Convivendo com garanhões
Foi o pior despertar da minha vida, demorei a atinar se estava acordando ou se ainda estava tendo um pesadelo, um pesadelo tenebroso. A cabeça latejava e parecia não fazer parte do meu corpo que, tive a sensação, fora atropelado por um caminhão. Os ouvidos zuniam lá no fundo e iam direto para o cérebro. Na tentativa de abrir os olhos, a claridade entrou por eles como se fossem flechas e, prontamente os fechei novamente. A boca tinha gosto de sola de sapato e tinha as comissuras babadas. Em meio aquele torpor, levei alguns minutos para saber onde estava e, ao fazer um esforço, fui lentamente identificando o que estava ao meu redor. A única sensação boa vinha de uma quentura roçando a pele do meu corpo e, Epa! Tem algo de esquisito nesse calorzinho prazeroso que me parece também ser de ... pele ... pele de alguém ... pele ... por todos os santos ... pele do JP e, ... espera, ... tem mais ... pele do Breno! Minha nossa, o que significa isso?
Os vultos começaram a ganhar forma, os borrões foram se transformando na sala de nossa casa. E, sim, era eu quem estava completamente nu deitado entre o JP e o Breno, tão pelados quanto eu, sobre o sofá-cama da sala em meio a lençóis e toalhas. A quentura nas costas vinha do corpão e de algo rijo cutucando minhas nádegas, a do peito e barriga, subia pelo meu braço pousado sobre o tronco peludinho do Breno, subindo e descendo conforme ele inspirava e expirava o ar dos pulmões, completamente adormecido. Epa, mais essa! É impressão minha ou meu cu está ardendo? Está, pior que está e, não é pouco! Caraca! E está molhado, molhado é pouco, está empapado até bem lá no fundo. Não posso ter me cagado todo, ou isso também vai fazer parte desse pesadelo? Quero acordar, socorro! Acorda Ravi, acorda, é urgente, ou esse pesadelo vai se tornar ainda pior!
E aquilo no outro sofá ... , quer dizer, aquele ...? Henri? Pelado, com aquele baita cacetão duro parecendo um poste no meio das pernas musculosas dele, porquê? Algo terrível passou pela minha mente, estarão mortos, estamos todos mortos? Por que cada um não está em seu respectivo quarto, mas todos estirados pelados nos sofás da sala?
- Que noitada, hein, parceirão? – é a voz do Breno, a verdadeira, a única, e está vivinha.
- Hã? O que está fazendo aqui? Por que estou com a cabeça deitada no seu ombro e o braço, bem, o braço eu já tirei ... do seu peito?
- E é para mim que você pergunta? Devia perguntar a si mesmo! – respondeu
- Como assim? Que culpa tenho eu? Fala a verdade, isso é um pesadelo, não é? Me belisca para eu saber que isso é tudo imaginação da minha mente, belisca! – balbuciei com aquele gosto horrível na boca e um bafo que lhe fazia jus. – Ai, Breno, isso dói, caramba!
- Você não pediu para eu te beliscar, pois então, foi o que eu fiz!
- Então isso não é .....
- Não! Não é nenhum pesadelo, você está acordado, se bem que está mais parecido com um zumbi. – concluiu ele.
- Mas, o quê .... como .... porquê ....
- Eu já disse, isso só você pode responder! Põe o braço de volta, estava gostoso! – exclamou ladino.
- E esses dois? O sacripanta do Henri está peladão, e ... espera, o que é isso me cutucando .... caralho .... é o ca..... – eu queria concluir as frases e os pensamentos, mas eles vinham à minha mente mais ligeiros do que eu conseguia pronunciar as frases.
- É, deve ser o caralho do JP, com toda certeza! – esclareceu ele.
- E o que ele está fazendo aí?
- Bem, em primeiro lugar, é parte da anatomia do JP e, segundo, deve ter escorregado para fora do seu cuzinho. – ele não estava falando nada disso, não podia ser. – E por falar no seu cuzinho! Ravi, que cuzinho hein, parceirão! O rabão carnudo e roliço todos conseguem ver, mas o cuzinho apertado camuflado no fundo dele, esse surpreendeu a todos nós! Que delícia, Ravi! Puta merda, só de me lembrar já estou de pau duro! – sentenciou, com a mesma naturalidade que estaria me dizendo que fazia sol lá fora.
- Quer fazer o favor de parar de falar essas indecências? Não te dei essa intimidade toda, seu folgado! – revidei entre atordoado e zangado
- Não? O que pode haver de mais íntimo do que o que aconteceu essa madrugada? – questionou, sem eu saber a que se referia.
- Bom dia! Manos, que noite, hein? Já estão acordados? – perguntou o JP, se espreguiçando enquanto seu falo rijo roçava minhas nádegas.
- Sai! Se afasta com esse troço todo de fora! – exclamei exaltado.
- O que foi que eu fiz? Precisa ser tão bruto? Ontem você estava bem mais carinhoso! – devolveu o JP com um sorriso malicioso. – Posso colocar ele outra vez para dentro se for esse o problema! – emendou, me encoxando.
- Já mandei parar, saco! – retruquei. – É um pesadelo, eu sei que é! – murmurei, procurando me convencer que nada daquilo estava acontecendo.
- Bom dia! Puta merda, não parei de sonhar com você! O tesão ainda não passou! – ronronava o Henri, esfregando os olhos e em seguida dando uma boa coçada no sacão, enquanto também ia despertando.
- Chega! Agora chega! Se isso tudo não é um pesadelo, então vou me levantar, para mim já deu! – afirmei acalorado.
O cenário não podia ser mais devasso, digno de um dos bacanais de Calígula na Roma Antiga. Os móveis da sala estavam fora do lugar, roupas espalhadas pelo chão, lençóis e toalhas de banho amarfanhadas sobre os móveis, o sofá-cama totalmente aberto, o que só acontecia quando recebíamos alguma visita que pernoitava e, nós quatro tão nus quanto no dia em que nascemos, o sol entrando com tudo pelas portas de correr da sacada e iluminado toda aquela depravação.
Quase perdi o equilíbrio ao tentar sair do meio dos corpões parrudos do JP e do Breno, ambos rapidamente me seguraram para eu não me estatelar no chão. Ao sentir suas mãos sobre meu corpo, todo ele estremeceu, como se tivesse levado um choque, e uma sensação de dèjá-vu emergiu de algum lugar sombrio da minha mente.
- Tem certeza de que está bem? Você bebeu muito ontem na festa, nem parecia o mesmo Ravi certinho e careta. O que deu em você? – perguntou o JP.
- Festa? Que festa? Eu bebi? – eles me encaravam com as caras mais inquisitivas e debochadas.
- Cara, você está mal! A festa de despedida de solteiro do Paulão, seu velho e bom amigo dos tempos de colégio, lembra dele? Nós é que bebemos, você entornou tudo que vinha pela frente, meu caro! Isso que eu chamo de um bom porre! – exclamava o Henri, se divertindo ao recordar das últimas horas.
- Claro que eu sei quem é o Paulão! Da festa chata também! Mas depois tudo se apagou, eu desmaiei, é isso? – perguntei, com a mente mais vazia que o vácuo
- Antes fosse! – exclamou o Breno, voltando a colocar aquela expressão zombeteira na cara
- Por que? O que foi que aconteceu? O que vocês fizeram comigo?
- Nós? Essa é boa! Difícil foi te segurar e te convencer a parar com o showzinho que protagonizou.
- Está falando isso só para me irritar, imagina se eu ia beber tanto a ponto de perder o juízo e falar besteiras. – revidei
- É o que todos nós também pensávamos, até ontem! Já não coloco mais a minha mão no fogo para afirmar que você é o tímido todo certinho e ajuizado! Não depois da noite passada! – exclamou o JP.
- Você deu um showzaço dançando em cima de uma mesa fazendo streap-tease sob o delírio da moçada. Ninguém estava acreditando que podia ser você! – afirmou o Henri
- Estão tirando com a minha cara, eu jamais daria um escândalo desses! Nunca fui dado a baixarias dessa natureza! – asseverei
Ele alcançou o celular na mesinha ao lado do sofá e o virou na minha direção. Se não tivesse me reconhecido na imagem, juraria que era uma montagem. Mas, era indubitavelmente eu quem estava em cima de uma das mesas do salão, ao lado de quatro garotas completamente nuas também dançando em cima das mesas ao redor, sob os gritos e incentivos da galera ensandecida com o espetáculo. Tive vontade de evaporar no ar. À medida que o vídeo avançava, rebolando e dançando sensualmente, eu ia me despindo, primeiro desabotoando a camisa, expondo o peito sobre o qual fazia as mãos deslizarem provocantes; depois, a calça, que fiz rodopiar sobre a minha cabeça antes de a atirar para os espectadores. Só de cueca, eu gingava sensual imitando as garotas que me incentivavam a continuar. A que estava mais próxima aproveitou para beliscar a minha bunda, e foi imitada por alguns caras. Quando comecei a arriar a cueca, o JP entrou em cena e segurava minhas mãos para me impedir de expor meu sexo. Eu protestei, empurrava as mãos dele e estava determinado a ficar nu em pelo, só desistindo quando ele me jogou sobre os ombros e me tirou dali, enquanto eu socava as costas dele.
- Acredita agora? – perguntou o Henri, encarando minha expressão atônita e incrédula
- Eu fiz isso? Vocês estão brincando, fala que isso é uma montagem! Quem são essas garotas, a despedida de solteiro do Paulão era só para os amigos homens?
- São garotas de programa que o irmão dele contratou para animar os rapazes. Acho que ele só não contava com o seu show! É, meu querido e acanhado Ravi, é você, o santinho do pau oco!
- E não parou por aí! Tem mais aqui. – disse o Breno, também alcançando seu celular e me mostrando o que gravou.
No vídeo eu aparecia já completamente nu, estava junto ao balcão do bar onde se encontrava um sujeito sem camisa do qual eu ia lentamente abrindo a braguilha até o cacetão pesado dele saltar para fora e minha mão começar a punhetá-lo. Ele dançava e rebolava sobre o balcão feito um gogo boy, pincelando a rola na minha cara enquanto eu lhe sorria todo sedutor. Quando estava prestes a colocar a pica do sujeito na boca, o Breno me arrastou dali. Também acabou levando uns socos nos ombros enquanto eu me debatia por não ter podido abocanhar aquela piroca.
- Ainda duvida da gente? – perguntou, enquanto eu corava e não sabia onde enfiar a cara.
- Quem é esse sujeito? Como me deixaram fazer uma coisa dessas?
- Sabe-se lá quem é ele, só sabemos que ele estava disposto a te fazer mamar a rola dele na frente de todo mundo. E quem disse que foi fácil tirar você dali? Não viu como estava me esmurrando porque não te deixei colocar a pica dele na boca?
- É um pesadelo! O pior que já tive! – balbuciei. Já não duvidava de mais nada. – E o que significa tudo isso aqui, em casa? Por que não está cada um em seu quarto como sempre? – eu estava com medo de perguntar, pois algo mais escabroso podia surgir com as respostas.
- Porque você não parava de pedir para a gente te enrabar! – disse o JP
- Não, isso já é demais! Nem mesmo bêbado ou sob tortura eu faria um pedido desses! – retruquei.
- Quer ver? – perguntou o JP, alcançando seu celular.
- Não! Por tudo que é mais sagrado, não! Não consigo ver mais nada, chega! – exclamei, virando o rosto de lado para não ver o que ia aparecendo na tela do celular, pois certamente eu estaria lá, fazendo exatamente o que eles estavam afirmando. De repente, comecei a ter uma crise de choro, vergonha, culpa e me sentindo a mais depravada das criaturas não me restando outra coisa a fazer. Como eu ia continuar encarando os três, com que moral?
