Toxico -6-Final- Liberdade

Ola a todos novamente eu aqui Dr. Augusto para mais um desabafo. Ja fazem mais de cinco anos que eu conheci Gilberto. A princípio, parecia um conto de fadas moderno. Ele era jovem, bonito e carismático, com um sorriso que qualquer um se derreteria. Mas ninguém me alertou que por trás de tantos encantos existia uma mente manipuladora, fria e traiçoeira. Durante muito tempo, fui cego para isso, até que comecei a ver as rachaduras na fachada. Agora, estou tentando sair dessa, mas ele não vai me deixar tão fácil.
Após chorar muito e lamentar jogado no chão me levantei e fui para o banho, me lavei e ao ir para o quarto me vestir me olhei no espelho e não reconheci o Augusto de anos atrás. Óbvio que o tempo passa para todo mundo e as marcas do tempo são inevitáveis, embora hoje corrigíveis ou atenuadas com cirurgias, enfim a questão foi me olhar e em tão pouco tempo perceber que fisicamente eu estava “acabado”, desleixado. Novamente veio em minha mente as palavras e a forma como fui confrontado por Gilberto me colocando na frente do espelho. Não posso negar que ele tinha um pouco de razão, mas quem foi que me induziu a chegar aquilo? Quem me instigou a beber, fumar, a parar de me exercitar? E depois de tudo isso querer me tratar feito um lixo mesmo se aproveitando do meu dinheiro? aqueles pensamentos não paravam de girar em minha cabeça. meu celular começou a tocar, era Gilberto, mas eu não queria falar com ele, mensagens e mais mensagens e eu apenas vendo tudo pela barra de notificações sem abrir o app. mensagens cada vez mais ameaçadores, cade o homen carinhoso que eu me casei?
Gilberto entrou na sala, os passos pesados, como se quisesse que eu soubesse da sua presença antes mesmo de ele abrir a porta. Eu estava sentado no sofá, olhando para a tela do notebook, mas meu cérebro não processava nada ali. Era como se estivesse em um estado de transe, observando minha vida desmoronar sem poder fazer nada.
_ Augusto, você tá me evitando? O que é isso? Tá me ignorando?
perguntava de forma ignorante e ameaçador, nitidamente bêbado Gilberto.E continuava com sua voz ácida, mas com um toque de falsidade que eu já conhecia bem.
Eu respirei fundo, tentando manter a calma.
_Gilberto, nós precisamos conversar…
Ele se aproximou, largando a mochila no chão com um estrondo.
_ Já sei. Você vai dizer que quer terminar, não é? Não adianta. Eu já sabia que isso ia acontecer. Você é fraco demais, Augusto!
Eu olhei para ele, os olhos pesados. Eu estava cansado. Cansado das manipulações, das mentiras, das promessas quebradas. Ele havia me empurrado para o fundo do poço, com suas constantes manipulações emocionais e mentiras. Eu estava perdendo tudo: minha saúde, meu trabalho, meus amigos… e a única coisa que me restava era a coragem de dar o primeiro passo para fugir.
_ Eu quero terminar, sim!
Falei, agora olhando diretamente em seus olhos.
Ele riu, mas a risada era fria, venenosa.
_ Achou que eu não sabia? Você vai acabar comigo, é isso? Sabe o que vai acontecer se fizer isso? Você vai se arrepender.
_ Eu não me arrependo, Gilberto. Não posso mais continuar com você. Não faz mais sentido.
Ele levantou-se de repente, os músculos tensos.
_Não vou deixar você me abandonar assim. E você sabe disso, né?
O que aconteceu em seguida foi algo que eu nunca vou esquecer. Ele pegou meus braços e apertou olhando fixamente nos meus olhos e começou a proferir um monte de coisas feias, sordidas.
_ Vai me deixar para que, hem? Acha que alguém vai querer ficar com um “mediquinho” frustrado como você? um gordo frouxo que se deixa levar por qualquer um? Um homen medíocre que mal satisfaz seu próprio marido na cama? Porque acha que tenho que sair por ai em busca de sexo? Hem? porque você não da conta do recado!
Gilberto continuou com palavras de baixo calão me xingando e me diminuindo cada vez mais me sacudindo e apertando até que mesmo chorando e amargurado por dentro eu retruquei e ele respondeu com um soco. A fúria nos seus olhos não era mais disfarçada.
_ Agora você vai me pagar. Vai aprender a não brincar com fogo.
Por sorte nesse momento o interfone toca eu corro até ele e peço ajuda ao porteiro, já ligando devido a reclamação dos vizinhos. Gilberto ainda me desferiu alguns socos e chutes, mas ao perceber que o porteiro do outro lado estava chamando a polícia saiu correndo do apartamento. pedi para o porteiro não liberar mais a entrada de Gilberto ainda assim fui até a polícia registrar um b.o., sim tive que ir a polícia, não viriam por briga doméstica envolvendo dois homens, porque? Eu poderia ficar horas aqui debatendo esse assunto, mas acho melhor voltar a historia.
