Me levantei e fui até a sacada. Olhei a rua e pensei em tudo, em nada, em mim, nele, nela, naquilo tudo... Era simples assim. Claro que ela usaria de todas as suas armas, e uma delas era levá-lo prá cama. Tentar despertar nele o desejo de novo. Eu temia isso desde o início, mas pensei de ele conseguir resistir mais tempo...
Ele se chegou perto, por trás. Encostou sua mão no meu ombro. Não recuei. Fechei os olhos e me virei, encarando-o de frente...
- E agora? O que você quer fazer?
- Como assim?
- Você quer ficar com ela ou comigo?
- Claro que eu quero ficar contigo. Foi fraqueza, cara.
- E qual a chance disso se repetir, se é que te fez mal?
- Nenhuma, Bruno, prometo. Eu não quero te trair. Não quero que se sinta traído.
Eu respirei fundo, e falei coisas que jamais pensei que conseguisse falar, tão claramente assim, numa situação como essa.
- Daniel, não sou moleque. Tenho plena convicção de que eu a traí primeiro.
- Hã?
- Fisicamente sim, cara. Nós transamos quando você ainda estava oficialmente com ela, certo?
- Certo.
- Vou ser claro, velho... Isso não te isenta, porque tem uma grande diferença - eu espero - entre os dois momentos. Você sabe disso né?
- Sei Bruno, sei sim.
- E qual é então?
- Eu não a amava quando a traí. Não senti essa culpa que estou sentindo agora.
- Certo. Mas provavelmente você a magoou da mesma forma que me magoou agora.
- Da mesma forma?
- Porque não? Quem sou eu prá questionar o que ELA sentia por ti?
Ele só gemeu.
- Dani, escuta aqui. Eu tô arrasado por dentro. Chateado prá caralho. Magoado sim. Esperava mais de você, confiava mais em mim.
- Ah, Bruno...
- Mas eu hoje tenho certeza de uma coisa cara. Eu te amo. E sei que isso foi uma armadilha, apesar de ter te avisado muito.
Ele me olhava, cara de cachorro sem dono.
- Se você me ajudar cara, eu te perdôo sim. Mas vou precisar muito da sua ajuda.
Ele me abraçou, e juntos nos sentamos chorando no sofá.
Eu liguei na empresa e disse que não iria. Ele fez o mesmo.
Passamos o dia juntos, porém calados.
Eu precisava de tempo e silêncio. Ele respeitou, mas de perto.
Tentou em alguns momentos conversar sobre o fato, dizer como se sentia. Eu o reprimia sempre, às vezes com olhares, às vezes com palavras. Era estranho que eu me sentia sim, traído, mas era uma traição prenunciada. Eu tinha apostado em algo que no fundo, sabia ser difícil ou quase impossível de acontecer. Mas o seu jeito de olhar, de se comportar, de tentar cuidar de mim, quase que me fizeram relevar tudo naquele dia mesmo. O que mais me deixava puto era saber que ela tinha articulado tudo, e pensar na satisfação dela ao ver tudo se concretizando. Sua cara de vitória, aquela vadia...
Mas não seria vitória. Não assim.
Decidi o que fazer sem ter certeza do que tinha decidido. Mas naquele momento, era o que me faria me sentir um pouco melhor. Mesmo que fosse ou parecesse vingativo. Que fosse.
Eu faria com que seu movimento de ataque se transformasse no último deles.
- Dani...
- Fala.
- Você está certo que não quer mais ficar com ela?
- Porra Bruno, claro. Olha onde eu estou agora. Eu podia ter ficado calado, não te contado nada.
- Hãhã... E você acha que ela não contaria?
- Não sei.
Me deu vontade de contar tudo o que ela tinha dito, mas eu poderia colocar tudo a perder.
- Então olha só. Eu quero que você mande a Ana de volta. Ou a coloque prá fora da sua casa. Hoje.
- Mas... Bruno...
- Daniel, posso entender algumas coisas, cara. Mas trouxa eu não sou.
- E ela vai prá onde?
- Prá puta que a pariu!
- Caraca!
- Você decide, Dani. Ela de volta ou prá fora de lá e a gente continua e recomeça. Caso contrário, a gente dá um tempo. Que pode ser grande.
Era a cartada final. Ou não...
Foram segundos que pareceram dias...