- Ei, ei, ei! Também não é para tanto! Foi só um porre, isso pode acontecer com qualquer um, Ravi! Não fique assim, vem cá! Ninguém vai te julgar por conta de uns drinques a mais! – afirmou ele, querendo me abraçar, mas ao sentir suas mãos, empurrei-o para longe.
- Não encosta em mim! Não encosta! – ordenei exasperado. – Eu sou um lixo, me sinto sujo, tenho nojo de mim mesmo! – emendei choroso.
- Não diga bobagens! Você não é nem sujo nem tem que sentir nojo, você é o mesmo cara lindo e carinhoso de sempre, que qualquer um de nós aqui gostaria de sentir em seus braços. Ninguém está te julgando! Sabemos quem você é, e que isso foi apenas um episódio engraçado, sem consequências. – afirmou o Breno. No entanto, isso não aliviou o meu remorso.
Agora eles sabiam que eu era gay, ou ao menos desconfiavam. Um segredo guardado a sete chaves durante anos veio à tona por causa de alguns goles de bebida, à qual eu não estava acostumado. Se ao menos essa revelação tivesse acontecido para uma ou duas pessoas mais próximas de mim, tudo bem; mas não foi isso que aconteceu, toda aquela gente que estava na festa presenciou o escândalo e a revelação.
- E isso tudo aqui? Qual a explicação para isso? – perguntei, referindo-me à desordem da sala e estarmos os quatro pelados.
- Não acha melhor esquecer, ou deixar para outro dia? – perguntou o Henri. – Acho que já teve informações chocantes o suficiente para um dia.
- Não! Eu quero saber! Quero saber até onde consegui chegar, o quanto de besteiras consegui fazer. – eles se entreolharam desconfortáveis, relutando em revelar a verdade.
- Te trazer para casa foi outra luta, você não queria vir, estava determinado a mexer na pica daquele sujeito a qualquer custo, dizendo que o amava e que queria sentir a jeba dele entrando no seu cu. – começou o JP. Eu não conseguia encará-lo.
- Trouxemos, é o que importa! Podia parecer covardia três contra um, mas não teve outro jeito. – continuou o Breno. – Assim que chegamos em casa e estávamos dispostos a te enfiar debaixo da ducha fria, você se agarrou ao JP e começou a tirar a camisa dele, a acariciar os pelos do peito dele dizendo que sempre foi fissurado no tesão de macho bonitão que ele é. Quando conseguimos te despir e meter debaixo da ducha, estávamos com as roupas completamente molhadas, você não é tão fácil de ser contido. À medida que fomos tirando a roupa, você corria até um de nós, se pendurava em nossos pescoços, apalpava nossas rolas e pedia para que as enfiássemos dentro de você. Ravi, cara, nem preciso dizer que somos homens, que um pedido desses, mesmo vindo de outro homem acariciando acintosamente nossas picas, não pode ser recusado facilmente, especialmente partindo de você que, há convir conosco, tem uma bunda de fechar o comércio. Aí já viu, não é? Tesão vem, tesão vai, o cacete começa a ter vida própria, suas mãos macias e quentes brincando com as bolas, você distribuindo beijos por todo lado e implorando para levar uma pica no cu, não há quem resista. Quando demos por nós, a suruba rolava solta, você se divertindo com as nossas rolas e a gente, bem, a gente entrou no jogo para valer. – à medida que ele relatava, eu ia me encolhendo, querendo sumir, nada mais.
- Tem vídeo disso também, se quiser. Temos como provar que o pedido partiu de você e que só fomos entrando na sua porque o tesão falou mais alto. – avisou o JP, o que me recusei a ver.
- Relutamos até onde deu, porém quando começou a chupar as nossas picas não deu mais para resistir e a coisa começou a rolar. Você estava feliz e deslumbrado, pedia mais, pedia para meter tudo, até o talo e nos cobria de carícias. – acrescentou o Henri.
- Os três? – não sei porque fiz essa pergunta cretina. Diante de tudo aquilo, que diferença ia fazer se foi um, dois ou os três a humilhação e a putaria seriam as mesmas.
- Os três! – responderam em uníssono, com a mesma prontidão que deviam ter fodido meu cuzinho.
- O que não entendemos, é como você ficou tão bêbado. Está certo que você é fraco para a bebida, mas nenhum de nós presenciou você tomando tantos drinques, onde foi que os tomou? – quis saber o Breno.
- É o que eu também queria saber! – respondi. – Até agora continua tudo confuso na minha cabeça, mas que eu me lembre tomei uma taça de vinho branco e tinha pedido no balcão do bar um gim tônica com bastante gelo, lembro-me claramente que pedi muito gelo, pois nem estava mais a fim de beber por conta de uma baita dor de cabeça com a qual já saí daqui de casa. Perguntei ao barman se ele tinha um comprimido para dor de cabeça e ele se prontificou a arrumar, me entregando depois de ter servido o gim tônica.
- Tem certeza que era um analgésico, que não era outra coisa? – perguntou o Henri
- Sei lá, acho que era! Se bem que, agora me lembro que estranhei o tamanho do comprimido, era muito menor do que os de analgésico que se vê por aí. Outra coisa, fiquei com um forte enjoo depois de ingeri-lo e fui ao banheiro, achando que ia vomitar, mas não precisei vomitar, só comecei a ficar meio zonzo. – revelei, à medida que a sequência de imagens voltava a minha mente.
- O cara te deu alguma porra de droga! Ecstasy, Cristal, Poppers ou sabe-se lá que outra porra. Tinha uns carinhas consumindo que eu vi. – afirmou o JP.
- Que é isso Cristal e essa tal de Poppers? – perguntei
- Ravi, cara, você não existe! Em que mundo você vive? Santa ingenuidade para um cara tão estudado e competente! São basicamente anfetaminas sintéticas. Isso explica você ter ficado tão “doidão” de uma hora para outra e, querer transar até com as paredes. Só pode ser isso, o cara te dopou, filho da puta! – respondeu o JP.
A conversa rolava até que me toquei que ainda estávamos todos nus, debandei para o quarto no mesmo instante, morrendo de vergonha. Joguei-me sobre a cama e me tranquei, o corpo todo doía e parecia estar pesando uma tonelada. Eu só pensava em como ia encará-los depois disso, o que não estaria pensando o Paulão e o restante da galera que esteve na festa e que me conhecia. Eu nunca mais ia conseguir encarar nenhum deles. Já não é fácil para ninguém sair do armário, mas sair do armário fazendo um puta escândalo era algo bem mais deprimente e vergonhoso.
- Estamos saindo para comer alguma coisa por aí, vem com a gente? – perguntou o Henri quando veio ter ao meu quarto. – Não tem nada em casa e são mais de 14:00h.
- Estou sem fome, vão vocês!
- Ravi, qual é cara? Esquece isso, já passou. Amanhã ninguém mais se lembra de nada, estávamos todos meio-chapados. Você precisa se alimentar, esse mal-estar vai passar mais rápido estando de barriga cheia. – emendou
- O que é, ele não quer ir? – perguntou o Breno, também enfiando a cara pela porta
- Não nos obrigue a te arrastar até o restaurante! – ameaçou o Henri.
O batuque dentro do meu cérebro não parava, talvez tivessem razão, o estômago vazio continuava enjoado. Passei uma água pelo corpo e segui com eles para um lugarzinho tranquilo perto de casa. Comi pouco, mas fui me sentindo melhor.
- Vamos contar para ele? – perguntou o Breno, encarando os dois
- Não, por favor, não! Não me contem mais nada, estou arrasado, chega! – exclamei, sem ânimo.
- É melhor saber! Não tem nada a ver com a festa, foi o que rolou lá em casa. – disse, cauteloso, o JP.
- Pior! Essa é a pior parte, da que tenho mais vergonha, melhor não ficar sabendo de mais nada! – afirmei
- Estamos nos sentindo culpados, é por isso que queremos falar! – disse o Henri
- Na lixeira da lavanderia tem uns lenços umedecidos ... sujos, com sangue! – começou o JP. – Nós meio que fomos nos empolgando demais quando .... bem, quando transamos com você. – ele procurava com o olhar a cumplicidade do Henri e do Breno. – Perdemos a mão, é isso que quero dizer! Perdemos a mão e nos deixamos levar pelo tesão quando estávamos te enrabando, e aí aconteceu de você começar a sangrar. – agora nem ele conseguia me encarar
- Só para você saber, nós cuidamos de tudo! Até ... até não haver mais sangue nas tuas preguinhas. A gente se arrepende, Ravi, perdemos a cabeça, essa foi a real! – concluiu.
- Até parecia que tínhamos acabado de tirar a sua virgindade! Imagina, que besteira, ninguém é mais virgem aos 27 anos de idade! – exclamou o JP, desconcertado. Eu apenas o encarei com um olhar que já falava por si. Silêncio. Todos se encarando mutuamente sem saber o que dizer. – O Ravi ainda era virgem aos 27 anos! – sentenciou desolado ao concluir que haviam me desvirginado.
- Então isso quer dizer que você .... que foi você ... – o Breno não teve coragem de terminar a frase, os três não sabiam onde se enfiar.
- O JP o quê? – perguntei
- Nada! Nada, não! Esquece! Falei demais! – disse o Breno
- Eu fui o primeiro! – exclamou o JP. – Fui eu quem .... puta merda como é difícil dizer isso! Fui eu quem meteu primeiro a rola no seu cuzinho. – revelou. – Juro que eu não sabia, Ravi! Nunca imaginei que você ainda fosse virgem. Aliás, nunca nem imaginei que você fosse gay, foi uma surpresa para todos nós, não é galera? Se você não tivesse dito, ninguém desconfiaria.
- Quando será que todas essas revelações vão terminar? – perguntei. – Nem sei mais o que pensar! Maldita hora que resolvi ir a essa festa!
- Me perdoa, Ravi! – exclamou o JP, tentando pegar na minha mão, antes de eu a retrair impulsivamente.
- Nos perdoe, Ravi! Estava certo, estamos nos sentindo uns cafajestes! – afirmou o Henri. – Mas o que o JP disse é verdade, ninguém suspeitava que você fosse gay. A gente só estranhou de você nunca apresentar nenhuma das garotas com quem costuma sair como uma namorada, mas até aí nada de estranho; apesar de você ser um cara muito bonito, tanto de rosto quanto desse corpão que, sejamos sinceros, é de dar um tesão da porra. Nós já havíamos falado sobre isso, que sentíamos tesão pela sua bunda, mas ficávamos na nossa, sem nunca sacanear com você ou, muito menos, confessar que sentíamos tesão pelas tuas coxonas grossas e por essa bunda carnuda. Aí acontece o que aconteceu na festa e depois aqui em casa, você se atirando para cima da gente todo dengoso e taradinho, ninguém mais se segurou.
- Não sei mais se dá para a gente continuar morando juntos! – exclamei, após um breve silêncio. – Talvez isso não seja mais possível depois do que aconteceu!
- Não diga isso, nem brincando, Ravi! Faz anos que somos amigos, uma besteira dessas não pode terminar com uma amizade tão especial. Vamos esfriar as cabeças que é o que temos a fazer por hora. À medida que o tempo for passando, tudo isso vai se diluir e vamos até achar graça de tudo. Só não diga e nem pense em nos separarmos, todos vão sofrer. – afirmou o JP.
Dei um gelo neles por uma semana, precisava refletir sobre tudo o que aconteceu e se ainda seria possível morarmos sob o mesmo teto. Eles tinham abusado de mim quando eu estava sem condições de concordar ou me defender. Evitei de conversar, de participar das refeições, de assistir TV ou jogar videogame com eles e permanecia a maior parte do tempo em que estava em casa dentro do meu quarto. Nenhum deles ousou vir me perturbar, tinham receio de que qualquer frase mal colocada poderia colocar um fim em nossa amizade.