Alguns dias depois Gilberto tentou voltar ao apartamento, mas foi impedido.
_ Olha ele virando machinho, sinceramente não pensei que iria me enfrentar.
_ Você está fora da minha vida, Gilberto. Eu não quero mais você aqui. E não vou permitir que você destrua a minha vida.
_ Eu sou sua vida esqueceu?
Debochou Gilberto.
_ Some!
Ele riu de novo, mas dessa vez, a risada não soou como uma provocação. Soou como uma ameaça.
_ Acha que não sei dos meus direitos? Se você prefere realmente assim, eu vou, mas vou levar tudo o que é meu por direito! Você vai ver, Augusto. Vai ver.
Depois de expulsá-lo, as coisas começaram a ficar mais estranhas. Eu tinha começado a me recuperar. Parecia que finalmente eu estava livre de sua influência. Mas Gilberto não estava pronto para me deixar ir. Ao perceber que eu não tinha nada no meu nome a não ser meu carro ele começou a aparecer em lugares onde eu jamais imaginaria. Um congresso médico, onde eu estava tentando me concentrar em minha carreira. Ele estava lá, me observando com aqueles olhos penetrantes.
_ Está se achando, é? Acha que vai mesmo se livrar de mim fácil assim, Doutorzinho?
Disse Gilberto, em tom de escárnio, ao me encontrar no corredor do hotel onde acontecia o evento.
_ Agora, é o trabalho que vai salvar sua vida? Você vai se afundar nesse emprego enquanto eu fico aqui fora, vendo sua queda se lembra quem te amparava quando você dava seus chiliques de insegurança?, por bebedeira, por n-e-g-l-i-g-ê-n-c-i-a? Seria uma pena se alguém denunciasse, não acha?
Eu tentei manter a calma, mas a irritação estava tomando conta de mim.
_ O que você quer de mim, Gilberto? Por que não pode simplesmente me deixar em paz?
_ Porque você nunca vai ser nada sem mim. Eu vou estar onde você estiver, Augusto. Na sua cola, no seu trabalho, nas suas viagens, em qualquer lugar. Você não vai escapar de mim. Ate eu ter o que eu mereço, o Status que eu mereço, o dinheiro, a vida, o luxo, tudo o que eu investi em você eu quero de volta.
_ Investiu? Todos estes anos você nunca trabalhou, nunca entrou com um centavo nesta relação.
_ E meu tempo, minha dedicação, meus elogios, minha juventude?
Ele se aproximou, e o cheiro do cigarro, que eu havia deixado de fumar por meses, veio em minha direção, trazendo com ele uma onda de lembranças. Lembranças de noites em que eu bebia e fumava ao lado dele, tentando esquecer as humilhações, as manipulações. Como ele sempre tinha o controle. Como ele me aprisionou em uma vida que eu agora odiava.
_ Você está perdendo, Augusto. Está perdendo seu controle. Eu vou estar lá, em cada momento, e você vai se afundar mais, eu sei disso.
_ Ele sussurrou antes de se afastar.
Eu sabia que precisava cortar completamente o contato com ele, mas ele não me dava descanso. Depois da ameaça no congresso, ele apareceu em um restaurante onde eu estava tentando jantar com um novo amigo. Ele entrou, viu onde eu estava e foi direto até a minha mesa, como se tivesse o direito de invadir minha vida ainda.
_ Agora você acha que pode ser feliz sem mim? Não vai dar certo. Olha o que você se tornou, um médico triste e vazio, sem nada.
Eu me levantei de repente, já sem paciência para o jogo dele.
_ Chega, Gilberto. Eu não sou mais sua presa. Me deixe em paz!"
Ele me olhou com aquele olhar vazio, como se estivesse medindo minha reação.
_Tudo bem, Augusto. Só lembre-se: eu sou o seu fantasma agora. Não tem como se livrar de mim.
Saímos do restaurante e, pela primeira vez em anos, senti uma leveza. Mas sabia que Gilberto não ia desistir. Não tão cedo. E eu não poderia me livrar dessa ameaça sozinho.
Me reuni novamente com meu pai e com meus advogados, medida de proteção, e orientações para me mudar foram cogitadas, mas eu não queria fugir. Dr. Sebastian um jovem advogado disse que iria continuar a cuidar do meu caso, mesmo com sua viagem para o exterior iria fazer um curso e no desenrolar da conversa juntamente com meu pai conseguiram me convencer a fazer especialização no exterior ser médico pediatra sempre foi minha intenção. Meu pai disse que me auxiliaria, mas como um empréstimo. Pagou todas as dívidas com o cartão. pegou de volta o apartamento e o alugou para outras pessoas.
