eu amo vocês mais do que tudo nessa vida. – confessei.
Havia noites em que eu acordava apavorado como se ainda estivesse no cativeiro e, então, me aparecia o rosto do capitão entre uma nuvem. A imagem dele, a princípio nítida, ia se desvanecendo aos poucos, enquanto eu procurava retê-la com os meus dedos. Aparecia, então, o rosto do Gael com seu sorriso sádico e eu sentia meu cuzinho se contorcendo. Isso me afligia e eu acordava com o peito oprimido. Nunca cheguei a contar aos meus pais o que acontecia durante aqueles rituais, sabia que isso traria uma dor enorme especialmente para a minha mãe.
Durante as primeiras semanas em casa, fiquei sabendo de todos os detalhes que envolveram as buscas pelo helicóptero e seus passageiros. De como fora difícil conseguir a colaboração das autoridades peruanas e, de como surgiu a primeira pista para chegarem ao meu paradeiro e ao que tinha acontecido. A CNN, NBC e CBS fizeram mega reportagens reconstruindo passo-a-passo desde o desaparecimento do nosso helicóptero até a minha volta em casa. Os repórteres chegaram a acampar diante de nossa casa por quase uma semana, tal a repercussão que envolvia a desmantelação, em território americano, dessa estrutura do narcotráfico.
- Você se lembra de um sujeito chamado Hatun, meu filho? – perguntou meu pai.
- Sim. Ele era um dos rapazes que estava estagiando ou fazendo um curso, não sei bem do que, naquele lugar. – respondi. Acho que meu pai não notou meu embaraço quando ele mencionou o nome, pois eu também nada tinha dito a respeito do fato de ter tido relações sexuais com os rapazes.
- Pois ele foi preso aqui nos Estados Unidos há questão de um ano mais ou menos. Ele é filho de um importante traficante de drogas na Bolívia. Foi através do interrogatório dele que o FBI descobriu que existia uma espécie de quartel general onde importantes chefes do tráfico de diversos países latino-americanos recebiam formação paramilitar, noções de administração e todo tipo de informação que os transformasse em líderes do tráfico. Investigadores e espiões foram enviados para o Peru a procura desse lugar. Foi aí que o desaparecimento do helicóptero da companhia voltou a ser investigado aqui nos Estados Unidos. A Força Aérea começou a analisar a aérea e acabou descobrindo o bunker muito bem aparelhado na selva, ao norte de Pucallpa. Aliás, a cidade e, principalmente, o aeroporto serviam de apoio aos comandantes do lugar, através de funcionários corruptos e autoridades compradas. Como disfarce das reais atividades que ocorriam no bunker, eles diziam tratar-se de um retiro para a formação de membros de uma seita religiosa voltada aos preceitos de antigas religiões Incas. O isolamento e o mistério envolto nesse santuário garantiam o afastamento de bisbilhoteiros e intrusos e, quem porventura, chegava ao local sem estar devidamente credenciado para isso, era executado.
- Foi isso que aconteceu com o piloto! – exclamei, lembrando-me dos tiros que ouvimos poucos dias depois da nossa chegada. – E os engenheiros, eu também nunca mais os vi? – perguntei.
- Eles foram localizados numa estrada próxima a Campo Verde, um vilarejo a oeste de Pucallpa, cinco meses depois do desaparecimento. Eles sofreram algum tipo de intoxicação medicamentosa que os deixou como que mentalmente doentes. Eles não sabem quem são, não reconhecem membros da família e estão num hospital psiquiátrico em Lima. Segundo os médicos, não parece que voltem a ter uma vida normal. Até hoje a empresa custeia seus tratamentos.
- Então fui o único a sair ileso dessa história! - exclamei, com pesar pelos engenheiros. Ao mesmo tempo em que pensei; ileso em termos, pois meu psicológico e meu cu estavam marcados para sempre.
- Felizmente, meu filho! Felizmente! – agradeceu meu pai.
- Sabe, pai, eu queria agradecer pessoalmente o capitão que me tirou daquele inferno. O rosto salvador dele não me sai da cabeça, como se ele fosse um anjo enviado para me salvar. – argumentei.