Como eu havia dito que não iria ao casamento do Paulão, pois estava envergonhado de aparecer diante dos caras que me viram dando o escândalo na festa de despedida de solteiro, eles apelaram para ele vir conversar comigo e me convencer a ir.
- Somos amigos há tantos anos, você sempre esteve presente nos melhores momentos da minha vida, não pode me fazer essa desfeita! – disse ele, quando nos encontramos num café no final do expediente.
- Não vou conseguir encarar aquele pessoal, entenda e me perdoe.
- Cara, todos haviam bebido demais, feito coisas que normalmente ninguém faz, mas que rolam numa despedida de solteiro de homens. Essas festas sempre acabam em putaria, ninguém está nem aí e, no dia seguinte, ninguém mais se importa com nada. – argumentou. – Além do que, uma porção deles é casado, você acha que alguém vai abrir a boca correndo o risco de as esposas saberem o que fizeram com aquelas garotas de programa. O que aconteceu na festa, morre na festa. - complementou
- Só que o protagonista da putaria fui eu! Eles me mostraram os vídeos e fotos. Eu fiquei pelado em cima de uma mesa rebolando e me exibindo junto com aquelas putas, ninguém mais desceu tão baixo! Se tivesse parado por aí, até que dava para culpar a bebedeira, que nem aconteceu, diga-se de passagem. Eu estava prestes a colocar o pauzão daquele sujeito na boca e quem sabe o que ia acontecer, não tivessem me tirado de lá. – ponderei.
- O Carlão é um puta safado, ninguém mais estranha o que ele faz! Você não o conhece, porém quem o conhece sabe que ele gosta de uma boa putaria por isso tirou a benga para fora e se insinuou para você. – revelou o Paulão
- Não importa! Ele e os outros vão estar no casamento e, em vez de você e a Karina serem o assunto principal da festa, vou acabar sendo eu, como a bicha tresloucada que deu um show na despedida de solteiro. Se o JP, o Henri e o Breno têm vídeos e fotos do que aconteceu, vai saber quantos mais têm aquelas imagens humilhantes em seus celulares?
- Vou ficar muito puto se você não for! Esquece tudo isso e não deixe de estar ao meu lado nesse dia tão especial para mim, por favor, Ravi! – apelou.
- Preciso pensar! Você me conhece, sempre fui o mais tímido e recatado, não gosto de me expor e, acabei fazendo exatamente isso da pior forma possível. – devolvi.
- Não apenas eu, mas todos sabemos quem você é, e por isso têm tantos amigos. Vou te confessar mais uma coisa, na época do colégio, eu ficava num puta tesão quando você vestia o short de educação física e suas coxonas e bunda preenchiam aquele short de uma maneira tão sensual que me deixava de pau duro. No vestiário, depois das aulas, debaixo da ducha então, nem se fala. A galera não conseguia tirar os olhos do seu corpo e da sua bunda, só pensando em meter as rolas no meio dela. Mas, você era tão amigo, tão parceiro, educado e gentil com todos que ninguém se atrevia a fazer ou falar qualquer tipo de besteira correndo o risco de perder a sua amizade para sempre. Se te contar quantas vezes me masturbei, o quanto de porra que desperdicei pensando na sua bunda, você não ia acreditar. E, tem mais, duvido que você nunca percebeu que o JP, o Breno e o Henri são fissurados em você, especialmente depois que foram morar juntos. Talvez você não tenha percebido, mas montou um harém de machos naquela casa. Tenho certeza que a harmonia em que convivem é façanha sua, pois só você consegue controlar aqueles três machões alfa dominadores que se digladiariam em outras situações, mas que orbitam em torno de você sem nenhum atrito, sem nenhuma rusga, mesmo com o tesão a lhes consumir. Não preciso nem te dizer que os três sentem mais do que uma amizade por você, eles gostam de você, arrisco até a dizer que te amam, e ficariam com você numa relação tipo a minha com a Karina, se você lhes desse abertura para isso.
- Você está viajando! Imagina, aqueles três querendo alguma coisa com um gay! Todos eles já trouxeram namoradas para casa, e não foram poucas, você mesmo é testemunha de como são tarados. – argumentei.
- Para te deixar com ciúmes, para ver se você se manifestava, para terem certeza de que você não cortaria a amizade por eles se insinuarem para você. Vai por mim, eles morrem de medo de perder sua amizade e, como você nunca demonstrou que curtia homens, ninguém se atreveu a tentar uma abordagem nesse sentido. Você ter saído do armário durante a festa, vai mudar muita coisa para você Ravi. Quem sempre te curtiu, vai deixar o medo de lado e te revelar o que realmente sente por você. – afirmou.
- Do jeito que você fala até parece simples um homem chegar junto de outro e expor seus sentimentos. O mundo gay está longe de ser uma maravilha. A fobia, o preconceito e o repúdio nesse campo são enormes, tanto que nós gays nos escondemos tanto quanto é possível para evitar confrontos que, você bem sabe, na maioria das vezes são catastróficos. – contrapus. Porém, a carinha dele e aquela confissão da época do colégio me convenceram a ir ao casamento. Ele era um bom amigo, e amigos assim não se encontram em cada esquina e precisam ser valorizados e amados.
Acabei indo ao casamento e, se houve algum burburinho sobre o que eu fiz na festa, não chegou aos meus ouvidos. Talvez eu estivesse mais amedrontado do que deveria como disseram meus amigos, porém, não me sentia menos humilhado por causa disso. Inclusive algo inesperado aconteceu. Apesar de eu ficar me escondendo de todos os rostos que reconheci terem estado na festa, o tal Carlão, ao me ver, veio direto na minha direção. Fiquei com as pernas bambas, esse tesão de macho vai zombar com a minha cara, pensei comigo. No entanto, não foi o que aconteceu. Ele se aproximou gentil e sorridente, mencionou o fatídico episódio, é claro, mas mudou de assunto assim que notou como fiquei envergonhado. Nunca tinha recebido uma cantada de outro homem, e o Carlão a fez com muita sensibilidade e sagacidade, a ponto de eu me sentir lisonjeado.
- Desde a festa você não me sai da cabeça! Me disseram que aquele não era você, que estava muito doidão, mas eu gostei Ravi, gostei muito, de tudo, do seu jeito, do seu sorriso, da sua alegria e, não vou negar desse tesão de bunda. Sou bissexual ativo e me senti muito mais atraído por você do que por aquelas putas que contrataram. Se você me der uma chance, eu gostaria de te conhecer melhor, e não para qualquer tipo de sacanagem, mas para algo mais sério, se você topar. – fiquei abismado. Anos escondendo minha sexualidade e, numa única abertura involuntária um cara charmoso e sexy como o Carlão me propõe algo com que sempre sonhei.
- Para ser muito sincero, estar na sua frente me deixa muito envergonhado pelo que fiz. Não sou o sujeito leviano que estava naquela festa, mas prometo pensar num encontro para nos conhecermos melhor e você poder constatar quem sou de verdade. – ele ficou contente e colocou seu número na agenda do meu celular.
- O que está rolando aqui? – perguntou o JP quando me viu conversando e rindo com o Carlão.
- Estamos nos conhecendo, melhor dizendo estamos tentando! – respondeu o Carlão. – Estava dizendo ao Ravi que a presença dele na festa foi tão marcante que não saiu mais dos meus pensamentos. – acrescentou.
- Você nem tente qualquer tipo de sacanagem com ele que eu te arrebento a cara, entendido! – retrucou furioso o JP.
- Cara, qual é a sua? Numa boa, o que eu pretendo com o Ravi não é da sua conta! Fica na sua porque não tenho medo de cara feia! – revidou o Carlão, não se deixando intimidar.
Nunca tinha visto o JP tão zangado, ele me levou para longe dali praticamente arrastado e me cobrou explicações como se fosse um marido traído e enciumado. Brigamos. Desde quando eu ia deixar um cara me dizer com quem eu podia ou não falar?
No dia seguinte ao casamento, viajei para o interior, para a casa dos meus pais. Na semana em que dei um gelo na galera, negociei duas semanas de férias com meu chefe, que já estavam acumuladas. Não revelei para onde estava indo, o que os deixou super preocupados, achando que nossa amizade tinha mesmo ido para o vinagre. Nem me despedir eu fiz.
Tudo havia começado há quatro anos, quando meus pais se mudaram para o interior quando meu pai se aposentou precocemente, passando a gerir seus negócios à distância. A casa na capital, grande e confortável, se viu repentinamente vazia. Meu irmão mais velho tinha se mudado para o Canadá onde ficava a sede da empresa em que trabalhava, restando apenas eu com todo aquele espaço vazio. São quatro suítes no andar superior, muito espaço nas áreas sociais do térreo, tudo cercado por amplos jardins, o que aumentava a sensação de solidão. Nos conhecíamos desde há muito, havíamos frequentado o mesmo colégio onde se criaram aquelas amizades adolescentes. Não tínhamos mais que um ou dois anos para mais ou para menos de diferença de idade. Situações parecidas aconteceram com cada um deles, ou deixaram espontaneamente a casa dos pais, o que foi o caso do João Pedro, JP, ou também viram a família se mudar para outra cidade e precisaram ficar por conta do emprego, como foi o caso do Henri, ou ainda, foi porque os pais se separaram e não quiseram continuar morando com nenhum deles e seus novos parceiros, como foi o caso do Breno. Aliás, foi ele o primeiro a se mudar, depois que lhe contei que estava a fim de dividir as despesas da casa com alguém de confiança. Ele, por sua vez, tinha muito contato com o Henri que logo passou a ser o segundo hóspede. Num final de semana comemorando o aniversário de outro amigo em comum, comentei com o JP que havia mais uma suíte disponível quando ele me falou que estava pretendendo sair da casa dos pais e ter sua própria moradia. Duas semanas depois, ele se juntou a nós.
Nenhum deles pagava aluguel pelo espaço que ocupava, nunca exigi isso deles, afinal éramos amigos. Porém, eles mesmos propuseram arcar com todas as despesas da casa num rateio do qual eu não participava, exceto se se tratasse de algum conserto ou manutenção da casa que necessitasse dos serviços de profissionais. Até no salário da faxineira eu não colaborava segundo esse arranjo; ela constatava na lista de funcionários da empresa do JP e seus custos eram rateados entre eles. Cada um tinha suas habilidades. O Henri e eu costumávamos nos revezar na cozinha no preparo das refeições e dos almoços ou jantares quando todos estavam em casa ou tínhamos convidados; o Breno, de família gaúcha, era quem assumia o comando da churrasqueira e era o que mais entendia da mecânica dos carros e nos salvava toda vez que algum de nós tinha problemas com o carro. O JP era o faz-tudo, uma torneira vazando, uma tomada estragada, uma porta rangendo, uma fechadura emperrada, um eletrodoméstico com defeito e lá partia ele com sua caixa bem equipada de ferramentas consertando tudo pela casa. Assim, cada um tinha seu valor nessa pequena comunidade e todos se respeitavam.
O convívio com esses garanhões que nem sempre eram muito discretos e recatados, às vezes perambulando pela casa, especialmente no corredor do andar superior com seus corpões parrudos e sarados e com o caralhões balançando entre as pernas, era uma novidade para mim que, enquanto gay, sentia o corpo sendo tomado de calores, agitação e um tesão que fazia meu cuzinho se contorcer todo. Eu controlava e reprimia essas sensações me escondendo atrás de uma falsa imagem heterossexual, como sempre fiz desde que me conscientizei que era gay. Nunca me abri com ninguém, nunca sequer aventei a possibilidade de falar sobre isso com quem quer que fosse. Não havia gays na minha família e eu não seria o primeiro a desonrar o nome dela, pensava eu, com uma mente tão heterossexual quanto a de qualquer outro machista convicto. Não que eu não me aceitasse enquanto gay, mas nem por isso queria que o mundo soubesse disso. Controlar e reprimir sentimentos não é fácil, muitas vezes me via atraído e até cheio de sentimentos por algum cara, porém sufocava-os a bem de uma imagem que não queria macular. Sofri muitas vezes em silêncio, recolhido em mim mesmo, chorando pela falta de coragem de ser quem eu realmente sou. Devo ter tido algum sucesso nisso, pois acabei formando um bom círculo de amizades, tanto masculinas quanto femininas e, aparentemente, ninguém nunca desconfiou que por trás desse carinha amistoso vive um gay atormentado pela solidão. Até a festa de despedida de solteiro que pôs tudo a perder.
