Quando passeando pelas ruas da cidade, considerando um dia de temperatura suave, uma brisa refrescando, inevitavelmente iremos encontrar dezenas, talvez centenas de usuários de smartphone. É uma tradição viciante comprovada por quem quer que queira, bastando apenas olhar em volta ou mesmo agora lendo essas palavras. O uso diversifica. Mormente sejam temas vinculados com os relacionamentos, busca por companhia, interesse por sexo, curiosidades, enfim, uma gama imensa dentro do voyeurismo, do leve ao mais pesado, como nos casos de filmes adultos de sexo bem mais do que explicito. Consideramos os tempos atuais, o Século XXI em seu apogeu existência.
Não negava seu admirado gosto pelas revistas para adulto, com plásticos protegendo a capa, com letras garrafais “Proibido para Menores de dezoito anos”, aos quais com uma descrição fora do comum acabavam sendo adquiridas em bancas de jornais escolhidas por serem longe de sua área de lazer, das vistas de qualquer possível conhecido, mais ainda de um parente, e nem pensar da esposa.
Guardando-a em uma mochila, na bolsa, bem omissa no interior, percorria longa distância até chegar a um recanto seguro, na tranquilidade do quarto, do banheiro, ou qualquer esconderijo, para ser folheada com uma abnegação total não aos textos, ou reportagens, ou anúncios, porém, às fotos das mulheres esposas, donas de casa, noivas, namoradas, vizinhas, até mesmo das irmãs, tias, mães, que postavam em curto anúncio de busca por sexo, por aventuras, por um minuto de fama. As páginas viravam uma por uma agilmente com o olhar inquisitivo em uma especial, naquela que atendia o desejo íntimo, àquela que excitava com o membro enrijecendo de pronto.
As revistas masculinas, como a “Private”, a “Brazil”, a “Fiesta”, a “Club”, a “Ele Ela”, mesmo a “Playboy” e outras, direcionadas para o sexo, qual aos anos anteriores como as de Carlos Zéfiro, os “catecismos”, foram as formas de interagir com o voyeurismo tão em voga por todos.
A tecnologia e os avanços nos meios de comunicação, fizeram os costumes, a facilidade de acesso às informações, aos fatos, às fotos, terem uma revolução fantástica dando-nos a brevidade em realizar-se nas fantasias e desejos, dos mais pecaminosos aos mais proibidos, embora seja questionado essa modernidade toda.
Não há como renegar o uso da rede para atender sua fantasia, conquanto tempos passados as caixas postais, uma máquina fotográfica, eram necessários e sempre com uma delonga de tempo entre criar a fantasia e a realização dessas. Recordava certa oportunidade que seu amigo, Edson Guedes, tendo trabalhado em uma loja de equipamento fotográfico e revelações, ter mostrado algumas dezenas de fotos amadoras de mulheres nuas, casais, e outras fantasias, que foram abandonadas pelos seus autores anônimos. Presenteou-o com algumas, escolhidas à dedo, dentro de seus obscuros desejos sexuais. Nada absurdo, porém, pois essas os focos sempre os pés, as panturrilhas, as coxas, a bunda. Não apenas a centralização do seu objeto de cobiça, contudo, uma imagem ampla para então detalhar o seu prazer. Como a entrar no restaurante tendo diversas fontes de alimento e dentre tudo buscar pelo arroz e feijão, com fritas e um refrigerante tradicional.
Não explicava, não investigava a causa, apenas assumia essa fantasia de um Voyeur por ser tão agradável, tão gostosa. Remontavam-lhe nos áureos da lembrança infantil, adolescente, de cenas envolventes e proibidas, muitas censuradas e motivo para uma bronca fenomenal. Entretanto, quando percebeu que essas cenas trariam resmungos e por motivo desconhecido eram proibidas, tabu, imoral, passou a observar de maneira secreta, escondida, omissa dos demais olhares. Assim tornou-se um fã de olhar as primas tomando sol, de biquínis, ou vê-las dormindo de camisolas, mesmo as irmãs, a mãe, as tias e não quando de todas as mulheres que circundavam seu meio social.
