- Você quer a verdade?
- Sempre.
- Eu ficaria muito tentado. Mas não. Não iria.
Ufa!
- E por quê?
- Por tudo isso que me falou cara. Por que já dei mancada contigo e me senti péssimo por isso, mesmo tendo total consciência de que era você que queria. Porque acho que tu ficaria mal, e talvez não me perdoasse de novo.
A vontade que eu tinha era de encerrar o papo ali e não cavar mais nada. Mas a ocasião era propícia. Não conseguiria ficar quieto.
- Se eu topasse e fosse, você me perdoaria de boa?
- Oras, eu te disse para ir se quisesse. Não tinha o que perdoar.
- Dani!
- Porra Bruno, de boa. Claro que ia ficar bolado. Inseguro talvez. Cheio de coisas na cabeça. Mas se você for meu cara, você será meu de qualquer forma lá no fim.
- E você acha que vale a pena facilitar e dar brechas para estranhamentos, então?
- Porra Bruno... Que papo cabeça.
- Dani. Eu sei muito bem que você é capaz de manter esse papo. Não foge, de boa.
Ele deu um sorriso leve, meio que se desculpando. Voltou e se sentou no braço da poltrona, quebrando a distância.
- Meu lindo. Eu confio em você. Eu quero sua felicidade. Eu te amo e quero o melhor prá ti, e mais ainda que esse melhor seja eu. Não quero ser empecilho, barreira, entrave...
- Você se julga isso, cara?
- Não. Não me julgo isso.
- Que bom.
Ficamos em silêncio por um tempo. Ele se jogou na cama, braços esticados atrás da cabeça. Olhos perdidos no teto. Lindo. Perigoso.
Eu me deitei ao lado dele e assumi a mesma posição.
- Daniel...
O silêncio dele me pediu prá continuar.
- Vamos nos cuidar, ok? Já não é tão fácil assim.
- Nenhum relacionamento é Bruno.
- Então. Por isso mesmo.
Ficamos assim, deitados lado a lado por um bom tempo.
Cansados às dez da manhã. Nosso dia foi estranho. Recheado de silêncios desconfortáveis. A conversa precisava ser digerida. No seu tempo. Evitamos abordar de novo o assunto mesmo quando topamos com o rapaz no saguão do hotel, provavelmente esperando por um serviço de receptivo. Ele olhou de lado. Passamos direto.
Decidimos passar o dia no Porto da Barra, prainha pequena e badalada na entrada da Baía de todos os Santos. Era bonita, calma para banho, mas agitada com pessoas bonitas e badalação. O dia era lindo, e aquele movimento nos permitiu não pensar tanto no assunto, mas certa diversão.Voltamos pro hotel, mas antes assistimos o pôr-do-sol no Morro do Cristo, bem em frente ao Farol da Barra. Vista bonita.
À noite não transamos, mas trocamos carícias e beijos gostosos no banho, antes de descermos para buscar algo prá janta. O horário mais difícil prá mim foi às nove.
Ele estaria me esperando...
Não tinha dito que não iria.
E não tinha comentado com Daniel o lance do horário, por isso fiz o possível para não estar no hotel na hora. Era esquisito. Quando voltamos, por volta das onze, ele estava sentado no lobby novamente, bonito, sensual, tomando alguma coisa. Percebi que ergueu a cabeça quando nos viu. E fez um sinal com a mão.
- Bruno, ele está nos chamando.
- Dani... Ignora.
- Não cara. Vamos lá. Vamos ver o que ele quer. Vai ser melhor.
Sem que desse tempo ele passou na minha frente, segurou minha mão com força e se projetou na direção do rapaz.
"Caramba" - pensei... Como isso vai acabar?
Chegamos juntos até onde ele estava. Ele se levantou gentilmente e sorrindo prá nos receber. Como o lobby era bem grande e estávamos numa parte mais afastada da recepção, ninguém nos ouvia.
- Bruno, certo?
Ele falou estendendo a mão.
- Isso. Tudo bem Cauã? Esse é o Daniel, meu namorado.
- Prazer, cara.
- Valeu.
- Sorte grande você tem, com todo o respeito.
Ele parou aí. Notei que sua expressão me perguntava se podia ir além. Deveria estar se questionando se eu tinha contado a verdade ao Dani. Acenei com a cabeça.