- Sem dúvida! Sua mãe e eu fazemos questão de agradecê-lo por ter nos devolvido você. – concordou meu pai. – Você sabe quem ele é? – emendou.
- Não! Para falar a verdade, nem o nome dele eu sei. Foi tudo tão repentino depois do resgate e, quando eu acordei no porta-aviões, ele já havia partido. Mas, eu vou pesquisar talvez na base aérea nos deem alguma informação. – respondi.
- Faça isso! Iremos até lá quando você quiser.
Empenhei-me nessa busca durante as duas semanas seguintes. A única informação que obtive veio de um repórter que tinha entrevistado o esquadrão de resgate assim que chegaram à base aérea de Moody.
- Entrevistei um coronel, ao que consta ele comandou o esquadrão. Talvez ele possa te disser quem eram os outros membros da operação. – disse o repórter, por telefone.
Meu pai e eu iniciamos a viagem de quatrocentas e cinquenta milhas até a base aérea de Moody numa manhã ensolarada de outono. À medida que as placas de sinalização indicavam a sequência de condados pelos quais íamos passando, eu não conseguia deixar de me emocionar com aquela paisagem. Rios, vilarejos, árvores com suas folhas nos mais distintos tons entre o amarelo e o marrom, lagos cercados por casarões cujos quintais desciam até tocar as águas azuladas e, já bastante frias naquela época do ano, tudo me fazia dar mais valor ao meu país. Perguntamos pelo coronel na guarita da portaria da base e fomos informados que ele estava de folga. Meu pai perguntou por outros membros que tinham participado da operação. Fomos encaminhados para uma recepção num dos edifícios da base. O sargento que nos atendeu disse que provavelmente o capitão que eu estava descrevendo, era o capitão Kyle Murray. Contudo ele não confirmou se o capitão Kyle havia participado da operação, alegando que essa informação era sigilosa e que apenas o coronel podia presta-la. Frustrados, voltamos para casa. Continuei procurando em minha mente algum detalhe que me fizesse ter a certeza de que aquele homem no uniforme camuflado coberto de poeira, que me encarava com uma expressão tão ímpar estampada no rosto, enquanto eu estava sendo examinado pelo médico, era o capitão Murray. Mas, nada de eu me lembrar.
Alguns dias depois, refizemos a viagem. Desta vez o sargento da guarita confirmou que o coronel estava na base. Enquanto meu pai preenchia um formulário, dois soldados que também estavam na portaria não tiravam os olhos da minha bunda. Como da primeira vez, não pudemos entrar com o nosso carro e, uma viatura veio nos buscar na portaria nos deixando diante do mesmo edifício onde fomos recepcionados da vez anterior. Ao olhar para trás pelo vidro traseiro da viatura, vi os dois soldados fazendo comentários risonhos entre si e, não tive dúvida de que falavam da minha bunda. O sargento teclou algumas teclas no computador que estava a sua frente, pegou telefone e nos anunciou. Poucos minutos depois apareceu o coronel que nos levou a sua sala. Do janelão atrás de sua mesa via-se parte da pista. O barulho de motores em desaceleração chamou minha atenção. Instantes depois, o primeiro de cinco caças supersônicos passou correndo pela pista, taxiou e se perfilou a pouco mais de uma centena de metros da janela, os outros quatro fizeram a mesma manobra. Deles desceram os pilotos, mas nenhum deles tinha as feições do capitão gravadas na minha mente.
- O capitão Murray está numa missão! Infelizmente será impossível os senhores terem com ele! – exclamou o coronel. – Não posso dar informações pessoais do nosso pessoal. - respondeu, ao meu questionamento sobre o endereço ou um telefone do capitão. Ele percebeu sensibilizado meu desapontamento com aquelas respostas.
Eu não quis perturbar meu pai insistindo numa nova viagem. Afinal, eram quatrocentas e tantas milhas de distância. Mas, não conseguia deixar de desejar o encontro com aquele homem que tanto estava mexendo emocionalmente comigo.
