Me lembro de quando éramos crianças. Meu irmão e eu vivíamos grudados, mesmo com seis anos de diferença. Onde Arthur ia, eu estava logo atrás. Ele era meu herói, meu ídolo. Crescer ao lado dele era como viver à sombra de uma estrela brilhante. Quanto mais o tempo passava, mais eu o admirava.
Tudo mudou quando Arthur entrou para a faculdade. Aos vinte anos, ele se mudou para uma cidade maior, e o distanciamento físico logo virou algo mais profundo. Os telefonemas diários se tornaram semanais, depois esporádicos, até que, por vezes, não nos falávamos por meses. Ele dizia que era falta de tempo. Faculdade, estágio, a vida corrida. E eu, na minha ingenuidade, acreditava.
Cinco anos se passaram, e, finalmente, Arthur voltou. Agora formado em Geografia, havia passado em um concurso público e voltava como professor. A notícia de seu retorno encheu minha família de alegria, e comigo não foi diferente. Estava ansioso para recuperar a relação perdida. Dividiríamos o quarto novamente, como nos velhos tempos.
A festa de boas-vindas foi grandiosa, mas o Arthur que vi naquele dia já não era o mesmo. Ele parecia outro homem: mais encorpado, os músculos dos braços e ombros evidentes sob a camisa justa. A barba densa emoldurava o rosto de traços firmes, e sua voz grave parecia carregar uma autoridade natural. Seu jeito era mais sério, mais reservado. Durante o jantar, percebi o quanto ele estava fechado sobre a própria vida. Eu, na euforia do reencontro, deixei passar até o fato de que não mencionei algo importante: meu relacionamento.
Eu estava namorando. E não era qualquer relacionamento. Estava com Fernando, um homem, Bonito, atraente, belo sorriso, abdomem perfeito e bem dotado se é que me entendem. E, embora meus pais desconfiassem, nunca havíamos discutido o assunto abertamente. Decidi que o almoço de domingo seria o momento perfeito para apresentá-lo. Meus pais reagiram como eu esperava. Meu pai quase engasgou, e minha mãe, mesmo com os olhos marejados, garantiu que só queria minha felicidade. Já Arthur foi diferente. Com um semblante impassível, disse que me apoiava, mas algo na sua postura me deixou desconfortável.
Conforme os dias passavam, Fernando passou a frequentar nossa casa. Tudo parecia normal, até que comecei a perceber algo nos olhares trocados entre ele e Arthur. No começo, achei que fosse coisa da minha cabeça, afinal meu irmão era hetero, ao menos era o que ele dizia, mas pequenas atitudes começaram a chamar minha atenção.
Arthur, que no início andava sempre vestido, agora parecia à vontade demais. Ele começou a andar sem camisa pela casa, revelando um peitoral forte, levemente peludo, que parecia capturar a atenção de Fernando sempre que o via. Seus ombros largos e o abdômen definido eram um contraste gritante com a imagem do irmão que eu tinha na memória.
Certa vez, voltando da cozinha com um copo d’água, deparei-me com os dois na sala. Fernando estava sentado no sofá, e Arthur estava em pé, próximo demais, inclinado para pegar algo no rack da televisão. O short folgado de Arthur subia enquanto ele se inclinava, deixando à mostra uma parte da coxa musculosa. O olhar de Fernando era inegável. Ele o devorava com os olhos. Quando Arthur se levantou e percebeu que eu estava ali, sorriu, como se nada tivesse acontecido.
_ Tá tudo bem, Baltazar?
Perguntou, despreocupado.
_ Tudo bem sim, por quê?
Respondi, sentindo algo estranho.
Os dois trocaram olhares cúmplices, Arthur ajeitou seu pau nitidamente excitado entre as pernas tentando envão disfarçar. Ja Fernando logo mudou de assunto, tentando parecer casual.
Com o tempo, os episódios começaram a se tornar mais frequentes. Um dia, enquanto eu estava estudando no quarto, ouvi o som da ducha ligada no banheiro. Achei que fosse Fernando, mas estranhei a porta estar entreaberta. Sem cerimônia entrei...
_ Porque você não trancou a port...
Mas ao entrar, dei de cara com Arthur saindo do banho. Ele estava completamente nu, enxugando o cabelo com uma toalha, sem nenhum pudor.
_ Caramba, Baltazar, bate antes de entrar!
Exclamou, mas não se apressou em se cobrir.
Meu olhar caiu instintivamente sobre seu corpo. O peitoral firme, o abdômen bem definido, os pelos que desciam pela barriga... Tudo parecia proposital. Ele finalmente enrolou a toalha na cintura e sorriu de canto.
_ Relaxa, sou seu irmão. Não tem nada que você já não tenha visto.
_ A questão é que não estamos sozinhos em casa né?