- Ele sabe.
Ele então se sentiu livre prá abrir o jogo.
- Sorte grande Daniel. Além de um gato, super fiel. Fiquei te esperando...
- Imaginei. Desculpe não ter te dado um toque. Mas não disse que iria.
- Eu sei. Relaxa. Vamos sentar?
Nos sentamos e por incrível que pareça era um clima agradável. E o rumo do papo conduzido pelo Daniel só fez a coisa ficar mais camarada.
- Pois é velho, não é prá qualquer um... A gente tava a fim de te conhecer melhor, juntos. Não vale exclusividade, poxa!
Ele riu.
- Porra, não custa tentar né? Nunca fiz a três, sabe? Sei lá, sou meio careta prá isso.
- Sério? Com essa pinta de novela das oito? Deveria aproveitar!
- Fácil falar. Só tenho pinta mesmo. Sou tímido.
- Hum... São os melhores. O Bruno também era.
Os dois riram. Eu fiquei com cara de tacho.
- Sério? Porra, tua abordagem foi bem maneira!
- Ah Cauã... Ele aprende rapidinho. Rs
- Bom, rapazes. Chega de lorota com a minha cara!
- Você vai fazer o que à tarde Cauã? Já que não topou nosso quarto, que tal uma praia juntos? A gente se conhece melhor e quem sabe você se sente mais à vontade?
- Pode ser. Na verdade, mais a vontade já até estou.
- Beleza então. A gente te espera aqui as duas, o que acha? Vamos comprar umas coisinhas, mas dá tempo.
- Fechado então. Boas compras.
E saímos. Tudo muito mais leve. Vai entender...
Fomos prá Itapuã, mais ao norte de Salvador, longe do Rio Vermelho onde estávamos. Praia mais aberta, grande, cantada por poetas... Gostoso estar ali. Ficamos batendo papo por um bom tempo. Ele nos falou sobre sua vida no Recife, um pouco de como vivia, seu último relacionamento.
- Sabe, eu me julgo bi... Já namorei muita garota e fiquei com dois caras só. Mas confesso que ultimamente minha vontade tem sido muito maior de estar com homens.
- Meu caso também é assim. Eu namorava sério quando conheci o Bruno. Ele me roubou da minha ex...
- Pára, cara, nem gosto de lembrar daquela figura.
Ele riu.
- Ela tentou nos aprontar depois, mas não rolou.
- Sei como é. Vocês fazem um belo par juntos.
- A gente sabe!
- Ih Cauã, não enche muito a bola dele não. Senão ninguém segura.
Dani deu uma apertada no pau dentro da sunga. Era nítido que estava meia bomba, e foi inevitável a troca de olhares. Ele notou nossa reação e safado que era, fez o que adorava fazer. Levantou-se e ergueu os braços, se espreguiçando, deixando à mostra para todos que quisessem ver o tesouro que guardava ali.
Cauã quase deslocou o maxilar, e jogou sua camiseta sobre o colo, protegendo sua ereção que já se revelava. Eu virei de lado.
- Caralho...
- Cauã... Esse é Daniel.
- Uau. Sorte sua também, velho!
Dani riu alto, se mexendo e virando seus braços.
- Ah rapazes, adoro vocês assim encabulados... Tem certeza que não quer visitar a gente mais tarde?
Cauã me buscou com o olhar, meio que pedindo uma aprovação. Era boa praça. Tranqüilizei com o olhar.
- Posso fazer uma proposta?
- Oba! Claro...
- Sossega, Dani! Porra!
- Desculpa... Fala Cauã.
- Eu quero ir. Mas quero só assistir a vocês dois. Sem entrar na parada.
Nos olhamos rapidamente. Era tentador.
- Uau! Mais que convidado. Te esperamos à noite!
Ele se ergueu, estufou a sunga e correu prá água, feliz da vida...
Ficamos eu e Cauã na praia nos recompondo e rindo da euforia dele. Era uma figurinha adorável.
- Que figura hein Bruno?
- Nem fale, cara. Mas é um super companheiro. Moleque assim, mas às vezes me surpreende com sua maturidade.
- Deu prá perceber. Legal isso. Posso confessar uma coisa?