Eu literalmente me sujeitando à decisão de um cara que tinha conhecido dois meses antes, que tinha virado minha vida de cabeça prá baixo, que tinha me dado muita alegria, me trago emoção de volta, aventuras. Me feito descobrir coisas que não sabia que gostava, ou que não tinha coragem de admitir que curtisse. Que tinha me feito entender um outro eu. Que agora me traía... Traía? Traía, sim! Porque tínhamos nos declarado um ao outro, tínhamos apostado em uma vida juntos uma semana antes de uma derrapada "comum"...
Um cara que me tinha feito rir, ruborizar, quebrar tabus, tentar ver coisas de outro modo. Que tinha me machucado. Mas tinha me curado antes! Valeria a pena jogar tudo pro alto se no fundo eu realmente acreditava nele? Será que seria possível transformar aquele limão em limonada, tirar o bom daquela situação toda e apostar num futuro juntos?
Eu conseguiria esquecer? Porque esquecer era ainda mais vital que perdoar... Ou não? O que seria mais importante? O que viria primeiro? Tantas perguntas... Tantas questões... E se ele dissesse não?
- Tu quer ir lá comigo?
- Onde?
- Ora, onde...? Lá em casa, falar com ela...
- O quê? Prá quê?
- Tu sabe o quê. E eu gostaria muito, prá que seja testemunha de tudo e não haja mal entendidos. Não vou brigar com ela. Tenho minha carga de culpa em tudo isso. Mas então, se tu quer assim, vou explicar prá ela que não rola, que não dá prá ser assim, que fui fraco, que te amo, e que optei por você. Pela segunda vez, e definitiva.
- Vambora.
Mesmo ferido, magoado e chateado, eu não perderia isso por nada. Não naquele momento. E mesmo que me arrependesse depois.
CAPÍTULO 26
Entramos no carro e fomos de encontro ao acerto final com Ana. Assim eu esperava. O início do percurso foi em silêncio. Eu recostei minha cabeça no banco e ia ouvindo o rádio baixinho. Notava pelo canto dos olhos que de vez em quando ele me olhava de relance. Sua mão pousada em minha coxa direita tratava de comunicar sua presença. O silêncio não era proposital. Eu não estava com raiva dele, por incrível que parecesse. Era um misto de decepção, dúvidas e desapontamento. Raiva eu tinha dela.
Decepção por não ter sido capaz de mostrar a ele que a vinda dela era um erro e que podia nos afetar, e de ter sido mais afetado do que queria com o que ela tinha feito. Eu tinha, sim, ficado muito triste...
Dúvidas em relação ao nosso lance dali prá frente. Mesmo que ele se livrasse da megera em alguns minutos, como ficaria meu relacionamento com ele? Eu conseguiria retomar de onde estávamos, de onde tínhamos conquistado e construído? Apesar de me enxergar diferente, não sei se a realidade me traria resultados tão práticos. Será que ele conseguiria se controlar outras vezes? Será que eu queria isso? E ele?
E raiva da vadia... Não por lutar por alguém que ela queria. Isso é direito de qualquer um. Mas pelo jogo sujo. E nem tanto pela sedução e por levá-lo prá cama. Mas pela mentira, que a meu ver mostrava que aquilo não era amor, era mágoa, vingança e orgulho ferido. Tudo isso era até possível de se entender, mas não era digno.
Enquanto eu pensava, ele se remexia inquieto. E quebrou o silêncio.
- Bruno?
- Oi...
- Tu tá muito bravo comigo né?
- Não Daniel, bravo não. Decepcionado. Não só contigo. Chateado sim.
- Cara... Eu juro que não queria isso contigo.
- Daniel, acho até que acredito. O que não muda muita coisa, velho. E o fato de acreditar é que me faz estar contigo agora, aqui do meu lado, tentando resolver essa coisa... Caso contrário, já teria acabado com tudo.
- É só por acreditar... Ou tem sentimento aí?
- Você duvida? Acho que já te dei várias demonstrações que há muito sentimento aqui sim.
- Que bom.
- É...
- A gente vai superar isso, né?
- Eu espero que sim Daniel.
- Me chama de Dani.
Eu até sorri.
- Dani... Depois que resolvermos isso hoje, eu vou querer um papo sério contigo. Prá gente definir algumas coisas, e decidir outras juntos. Prá gente se ajudar, valeu?
