Filha de Lilith, a mulher se ergue,
Ciclos e luas, seu corpo em união,
Sangue e desejo, na dança que segue,
Mistério e poder numa só pulsação.
Os passos ecoam, firmeza no andar,
Cada gota vestida em remorso e coragem,
No asfalto quente, ela deixa seu lar,
Um ritmo ancestral, novamente a viagem.
As sombras a abraçam, a verdade é crua,
Na fetidez da vida, renasce a esperança,
Os desejos despertos, a alma que flutua,
No corpo que sangra, e a liberdade se lança.
Enquanto a noite se arrasta, lenta e serena,
Ela encontra seu espaço, um ato divino,
Nos sussurros da brisa, uma calma plena,
Entre o caos e a criação, desenha seu destino.
Lilith, a mãe, sorri lá do alto,
E ao sentir o pulsar da terra e do céu,
Esta mulher, destemida, abre o asfalto,
E ao pé da lua, transcende em um véu.
A rua suja agora guarda um brilho,
Entre o mal cheiro, flores de resistência,
Ela é a força, o amor e o filho,
De uma noite que canta sua essência.