- Claro.
- É o que ando sentindo falta nas mulheres. Sem generalizar, mas generalizando. Muita picuinha, frescurinha, insegurança... Chega uma hora que cansa.
- É... Mas deve ter muito cara assim também.
- Ah, tem... Claro. Mas é mais fácil achar um que não seja que uma mina desencanada. É foda. São lindas, estão desesperadas, mas não se garantem!
- Você quem tá falando. Eu já desisti delas há muito tempo.
- Deve ser mais fácil assim.
- Sei lá cara. Acho que nenhum relacionamento é fácil, nem deve ser difícil. A gente que complica tudo. Não é questão de gênero não. É o ser humano mesmo.
- É...
- Mas e esse lance a noite, Bruno... Você acha que não há problema prá ti?
- Problema? Prá mim? Você não viu a alegria do moleque? Na verdade Cauã, o clima tava meio tenso, meio estranho, mas esse papo contigo colocou as coisa no seu lugar. Valeu!
- Que isso... Prazer. Vamos ver no que isso vai dar.
- E fica tranqüilo caso queira desistir, cara. A gente vai entender. Ou caso queira participar... A gente vai entender também.
Ele sorriu bonito. Já estávamos em condições de nos levantar.
- Vamos lá?
- Bora. Na água a gente se esconde né?
Nos levantamos e corremos juntos prá água, com o Dani já nos esperando. O fim de tarde foi bem gostoso. A noite prometia.
De volta ao hotel, tomamos um banho juntos sem nos provocar muito. Queríamos estar inteiros pro lance com o menino Baiano...
- Será que ele vem mesmo, Bruno?
- Acho que sim. Ele já impôs a condição antes né? Caso contrário teria dito. E quer a real? No fundo, no fundo, acho que ele tá curioso prá caralho...
- Ah, até eu estaria. A gente devia cobrar, né?
- Dani!!!
- Hehehe... Brincando, seu bobo.
Fomos a pé até a barraca de acarajé do bairro e voltamos ansiosos. Era seis e meia e nos sentamos no chão, na varanda, admirando o escurecer da cidade lá embaixo. Não me cansava de admirar aquele lugar.
Uma batida suave na porta.
A gente se olhou. Ele se ergueu de uma vez só, me puxou com carinho e me deu um beijo. Afagou meu cabelo com carinho...
- Esquece que ele vai estar aqui.
- Difícil...
- Não é... Vou te fazer esquecer.
Abri a porta e ele entrou rápido. Estava lindo como sempre, só de regata vermelha que realçava sua pele morena e uma bermuda jeans, que salientava suas coxas lisas e grossas.
- E aí meninos?
- Beleza cara... Bom que veio.
- Valeu.
- Cauã... Quer tomar alguma coisa, velho? Pega aí no frigobar.
- Opa. Vou de uma coca cola só. Quero estar bem são.
- Legal.
Ele pegou uma coca e se sentou na poltrona que ficava ao lado da sacada, de frente prá cama onde estávamos sentados. Minha vontade era de perguntar "E aí, como a gente começa?"... Não sabia se já partia pro fato ou ficávamos no bate papo antes, prá esquentar.
O Dani sabia conduzir as coisas. E sem nem mesmo eu perceber como, em minutos estávamos nos acariciando na cama. Ainda vestidos, mas o clima esquentando. Ele me deitou com carinho e me procurou num beijo molhado e delicioso.
Era o início. Seria a revelação.
CAPÍTULO 34
Ele tirou minha regata e com seus lábios foi desbravando todo meu tórax, meus mamilos, demorando ali. Com sua mão buscava meu caralho já duro, abaixando minha bermuda.
Me deixei aproveitar aquele momento delicioso sem pressa nenhuma. Depois de toda a tensão do último dia e do clima estranho, era a retomada do sexo pleno e natural que a gente comungava. Era do jeito que tinha de ser. Ele ficou assim por uns bons minutos, gemendo baixinho e mostrando seu tesão. Veio buscar minha boca mais uma vez e segurando minha nuca com força me invadiu com sua língua ávida e hábil. Eu ficaria assim prá sempre...
Nos levantamos prá tirar o resto de nossas roupas.