Achei estranho voltar ao colégio. A maioria dos meus ex-colegas já havia ingressado na universidade. Sentia-me um alienígena entre aqueles adolescentes e, só então, constatei que eu não passava de um deles em termos intelectuais, enquanto o corpo já era o de um adulto.
No dia anterior ao Halloween, a campainha tocou e eu fui abrir a porta. Quase tive um colapso quando vi aquele rosto másculo de óculos escuro emoldurado pela cabeleira desgrenhada quase loira. Era o capitão Murray, em trajes civis, com aquela ossatura larga coberta de músculos que se comprimiam sob a camiseta e, um jeans não muito justo, mas que exibia um imenso volume no alto das coxas, evidenciando que ali embaixo havia os genitais poderosos de um macho. Assim que ele tirou os óculos escuros, e aqueles olhos azuis mergulharam nos meus, eu senti que estava chorando.
- Oi! – cumprimentou ele com o mais lindo sorriso que eu já tinha visto.
- Oi! – respondi, dando um passo a frente e abraçando aquele tronco acolhedor.
- Eu soube que você procurou por mim, duas vezes. – disse ele, me apertando com seus braços.
- Sim. Entre. Meu pai e eu estivemos te procurando. Eu queria te agradecer por tudo que fez por mim. Por me devolver a minha vida. – sentenciei emocionado.
- Fico feliz de saber que você está bem. – respondeu, tomando assento na poltrona que eu lhe indicara.
- Quero que conheça meus pais! – disse, começando a ficar encabulado diante daquele olhar enigmático e penetrante.
- Claro! – devolveu ele, notando satisfeito que eu havia me desestabilizado com sua presença.
Meus pais não paravam de agradecer seu empenho em me resgatar. Em poucas horas ele tinha sido adotado como um amigo querido. Minha mãe não o deixou partir antes do jantar e quis que ele jurasse nunca mais se afastar de nós. Foi uma surpresa descobrir que ele vivia com os pais, antes de entrar na força aérea, em Oak Ridge, uma pequena cidade vinte e cinco milhas a noroeste de Knoxville e, que estava deixando a força aérea dentro de poucos meses para reassumir sua vida civil. Era tarde quando o acompanhei até a porta. Já não o via mais como um estranho, mas como alguém que parecia conhecer desde sempre.
- Posso ligar para você quando estiver na cidade? Talvez possamos fazer alguma coisa juntos. – questionou ele.
- Se você não se importar com a companhia e os assuntos de um estudante do ensino médio, eu ficaria imensamente feliz. – respondi de pronto.
- Tenho a certeza que teremos muito a conversar. – garantiu, com um sorriso cheio de mistérios.
- Estarei aqui, a sua espera. E, ... morrendo de ansiedade. – confessei, ousado. Naquela noite não preguei o olho.
Precisei segurar meu impulso de ir ao encontro do Kyle por três longas e intermináveis semanas, o tempo que levou para ele me ligar. Reconheci imediatamente sua voz grave e pausada. Eu disse que já estava perdendo as esperanças de ele me ligar, ao que ele apenas riu do outro lado.
Ele apareceu no sábado no meio da manhã. Dirigia um Buick Cascada conversível azul com a capota baixada, apesar do vento frio que soprava naquele meado de novembro, que fazia a sensação térmica de 50°F parecer ainda mais baixa. Ele usava uma jaqueta de couro marrom, pouco mais escura que o couro dos bancos do carro, e um jeans. A jaqueta ressaltava seus ombros largos e eu me lembrei de como era gostoso ficar abrigado neles.
- Você está lindo! – observou ele, referindo-se ao tricô verde-musgo ricamente trabalhado e à calça bege que salientava minhas grossas coxas, enquanto acenávamos para a minha mãe e, ele dava ré em direção à rua.