- Valeu, eu quero também.
- Combinado.
E voltamos ao silêncio.
Uma das coisas que eu adorava nele era essa facilidade que tinha de respeitar momentos e saber exatamente até onde ir. Ele não grudava, não se fazia de vítima, tampouco de sonso. Havia um movimento de defesa, e depois recuava, pois se sentia seguro. As palavras eram econômicas. Só quando necessárias. Até os gestos eram contidos, mas não podados. Ele sabia me deixar com saudade. Isso era fundamental para alimentar a vontade de ter de volta, de ter mais, de ter...
Era uma filho da puta, bonito, gostoso, sedutor, inteligente e muito, muito humano.
Acho que isso é o que mais tinha me atraído nele.
Finalmente chegamos, e confesso que estava bem animado e curioso. Duvidava que ela soubesse que ele estava comigo. E duvidava mais ainda que ela acreditasse que eu sabia. Eu queria ver a cara dela.
Entramos. Ela estava cantando na pia da cozinha. Ele me pediu para ficar na sala, iria buscá-la. Estava feliz a garota!
Me sentei no sofá e esperei. Ele foi até a cozinha, o ouvi dando o bom dia em tom normal e a surpresa dela. Ele a chamou até a sala, e ela veio ainda cantando...
Quando passou pela porta e me viu, sua voz se calou e seu olhar era preocupado.
- Bruno...
- Bom dia Ana.
- Oi... Que surpresa.
- É.
- Ana, senta aqui. A gente precisa conversar.
Ela contornou o sofá e se sentou em frente a mim. Ele veio e se sentou ao meu lado.
- O Bruno já sabe o que aconteceu.
Vi que seu olhar era jocoso, mas seu corpo estava tenso. Dúvida.
- Ana, eu não podia esconder isso dele, e nem tinha por que.
- Eu não te pedi nada.
- Eu sei.
Ela olhou prá mim...
- Bruno, desculpa... Foi mais forte que nós. Muita coisa do passado veio à tona e...
- Ana, calma lá.
- Dani...
- Você sabe o que aconteceu. Você me seduziu, eu não resisti, mas foi só isso. Só sexo.
- Dani... Você pareceu gostar tanto!
- Estaria mentindo se dissesse que não. Eu gozei. Mas foi só. Passado aquilo, ele foi o que veio à minha cabeça.
- E o que você falou comigo enquanto transávamos?
- Eu não falei nada Ana!
- Dani... Você tem noção do que...
- Ana, deixa eu ser claro e direto. Tenho toda a noção, te tudo. Transamos. Foi bom. Depois me arrependi. Eu amo o Bruno. A gente quer ficar e estamos juntos.
Ela olhou prá mim. Me fuzilava.
- Você vai querer ficar com um cara que sabe que pode te deixar a qualquer momento?
Ela estava se descontrolando, e se revelando prá ele. Eu não precisaria fazer nada.
- Ana???
Ele reagiu com certa incredulidade.
- Mas é isso Dani. Talvez você não perceba, mas é isso. Você tá enfeitiçado pela vida que ele pode te oferecer e pela aventura, mas não é isso... Você é homem Daniel! Homem!
Aí ela mexeu com nós dois...
- Sim! Sou muito homem prá dizer que eu o amo, e não a você. E ele é mais homem ainda ao conseguir aceitar o que aconteceu e me dar uma chance. É só porque somos homens que estamos aqui. E já deu prá ti.
- Como assim?
- Te dei uma chance Ana, e mesmo sendo alertado por ele, resolvi te aceitar aqui e tentar te ajudar. Bobo que fui. Ele é tão homem que entendeu e mesmo sem concordar, te deixou vir. Você não foi mulher o suficiente prá entender que estávamos juntos, e respeitar isso. Esperava isso de você.
- Esperava o que de mim? Que desistisse de ti fácil assim? Eu também te amo, e sei que você gosta de mim ainda. Sinto isso. Senti isso ontem. Duvido que ele seja capaz de te dar o prazer que eu te dei ontem Daniel...
- Ana... Ele me dá muito mais prazer. Quando está comigo na cama e depois disso. Não é o seu caso.
- Mentira. Ele tá te pagando, não é? Tá recebendo salário fixo prá ficar com esse cara!