Cauã estava recostado na poltrona, já sem camisa. Bermuda na altura dos joelhos e um belo cacete moreno, grosso e cabeçudo prá fora. Ele batia uma punheta devagar, acariciando seu mamilo com ã outra mão.
Sua feição era de sede. Quase inveja. Desejo.
Coloquei Daniel deitado na beirada da cama e caí de boca em seu cacete. Engolia tudo sem dó, fazendo barulho e deixando-o bem molhado. Ele segurava minha cabeça, ditando o ritmo da minha chupada. Gemia e virava a cabeça, olhos fechados...
- Vai meu amor... Me engole inteiro.
- Gosta cara?
- Eu amo isso velho... Me devora...
Levantei suas pernas e procurei sua gruta com minha língua dura, do jeito que ele adorava. Ele se contorceu, enrijeceu-se e gemeu alto. Abriu bem as pernas, se arreganhando prá mim...
- Caralho, Bruno... Chupa esse cu meu macho. É seu, todo seu.
Eu fiquei ali sem pressa, passando a língua ao redor de seu buraco quente, subindo às vezes prá parte interna de suas coxas gostosas e seu cacete duro como ferro. Ele continuava ali... Olhos cerrados, gemendo.
- Bruno, me deixa te chupar agora!
- Vem meu macho safado... Deixa esse cacete duro!
- Vai fazer o quê com ele duro cara?
- Vou te comer gostoso velho. Vou te fazer gozar gostoso...
- Ahahahah...
Ele inverteu a posição e caiu de boca no meu caralho. Chupava forte, bem molhado, bem guloso. Segurava minhas bolas com a mão e revirava a cabeça fazendo movimentos fortes para engolir tudo até a garganta. Buscava meu olhar insistentemente. Acariciava meu peito, meus ombros, minhas coxas, minha bunda. Ele parecia ter quatro mãos... E duas línguas. Era a sensação que eu tinha.
Aos poucos ele foi subindo e se colocando de lado.
Eu o abracei por trás, puxando seu corpo prá junto do meu e atingindo aquele encaixe tão perfeito.
Fiquei assim.
Abraçando-o por trás.
Minha mão em seu peito.
Meu pau buscando sua bunda.
Meu rosto em seu ombro.
Minha língua em sua boca.
Meus olhos nos dele.
Meu coração batendo forte.
O dele junto...
Ele ergueu a perna e buscou meu cacete com a mão esquerda. Encaixou na entradinha e deu aquela arrebitada final, arqueando seu corpo...
- Me come cara! Por favor, me fode inteiro...
- Vou te foder meu macho.
- Me fode assim, juntinho de mim. Beijando minha boca. Apertando meu peito.
- Que tesão da porra, velho...
- Vai cara. Me arrebenta gostoso, sem dó.
Meu pau deslizou prá dentro de seu cu elástico, e comecei a bombar, segurando forte em sua cintura. Ele gemia e me acompanhava, piscando seu buraco e me provocando mais. Seu rosto perto do meu.
Estava perfeito.
Eu já o conhecia. Bastava começar a bombar, invadir sua boca com minha língua e segurar sua cintura e ele acelerava, dificultando meu controle. Eu queria vê-lo gozar primeiro, mas era quase impossível.
- Quero te ver gozar Dani...
- Não, tu primeiro. Goza dentro de mim cara. Goza no seu macho. E depois vem sentar em cima de mim. Hoje quero te retribuir na mesma medida.
Caralho! Fazia tempo que não fazia passivo com ele, e isso me deixou louco. Segurei forte na sua cintura, acelerei o ritmo e explodi dentro de seu cu, litros de porra enquanto gemia alto e quase desfalecia.
Ele, prá arrematar, rebolava gostoso e segurava minha boca na sua, sem me deixar parar.
- Porra Dani! Que delícia, velho...
- Vem meu macho safado... Minha vez. Senta aqui, de frente!
Ele se deitou de costas, seu cacete armado como uma espada, duro, melado, lindo. Dei uma chupada de leve e me sentei de frente prá ele, encaixando-o no meu cuzinho apertado.
- Vai devagar... Tá apertado.
- Pode deixar. Senta você, devagar... Vai mexendo...