Fui para a Europa, após alguns meses Dr. Sebastian retornou ao Brasil enquanto eu continuava minha especialização, mas não perdemos contato muito pelo contrário ele passou a me visitar regularmente. Eu voltei a me exercitar, continuei o tratamento de psicanálise, parei definitivamente de fumar e beber. Fiz um tratamento capilar, não sei se pelo estresse eu já estava ficando bem calvo, enfim voltei com minha auto estima e vida em crescimento.
_ Sebastian? o que esta fazendo aqui? porque não disse que viria?
_ Resolvi de ultima hora, vi uma promoção e… nossa como você esta lindo!
Disse o Dr. Sebastian me beijando de uma forma inesperada na boca.
_ Desculpe eu… acho que me empolguei.
_ Não é que eu… eu…
Não consegui encontrar palavras, apenas beijei novamente Sebastian que ainda estava na porta do apartamento em que eu morava no exterior. Foi entrando me beijando e assim deitamos no sofá nos beijando e rindo como dois adolescentes. Eu já tinha algum tempo que não transava com ninguém, mesmo que meu corpo estivesse voltado ao normal eu ainda estava inseguro, mas Sebastian foi um cavalheiro. Foi aos poucos me despindo beijando e cheirando cada parte do meu corpo, toques, beijos e chupões foram se intensificando até estarmos eu total encontro de corpo e alma frenéticos,
Ao voltar ao Brasil, pois eu amo meu país, engatei oficialmente um relacionamento com Sebastian, pensando estar livre de Gilberto, na verdade eu já nem pensava mais nele. abri uma clínica e para minha surpresa não sei como ele aparece por lá, com suas ameaças. Obvio que chamei a policia, mas até que eles chegassem, Gilberto fugiu. Voltou a minha insegurança, mas não seria por muito tempo, pois agora eu tinha um homen ao meu lado, alguém que me protegia e gostava de mim por quem eu era e não pelo que eu tinha.
Sebastian sem que eu soubesse, soube depois, entrou em contato com o traficante com quem Gilberto teve um caso com seu irmão e o denunciou, mandou fotos e informações de onde ele estava.
Gilberto estava em meu carro com um carinha dentro o qual ele ja estava planejando dar o golpe quando é cercado por dois carros. a porta do carro da frente se abre:
_ Hora hora se não é o grande Gilberto!
Diz Tião Caolho.
_ Eu vou te pagar, eu vou te pagar!
Diz ja com a voz tremula Gilberto.
_ E quem é o figura ai, hem? Gilberto? cúmplice ou mais um trouxa?
_ Eu não conheço, eu não conheço, sai, sai sai!
Expulsa Gilberto o cara de seu carro que sai correndo.
_ Se lembra do meu irmão viadinho, Gilberto? Aquele que você deu golpe e fugiu não só com roupas, carro, mas também com umas “paradinhas” minhas se lembra?
_ Olha só Caolho, foi um mal entendido eu nem sabia que…
Caolho nem deixou Gilberto terminar de falar e já socou a cara dele, varios socos depois Caolho jogou Gilberto no banco do carona e seguiu com o carro até um terreno baldio na área rural da cidade, lá espancou Gilberto depois de fazê lo transferir todo o dinheiro que ele tinha em contas retiradas de trouxas que ele seduzia e de presentes que ele recebia.E não demorou muito para que Gilberto aparecesse estampando as fotos dos jornais morto a tiros após uma longa e dolorosa “conversa”, com Tião Caolho.
Confesso que mesmo após tudo o que ele tinha me feito fiquei chocado com a brutalidade de sua morte, mas eu não queria perder mais nenhum segundo me lembrando de alguém como Gilberto.
Com o apoio de Sebastian, apoio no sentido de encorajamento, torcida, indicações de profissionais de marketing, jurídico e cumplicidade meu consultório estava cada dia com mais resultados positivos, logo sai do hospital que eu trabalhava e ampliei meu empreendimento não apenas atendendo, mas criando uma clínica pediatra onde eu atuava como médico e contava com o auxilio de outros profissionais como sócios e funcionários. Acertei as contas com meu pai, que apesar de não aceitar bem minha sexualidade esta tranquilo por saber que agora tenho um companheiro de boa índole, independente em todos os sentidos, um excelente advogado que me incentiva, me apoia e principalmente me ama como eu mereço ser amado.
_ E ai para onde quer ir nas próximas férias?
Me pergunta Sebastian me abraçando por trás cheirando e beijando meu pescoço enquanto admiro a vista do hotel para o mar grego.
_ Ja está planejando as próximas férias? mal iniciamos estas.
_ Sou um cara que pensa no futuro.
_ E que tal aproveitar o presente?
Digo beijando Sebastian e o levando para o ofurô onde transamos enquanto bebíamos vinho e aproveitamos um cenário de filme.

Fim!