Terminada a louça e nada de Gui terminar de se aprontar. Vou ate o quarto de Guilherme para agilizar.
_ Vamos garoto tá se arrumando tanto pra quê? É casamento ou trabalho?
_ Não é porque é trabalho que preciso ir de qualquer jeito né Samuka?
_ Sei…
Sentei na cama de Gui e algo me chamou atenção.
_ Ué que relógio é esse aqui?
Guilherme que estava em frente o espelho ficou mais branco que ele já era olhando para o relógio em minha mão e gaguejando falou:
_ E… esse relógio é…é… é meu ué, na verdade era do meu pai. Isso do meu pai, mas ele me deu para eu andar “feito homem” lembra quando ele apareceu aqui do nada com minha mãe e me obrigou a comprar roupas novas e tudo?
_ Há sim verdade, lembro que sua mãe quase pois fogo em todas as suas roupas, eu consegui salvar algumas dizendo que eu ficaria com elas. Nossa foram dias de terror aqueles.
_ Nem me lembre, me arrepio só de pensar.
Abracei Guilherme ambos com os olhos marejados de nós lembrar da intolerância dos pais de Gui.
_ Agora chega já passou, somos fortes.
Digo limpando as lágrimas de Guilherme.
_ É verdade, somos mesmo. Vamos antes que nos atrasemos mais.
Fomos saindo de casa e perguntei a Guilherme.
_ Porquê ficou com o relógio, lembro que depois da briga você queimou todas as fotos e coisas que seus pais lhe deram. Porquê não jogou fora o relógio?
_ É porquê??? Porquê estava guardado do guarda roupa achei tem pouco tempo. Enfim olhei coloquei no braço, mas realmente não tem nada haver comigo.
_ Ok.
Achei melhor encerrar o assunto, as lembranças dos pais de Guilherme não eram as melhores, apesar de boa parte do que Guilherme tinha dito fosse realmente verdade, a parte do relógio não me descia, tinha alguma coisa errada ali, eu conhecia aquele relógio, mas logo eu tiraria a limpo minhas desconfianças.
_ Vamos, vamos galera entrem rápido porquê daqui a pouco vamos ter treinamento.
Sinceramente eu não sabia se ficava feliz ou triste com a notícia. Feliz por ficarmos sem atender aqueles clientes enjoados, mas triste por ter que ficar naquele treinamento entediante que geralmente traziam mais dúvidas que esclarecimentos.
Mas não tínhamos escolha, depois de algum tempo atendendo começamos a ser liberados em pequenos grupos para o treinamento para não impactar o atendimento.
_ E aí Italo acalmou a fera ontem?
Guilherme perguntou a nosso amigo.
_ Cara foi tenso, vocês viram né? A Leonardo está puta com a história de eu fazer entregas.
_ Mas porquê? Qual o problema? Você precisa do dinheiro.
_ Foi o que eu falei pra ela, eu preciso desse dinheiro, até eu me formar preciso dar meus pulos.
Diz inconformado Italo.
_ Mas ela tem medo de quê irmão? De você cair de moto, se machucar ou ciúmes?
Pergunta Valesca.
_ Também, mas o principal segundo ela é porquê não estou dando atenção suficiente pra ela. O que não é completamente mentira, mas temos que fazer alguns sacrifícios, não é fácil para mim também.
_ Te entendo irmão a minha é do mesmo jeitinho, parece que esquece que além de nós duas ainda tem mais quatro bocas para alimentar, casa, prestação do carro, da moto.
_ Sério Valesca não sei como você consegue sustentar sua mulher e os filhos dela.
_ Na luta irmão, na luta!
Responde Valesca dando tapinhas nas costas. Para contextualizar para vocês Valesca é uma mulher forte, lésbica bem estilo caminhoneira morena jambo que assumiu uma mulher com três filhos.
O resto do dia passou arrastado tomei um bom banho depois da soneca da tarde e fui para a faculdade.
Entrei na sala de aula fazia exceto por uma pessoa, tudo estranhamente silencioso, exceto pelo som ritmado das nossas respirações. Estávamos sozinhos na sala, próximos, tão próximos que eu podia sentir o calor do corpo dele, quase como se fosse meu. Os olhos castanhos dele encontraram os meus, profundos e intensos, e havia uma pausa carregada de expectativa, como se o mundo ao nosso redor tivesse parado de girar só para observar.
Ele aproximou lentamente o rosto dele do meu, e eu me vi incapaz de desviar o olhar. Sua boca se abriu para ele falar algo, mas antes que ele emitisse algum som se afastou de mim devido a presença de Clarissa entrando na sala. Clarissa talvez percebendo o clima da sala me lança um olhar de poucos amigos, mas não dou palco para ele finjo nada perceber. Sento em meu lugar e a aula se inicia após a chegada dos demais alunos.
Continua…
Autor: Mrpr2