Não sei de onde tiramos controle prá agüentar aquilo. Ele me olhou fundo, eu retribuí sério e dando apoio. Acho que prá ele estava sendo mais difícil, pois ele não sabia que ela já tinha jogado esse papo prá mim, e que eu já a tinha desmascarado antes.
- Fica tranquilo, Dani... Acaba logo com isso.
- Acabar com o quê?
- Simples Ana. Estamos aqui prá te dizer que apesar do que você fez, a gente está junto. E ficaremos juntos. Só que você vaza agora. Fomos bobos e tontos uma vez. Chegou.
- Dani...
- É isso Ana. Arruma suas coisas e vaza.
- Eu não tenho prá onde ir.
- Volta prá Ribeirão.
- Não quero. Não posso, você sabe...
- Então faz como eu, Ana. Seja competente o suficiente prá arranjar um macho prá te pagar um salário fixo e te sustentar. Tenho certeza que você tem potencial para isso!
- Seu filho da puta!
- Dez minutos. De boa. Não quero brigar contigo. A gente espera aqui.
Ela me olhou com ódio. Ardeu. Sustentei o olhar.
- Você me paga, seu viado.
Saiu com raiva, pisando alto e sem olhar prá trás.
- Acabou. Vai dar tudo certo.
- Espero Dani! Espero.
Mas eu não tinha tanta certeza assim...
CAPÍTULO 27
Ela foi embora. Brava, mordida e calada.
Nos sentamos no sofá um ao lado do outro. Ele segurou minha mão.
- Obrigado cara!
- Valeu...
- Tu fica aqui comigo hoje Bruno?
- Dani... Hoje não.
- Porra, pensa velho. A gente merece.
Nós merecíamos sim. Mas ficar com ele ali, menos de 24h de ele ter estado naquela mesma cama com a fulana... Sei lá se ia agüentar. Além do mais, apesar de tranqüilo em relação à minha decisão, estava puto e chateado sim. Meses atrás, caso passasse por uma situação dessas, tinha certeza que eu teria terminado tudo, sem pestanejar. Eu queria entender essa mudança, e queria também, de certa forma, que ele pensasse no que tinha feito...
Mais uma vez, ele leu meus pensamentos. Ou meu olhar.
- Bruno... Escuta só. Sei que prá ti é difícil. Também está sendo prá mim, acredite. Só que ou a gente passa por cima disso, ou isso vai passar por cima da gente uma hora ou outra. Não fica remoendo coisas.
- Ah, Daniel... Fácil falar.
- Não, cara, sei que não é fácil. Mas a gente precisa superar. E falando ou vivenciando isso, tudo se esgota mais rapidamente. Ficar guardando não rola... Não ajuda. Já me dei conta da besteira, da burrada, já pensei que fosse te perder, sofri também. Fica aqui, de boa comigo.
Ele estava certo. Um dia eu teria que estar ali com ele, na mesma cama. E fato é que provavelmente ele já tinha freqüentado aquela cama com outras, outros, sei lá. Eu já tinha dividido a minha cama, que hoje era dele, com outros também.
Apesar de tudo isso, éramos nós que estávamos ali hoje, dispostos a mais uma noite juntos. Não era uma vitória?
Mas decidi me fazer de difícil.
- Fico contigo um pouco, mas volto prá casa hoje. Amanhã a gente se vê e conversa, ok? Preciso disso.
- Ah, meu gato. Que medo eu tive...
- Dani. Tenho duas perguntas prá você.
- Fala...
- Alguma chance dessa garota aparecer aqui grávida?
Ele não titubeou...
- Não Bruno. Nenhuma. Isso foi uma das coisas que eu estranhei. Ela tentou me impedir de usar camisinha. Mas eu não deixei.
Senti um alívio e tanto...
- Qual a outra pergunta, Bruno?
- Vem cá... Essa é ainda mais importante.
Ele sabia que não era momento de brincar.
Não falou nada, só esperou me olhando fundo.
- Dani. Quando você me conheceu, estava namorando a Ana. A gente se envolveu, tenho plena consciência de que a "enganei" primeiro, mas aqui cabe aquilo que já falamos. Estávamos ambos curtindo, nos conhecendo... Era química e tesão.
- Hãhã. Mas tu mexeu comigo desde o início.