Quando conheceu o sexo propriamente dito, com a relação, com o coito, percebeu que o orgasmo tão procurado era tão efêmero, curto, insignificante perante a um todo. Sempre ficava que a espera pelo presente tornava-se mais interessante do que o que continha na embalagem tão bem ornada. Casado, a esposa tornou-se toda a motivação de seus fetiches, dos pés a bunda, realizando-se nas fantasias. Com ela usando uma máquina fotográfica Kodak Instamatic 11 fez as primeiras imagens saciando sua sede de um voyeur Podólatra nada assumido e obscuro por medo das gozações e proibições. O problema sempre foi as revelações. Necessariamente, lembrando de seu amigo, vasculhava numa cidade grande como São Paulo, uma loja que revelava rapidamente para impedir que essas fotos acabassem nas mãos erradas. Afinal de contas, a esposa mantinha-se naquela de que as fotos “nunca seriam reveladas, mas apenas na brincadeira da hora”. Uma única vez viu-se obrigado a pedir a um cunhado mais parceiro de suas safadezas, que revelasse um filme de 36 poses, com fotos de sua co-cunhada numa tarde de domingo, toda acessa por efeito de alguns goles de vinho deixará fotografar de maneira desinibida, acabando por despir-se só não permitindo o rosto aparecesse. Mesmo tendo ficado com a co-cunhada nua na cama, daquela maneira que tanto o seduzia, o prazer das fotos foi maior. Nada fizeram dos prazeres que a carne proporciona nem um beijo, nem um abraço.
Esvaindo entre os dedos qual areia fina, o tempo passou celeremente trazendo muitas histórias, muitos altos e baixos, muitas alterações no estado civil e muitas realizações dentro do mundo sexual, dos pecados, das fantasias.
Com o advento da internet, o acesso ao submundo do sexo tornou-se real e cômodo, até demais, criando-se uma realidade virtual e uma falsa, dos “fakes”, de um círculo de amizade onde os objetivos são compartilhados e dado o devido valor. As fotos de máquinas transformaram-se em peças de museus, em “vintage”, assim como as revistas, naquela procura por fotos de mulheres amadoras sensuais, gostosas, interessantes. As cartas escritas manualmente, colocadas em correio, recebidas em caixas postais tão discretas, perderam espaço para o correio eletrônico. O mundo literalmente aproximou-se para todos e pronto para atender todos os pedidos.
O envelhecimento não apenas nos traz os sinais no corpo, mesmo que irrisório, imperceptível, mas a experiência e o conhecimento de si mesmo compreendendo e aceitando com mais facilidade os desígnios do corpo, da mente, do pensamento. Foi no acaso que chegou na Raquel, então denominada como Casal Exibido 69, um casal praticante do exibicionismo, no qual, na verdade, justamente a esposa posava como modelo. Qual nos tempos de caixas postais, correio, revistas, na modernidade, criou elos de amizade com casais, mulheres, homens, todos com algo em comum dentro das taras sexuais. Qual também um tempo de validade, desaparecendo no anonimato. Algumas dessas amizades não ficaram nenhuma recordação. Como que nunca houvera qual um sonho numa noite qualquer. Com a Raquel, mesmo pela distância, tão virtual, tão platônico, algo permaneceu. Graças a esse estranho relacionamento, esse fetiche, vingou uma amizade de mútuo interesse, o de exibir-se e o de observar.
Com o tempo a amizade virtual numa troca de confidências, fantasias, desejos, buscas, com ela profissionalizando em atender as fantasias dos homens, naquela de mulher casada, mãe, esposa, de uma classe social, que gosta de sexo e exibir-se, mostrar suas curvas, seu corpo, os seios, a bunda, as coxas, como também em situações de sexo com o marido, do oral ao anal. Um pouco de tudo visível a todos pelo uso na internet, bastando apenas busca-la nas redes sociais e nesse meio adulto, a RaquelExibida.com.
Entretanto, é outro lado que mais atendeu aos prazeres de tão remoto nascedouro, dos primeiros instantes, do voyeurismo. Quando encontrou uma imagem que atendia seu desejo, não pensou duas vezes para escrever no E-mail citado, denotando-a em sua beleza, em sua sensualidade e elogiando sua coragem em expor dessa maneira. Normalmente, nada de respostas a esses meios de comunicação. Todavia, Raquel respondeu. Pelos anos que vieram essa curiosa amizade virtual manteve, prescreveu a distância e rompeu numa velada sinceridade das partes. Podendo omitir-se como quem quer que seja faz normalmente, protegendo-se, passou a expor os desejos pelos pés, pela bunda, por posições eroticamente sensuais. Em momentos solitários, em verdadeiros devaneios de voyeur, criou a Raquel de seus sonhos, realizando-se nas suas fantasias, daquela maneira que tanto passou a deseja-la e querer satisfazer-se no corpo dela. Premia-se nas masturbações olhando-a na tela do monitor, em detalhes que não alterava, porém, assim desejava. Qual não chegando ao orgasmo numa “punheta” admirando-lhe o corpo, vendo obcecadamente os pés, as solas, numa sandália de salto, numa rasteirinha.