Quando regressei das férias, durante as quais os três me ligavam diariamente desesperados para saber por onde eu andava, por que tinha sumido sem nem me despedir, abri o jogo logo na manhã seguinte à minha chegada, durante o café da manhã que era a refeição que costumávamos fazer juntos.
- Meu pai está querendo vender a casa! Vocês têm um tempo para encontrar outro lugar para morar, por isso estou deixando-os cientes desde já. Vou começar hoje mesmo a procurar para onde me mudar, desta vez sozinho, num espaço menor e mais fácil de cuidar. – a informação caiu feito uma bomba.
- Seu pai quer vender a casa, assim, de repente, do nada! Ou é você quem enfiou essa ideia na cabeça dele, para se livrar da gente? – perguntou exasperado o JP.
- Cara, Ravi, como você dá uma dessa? É por causa do que aconteceu aqui depois da festa, não negue! Você não nos perdoou e nem pretende, é isso? Cara, nós estamos super arrependidos do que fizemos quando você não estava plenamente capaz de decidir se queria ou não transar. Já te pedimos desculpas pela canalhice! Será que todos esses anos de amizade não merecem o seu perdão? A gente gosta muito de você, não queremos perder a sua amizade. – sentenciou o Breno com os olhos marejando à medida que falava.
- Não sei se é bem isso! Talvez o Ravi só esteja querendo se livrar de nós para enfiar o Carlão aqui dentro. Peguei os dois de risinhos no casamento e acho que o Ravi ficou deslumbrado com a benga do sujeitinho. – disse o JP. Eu nunca reagi como fiz naquele momento, levantei a mão e ia estapear a cara dele, mas ele foi mais ligeiro e esmagou meu pulso com sua mão enorme e forte.
- Sai de perto de mim, seu imbecil! Não é porque vocês fizeram de mim uma putinha que eu vou tolerar que me fale nesse tom! – revidei aos berros.
- Foi você quem se colocou no papel de putinha, não nós! E ao que parece, está gostando, para ficar se engraçando pelo primeiro macho que lhe dá uma cantada. – voltou a esbravejar o JP. – Eu não vou sair daqui, pode enfiar isso na sua cabeça! Seu pai quer vender a casa, pois diga a ele que eu compro e todos nós continuamos como estamos. – acrescentou.
- E você tem como pagar? Que eu saiba sua empresa está enfrentando problemas financeiros, você mesmo disse isso aqui, na frente de todos. – retruquei.
- Eu dou um jeito! Me viro! Só não saio daqui e nem vou permitir que você o faça! É briga que você quer, pois arranjou uma, com um cara que vai até as últimas consequências se for preciso! Está preparado? Vai encarar? – ameaçou
- Calma pessoal! Nós nunca brigamos, não vamos começar agora! – disse o Henri. – Peço que você reflita, Ravi, nós gostamos de você; não, nós te amamos essa é a verdade. Cada um aqui te quer mais do que apenas como amigo, sempre rolou tesão entre a gente, sempre houve a esperança que um dia um de nós seria escolhido por você para toda uma vida. Já que estamos colocando as cartas na mesa, é disso que você precisa saber. O que rolou aqui em casa depois da festa só trouxe tudo à tona. Não nos expulse de sua vida, Ravi, por favor! – emendou.
- Está todo mundo com os ânimos exaltados, não vamos chegar a consenso algum dessa maneira! Reitero o pedido do Henri, Ravi, pense melhor, fique conosco, escolha um de nós e vamos respeitar e acatar a sua escolha. – asseverou o Breno.
Como nunca percebi que esse três estavam tão afim de mim? Eu encarava cada um deles, conhecia suas personalidades, sabia quais eram suas qualidades e defeitos, sabia como ligar com cada um deles diante de algum problema, e nunca imaginei que isso fosse amor. Eu os amava, os três. Que tipo de maluco eu sou? As palavras do Paulão não podiam ser mais verdadeiras, eu tinha formado um harém de machos alfa sob o meu teto e, pela primeira vez, não sabia como lidar com isso.
- O cacete que eu vou aceitar numa boa a escolha do Ravi! Eu amo esse putinho há anos e, se ele pensa que eu vou deixar o desgraçado do Carlão levá-lo de mim sem espernear é porque ele não me conhece! – vociferou o JP, desferindo um soco na mesa que fez a louça e talheres darem um salto. Eu tinha um problema, um problemão.
Ele ficou de cara amarrada por mais de duas semanas, até contrair dengue e se ver obrigado a ficar de cama. Normalmente, quando algum deles ficava doente, era eu quem cuidava e me preocupava que seguissem as orientações médicas e assumia a tarefa de lhes dar as medicações nos horários certos. Pode parecer um cuidado exagerado, mas começou assim e assim isso se perpetuou. Como mencionei anteriormente, cada um tinha seu papel naquela comunidade e a minha era zelar pela saúde daqueles garanhões, o que confesso, me agradava fazer.
Turrão e independente, ele se recusou a ser tratado como doente e muito menos como alguém que não consegue cuidar de si mesmo, principalmente por estarmos naquele dilema. A consequência foi que o estado dele só piorava dia após dia, até eu dar um basta naquilo e submetê-lo aos meus cuidados. Para variar, brigamos. O que não me impediu de fazer o que tinha que ser feito. Pior que um molequinho marrento, ele reclamava de tudo só para desvalorizar o que eu estava fazendo por ele. O Henri e o Breno, depois de lhe darem alguns esporros, começaram a tirar sarro da situação, e ele passou a se comportar como um bebezão carente, não perdendo a oportunidade de me falar umas sacanagens quando entrava no quarto dele para providenciar alguma coisa.
- Já que está tão empenhado em cuidar de mim, provavelmente por causa do remorso de ter se engraçado por aquele sujeitinho, também podia cuidar da minha pica que anda numa secura danada! – exclamou certa noite quando lhe levei um chá e os comprimidos que precisava tomar.
- Remorso precisa ter você por ter feito o que fez comigo quando não podia me defender! Ademais, estou pensando seriamente em aceitar o convite do Carlão para jantar uma noite dessas na casa dele. – provoquei para ver sua reação.
- Nem por cima do meu cadáver! Ele vai jantar você, seu putinho idiota! – revidou zangado.
- Hummmm ..... não seria nada mau! Naquele dia da festa não consegui sentir o sabor do pirocão lindo dele, quem sabe a sós a coisa não rola! – eu estava a fim de irritá-lo e consegui.
- Se repetir isso mais uma vez, vai sentir não só o sabor de uma pirocona, como vai implorar para eu a tirar do seu cuzinho! Resolveu assumir a viadagem de vez? Onde ficou o Ravi tímido e recatado? – questionou, baixando a frente da cueca e fazendo o cacetão dele saltar para fora.
- O Ravi tímido e recatado foi vilmente traído pelos amigos, descabaçado e submetido a sabe-se lá que vilanias sem poder se defender! – retruquei.
- Já te pedi perdão! Sei que errei e que fui um canalha, mas não precisa ficar me tacando isso na cara a todo momento. – disse, suavizando o tom da voz.
- Está bem, deixa isso para lá! Não quero nem me lembrar mais daquele dia! Esqueça! – devolvi conciliador.
- Não dá para esquecer! Suas preguinhas apertadas encapando minha rola e devorando cada centímetro dela não tem como esquecer. Meta nessa sua cabecinha que sou tarado por você desde o colégio, que sempre nutri a esperança de você me querer como seu homem, mesmo quando nem desconfiava que você é gay.
- Chega desse papo! Desde que souberam que sou gay estão muito salientes, falando coisas que nunca falaram antes, e eu não quero ouvir essas baboseiras!
- Vem cá, deita comigo! Estou precisando de colo!
- Larga a mão de ser cafajeste! O que você está precisando é de um soco no meio dessa cara de pau! – devolvi, saindo do quarto.
- Também te amo! – gritou atrás de mim, antes de eu fechar a porta.
A partir dali os três entraram numa disputa para ver com quem eu ia ficar, para quem eu dava mais carinho, com quem era mais atencioso, quem eu deixaria trepar comigo plenamente ciente do que queria e estava fazendo. Cada um deles tinha suas qualidades e, pior de tudo, eram machos que qualquer gay em sã consciência jamais deixaria escapar de suas mãos.
As garotas que costumavam trazer e apresentar como namoradas, coisa que há muito eu sabia não ser verdade, mas apenas umas conquistas passageiras para que tivessem onde meter seus cacetões, começaram a rarear, comprovando minha suspeita. Passaram a me perseguir como se eu estivesse no cio e, o que antes nunca aconteceu, de me assediarem, de me encoxarem quando estava distraído, de adentrarem o meu quarto sem bater ou, até mesmo, de se enfiarem debaixo da ducha comigo enquanto eu desensaboava os cabelos e não os via entrar sorrateiros, passou a ser quase uma rotina.
Assumi que, uma vez que já não era mais segredo eu ser homossexual, que mal faria se me deixasse experimentar o sexo com homens, uma vez que estava cercado dos mais fogosos e lindos. Foi com esse pensamento que certa noite ao estar assistindo um filme com o Henri na minha cama, deixei-o meter a mãozona devassa na bermuda do meu pijama quando o filme terminou e, minutos depois, sentir sua verga retona, grossa e cabeçuda entrar com tudo no meu cuzinho, me fazendo ganir e gemer entre dor e tesão. O calor do corpão dele me fez perder a cabeça, a inibição, o receio da entrega incondicional. E, quando o caralhão já pulsava forte no fundo do meu rabo, eu o envolvi nos meus braços, retribuí calorosamente cada um dos seus beijos e deixei-o devassar minhas entranhas até ele se esporrar todo dentro de mim, deixando seu esperma viril aderido à mucosa do meu ânus. Foi algo tão maravilhoso que viciei, mal podia olhar para ele nos dias que se seguiram sem deixar de sentir meu cuzinho se revolvendo em espasmos cheio de desejo, ao passo que ele passou a me encarar com um sorriso ladino de cumplicidade.
Não demorou muito para o Breno e o JP desconfiarem daquelas trocas de olhares, daqueles sorrisos sem motivo, daquele clima eletrizante que pairava entre nós. No fundo talvez soubessem o que aquilo significava, mas nenhum dos dois se atreveu a fazer qualquer comentário. Assim como também não demorou para o Breno partir para cima de mim investido do tesão que passou a sentir depois da noite em que eles me foderam na sala de casa. Como raramente um de nós ficava sozinho em casa, uma vez que todos saíam para o trabalho pela manhã e só regressávamos ao final do dia em horários distintos, as oportunidades para uma abordagem mais incisiva ficavam restritas, pois sempre havia alguém a testemunhar o assédio. O jeito que ele encontrou foi se enfiar em meu quarto e trancar a porta enquanto eu me banhava. Ainda debaixo da ducha, vi-o entrar no banheiro completamente nu e com uma ereção gigantesca entre as coxas vigorosas e peludas.
- O que faz aqui? Cobre esse troço, Breno, tenha santa paciência! Ninguém pode ser obrigado a olhar para essa coisa monstruosa! – exclamei, entre chocado e deslumbrado com aquela visão.