Eu fui assim, rebolando devagar e deixando que ele entrasse bem aos poucos, minhas mãos recostadas em seu peito, meu rosto curvado quase em um beijo. Nos olhávamos aproveitando o prazer que sentíamos.
- Pode colocar cara. Me fode.
- Vai descendo meu macho...
Ele segurava firme na minha cintura e foi me abaixando. Depois de alguns minutos senti suas bolas batendo na minha bunda. A dor inicial cedeu, e era só prazer que vinha agora. Lá do fundo. Lá de longe. Daquele jeito que era só com ele.
Quando senti tudo dentro de mim eu o puxei prá cima. Ele me abraçou forte e lambia meus mamilos, meu pescoço, segurava minha nuca e me beijava forte. Gemíamos incontrolavelmente e nosso ritmo era único, intenso, selvagem...
- Caralho, cara... Que tesão tu me dá Bruno!
- Me fode Dani... Sua vez, quero ver você encher meu cu de porra cara. Goza gostoso prá mim...
- Gozo contigo de novo, velho... Seu pau já tá duro de novo.
Só aí me dei conta que estava realmente com meu cacete duraço, roçando em sua barriga suada.
- Porra!
- Tesão velho... Dando pro seu macho aqui de pau duro.
- Tesão!!!
- Eu sei.
Fiquei cavalgando aquele caralho delicioso e explorando tudo o mais que podia. Seu cabelo baixo, sua boca, suas costas, suas coxas... Tudo que eu alcançava eu buscava, querendo retribuir o tesão que estava sentindo. Ele não deixava por menos. Ao mesmo tempo em que me comia forte, beijava minha boca, roçava meu pau com sua barriga, acariciava minhas coxas, minha bunda, minhas costas suadas... O prazer e tesão vinham de todas as partes do meu corpo, e se completavam ao ver o prazer no corpo dele.
Era comunhão total.
- Bruno, não vou agüentar mais...
- Vamos junto Dani...
- A hora que quiser...
- Agoooo... raaaaaaaaaaaaa !!!
- Ahahahahah...
Gritamos juntos. Não foi nem gemido. Nosso gozo veio simultâneo e explosivo, e nossas bocas se juntaram para que o mundo não nos ouvisse.Apesar de eu achar que o mundo todo merecia nos ouvir naquele momento.
Ainda tremendo e nos contorcendo, ele saiu de dentro de mim. Suados e acabados, nos deitamos de lado na cama. Olhos fechados.
Tinha acabado...
Abri os olhos e me lembrei de Cauã. Eu o busquei com os olhos.
Ninguém.
- Dani... Você?
- Não cara... Não o vi saindo... Porra.
- Nem eu velho. Será que...?
No chão, ao lado da poltrona ele tinha deixado sua marca. Havia porra fresca e farta espalhada ali.
- Que chato, cara...
Daniel me abraçou com um sorriso lindo.
- Chato nada, Bruno. Sabe o que isso significa?
- Hã?
- A gente se basta! A gente se basta, meu lindo!
Três dentro do quarto, aquele tempo todo.
Mas éramos só nos dois.
Durante todo o tempo, só então me dei conta, nos damos conta de que nossa atenção tinha estado voltada para o nosso prazer, nossa satisfação, nossa paixão. Sim, a gente se bastava.
A presença de Cauã ali tinha sido deliciosa, e fundamental prá sacramentar algo que já não dava mais prá gente tentar não aceitar.
Eu era um pouco do Dani. Ele era um pouco de mim.
Tínhamos nos moldado um ao outro, e de certa forma essa transformação só tinha feito com que crescêssemos em nossas certezas, afirmações, desejos... Outras aventuras viriam, eu tinha certeza. Mas o mais importante estaria sempre ali. Tinha mais certeza ainda. Eu não precisei compartilhar com ele nada disso que pensava. Seu olhar agradecido me entendia e lia meu pensamento. Seu corpo colado ao meu, sua mão segurando a minha, seu sorriso moleque de lado prá mim.
- Já te disse que te amo Bruno?
- Já.
- Te amo mais então.
- Eu também.
- Posso falar uma coisa?
- Fala...
Estávamos deitados de costas, mãos dadas, olhando pro teto. A janela aberta deixava a brisa entrar e o barulho do mar era mais alto.