Naquele final de semana em outubro, naquela noite de sábado solitário em casa, quando abriu as páginas dos post da Raquel, vendo-a de vestido curto, rasteirinha, exibindo-se aos poucos o corpo, os seios, assim também aquela imagem de minissaia curta, regata, momentaneamente deixou-se levar pela fantasia... “ Olhando pela fresta da porta pode admirar-lhe dentro daquele vestido preto e tamanco de salto alto, ajeitando-se defronte o espelho. Não pode reter seu desejo pelas coxas, as pernas, os pés. Sua maior conquista sem sombra de dúvida fora Raquel. Como tivera sorte tê-la encontrado ao acaso e agora ali na sua frente, sua mulher, sua escrava, sua gostosa submissa amante.
Cautelosamente abriu a porta, olhando-a. Um sorriso malicioso de mulher safada, acariciando os seios e ventre.
-“Sim, Meu Amo. Aqui estou toda sua... O que queres de mim?” As palavras balbuciadas roucamente davam-lhe um sutil toque em sua sensual presença.
-“Deixe-me admirar teu corpo... Caminhe gingando o corpo, virando-se. Deixe te comer com os olhos...”
Raquel desfilou pelo solado do quarto, rebolando gostosamente o quadril. Parou junto a janela debruçando para fora, permitindo assim que suas coxas mostrassem mais pelo vestido erguido. Juntou as pernas e pés, sensualizando. Sabia que uma ereção por parte de teu Amante estaria ocorrendo. Sabia como uma boa e gostosa mulher que seu homem adorava vê-la assim, vasculhando-lhe as coxas, a bunda, principalmente os pés e as solas à mostra ao que elevava o corpo no peitoril da janela. Em pura hipnose ante tal visão, deixou-se no desejo, acariciando o membro enrijecido por dentro da bermuda. Acompanhou-a com o olhar passeando da janela à cama, onde sentou cruzando as pernas, deixando o pé direito pendente no ar, sensualmente balançando, brincando com o calçado.
-“Vem, beije meu pé...”
Qual não o prazer ajoelhando-se ante Raquel em pura idolatria, com o olhar em seu olhar, olhos lindos, em sua boca, lábios carnudos de desejo, os dedos tocando-lhe o pé, a perna. Sublime sensação em seu interior, a resposta para o sentido de vida, um orgasmo tântrico. Mais uma vez a ordem de beijar-lhe o pé. Submisso, levou a boca ao dorso beijando-lhe o pé. Com as mãos prendendo-o não intimidou em abocanhar dedo por dedo, num claro estado de elevação não física, porém espiritual. A bela Raquel apenas observou seu pé sendo adorado, com um sorriso nos lábios. Quando se colocou em pé, girou pelo quarto e deitou-se na cama, em decúbito ventral, com os olhos fechado. Tomado pela circunstância, pela excitação no interior de seu corpo, com o membro para fora da bermuda, ficou massageando em uma masturbação tímida. Ao seu mundo de voyeurismo, não era justamente isso o apogeu de prazer? A passividade da mulher em expor-se, exibindo-se gostosamente e tão impura, pudica, safada, causando um frenesi ao que a veem. Não é justamente esse fetiche o que todos os homens afirmam vendo-a, que não resistem em masturbarem-se até o gozo? A mão preenchia-se com o pedaço de carne exposto, massageando-o leve e de maneira cadenciada.
Carinhosamente puxou a barra do vestido olhando-lhe a bunda desprotegida de calcinha e as coxas. Percorreu pelas panturrilhas e aos pés no tamanco. Com as mãos apalpou as polpas alisando-lhe e abrindo o vão, mirando em seu orifício anal. Não contido baixou a boca e língua lambendo-lhe sua intimidade. Chegou a colocar a ponta dentro daquele cuzinho, com a bunda aberta de maneira afrontosa. Retirando o rosto de tão pecaminosa carne, permaneceu fixo admirando aquele pedaço de corpo, demoradamente, deslizando-se com as mãos espalmadas nas pernas, nas deliciosas panturrilhas, ao sonho de pés, aos quais acariciou pedaço por pedaço, tateando os detalhes, as curvas, o calor, o olor. Já em pé do lado da cama, viu Raquel ajeitando-se na cama e ficando de quatro, exibindo sua linda e gostosa bunda, onde mostrava impune a bucetinha, o cuzinho. Sentindo-se qual uma criança com montes de presentes, sem saber ao qual abrir primeiro, quedou-se de joelhos junto as solas e lambeu-as, beijou-lhe os calcanhares e baixou de vez a bermuda, colocando o membro nas solas prendendo pelo flancos os pés e passou a masturbar-se qual numa penetração. Sua visão percorria a cintura, a bunda, as coxas e fixavam no pau deslizando nas solas, nos pés de sua Musa. Não houve como reter os fluidos esparramando-se nas solas, em um gozo lacerante pela fantasia..”