Ele dirigiu por dezenove milhas até o Seven Islands State Birding Park, um aglomerado de paisagens aquáticas e pastagens que serve de habitat para quase duas centenas de espécie de pássaros. O lugar é lindo e muito tranquilo, embora existam inúmeras atividades a fazer, nos mais de quatrocentos acres da península e, que eu conhecia desde a minha infância. Saímos andando a esmo pela primeira trilha que encontramos. O frio tinha afastado boa parte dos visitantes e, poucas pessoas circulavam pelo parque. Ele começou a me perguntar sobre o cativeiro, de como eu era tratado, o que fazia para passar as horas, não sem antes me dizer que ele não ficaria chateado se eu não quisesse falar sobre o assunto. Ele mal sabia que tinha me dado a oportunidade de contar tudo o que aconteceu lá. Era a primeira vez que eu contava a alguém sobre o ritual que o Gael fazia comigo e sobre as investidas dos rapazes que iam para a cama comigo. Vi que ele cerrou os punhos quando mencionei que o Gael se deitava sobre mim e metia o caralhão no meu cuzinho, assim como ficou estarrecido com o fato que eu ter feito sexo com dois ou até três rapazes simultaneamente.
- Como você pode perceber, tão logo perdi a virgindade virei um depravado. – disse, concluindo o relato.
- Não diga isso! O que fizeram com você foi abominável! – retrucou revoltado.
- Acho que ainda vou precisar trabalhar essas questões com um psicoterapeuta. Você talvez vá achar que sou um devasso, mas eu sentia prazer em estar com os rapazes. Sentir o calor dos braços de outro ser humano e poder trocar carícias quando se está, repentinamente, sem ninguém da família e, com uma incerteza quanto ao próprio futuro, faz com que você passe a apreciar cada contato físico.
- Eu jamais julgaria você! Nunca passei por uma situação dessas e acho que você foi muito corajoso ao deixar de ingerir a beberagem que te obrigavam a tomar e suportar tudo com a consciência plena do que estavam fazendo contigo. – afirmou ele.
- Eu temia ser morto durante um daqueles rituais. – confessei, ao que o Kyle se aproximou e me apertou em seus braços.
- Não pense que estou querendo me aproveitar, mas desde aquela madrugada quando te carreguei nu e molhado em meus braços e, você se deitou no meu peito no helicóptero, eu não consigo tira-lo dos meus pensamentos. Enquanto você era examinado no porta-aviões, o tesão voltou renovado, precisei me controlar para não deixar a pica dura me delatar.
- A primeira vez que nossos olhares se cruzaram eu soube que você era especial. Não me pergunte como, mas sinto uma inquietude e o coração disparar cada vez que você chega perto de mim. – respondi.
- Nada me deixa mais feliz do que ouvir isso. Já tive algumas namoradas, mas desde o colégio sinto um tesão incontrolável por carinhas feito você, lisinhos, bundudos, com esse rosto suave e essa pele imaculada. Pareço um tarado, não é? – inquiriu ele.
- O mais doce e sedutor tarado que já vi. – respondi num sorriso.
Havíamos nos sentado num banco a beira de um lago. Piados e trinados vinham de todos os lados, dos pássaros encolhidos nas árvores quase sem folhagem. Ele tocou suavemente seus lábios nos meus. Eu enfiei minhas mãos por debaixo da jaqueta dele e comecei a acariciar seus flancos. A língua dele penetrou minha boca e, ao sentir aquela saliva morna e viril eu comecei a chupa-la com delicadeza. Ele me puxou para junto dele fazendo com que um dos meus glúteos se afastasse do banco, lentamente senti sua mão ávida se dirigindo para ele. Gemi em sua boca quando ele apertou a nádega dentro da calça. O desejo estava no olhar penetrante dele, e o tesão que eu sentia fazia meu cuzinho se contorcer. O frenesi dos beijos foi num crescendo até que nossas bocas já não se soltavam mais. Ele me ergueu e começou a abrir minha calça, arriou-a com força, e apertou as duas nádegas simultaneamente.
- Que tesão de bunda quente! – exclamou, no único instante que seus lábios se desprenderam dos meus. Gemi lascivo.
Pendurei-me em seu pescoço troncudo e musculoso ao mesmo tempo em que acariciava sua nuca, isso o excitou ainda mais, pois aquela era uma região de seu corpo muito afeita a carícias. Livrei-me dos sapatênis e da calça nem sei como, mas quando ele me apoiou sobre o encosto do banco eu já estava nu da cintura para baixo. O vento gelado da beira do lago fez a pele das minhas nádegas se arrepiar, embora eu estivesse ardendo de calor. Ele abriu a braguilha e tirou caralhão duro. Por uns instantes ele fixou seu olhar no meu, não disse uma palavra, mas eu sabia o que ele queria. Toquei meus lábios nos dele, uma, duas, três vezes antes de soltar um ganido e colar minha boca à dele. Abri as pernas e as enleei ao redor dele. A cabeçorra melada tinha dilacerado minhas preguinhas e mergulhava empertigada na maciez ardente do meu cuzinho. Todas as vezes em que eu tinha sido usado anteriormente, pareciam só ter feito meus esfíncteres anais se tornarem mais apertados e hipertrofiados, o que agora, provocava um imenso prazer ao Kyle, que sentia sua rola ser firmemente agasalhada por minhas pregas.