- Você é foda!
- Como?
- Bem que eu queria ter visto o moleque gozando. Nem lembro a cara dele!
- Seu puto sem vergonha!
Ele me puxou daquele jeito delicioso, deitou seu rosto no meu peito que era dele e assim adormecemos sem pressa nenhuma de acordar.
Abençoados pela magia da Bahia!
CAPÍTULO 35
Enquanto dormíamos...
Michael Jackson morreu, no mesmo dia que Farrah Fawcett
E nasceu o filho de Ivete,
O Brasil se classificou para a Copa do Mundo,
Descemos juntos prá praia num fim de semana,
A Argentina também,
O presidente de Honduras foi destituído por um golpe militar,
O Brasil saiu da recessão,
Não evoluiu em índice de desenvolvimento humano,
O Dani recebeu sua primeira promoção no banco,
Para comemorar, voltamos ao Rio.
Decretada a lei anti-fumo em São Paulo,
E o veto aos fretados,
O trânsito piorou...
Mas a gente se divertiu de novo no Autorama,
Marcão veio finalmente jantar em casa,
A chuva castigou o Sul e o Sudeste
A seca castigou a zona da mata,
Briatore foi banido da Formula um
Ana tentou se reaproximar e se desculpar, foi banida também,
E Rubinho perdeu de novo.
Explodiu a violência no Rio...
... Que foi eleito sede das Olimpíadas 2016,
Redecoramos o apartamento,
Pintamos a parede do quarto de verde...
... Em homenagem ao Palmeiras.
Obama viu seu índice de aprovação cair,
Massacres nos Estados Unidos,
40 anos do homem na lua...
... E a gente na Terra... Dormindo.
Tudo isso aconteceu.
E muito mais.
Acordamos juntos, mais uma vez.
O celular tocou e acordei assustado, meio no pulo.
- Caraca! Já?
Dani se remexia ao meu lado, espreguiçando-se ainda dormindo.
Arrastei-me pro seu lado, encaixando meu corpo no dele. Estávamos só de cuecas, era uma noite quente. Eu o abracei e mordi sua orelha...
- Acorda preguiçoso. O grande dia!
- Ai... Que preguiça.
- Não vai se atrasar hein! Pro banho moleque, sua roupa já está separada.
Ele me puxou de lado e me beijou gostoso, enroscando suas pernas nas minhas e me segurando na cintura. Bastava aquilo...
- Dani... Chega. Vamos lá, você não pode se atrasar...
- Rapidinho!
- Não. A noite, prá comemorar.
Ele mordeu meu pescoço e se levantou de um pulo.
- Ah, meu malvado preferido!
Correu pro banheiro gingando e cantarolando baixinho. Eu o conhecia já. Era sua forma de disfarçar ansiedade. Incrível como nesses quase oito meses juntos a gente já tinha desvendado as manias e disfarces um do outro. Mas os últimos quatro meses com ele no meu apartamento tinham estreitado ainda mais nossa relação.
A Ana estava esquecida e resolvida. Era só um fantasma.
Os acontecimentos de Salvador só nos unido ainda mais.
Tínhamos feito outras viagens juntos.
Voltamos ao Rio, Conhecemos juntos Natal e Porto de Galinhas.
Fizemos vários bate-volta à praia e cidadezinhas ao redor de Sampa. Em algumas dessas viagens ficamos juntos e sós o tempo todo. Em outras, nos aventuramos e demos asas à nossa imaginação. Na verdade, mais à imaginação dele que à minha...
Mas cada vez mais éramos nós. Sós. Juntos e muito felizes.
- Dani, a que horas é a entrevista?
- Às nove tenho que estar lá.
Fui entrando no banheiro, ele já estava no chuveiro se ensaboando. Tomei o sabão de sua mão e o coloquei de costas.
- E como você está? Tudo bem?
- Ah, Bruno. Um pouco nervoso, tu sabe. Mas seja o que Deus quiser.
- Vai dar tudo certo velho. Vai fundo.
- Eu sei, vai sim. Nem que seja como experiência.
- Confia no seu taco meu lindo...
Ele riu e se virou de frente, esfregando seu cacete meia-bomba em minhas coxas...
Aquele olhar safado delicioso.