Saí do banheiro incomodado, mas o que mais me perturbava era o olhar de Fernando, que estava no corredor. Ele tinha visto tudo. E o sorriso discreto que ele deu para Arthur me fez sentir que eu estava sendo traído, mesmo sem provas.
Quando o confrontei, Arthur se fez de ofendido.
_ Tá maluco, Baltazar? Você acha que eu faria algo pra te magoar? Você tá inventando coisa na sua cabeça! Alem disso o boiola aqui é você!
E Fernando, por sua vez, apenas dizia que eu estava exagerando, que Arthur era só seguro de si e não tinha culpa de ser bonito.
O ápice aconteceu em uma noite qualquer, quando voltei mais cedo do trabalho devido a um acidente que causou queda de energia na empresa. Quando cheguei em casa as luzes estavam apagadas, mas ouvi risadas abafadas vindas da sala. Me aproximei em silêncio e vi Fernando e Arthur no sofá, próximos demais. Arthur estava deitado, com a cabeça no colo de Fernando, que deslizava os dedos pelos cabelos dele.
_ Tá confortável aí? – Fernando perguntou, rindo baixo.
_ Você nem imagina
Respondeu Arthur, com a voz rouca.
Quando me viram, se levantaram rapidamente. Fernando tentou disfarçar, dizendo que estavam assistindo a um filme e que Arthur estava apenas cochilando. Arthur, mais uma vez, agiu como se fosse absurdo eu desconfiar.
_ Qual é o seu problema, Baltazar? Eu sou seu irmão! Nunca faria nada com o Fernando ele é como um irmão pra mim.
A tensão era palpável, mas não havia como provar nada... ainda.
Fernando tinha passado a noite comigo, levantei cedo e fui trabalhar deixando meu namorado só de cueca dormindo.
Queria ter aproveitado mais, porem só pude fazer um boquete rapidinho ou eu me atrasaria, porem aquele de fato não era meu dia de sorte. Meu pneu furou e tive que voltar em casa.
Ao chegar em casa e entrar na sala já começo a ouvir estocadas e gemidos.
Será que meu irmão trouxe alguma garota aqui para casa? Pensei em deixar minha mochila no sofá e ir para a casa de Fernando, mas a curiosidade de saber quem era que estava no quarto com meu irmão foi maior.
Com cuidado para não fazer barulho fui até o quarto, chegando lá coloquei o ouvido na porta e o barulho que vinha lá de dentro era intenso de estocadas e gemidos, mas as palavras não davam para ser identificadas apesar de que a voz aquelas vozes não me eram estranhas uma era certeza de que era a do meu irmão, mas a outra… era familiar mas de qual garota? Estava ali, eu conhecia, mas não conseguia associar.
Tentei olhar na fechadura, mas a chave estava na porta. Por debaixo da porta eu não conseguia ver muito adiante dentro do quarto, mas percebi que a janela estava aberta e o mais rápido possível tentando fazer o mínimo de barulho possível dei a volta para finalmente descobrir quem meu irmão estava fodendo.
A janela estava logo ali, com cuidado me aproximei, fiquei de baixo da janela e fui subindo a cabeça até conseguir olhar para dentro do quarto e ver meu irmão nú com uma perna flexionada na cama e a outra no chão segurando a cintura e metendo sem dó no cu do passivo que gemia feito uma puta fazendo caras e bocas mordendo os lábios de quatro na cama.
_ Fernando?Joaquim!
Gritei indignado.
_ Bal? O que você está fazendo aqui essa hora?
Gritou Fernando vindo em direção a janela.
_ O problema então é eu estar aqui a essa hora? Seu filho da puta! ou melhor sua puta safada! Com meu próprio irmão? Como você pode?
_ Baltazar, olha eu posso explicar…
Diz meu irmão vestindo um short.
_ Explicar? Explicar o que ? Que estava comendo meu namorado? Obrigado irmão, acho que já percebi. Sou corno, idiota, mas cego ainda não.
A discussão foi se inflamando, meus pais chegaram, meu irmão jurou que era hétero e aquela foi a primeira vez. Mentira, depois descobri que os dois já estavam tendo um caso por meses e meu irmão era no mínimo BI desde que se mudou manteve relações com seus colegas de apartamento.
O resultado foi eu me mudar, aluguei um cômodo e fui morar sozinho, meu irmão também se mudou da casa dos meus pais e nossa relação nunca mais foi boa desde então.
Nossa cidade é uma cidade pequena então alguém interessante homo não é muito comum. Quando há festas aqui ou nas cidades próximas é que abrem possibilidades para um flerte ou quando alguém se muda para cá ou vem visitar parentes, mas meu irmão vive agora disputando comigo parece perseguição espero logo passar no vestibular para dar um tempo dessa cidade.
Pega o seu irmão e desconta toda essa raiva nele, vocês já são irmãos e ter uma relação dessa vai ajudar na parceria de vocês. Votado
Muito bem escrito, com um tema complexo para processar. Muito bom!