- Ravi, cara, eu sinto muito, aguentei até onde foi possível! Não me satisfaço mais me masturbando ao pensar em você. No trabalho, quando dou por mim, já estou com a rola toda melada das repetidas e constantes excitações que me atormentam desde aquele dia em que enfiei minha rola no seu cuzinho. – confessou. – É impossível que você não sinta nada me vendo nessa situação. Se você é, de fato, gay já deve ter notado que ao me aproximar de você os hormônios fervem nas minhas veias. Não consigo mais esconder o tesão e o desejo que sinto por você, Ravi. Tenho certeza que você não é totalmente indiferente a mim, um tantinho de tesão eu também devo despertar em você. Só me diga que podemos nos satisfazer, que também quer transar comigo como eu estou louco para fazer com você.
- Não sei o que deu em vocês! De repente, se transformaram em tarados. Me sinto constrangido e assustado com a ousadia de vocês, com esses troços crescendo no meio das pernas cada vez que me aproximo. Não sou indiferente a você, claro que não! No entanto, receio que passem a achar que virei um depravado transando com os três como se fosse a coisa mais natural do mundo. – argumentei
- E é, Ravi! É natural e é saudável na nossa idade, com todo esse tesão nos instigando. Eu te quero! Diga, olhando nos meus olhos, que não me quer, que prefere sufocar o tesão que sente ao me ver pelado e excitado. – provocou. Essa resposta eu não podia lhe dar, minha rosquinha piscava enquanto eu me enxugava e, mesmo que tentasse negar o que estava sentindo, meu corpo e meu olhar me denunciariam.
- Eu sabia, Ravi! – exclamou envaidecido, tirando a toalha das minhas mãos e me puxando para junto dele.
Estremeci quando nossas peles se tocaram, quando os lábios dele cobriram os meus iniciando um beijo voluptuoso e sensual, quando suas mãos afoitas deslizaram sobre a pele e exploraram as curvas do meu corpo.
- Cacete, Ravi, como você é gostoso, cara! O cheiro dessa pele, a textura dela, a suavidade que ela transmite junto a uma quentura de deixar qualquer um maluco, de deixar a gente com o pau tão duro que chega a doer. – ronronava ele, sem parar de me beijar e de enfiar a língua na minha garganta.
- Ai Breno! Eu não posso, eu não devo, eu .... – seus dentes prenderam meu lábio, a mão escorregou para dentro do meu rego, eu já não tinha vontade própria. – Eu quero te sentir dentro de mim, Breno! – sussurrei, vencido pelo tesão.
- Eu vou entrar em você, tesudinho! Mas primeiro quero que chupe a minha caceta, como você ia fazer com a do Carlão.
- Nunca chupei uma rola, Breno! Não sei se sou bom nisso.
- Tenho certeza que sim, Ravi! Mama que logo você pega o jeito, mama meu tesudinho!
Envolvi a pica rija e cabeçuda numa das mãos e toquei delicadamente os lábios na chapeleta úmida, como se a fosse beijar. Fixei meu olhar no rosto do Breno que não tirava os olhos de mim, esperançoso e excitado. O melzinho viscoso logo se espalhou pela minha boca. A virilha dele tinha um delicioso aroma almiscarado de macho, eu estava deslumbrado com essas descobertas, sabores e cheiros íntimos de homens, algo que nunca imaginei. Desajeitado, eu não sabia bem como segurar aquela benga pesada, o que fazer com todo aquele melzinho que ela vertia e me deixei guiar pelo instinto. Lambi, suguei e chupei a carne voluntariosa que pulsava na minha mão e me deliciei com ela como se fosse uma iguaria. O Breno arfou e gemeu logo aos primeiros toques, me incentivando a continuar. O sacão peludo pendurado bem diante dos meus olhos era outra tentação a ser explorada. Deslizei as pontas dos dedos para dentro do tufo denso de pentelhos até englobá-lo na palma da minha mão; a consistência dos testículos enormes, a maciez dos pentelhos, o peso do saco, tudo era novidade, tudo me parecia tão maravilhoso. Coloquei uma das bolas na boca, a lambi e chupei tracionando-a sutilmente. O Breno grunhia e se agitava.
- Tesão de boca, Ravi! Chupa, chupa a rola!
Empolgado, chupei e sorvi o pré-gozo perdido no fascínio em que mergulhei; eu só ouvia os grunhidos dele como uma melodia que vinha de longe e me encantava. Não o ouvi anunciando que ia gozar se eu não parasse de chupar e, em meio a um urro, que me trouxe à realidade, senti minha boca se enchendo de porra; um jato atrás do outro, abundantes e leitosos que fui engolindo apressado para não me engasgar. O Breno me encarava arfando forte, a expressão em seu rosto jubiloso era de puro êxtase, de incredulidade do que estava acontecendo.
- Caralho, Ravi, você está tomando a minha porra! Cacete que coisa maravilhosa! Engole meu putinho, engole todo leitinho da minha rola, engole! – ronronava ele extasiado.
- Você é tão saboroso, Breno! Não pensei que o sêmen fosse tão gostoso. – afirmei
- Ah, se você tivesse nos dito que era gay antes, poderíamos ter tido momentos tão maravilhosos como esse. Não se esconda Ravi, você tem tudo para deixar os homens aos seus pés.
- Ainda quer entrar em mim? – perguntei um pouco encabulado, por conta do tesão que ainda não havia passado.
- É claro que quero! Só me dá um tempinho.
Deitei-me sobre ele, beijei-o por todo rosto, afaguei-o, mordisquei o queixo anguloso apesar da barba cerrada espetar meus lábios, vi o fogo do desejo crescendo em seu olhar cobiçoso, senti as mãos impacientes amassando minhas nádegas, o dedo impudico explorando a rosquinha anal me fazendo gemer. Em menos de um quarto de hora atiçando-o, o caralhão voltou a endurecer. Ele me virou de bruços, afastou as bandas da bunda e começou a lamber meu cuzinho, arfar e gemer já não eram o suficiente, empinei o rabo e supliquei
- Enfia em mim, Breno! Enfia!
Ele me puxou pelo quadril, guiou a verga sobre a rodelinha rosada que não parava de piscar e se empurrou para dentro do meu cuzinho, extraindo um grito pungente que aflorou na minha boca.
- Doeu?
- Um pouco! Estou um pouco tenso. – confessei
- Vou meter devagar, não tenha medo. Relaxa o cuzinho e me deixe entrar nele, Ravi.
Ele continuou se empurrando para dentro de mim, o cacetão deslizava abrindo e distendendo minha carne contraída, a dor parecia não ter fim, meu corpo todo convulsionava, e aos poucos ele me preencheu todo. Agarrei-me aos lençóis, ele abraçou meu tronco e começou a bombar esfolando meu rabo com aquele caralhão grosso que meus esfíncteres encapavam com firmeza. O prazer tinha seu preço, descobri enquanto ele me fodia com uma pegada forte, mas gentil. Eu estava nas nuvens com aquele cacetão entrando e saindo do meu cu num ritmo frenético.
- Ai Breno! Meu cuzinho, Breno! Ai meu cuzinho! – gania eu sublimado pelo tesão.
- Viu o que você estava perdendo ao se esconder por trás de uma imagem que não refletia seu verdadeiro eu. Você nasceu para isso, Ravi. Nasceu para dar esse rabão delicioso para os machos. Está com tesão no cu, não está, meu putinho?
- Estou! Me fode, Breno, fode meu cuzinho! – exclamei, sentindo meu pinto esporrar num prazer infindável.
Eu já estava bem arregaçado quando ele se derramou dentro do meu casulo anal, me inseminando com seu esperma cremoso, em meio a grunhidos roucos que brotavam de seu peito. Ele não tirou a pica do meu cuzinho quando terminou de ejacular, deixou-se cair sobre mim, amassou meus mamilos e ficou beijando e chupando minha nuca. Pouco depois, adormecemos embalados pelo frenesi que agitava nossos corpos entrelaçados.
Como estávamos demorando a nos juntar ao café da manhã no dia seguinte, um sábado preguiçoso em que nenhum de nós precisava ir para o trabalho, acabamos sendo flagrados abraçados em conchinha em completa nudez, quando o Henri veio ao meu quarto para me chamar. Não havia mais o que esconder, eu agora era um gay que estava aprendendo a experimentar todo o potencial que meu corpo era capaz de oferecer a outros homens.
Foi um dia de troca de olhares, risinhos disfarçados, tesão à flor da pele entre mim o Breno e o Henri, as trepadas ainda estavam muito frescas em nossas memórias, atiçando o desejo para novas incursões.
- Tá rolando o quê? Se não for pedir demais, será que podem me incluir no que estiver rolando? Estão parecendo um bando de moleques travessos com essas caras de quem andou aprontando alguma e querendo esconder dos pais. – disse o JP ao perceber a maneira como estávamos nos comportando.
- Nada! O que poderia ser? Não estamos escondendo nada! – respondi antes deles, para que ele não se sentisse melindrado e, possivelmente, ficasse furioso por eu ter transado com os dois sem ele saber.
- É isso aí, nada! – confirmou o Henri, sabendo que o JP ia ficar muito puto por ter sido deixado de fora.
- Nada! Como disse o Ravi, não está rolando nada! – ratificou o Breno.
- Tudo muito ensaiado! Mais uma razão para eu ter certeza de que está rolando alguma coisa, e não deve ser nada boa para estarem me excluindo! – sentenciou o JP, ainda mais desconfiado.
- Não viaja! Você é muito desconfiado, sempre acha que estão te enrolando! – declarei, já sentindo uma pontinha de culpa por não ter dito nada a ele e trepado com os dois quando na verdade sempre quis ser só do JP.
- E estão! Principalmente você! E o que deve estar rolando tem com certeza a ver com alguma que você aprontou e não quer que eu saiba porque sabe que vou te dar um esporro! – não sei de onde vinha aquele feeling dele quando se tratava de alguma coisa comigo. – Você andou dando o cu para aquele tal de Carlão, foi isso? – questionou, amarrando a cara. – Já te avisei que se você se engraçar para o lado daquele filho da puta, ou se ele estiver fazendo isso com você, arrebento a cara dos dois! Não estou brincando Ravi, te cubro de porrada! – ameaçou.
- É por isso que não dá para falar nada com você, sai logo ameaçando e distribuindo porradas por qualquer coisinha! – retruquei
- Você ficar dar o cu por aí não é qualquer coisinha! Se está tão louco por um macho sabe muito bem onde me encontrar. – revidou ele. O Breno, Henri e eu apenas nos entreolhamos, ia ser complicado falar a verdade para ele sem criar uma hecatombe.
- Não estou caçando machos, seu troglodita! E mesmo que estivesse não seria você o escolhido! – revidei, por ele estar sempre controlando meus passos.
- Então vai morrer com esse cuzinho encruado, porque não vou deixar nenhum outro macho chegar perto dele.
- Pronto! Conseguiu acabar com o meu dia! E, antes que eu me esqueça, vá se ferrar, JP! Vá se ferrar! – exclamei, me afastando deles.
- Ele deu o cu para aquele filho da puta, não foi? Conta aí, seus traíras! Se estiverem ajudando ele a acobertar essa porra vou ficar muito puto com vocês! – ouvi-o dizer aos dois.
Era evidente que estava na última hora de eu contar para ele o que tinha rolado, mas como se o sujeito era o homem mais ciumento e feroz que eu conhecia. A reação dele era imprevisível, embora já soubesse de antemão que não seria nada boa. Só então me dei conta de que eu sempre tive certo medo do JP, de contrariar aquele controle rígido que ele mantinha sobre mim, de fazer qualquer coisa que o deixasse zangado comigo. De onde surgiu isso, questionei-me? Por que eu dava tanta importância ao que ele pensava sobre mim? Por que aceitava passivamente que ele ditasse as regras do nosso relacionamento quando não fazia o mesmo em relação ao Henri e ao Breno, ou a qualquer outro dos meus amigos?