- Você também mexeu comigo, mas concorda que era só sexo de início?
- Sim, concordo.
- Pois então. Daí partimos prá suas taras loucas. Me expor prá mulherada prá apimentar nosso lance, uma exposição meio novidade prá mim.
- Bom...
- Você terminou com a Ana. Nosso lance se fortaleceu. Ficamos cada vez mais próximos. Nos afinamos... Viajamos juntos e transamos a três, a quatro...
- Ops. Mas você topou na boa.
- Sim. Era uma situação diferente cara. Tara mesmo. Meu prazer ali era estar contigo de qualquer forma. E acho que o teu prazer era estar comigo também. Sentia assim.
- Tu não cairia em tentação com aquele peito do Ígor dando mole prá ti?
- Dani... Eu seria tentado sim, não sei se cairia na tentação sem você. Ter aqueles peitinhos na minha boca foi um tesão. Tesão maior foi ver você me olhando fazer aquilo.
- Eu entendo muito gato. Parece que tô me ouvindo falar...
Eu rodeava prá chegar ao ponto.
- Vai Bruno... A pergunta.
- Chego lá, não me pressiona.
Ele riu devagarzinho.
- Bom, agora você insiste prá receber a Ana aqui, na sua casa, mesmo sabendo que havia o risco de acontecer o que aconteceu.
- Bruno, eu não acreditava nesse risco.
- Bom, muita ingenuidade sua. No fundo, acho que você sabia sim. Se tem algo que você não é, é um moleque bobo.
- Continua.
- Vou ser direto, cara... Você é bi, certo?
- Hum... Certo. Você quer saber se eu tenho prazer com mulheres? Tenho. Não é ruim.
- E qual a garantia que você me dá que isso não vai ser uma constante na nossa vida?
Eu tava louco prá ouvir a resposta.
Como sempre, ele foi direto e ácido. Aquilo me confortava e afligia de certa forma.
- Garantia? De que isso não vai acontecer mais?
- É...
- Não posso te dar essa garantia Bruno. A garantia que posso te dar é a que te dei. Sendo honesto contigo, não escondendo nada, mesmo correndo o risco de te perder também. Se eu fosse homo, só saísse com homens, também não poderia te dar garantias eternas. Não tem nada a ver com o fato de eu ser bi ou não.
Eu me levantei e o puxei pela mão.
- Vem cá comigo.
Fomos pro quarto. Deitei-me na cama recostado na almofada, e o coloquei deitado no meu peito. Ele me olhava de lado, calado e lindo...
- Você e essa sua sinceridade doida. Isso é foda, sabia?
- Quer que eu minta?
- Não...
- Seria fácil Bruno. Mas não ia durar muito. Tu me conhece prá caralho, e eu também já te saco, facinho.
Eu passei a mão pelo seu tórax. Ele fechou os olhos.
- Dani... Do que você gosta mais?
- Hã?
- De homens ou mulheres?
- Bruno... Prá que?
- Poxa cara, me fala, só quero saber...
- Falo, mas antes me diz... Você também já ficou com mulheres?
- Sim, mas há muito tempo.
- Teria prazer com elas hoje?
- Provavelmente eu gozaria cara, é diferente. Não tenho vontade hoje em dia. Não me faz falta, não me atrai. E não é o lance do corpo. É a pegada, a dependência, a insegurança...
- Tem homem dependente e inseguro também, Bruno.
- Sim, mas é diferente. Você sabe. E você não me respondeu.
Ele ergueu seus braços e puxou meu rosto. Me deu um beijo na boca suave e calmo. Passeou com a ponta de seus dedos pelo meu rosto. Eu fechei os olhos.
- Bruno... Sua pergunta é do que eu gosto mais, de homens ou mulheres?
- Isso.
- Hoje?
- É...
- Meu gatão... Hoje eu gosto de homens e mulheres talvez da mesma forma.
Eu suspirei.
- A diferença, e que faz toda a diferença, é que apesar disso, hoje eu sei que SÓ AMO VOCÊ!
Eu quase parei de respirar.
E ficamos assim, aninhados, quietos, calados sentindo um a respiração do outro. Estávamos a partir de então, juntos de novo.
Prá valer.
CAPÍTULO 28
Tudo o que tinha acontecido tinha me consumido. De certa forma, a ele também. Talvez por isso nossa urgência.