Olhou assustado os jatos de esperma esvaindo pela glande espalhando-se pelo chão, acordando-o de seu estado de inconsciência sonâmbula pelo prazer do sexo, da carne. Fixou o olhar no monitor do computador, na imagem da Raquel exibindo seu corpo extremamente sedutor. Na outra imagem, os pés e numa terceira, seu rosto.
Percebeu de sua realidade mesclada nas lembranças de tantas outras vezes com as revistas pornográficas, em “punhetas”, o prazer da solidão. Inúmeras vezes, desde os seus dez, onze anos, vagava em pensamentos nas fantasias mais loucas com todas as mulheres que podia conhecer e após as aventuras na adolescência, esse incontido desejo pelos pés femininos. Por minutos, perdido nos pensamentos, vagou toda uma vida nessa sua insana busca pelo prazer, pelo dom ou maldição de Voyeur. Sorriu consigo mesmo após esse transe. Limpou-se com a camiseta e acessando a página de internet da Raquel, teclou em palavras que nasciam independentes de raciocínio.
“Querida Raquel, nessa hora não de solidão, porém de puro prazer contigo, nos devaneios insanos, ao que posso ter teu corpo, ousar nas carícias em tua bunda, tua vagina, teu cuzinho, deleitar-me nas suas coxas, sentir teus pés, masturbando qual adolescente ante uma revista de mulher pelada, não suportando mais, chego ao orgasmo. Não há como não ser tomado pelos pecaminosos desejos a ti, olhando-a na tela, os detalhes, as posições que excitam, principalmente por um Voyeur assumido as imagens em que não tira nenhuma peça do vestuário, contudo, mostra-se por demais a sua essência de mulher exibida que sabe que é sedutora. Justamente essas imagens que mais excitam o meu pensamento, causam delírios, causam um estado de torpor em ter querer, como agora, nas fantasias.”
Leu e releu as palavras. Redigiu isso ou aquilo. Teclou “enviar”. Suspirou e abriu nova aba na página, na qual Raquel realiza teus fetiches. Estranhamente, poucos entendem, menos compreendem, essa relação do objeto admirado e do observador, é uma linha muito tênue a causar sensações agradáveis. Compara-se com aquela leve coceira nas costas, mesmo incomoda, é gostosa, ou uma dorzinha no dente, leve, uma pontada, ao que misteriosamente agrada mesmo que incomoda. Olhar sem poder ter nas mãos semelha-se a isso. Mantendo-se concentrado à tela, ao teclado, escreveu por minutos sem mesmo respirar.
“Sim, Minha Gostosa Raquel, há de querer te vê-la numa primeira imagem sentada na cama, um vestido, uma camisola, pés num salto, unhas de um vermelho claro, oscilando levemente. Colocar-se-á de joelhos sobre a cama, empinando o traseiro, deixando o salto cair ao chão. As solas tão lindas, parcialmente para fora do espaço da cama, quando então o membro enrijecido, de teu marido, alisando-se nelas, acariciando com as mãos, até que tenha a gala nas solas, bem claramente vistas. Meu sonho para contigo, caso um sonho possa declinar para ti!”
Qual na mensagem anterior, releu e releu, redigiu erros, olhou-as demoradamente e por fim enviou.
Sentindo satisfeito, tomado por uma euforia engraçada de prazer por algo que não entendia o porque, pegou do maço de cigarro na gaveta e saiu para o quintal olhando o céu escuro, as poucas estrelas, o silêncio da noite. Por mais que não ousassem entender, a solidão sempre fora a sua melhor companhia. Nela todas as fantasias desse imenso Universo, como as junto a Raquel. Entre as baforadas uma plenitude deveras agradável em sua alma.
Algumas imagens precisam ser bem degustadas, deliciosamente saboreadas. Seu texto nos leva a ter esta experiência e a buscar conhecer e acessar as imagens da linda Raquel.
Como é delicioso ler um conto que te deixa com um tesão danado, votado é claro. Tenho contos novos postados, adoraria sua visita na minha pagina...bjs Ângela.
Difícil definir quais dos 7 sentidos do ser humano é o mais importante, mas a visão é uma maravilhosa sensação sem duvida, olhar uma mulher sensual e insinuante é tudo que você descreveu com muita propriedade e incrivel senssibilidade.