Havia se passado pouco mais de um mês que o JP tinha se recuperado da dengue quando voltou a apresentar um quadro febril do qual se queixou por uns dois dias antes de voltar a ficar tão mal que não conseguia sequer sair da cama. Ele andava às voltas com os problemas financeiros da empresa dele e isso o estava esgotando, deixando-o de mau humor e sem paciência para nada. O fato de ser introvertido e raramente falar dos problemas que o afligiam deixava tudo mais nebuloso. Aquela síndrome do machão que não precisa e nem aceita ajuda para não parecer fraco, aquela obstinação de resolver tudo por si só e aquela mania de afirmar que tudo estava bem mesmo quando não estava tornava-o inacessível. Quem ousasse invadir aquele espaço sagrado que atuava como uma verdadeira carapaça ao seu redor, acabava ouvindo o que não queria e era sumariamente afastado por suas grosserias.
O Henri e o Breno já tinham seguido para o trabalho naquela manhã em que o JP não participou do café da manhã. Ao questioná-los, me disseram que achavam que ele tinha perdido o horário, por isso voltei ao quarto dele para acordá-lo.
- Anda, seu preguiçoso! Vai perder a hora! Seus funcionários devem estar se esbaldando sem o patrão carrasco por perto. – afirmei, entrando no quarto dele e afastando as cortinas para que o sol iluminasse o quarto.
- Eles vão poder comemorar, tô meio mal essa manhã, acho que não vou para a empresa hoje. – devolveu ele, numa voz cansada e abatida.
- É nisso que dá ficar na esbornia até não sei que horas todos os dias! – afirmei, pois ele vinha chegando tarde todas as noites nas últimas semanas.
- Na esbórnia deve estar você, dando o rabo para meio mundo! Vai, some daqui e me deixe em paz! Quem está atrasado para o trabalho é você! Depois não se queixe se seu chefe te der uma enrabada com justa causa! – devolveu azedo.
- Você não deve estar tão mal quanto diz, pois a sua língua continua tão ferina como sempre! Vai mesmo ficar em casa hoje? – perguntei, prestes a deixar o quarto. – Deixei as tuas torradas e a omelete com queijo num prato no balcão da cozinha, quer que eu traga aqui ou vai deixar que esfrie? – ele apenas resmungou uma resposta e se virou para o outro lado.
Terminei de me aprontar e antes de sair voltei mais uma vez ao quarto dele, não tinha se mexido, estava na mesma posição que o havia deixado minutos antes.
- JP, estou saindo para o trabalho! Está mal mesmo ou é só preguiça? – perguntei da porta. Ele não respondeu. – JP, adormeceu de novo? – como não obtive resposta fui até ele, estava empapado de suor e sua testa parecia um fogareiro em brasa. – Cacete JP, o que você tem? – perguntei aflito, constatando uma provável recaída.
- Me deixe, caralho!
- Deixo, uma ova! Vou te levar a um médico, você está ardendo em febre! Anda levanta, eu te ajudo a vestir uma roupa e vamos imediatamente ver o que está se passando com você. – afirmei.
- Cazzo! Será que nem ficar doente a gente pode mais nessa casa, sem ser aporrinhado? Vai trabalhar e me deixe em paz! – retrucou, querendo se cobrir novamente.
- Levanta JP! Não me deixe perder a paciência com você! Nós vamos ao médico e está acabado! – exclamei impositivo, sacudindo-o até ele ficar sentado na cama, quando constatei que ele não estava nada bem.
Lidar com ele foi uma luta, ouvi palavrões, ouvi protestos, ouvi resmungos durante o tempo em que o forcei a ir tomar uma ducha para sairmos procurando ajuda médica.
- Você precisava ser tão grande e pesado? Faça uma forcinha e me ajude, não consigo te levar para o chuveiro se não me ajudar um pouco!
- Não mexe na minha pica! Estou meio lesado e não vou conseguir te enrabar, portanto, deixe minha rola sossegada! – resmungou
- E eu lá estou interessado nessa coisa? Lesado você sempre foi se acha que estou a fim de você me enrabar. – devolvi
- Você mente mal para caralho! Eu sei que gosta de mim, da minha rola e que quer que eu seja seu macho. – retrucou, enquanto se apoiava em mim cambaleando até a ducha, com a ereção matinal gigantesca sacolejando entre suas pernas.
Com a ducha manual apenas joguei uma água morna sobre aquele corpanzil para ajudá-lo a despertar e lavar as partes intimas e o rosto amassado. Ele não parou de reclamar.
- Não ouse colocar essa mão boba na minha bunda outra vez! Aí homem nenhum toca! Nem mesmo um veadinho como você! – rosnou bravo.
- Pare de reclamar, já está me dando nos nervos! Vem cá, anda, deixa eu dar uma ensaboada nessa cara amassada e terminamos. – retruquei
- Você esqueceu de lavar meu cacete! Nele você pode pegar quanto quiser!
- Que saco, JP! Você é insuportável, sabia? Doente então, ninguém te aguenta! E justo quando aqueles dois não estão aqui para me ajudar a lidar com um troglodita feito você! – despejei furioso
- Não fica bravo! Eu te amo e estou dodói!
- Está dodói o caralho! Você está é um saco, isso sim!
Ajudá-lo a se vestir foi outro drama, mas finalmente consegui levá-lo até o carro e até o Pronto Socorro onde, mal tínhamos acabado de chegar na recepção e ele despencou inconsciente da cadeira onde eu o havia deixado para lidar com a papelada do convênio.
Levaram-no rapidamente para a sala de emergência e por mais de hora e meia de angústia não tive notícias dele. Quando um médico veio ter comigo, anunciou que ele estava com uma pneumonia grave que preenchia praticamente a metade inferior de seus dois pulmões e que ficaria internado para receber o tratamento adequado, de imediato numa UTI, até o quadro se estabilizar e a posteriori num quarto até seu completo restabelecimento.
- Posso vê-lo? – perguntei com os olhos marejados. Fui tão rude com ele, não imaginava que ele estivesse tão mal.
- Sim, por um breve período vou permitir que suba até a UTI. – respondeu o médico quarentão e tesudo que me media da cabeça aos pés com a cobiça a lhe saltar pelos olhos.
Engraçado que antes dos três me enrabarem eu não reparava nesse tipo de olhar, nem os percebia para ser bem sincero. Nunca pensei que tantos homens se interessassem por outros, que flertavam nessa intensidade objetivando uma transa casual. Agora eu quase podia sentir esses olhares de cobiça sobre meu corpo e minha bunda que, devido as suas proporções e formato sempre foi um dos motivos do meu acanhamento e introversão. Por muitos anos, especialmente na adolescência, eu tinha vergonha dela. Já não pensava mais assim, depois que senti os cacetões do Henri e do Breno pulsando fundo dentro dela.
Por falar em Henri e Breno, preciso comunicá-los do estado do JP, concluí, enquanto ascendia dentro do elevador até o andar da UTI. Ele estava entubado respirando ruidosamente, cânulas chegavam aos seus braços musculosos trazendo fluidos que gotejavam lentos de frascos pendurados ao lado do leito. Ele tinha os olhos fechados e uma lágrima ficara represada no canto de um deles. Dos meus caíram algumas quando me aproximei dele e chamei seu nome sem obter resposta.
- Ele está sedado devido à entubação! – explicou a enfermeira que se aproximou de mim, quando peguei na mão dele.
Foi a primeira vez que vi meu gigante num estado tão frágil e não sei descrever o medo terrível que me assolou naquele momento. Desde quando o conheci sempre o tive como o cara mais forte, corajoso e viril que eu conhecia e isso foi o que me levou a gostar dele logo de cara. Ele era o meu oposto e isso me seduzia tanto quanto sua masculinidade viril. Agora, aquele torso enorme e sólido sensualmente peludinho subia e descia no mesmo ritmo em que um respirador emitia bipes numa cadência desesperadora.
- Amo você, seu estrupício! Por que não me contou que estava tão mal? Eu devia te esganar, sabia? – balbuciei inconformado.
- Ele não pode te ouvir, a sedação é muito forte para ele suportar o tubo que o está ajudando a respirar. – disse a enfermeira. – Ele é seu irmão, parente? – questionou curiosa.
- É o homem da minha vida! – respondi, sem pestanejar. – E eu nunca disse isso a ele!
- Ambos uns sortudos! Dois caras lindos! Formam um belo casal! – afirmou ela.
- Brigamos o tempo todo! – devolvi. Ela riu.
- Meu marido e eu brigávamos o tempo todo antes de nos casarmos! É o tempo certo para ir aparando as arestas e chegar a um consenso. Brigue bastante com ele, não o conheço, mas por um homem com um corpão como o dele garanto que vale à pena brigar. – fui eu quem precisei rir. Ela bateu de leve no meu ombro. – O doutor só concedeu uns minutos excepcionalmente para o senhor subir, seu tempo acabou. – anunciou. Relutei em soltar a mão dele que segurava entre as minhas.
- Cuida bem dele, por favor! É tudo que eu tenho na vida! – pedi a ela.
- Vamos cuidar, não se preocupe! – isso não amenizou meu sofrimento.
Pedi uns dias de folga na empresa, não me concederam, sob a alegação que o JP não era meu parente direto, que amigos não justificam uma dispensa por assuntos médicos. Estive a ponto de admitir publicamente que era gay e que precisava ficar ao lado do homem que amava, mas o JP e eu não tínhamos nenhum vínculo oficial que garantisse esse direito. Foi quando me dei conta de que, na verdade, homossexuais têm poucos direitos e, se e quando os têm, criam-se inúmeros empecilhos para que não sejam cumpridos. Independente disso eu o visitava todos os dias na UTI nos horários previstos. Foram seis ao todo quando finalmente o extubaram e o transferiram para um quarto do hospital. Para mim foi um alívio, ele ia voltar em breve para casa e para mim, mesmo que ele não soubesse disso.
- Se o senhor não se acalmar e ficar restrito ao leito o máximo possível como o doutor mandou, vou pedir que o transfiram novamente para a UTI e o sedam para controlar essa sua teimosia! – ameaçou a chefe da enfermagem quando o JP começou a botar as manguinhas de fora já no primeiro dia no quarto, tumultuando o trabalho das enfermeiras.
- É ruim, hein! Tratem de apressar essa medicação que eu preciso voltar para casa, tenho milhões de coisas para resolver! – devolveu ele, emburrado como sempre.
- Cala essa boca! Volte para a cama e obedeça o pessoal da enfermagem, JP! Ninguém te aguenta mais, criatura! Vá ser chato assim no inferno! – determinei elevando o tom de voz como nunca tinha feito antes com ele.
- Até você resolveu me encher o saco! E que tom de voz é esse comigo, perdeu a noção do perigo? – questionou.
- É o tom de voz que precisa para colocar você nos eixos, e vou usá-lo o quanto for preciso para você tomar jeito. Anda, volta para cama que você ainda não está curado! – retruquei
- Espera eu recuperar as forças e vamos ver quem coloca quem nos eixos, seu veadinho assanhado! – revidou. – Você sabe muito bem que eu tenho uma empresa para tocar e não posso ficar aqui olhando para o céu sem fazer nada!
- Estamos cuidando disso para você, fique tranquilo! Vai encontrar a sua empresa exatamente no mesmo lugar em que a deixou. Mal das pernas, é verdade, mas nada que não tenha solução. – afirmei
- Como você sabe se tem ou não solução, virou adivinho? – perguntou petulante. – O que você quis dizer com, estamos cuidando disso para você? Estão se metendo nos meus assuntos particulares?