Em segundos estávamos nus, rolando na cama e nos beijando com sofreguidão. Ele me beijava forte e descia com sua língua pelo meu peito, minha barriga, minha virilha... Eu acariciava suas costas, seu cabelo, seus ombros...
- Ah Bruno... Como isso é bom cara.
- Que saudade de você Dani!
- Mata essa saudade, velho... Eu sou só seu. É você que me tem.
Ele se deitou meio de lado, puxando meu rosto para que sugasse seus peitos enquanto arrebitava sua bunda e se encaixava no meu cacete duro. Ficou assim roçando e provocando sem pressa nenhuma. Apertava seu corpo contra o meu e depois se afastava devagar, me instigando e excitando mais e mais...
- Meu macho gostoso. Me beija gostoso. Me mostra seu tesão por mim...
- Sente, cara... Sente o que tu faz comigo.
- Me fode assim cara, de frente prá mim, com sua boca na minha, com sua língua me matando...
- Ah velho... Assim não agüento.
- Vem cá!
Buscou-me com suas mãos e encaixou meu caralho em sua bunda sedenta. Fechou os olhos, gemeu e foi se abrindo devagar, agasalhando meu tesão dentro de si.
- Me enche, cara!
- Se abre prá mim velho...
- Vai...
- Pede mais!
- Vem... Me fode!
- Mais...
- Me come meu macho! Faz comigo o que só você sabe fazer...
- Toma meu homem!
Eu comecei a bombar gostoso, segurando sua cintura e beijando seus peitos e boca, sufocando seus gemidos. Ele rebolava gostoso e me puxava mais prá dentro, nossos corpos colados...
- Caralho velho... Vamos gozar... Juntos.
- A hora que quiser...
- Agora!
E fomos juntos, mais uma vez. Deixei-me cair em seu peito, e ali ficamos jogados enquanto nossa respiração voltava ao normal. Nossas mãos brincando com nossos corpos, devagar, mas firme...
- Bruno?
- Que foi...?
- Quando me mudo pro seu AP?
Eu puxei seu rosto e segurei-o em minhas mãos, como ele fazia comigo e eu adorava...
- Amanhã meu amor... Amanhã.
Claro que minha resposta foi prá coroar nossa retomada.
Acertamos que nós ajeitaríamos as coisas dele em duas semanas, sem muita pressa e com tempo para fazer tudo certinho. Ele concordou, claro. Não tínhamos problema com mobília, já que ele tinha ocupado a casa já mobiliada. Mas eu teria que alterar poucas coisas prá recebê-lo. Um armário maior, ajustes pequenos na estrutura. Mas faríamos juntos, curtindo cada momento.
A semana passou devagar e eu estava muito feliz. Por dois motivos, senão vários outros que descobriria maia tarde.
O primeiro pelo óbvio, por tudo ao final ter dado certo, pela empolgação dele e minha, por ter vencido a parada com a Ana, claro... Por não ter dúvida de ter feito o certo. O segundo motivo era ainda mais relevante. Eu me descobria um novo homem, com reações e atitudes que antes provavelmente eu criticaria. Mas sem culpa por isso, e feliz. Era a sensação clara de notar um relacionamento que me fazia sair da zona de conforto de sempre. Mexia com meus paradigmas, fazia com que eu colocasse em pauta para comigo mesmo pontos e considerações das quais por muito tempo eu tinha me esquivado, ou menosprezado.
Era bom sentir-me novo, diferente, apto a mudar, experimentar, tentar, errar, consertar, aceitar, questionar... Sem verdades absolutas e sem certezas eternas. Como um ser humano normal. Falível. Era bom. Era bom minha relação com um cara tão diferente de mim, mas tão igual ao mesmo tempo. Complicado explicar, mas era assim que me sentia. Eu via no Dani um oposto que me completava bastante, trazendo novidades, mudanças e desafios, mas muito bom, muito gostoso...
Eu faria tudo e mais um pouco para que essas nossas diferenças nos completassem. A minha parte eu faria...
Era assim que íamos... Diferentes, quase iguais...
------------------ continua --------------------
PS: Quase acabando pessoal! Valeu por acompanhar, sei que a história é longa! Abraços a todos!
Vou sentir falta,mas espero que tenha um próximo conto a caminho.
Que pena que tá acabando