- Ah, nele eu confio!
- Porra cara, tu não perde uma né?
- Prá quê?
Ele segurou minha cabeça e a desceu pelo seu corpo.
Desisti de lutar e ser o responsável. Cinco minutinhos não iriam colocar nada a perder... Abocanhei seu cacete e em poucos segundos ele já estava duro, pulsando em minha boca. Ele abriu as pernas e eu explorava com as mãos suas coxas e sua bunda, ditando o ritmo com que ele fodia minha boca. Enfiei um dedo em seu cuzinho molhado, e fiquei assim, acelerando o movimento para que ele não demorasse muito.
Assim foi.
- Vou gozar!
- Goza gato!
Tirei seu cacete da minha boca e segurei firme, batendo uma punheta prá ele esporrar gostoso no meu ombro. Ele gemeu e se contorceu todo, me puxando prá cima e me beijando todo solto...
- Valeu... Eu precisava.
- Eu sei. Putão.
- Hehehe
Ele tinha recebido uma proposta prá assumir um cargo maior no mesmo banco em que estava. Menos de dois meses depois de ser promovido. Estava concorrendo com duas outras pessoas, e era a chance de dar um belo salto na sua carreira. Tinha planos de voltar a estudar, viajar, enfim...
Claro, eu dava o maior apoio. Era lindo vê-lo crescer assim
Crescíamos juntos.
CAPÍTULO 36
Saímos juntos e eu o deixei na porta do escritório.
- Toda a sorte prá você Dani. Vai dar tudo certo.
- Ah, vai sim. Valeu mesmo, Bruno!
- Me liga prá contar, ok?
- Claro! Porque a gente não almoça junto? Aí te conto tudo com detalhes.
- Beleza. Me liga, e venho te pegar.
- Relaxa poxa. Sei chegar até você, ou onde for.
Todo independente...
- Te espero então.
Fui trabalhar e fiz uma pequena oração prá que ele conseguisse. Torcia muito por ele e para que ele tivesse o reconhecimento de seu esforço e capacidade. E seria ótimo vê-lo alcançando seus objetivos e estar junto com ele nisso. Constantemente ele me colocava como co-responsável pelo seu crescimento profissional, e eu não me eximia disso. Acho sim que tinha contribuído de certa forma, assim como ele tinha me feito um cara mais feliz também.
Minha vida pessoal tinha saído da mesmice, do conforto. Eu tinha me descoberto capaz de coisas que não pensava ser capaz. Estava mais desencanado, mais relaxado. Mais confiante em mim mesmo. Mais tranqüilo. Mesmo as turbulências pelas quais tínhamos passado tinham sido importantes para que eu me desse conta dessa transformação. E isso claro, resultava também na minha vida profissional que ia bem, tranqüila, promissora.
Era o amor. Era a parceria. Era o companheirismo.
Era algo com o que eu sempre tinha sonhado...
E estava vivendo agora.
Por volta da uma da tarde meu celular tocou.
Sua voz era tensa. Preocupada.
- Bruno, tá de pé?
- Claro velho... E aí?
- Cara, te conto pessoalmente. Preciso muito falar com você. Agora.
Desliguei e fui ao seu encontro. Preocupado.
Ele estava sentado na minha frente. Seu rosto era um misto de alegria e tristeza. De empolgação e frustração.
- Porra Dani, fica feliz velho!
- Cara eu tô feliz... Mas eles bem que podiam ter dito isso antes.
- Dani, você consegui! Tem noção? Você queria tanto!
- Queria sim. Mas não pensava nem um pouquinho em ficar longe de ti.
- Cara... Quatro meses, passa rápido
- Ah velho, sei lá...
A promoção conseguida requeria um período de treinamento na nova função em Brasília. Quatro meses em uma cidade não tão próxima assim. No fundo, eu estava triste também, mas não queria passar isso prá ele de forma alguma. Logo agora que estávamos tão bem, ficar meses longe ia ser foda. Já confiava nele, ele confiava em mim, não era isso. Era a distância e o medo que sempre bate...
- E aí, você vai né?
- Eu disse que dou a resposta amanhã.
- Mas, Dani?