- Vou ter uma boa conversa com o médico tesudão hoje, vou pedir que ele te dope até você ficar bom, tenho certeza que ele vai atender o meu pedido mais que justificado.
- Vai o cacete! E quem é esse tal médico? Se te pego de gracinha com ele já sabe, é porrada nos dois! – eu ri, ele ficou puto.
- Fiquei íntimo dele enquanto você estava na UTI! Bem íntimo! – provoquei
- Não duvido! Desde a festa de despedida do Paulão você virou uma putinha. Não pode ver um macho que já lhe oferece o cu, seu puto! – despejou irado. – E eu aqui nessa situação sem poder fazer nada! Caralho! – acrescentou.
- Desde quando você foi autorizado a controlar a minha vida e o que eu faço? Que me conste não tenho nenhum compromisso com você, ou quem quer que seja! – eu queria vencê-lo pela exaustão, talvez caísse no sono e descansaria um pouco.
- Se é um compromisso que você quer, eu te dou um. O quê, um contrato, um casamento, ou o que mais? Se for esse o único jeito de você me obedecer. – resmungou
- Não vou te obedecer nunca, se é isso que está esperando! Nem namorando, nem casado, nem com contrato assinado! Sou dono do meu nariz e vai continuar sendo assim com o cara que eu escolher para ser meu parceiro. – afirmei
- Coitado desse infeliz! Vai ser corno a vida toda! – devolveu sarcástico.
- Não vai ser nunca! Quando fizer a minha escolha, serei só dele, meu amor será só para ele! – asseverei.
- Então trate de me escolher logo, antes que esse cuzinho fique mais largo que um túnel! – comecei a rir e, nesse exato momento o Henri e o Breno vieram para a visita.
- Qual a graça? Como vai o paciente rebelde? Enchendo o saco de todo o hospital? – perguntou o Breno
- Rebelde é o seu cu! – exclamou o JP
- Ele já está bem, a língua afiada como sempre! – disse o Henri
- Para variar ele estava me ofendendo, falou que se eu não o escolhesse logo como parceiro meu cuzinho ficaria mais largo que um túnel. Vê se alguém que está se recuperando de uma pneumonia grave tem essa disposição toda? – indaguei, todos rimos, menos o JP
- Seus putos!
- Contou para ele o que está rolando lá em casa todas as noites entre a gente? – caçoou o Breno
- Vocês que se atrevam a se aproveitar do Ravi na minha ausência!
- Não estamos nos aproveitando dele, acho que é o contrário! Ele está tão carinhoso, não é Breno? Agora que o cão de guarda não está no pé dele, ele é puro dengo e chamego. – pilheriou o Henri, entrando na brincadeira.
- Vou te mostrar quem é cão de guarda, seu puto! Tratem de manter essas picas bem dentro das calças se quiserem continuar com elas. – o JP ficava hilário quando tomado de ciúmes, era impagável.
- Nós até nos esforçamos para isso, mas você conhece o novo Ravi, o Ravi depois da festa de despedida de solteiro, ele é que não as deixa descansar. – tripudiou o Breno, nos fazendo rir ainda mais. De onde eu estava mandei um beijo pelo ar para o JP, irritando-o.
- Aproveita, seu putinho! Aproveita porque quando eu sair daqui não vou deixar uma prega desse seu rabão inteira, escreve o que estou dizendo. – esbravejou na minha direção. – Veado, puto!
Fazia um tempo, desde que soubemos que o JP estava com problemas na empresa dele que eu queria conversar com o meu pai para saber se ele tinha como ajudar. Liguei para ele quando o JP estava na UTI e expliquei a situação, embora não fizesse ideia de quais problemas ele estava enfrentando, nem a dimensão deles. Meu pai se prontificou a vir para São Paulo e fazer uma avaliação. No entanto, precisei responder a uma pergunta dele, assim que ele chegou e tivemos uma conversa cara-a-cara.
- Por que todo esse interesse com os problemas desse rapaz, Ravi? Vocês são colegas há muito tempo que eu sei, mas não é prudente se meter em assuntos pessoais sem o consentimento do JP, não acha?
- Eu jamais faria isso se não fosse necessário, pai! Só que além dos problemas que ele não divide com nenhum de nós e, com ninguém eu acho, porque se acha acima de aceitar qualquer ajuda, eu bem ... eu ... não sei como dizer isso, então lá vai! – não ia ser tão fácil como eu havia imaginado e nem ensaiado, quando fiquei frente a frente com meu pai precisando contar o que guardei em segredo por tantos anos. – Eu sou gay, pai! Isso só veio à tona recentemente, mas essa questão não vem ao caso agora. Eu estou apaixonado pelo JP, sempre fui, eu acho, mas desde que ele veio morar conosco fui tendo certeza que o amava. Nunca tocamos no assunto, para todos os fins somos apenas amigos. Porém, ele ter ficado tão doente tem muito a ver com os problemas que está enfrentando, e eu quero ajudar de alguma maneira. – meu pai tinha o olhar embasbacado, via-se que estava metabolizando a informação, e aquele silêncio repentino que deixou angustiado. – Pai! Desculpe jogar isso assim, sem nenhum preparo.
- Sua mãe e eu tínhamos as nossas desconfianças quanto a sua sexualidade, mas queríamos que você chegasse a uma conclusão por si só. Nós te amamos filhão, gay ou não! Eu vou ajudar seu amigo se for possível! – eu corri de encontro a ele e o abracei. Meus pais sempre tiveram a cabeça muito aberta, porém não esperava que me aceitassem com tamanha facilidade.
- Amo você, paizão! Obrigado! Obrigado por ser esse pai maravilhoso!
- Espero que o JP saiba o tesouro quem tem nas mãos e te faça feliz!
- Ele nem sabe que sou apaixonado por ele, vamos deixar as coisas como estão por enquanto. Ele já tem muito com que se preocupar. – afirmei.
Com a ajuda do contador do JP meu pai fez uma avaliação da situação e as notícias não eram nada boas, por isso não comentei nada com o JP durante as visitas no hospital. Ele ia me comer vivo quando descobrisse o que fiz, mas isso teria que esperar. A única solução a curto prazo para a empresa do JP era um sócio com capital, o que ele jamais aceitaria, conhecendo-o como o conhecia. Eu tinha boa parte desse capital nos meus investimentos, mas faltava um tanto, o que meu pai se prontificou a emprestar caso ele me aceitasse como sócio da empresa, pois ela tinha futuro com algumas pequenas mudanças na rota. Restava eu criar coragem para dizer isso ao JP.
Depois de mais uma semana confinado no quarto do hospital o JP teve alta e pode vir para casa, onde deveria se restabelecer por mais um tanto. Com a ajuda do Henri e Breno consegui mantê-lo longe da empresa e dos problemas que teria que enfrentar. Ao final desse período, estávamos nós mais desgastados do que ele com a trabalheira que nos deu para obrigá-lo a seguir as orientações médicas.
Tomado de coragem decidi contar que vinha transando com o Henri e o Breno. Foi durante o jantar no quarto dia depois que teve alta hospitalar. Estávamos todos ao redor da mesa quando soltei a bomba. Me sentia mais seguro com os dois ao meu lado caso ele tivesse um de seus ataques de fúria. Encarei os dois primeiro, procurando sua anuência.
- Tá rolando o quê aqui outra vez? Estão trocando olhares de novo e sei que isso não pode ser coisa boa! O que aprontaram agora? – perguntou o JP, enquanto eu ensaiava a melhor maneira de dar a notícia.
- Transei algumas vezes com o Henri e o Breno depois daquela noitada em que vocês três resolveram .... bem, você sabe muito bem o que vocês fizeram, não preciso ser mais explícito. – despejei.
- Eu sabia que só podia ser isso! Assumiu a viadagem e está dando o rabo a torto e direito para compensar os 27 anos que ficou virgem, não é veadão da porra? – questionou irado. – E vocês dois, quem precisa de inimigos quando tem dois traidores feito vocês metendo as rolas no cu do Ravi pelas minhas costas. Seus putos do caralho!
- Ao que consta, o Ravi é livre para fazer o que quiser, e nós também! Portanto, não vejo onde existe traição. – afirmou o Henri
- Vocês o foderam sem mim, está aí a traição, seu babaca!
- Epa, espera aí! Quer dizer que se o tivéssemos chamado para participar, tudo bem? – indaguei inconformado.
- Não estaria tudo bem, mas ao menos não seria uma traição! – respondeu ele
- Então eu posso dar o cu para quem eu quiser, contanto que você esteja participando, é isso?
- Não foi o que eu disse! Mas, tenho que estar presente e participando, foi o que eu quis dizer!
- Nem sei por que ainda perco meu tempo me explicando e me justificando para você. Estou com tanta raiva de você agora que podia te esganar! Sujeito truculento, insensível e ... e mais uma porrada de coisas! – despejei irado. – Pois bem, o que eu tinha a te contar era isso! Sou mesmo um idiota, devia ter ficado de boca fechada e continuar transando com quem me desse na veneta e você que se foda! – saí da mesa fui para o meu quarto. Aquele estrupício nunca que ia se declarar para mim, nunca que ia admitir, sem o fazer no meio de uma gozação ou num momento de ciúme, que me amava.
- Cara, você é a maior besta que eu já conheci! – exclamou o Breno, quando eu estava subindo a escada para o meu quarto.
- E eu estou para enfiar um soco na sua cara por ter metido essa pica no cuzinho do Ravi. Não diga mais uma palavra sequer ou parto para cima dos dois.
- É só vir! Se acha que alguém aqui, além do Ravi, tem medo das tuas ameaças, pode vir! – provocou o Breno. – Sabe pelo que o Ravi passou esses dias em que você esteve internado? Pois devia saber! Até se assumir gay na empresa ele quis para ver se conseguia uma dispensa para poder ficar ao seu lado. O cara fugia no meio do expediente, se arriscando a ser demitido para poder fazer as visitas na UTI nos horários liberados. À noite, saía do trabalho e ia direto para o hospital para ficar junto ao seu leito ouvindo suas grosserias e atendendo seus caprichos. Chegava em casa pela manhã com olheiras fundas, tomava uma ducha rápida, trocava de roupa e corria para o trabalho sem nem se alimentar direito. É esse o cara que você vive taxando de veado, o que ele é, sem dúvida; mas, que não deve ser qualificado por esse adjetivo, pois há inúmeros outros que o definem bem melhor. E, é esse o cara que acabou de ser o mais honesto e transparente possível com você contando o que fizemos, quando não havia necessidade alguma de o fazer. A vida é dele, o cu é dele, o que ele faz com isso não é da conta de ninguém. – completou.
- É isso aí, cara! Até parece que você gosta de fazer o papel do babacão com o Ravi, sem se importar com o quanto o magoa e fere! – acrescentou o Henri.
Minutos depois o JP batia na porta do meu quarto, não respondi e, quando tentou abri-la constatou que estava trancada, o que eu nunca fazia.
Na manhã seguinte ele estava a minha espera na cozinha, com uma cara de cachorro arrependido. Pediu desculpas, eu dei de ombros e fui trabalhar, não sem antes contar que tinha pedido ao meu pai para fazer uma análise da situação da empresa dele, o que fez seu semblante se transfigurar e eu sair correndo porta afora antes de ele ter um ataque e me trucidar pela ousadia.
Dias antes do JP receber alta do hospital eu estava tão entusiasmado e certo da paixão que sentia por ele, achando que ele sentia o mesmo por mim que fui a uma joalheria e comprei um par de alianças com o intuito de pedi-lo em casamento, ou algo do gênero. Depois do esporro que ele me deu, conjecturei não mais fazer o pedido e deixar tudo como estava. O Breno e o Henri me instigaram a não desistir.
- Você é doidamente apaixonado por aquele imbecil, vá lá e peça o babaca em casamento já que ele não sai de cima do muro e não assume o que sente por você. – disse o Henri.