- Estou te machucando? – sussurrou ele, deixando o ar escapar entre os dentes num sibilo de tesão. E, com plena ciência do estrago que seu cacete de vinte e cinco centímetros extremamente grosso era capaz de fazer com um cuzinho apertado como o meu.
- Ai Kyle! – balbuciei num ganido, antes de voltar a beija-lo com toda minha ternura.
Enquanto nossas bocas não paravam de trocar beijos carregados de voluptuosidade, a rola dele me estocava num vaivém doloroso e prazerosamente rítmico. Por cima do ombro dele, avistei uma andorinha azul pousando no galho seco de uma castanheira próxima que nos abrigava de eventuais olhares estranhos. Parecia que ela veio procurar inspiração para nidificar naquele paraíso. A potência das estocadas do Kyle começou a me fazer ganir mais alto, ele enfiava o caralhão tão fundo que eu sentia minhas entranhas serem sacolejadas, sua pelve se contraiu e pude sentir seus testículos enormes e ingurgitados batendo no meu rego. O tesão no meu cuzinho foi se espalhando por entre minhas pernas, chegou ao meu pau que doía de tão duro e fez com que eu gozasse aliviando meu saco. Ele soltou um urro que ecoou sobre o lago e foi levado pelo mesmo vento que produzia marolas na superfície azulada. No mesmo instante, os jatos de porra encharcavam meu cuzinho e eu acolhi aquele presente em meu íntimo.
- Ai Kyle! – gemi mais uma vez, enquanto ele pegava minha mandíbula em sua mão, a apertava e, me dava mais um longo e demorado beijo.
Dias atrás fomos ver uma casa térrea, de tijolinhos à vista e com um pequeno escritório no sótão, à venda na Countryhill Lane num subúrbio de Knoxville. O Kyle deu baixa da força aérea e conseguiu um emprego como gerente de TI na Denso Manufacturing, uma empresa que produz componentes automotivos. Ele estava particularmente animado quando me ligou dizendo que estava vindo me pegar, pois queria ter a minha opinião sobre uma coisa.
- O que acha? – perguntou, depois de a corretora nos ter apresentado a casa que precisava apenas de pequenos reparos, uma nova pintura interna para esconder aquelas paredes que mais pareciam um arco-íris e, uma decoração que a deixasse confortável.
- Fantástica! Pretende se mudar para mais perto do trabalho? – perguntei.
- Pretendo, se você vier morar comigo! – respondeu, enquanto me puxava para longe das vistas da corretora.
- Eu ... Eu, vir morar com você? Eu te amo Kyle! O que mais quero é ficar eternamente ao seu lado. – respondi, com um nó se formando na minha garganta.
- Eu já suspeitava que você está caidinho por mim! – retrucou ele, colocando ambas as mãos sobre minhas nádegas e me puxando para junto dele. – Agora só preciso de um daqueles beijos que me fazem querer cada centímetro desse corpão tesudo. – sussurrou, antes de nos beijarmos sensual e demoradamente.


(1) Uayror Aklla – servo dos ídolos
(2) Achalaw – Como é belo!
(3) Ajallo – Para o espírito ou a alma
(4) Akuy – para crescer a coca
(5) Añanchay – gratidão, agradecer


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Comentários


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betopapaku Comentou em 16/11/2017

Uau, que talento!




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Ficha do conto

Foto Perfil kherr
kherr

Nome do conto:
Vestal dos tempos modernos

Codigo do conto:
109023

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
16/11/2017

Quant.de Votos:
4

Quant.de Fotos:
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