- Será que ele sente alguma coisa por mim? A essa altura do campeonato não tenho mais certeza de nada. – devolvi
- Sente sim! Só é um cretino arrogante que tem medo de se declarar e levar um fora. Para ele, você nunca se interessou por ele, só por outros caras, daí esse ciúme doentio que alimenta em silêncio. – disse o Breno.
- E se for ele a me dar um fora? Puto do jeito que ele ficou quando contei o que fizemos, não seria de estranhar ele me dispensar.
- Aí você manda ele se foder, e escolhe um de nós. Garanto que de minha parte não vai levar nenhum fora, só vai receber tudo dentro! – afirmou o Henri com seu jeito atrevido e malicioso.
- Quanto a mim também, tudo dentro, e bem lá no fundo! – acrescentou libidinoso o Breno.
- Bando de tarados! – exclamei, afagando o rosto dos dois.
Entrei no quarto dele após o jantar munido da caixinha com as alianças. Ele estava no chuveiro. Para variar, as roupas que tinha usado estavam espalhadas por todos os lados; a cueca em cima da cama, o que me deu uma ideia. Despi-me só ficando de cueca, estiquei-me sobre a cama ficando imediatamente com a pele arrepiada só de sentir o cheiro dele impregnado nos lençóis e travesseiros. Foi debaixo de um deles que escondia a caixinha.
- Está fazendo o que aqui? – perguntou quando entrou no quarto só com a toalha enrolada na cintura e me viu deitado de bruços quase nu em sua cama.
- Esperando por você!
- Se acha que colocando esse bundão gostoso de fora vai conseguir me dobrar e não me fazer sentir puto com o que fez com aqueles dois traidores, está muito enganado! – sentenciou, embora tenha dado uma apertada no pau assim que olhou para a minha bunda.
- E se você acha que eu estou aqui para me explicar ou justificar mais uma vez, ou pedir desculpas pelo que fiz, está bem mais enganado do que eu! – revidei, me esfregando sensualmente na cama com a cueca usada dele presa na boca.
- Então está aqui por quê? Veio cheirar a cueca do seu macho? – indagou, não acreditando no que estava presenciando. – Cacete Ravi, qual é a da minha cueca na sua boca, usei-a o dia todo! Está me pondo maluco!
- Ela está com um perfume delicioso! Pensei que talvez você estivesse a fim de transar, afinal deixei você de fora das outras vezes. Isso se tiver forças para uma trepada depois da pneumonia.
- Tenho forças não só para uma trepada, mas para quantas eu quiser, seu veadinho oferecido! – o pauzão dele já estava tão duro que saiu pela abertura da toalha.
- Será? – provoquei, no mesmo instante em que comecei a arriar sensualmente a cueca expondo minhas nádegas, como fiz no dia em que protagonizei um streap-tease sobre o balcão na festa de despedida de solteiro, gingando o corpo e rebolando enquanto deslizava as mãos espalmadas sobre o corpo. Os olhos dele arregalaram sobre mim, consegui meu intento.
- Tá querendo levar rola nesse rabão, está?
- Se for essa que está dura no meio das tuas pernas, eu quero sim!
- Puto tesudo do caralho, dá uma de veado comigo e eu te mostro o que é arregaçar um cu feito o seu! – retrucou tomado pelo tesão que já não controlava.
- É esse o cuzinho que você quer, meu machão? – perguntei, empinando a bunda com as pernas afastadas o que lhe permitiu enxergar a rosquinha rosada no fundo rego liso.
Ele jogou a toalha longe e partiu para cima de mim como um garanhão sentindo o cio de uma égua. Abraçou meu tórax, se esfregou no meu corpo, mordiscou meu ombro, chupou minha nuca e procurou minha boca com a dele numa avidez frenética. O beijo foi demorado e nossas línguas bailavam entrelaçadas no calor do desejo. Gani alto quando ele socou o caralhão no meu cuzinho dilacerando as pregas que não tiveram tempo de se abrir e relaxar para receber sua tora enorme e grossa de carne insaciada.
- Isso, geme para o teu macho, geme veadinho gostoso! Era rola que tu queria, dá um jeito de aguentar essa se puder! – arfou junto ao meu ouvido, numa agitação desenfreada.
- Troglodita bruto! Vai me machucar desse jeito! – exclamei, gemendo de dor com o ânus sendo distendido além de sua elasticidade.
- Isso é para você saber quem é que manda aqui e quem é que obedece! Falei que ia te arregaçar o rabo e você duvidou que eu tinha forças para isso, então toma! – devolveu, socando forte e fundo no meu casulo anal.
Por incrível que possa parecer, em meio a toda aquela brutalidade, gostei de sentir a dor foi dando lugar ao prazer, o tesão que fazia meu corpo todo estremecer com a impetuosidade desenfreada dele, era algo que nunca senti. A cada estocada firme eu tinha a sensação do cacetão acabar saindo pela boca, varando as minhas entranhas. O sacão pesado dele batia contra as minhas nádegas e ditava o ritmo das estocadas, me fazendo gemer em agonia e prazer. Eu estava deitado debaixo dele com a bunda empinada, os braços abertos acima da cabeça, as pernas bem abertas sentindo o entra e sai arrebatado do cacetão no meu cuzinho distendido quando ele deslizou as mãos abertas sobre os meus braços até alcançar as minhas mãos que logo se entrelaçaram com as dele. Eu as apertava com força, como se fossem a minha taboa de salvação. Uma delas escorregou para debaixo do travesseiro onde estava a caixinha com as alianças.
- Que porra é essa? – perguntou ele quando a tirou da minha mão, parando imediatamente com o vaivém do caralhão que parou fincado no fundo do meu cuzinho.
Eu me virei na direção dele, abri a caixinha e lhe mostrei o conteúdo.
- Quer ser o meu homem pelo resto da vida? – a cara de surpresa e estarrecimento dele não podia ser mais engraçada.
- Do que você está falando, seu maluco?
- O que você ouviu! Estou te perguntando se quer casar comigo, ser meu marido, meu macho! É tão difícil entender o quanto eu te amo, seu brutamontes? – repeti, rolando de lado e ficando cara-a-cara com ele, o que fez o cacetão dele escorregar para fora do meu rabo.
- É sério, seu puto? Está me dizendo que me ama? Me ama tanto quanto eu venho te amando há um tempão? – indagou incrédulo
- Não vai começar a chorar agora, vai? – perguntei, ao ver seus olhos marejados.
- Vou chorar o caralho, veadinho! Quem vai chorar é você quando eu terminar de arregaçar esse cuzinho! – sentenciou, puxando cada uma das pernas para cima até eu as enrodilhar em sua cintura e, tornando a socar o pauzão no meu cu. – Vai me dar esse rabão todos os dias das nossas vidas, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza? – perguntou, se empurrando todo para dentro de mim.
- Vou, meu amor! – devolvi, antes de ele me beijar como nunca me beijou antes, lascivo, transbordando de paixão.
Esse beijo contraiu minha pelve e comecei a gozar, lambuzando minha barriga com os jatos de porra que não paravam de esguichar, enquanto eu gemia perdido no prazer. No mesmo instante, ele todo começou a se retesar, os bíceps nos quais eu me agarrava para suportar os impulsos da verga socando minhas vísceras ficaram tão duros quanto uma rocha, o arfar bufante dele começou a ficar entrecortado, ele me beijou convulsivamente, urrou e se despejou todo na minha ampola retal até ela ficar tão encharcada que começou a vazar.
Todo lépido e orgulhoso, ele anunciou na manhã seguinte, diante dos olhares incrédulos do Henri e do Breno, que eu era oficialmente o veadinho exclusivo dele, e ele meu único macho de agora em diante, usando exatamente esses termos chulos. Os dois não seguraram o riso, ele ficava patético quando queria demonstrar sua dominância sobre mim.
- Isso se a gente não resolver dar umas pegadas no Ravi de vez em quando, só para matar a saudade! – exclamou petulante o Breno.
- O primeiro que ousar pode se considerar um homem morto! – revidou prontamente o JP, o que só os fez rir mais descaradamente.
Supreendentemente, ele aceitou as sugestões do meu pai quanto às mudanças que precisariam ser implementadas na empresa para que voltasse a dar lucro. Também aceitou que eu entrasse como seu sócio capitalista, e até brincou com a situação no dia em que passei a figurar no contrato social da empresa.
- Sócio nos lucros e prejuízos e sócio no amor, agora está amarrado a mim e não pode fugir! – exclamou, diante do oficial do cartório e dos meus pais que vieram concretizar o negócio.
- Quem te disse que eu fugir de você? – perguntei. Ele não respondeu, só fechou a mão na minha nuca e me trouxe para um beijo apaixonado diante de todos.
Quatro anos seguintes, começaram algumas mudanças na casa que ocupávamos desde que fomos morar todos juntos. O Breno estava noivo há mais de um ano de uma garota que já fazia parte do nosso círculo de amizades, seguindo todos os passos que a família conservadora dela exigia quando, de uma hora para outra, depois de conhecer um carinha durante uma balada numa casa noturna gay à qual fomos todos, excepcionalmente, pois não éramos de frequentar redutos homossexuais rotineiramente, ele rompeu o noivado e começou a namorar o carinha. Gabriel era o nome dele, um cara que logo no princípio não escondia o quanto estava apaixonado pelo Breno. Formavam um casal lindo de se observar. Foram morar juntos no apartamento que compraram não muito distante da nossa casa. O Henri, que sempre foi o mais ousado e bagunceiro da turma, caiu de amores por uma garota que fora admitida recentemente na empresa em que ele trabalha. Estavam namorando também há cerca de um ano e meio quando resolveram casar, na maior caretice hetero que ele sempre abominou.
- Quem diria que o mais tarado e safado de todos ia virar um marido careta e daqui a pouco um papaizão coruja! – exclamei quando o cumprimentei no dia do casamento.
- Se por acaso esse babacão te deixar na mão algum dia, sabe onde procurar alento para esse seu rabão tesudo! – sussurrou no meu ouvido, dando uma amassada de mão cheia numa das minhas nádegas.
- Amo você, seu tarado incurável! – devolvi beijando sutilmente o canto de sua boca
- Nunca vou esquecer dos momentos prazerosos que você me proporcionou! – retrucou, lambendo meus lábios.
Nunca imaginei que o JP fosse ficar tão amigo do meu pai. O tempo que passaram juntos reestruturando a empresa os aproximou e ele passou a ouvir os conselhos do meu pai como um bom e disciplinado aluno. Para um sujeito que sempre agiu como se fosse o machão que não dependia de ninguém, aquilo foi uma reviravolta e tanto. Ao fim desses últimos quatro anos, depois que entrei de sócio, ele devolveu o dinheiro que meu pai me emprestou para completar a minha cota de participação, fazendo questão de agradecer pela confiança. Também devolveu a minha parte que, a princípio me recusei a aceitar, mas prevaleceu aquela sua vontade e obstinação de macho que ainda usava de vez em quando comigo.
- Se sou sócio não há porque me devolver o que investi. – afirmei
- Não discuta comigo! Vai continuar sendo meu sócio nas mesmas condições, no entanto eu quero e vou devolver cada centavo das economias que você fez e que colocou à minha disposição para me ajudar no momento mais crítico da minha vida. Você sempre me amou, não foi seu veadinho do caralho, e continua me amando e cuidando de mim com a mesma paixão de sempre. Você é tudo que eu tenho Ravi, é meu parceiro, é minha paixão, é meu amor, e é o veadinho mais tesudo e carinhoso que um macho pode desejar. – devolveu carinhoso.
- Amo você, seu troglodita!
- Então me prova, mama meu cacete e me entrega esse rabinho apertado. – eu não tinha mais porque adiar o que ardia em nossos corpos apaixonados.