- Bruno. Escuta... Eu queria muito isso, mas se eu perceber que isso pode abalar nosso caso, fico de boa. Não estarei sem o meu emprego atual, e me disseram que uma próxima oportunidade pode surgir mais prá frente. Precisava negociar tudo contigo primeiro.
- Porra, lindo. Sabe que pode contar comigo. Eu te apoio de boa, a gente negocia umas idas minhas e vindas suas em alguns finais de semana... Vai dar certo.
- Ah, caralhooooooo!
- Hehehe... Relaxa. Tudo que é fácil demais, pode suspeitar...
- Foda, né?
- Já decidiu?
- Não. Vou pensar, vamos conversar, negociar, e amanhã eu decido. Junto contigo.
- Beleza.
Não estiquei o papo, pois vi que ele estava sofrendo mesmo.
No fundo eu sabia que isso era nada prá quem quer ficar junto à vida inteira. Em teoria. A prática, teríamos que construir. De novo.
Acordamos no dia seguinte mais uma vez com o chato do celular.
Ele foi pro banho calado enquanto eu aprontava uma vitamina rápida. Respeitei seu momento, pois tinha percebido que ele não tinha pregado os olhos a noite toda. Eu fingi que dormia, não querendo forçar barra nenhuma. Era um momento e decisão dele. Ele tinha que decidir.
- Bruno, tu pode me deixar lá?
- Claro.
- Não vai te atrasar...?
- Não, hoje estou tranqüilo até.
Mais silêncio no caminho.
No rádio a música dos caminhos, das trilhas, da distância...
- Daniel, se você quiser falar comigo sobre sua decisão, tô aqui. Não quero forçar a barra, ok?
- Eu sei meu lindo. Te conheço.
Ele pousou sua mão forte em minha coxa e foi massageando, de leve.
- Pára senão eu bato...
- Hehehehe...
- É sério.
Ele voltou ao seu ar sério, aquele que eu gostava bastante, um ar "quase eu"...
- Bruno...?
- Oi.
- Eu já tomei minha decisão. Conversamos a noite, pode ser?
- Claro.
Eu o deixei no banco e fui embora.
Um aperto no peito, junto com a certeza que superaríamos mais essa se fosse o caso, mas fazendo questão de sentir aquela dorzinha que incomodava, mas que reconfortava de certa forma.
Era bom sentir aquilo de novo. Era bom sentir-me vivo.
O dia transcorreu sem pressa, meio que querendo arrastar as coisas. Eu mergulhei no trampo e só me permiti um desabafo básico com Marcão, meu parceiro de sempre nas confidências.
Era bom ter alguém prá compartilhar essas dúvidas também.
E um pouco mais aliviado voltei prá casa ao seu encontro.
CAPÍTULO 37
Estávamos na mesa ainda, acabando de saborear um peixe bom.
Ele tinha permanecido quieto, sério, mas sereno. Eu estava recolhendo a louça e preparando para lavá-la quando ele se chegou por trás.Segurou minha cintura com força, colocou seu rosto no meu ombro e me abraçou forte, dando um suspiro profundo.A resposta estava dada ali...
- Dani, e você tem que ir quando?
- Em quinze dias ainda... Temos um tempo prá ajeitar tudo.
- Bom... Assim não precisa correr tanto.
- É verdade. Bruno?
- Fala...
- Tu vai estar comigo certo?
- Claro, Dani. Você sabe. Sempre.
- A gente vai se falar sempre né?
- Ih meu Deus... Quanta carência... Vou fazer o possível prá ter um tempinho prá você...
- Malvado...
- Eu?
Estávamos deitados no sofá, recostados um no outro.
- Velho... Sabe que pensei muito, muito mesmo. Mas acho que seria até sacanagem contigo, que sempre me incentivou e me fez ir além. Devo isso a você, entende?
- Ah... Menos cara. Você conquistou isso. Você sabe. Só faltava um empurrãozinho.
- É... Com essa pegada.
- Seu safado.
Ele me apertou forte, mordeu meu pescoço.
- Vou sentir muito sua falta!
- Eu também. Mas vai voar esse tempo, você vai ver!
- Tomara. Olha só...
- Hum...
- Antes de ir, preciso, preciso muito te levar em um lugar!
Medo! Ansiedade! Vontade! Quem diria...
- Ihhhh... Lá vem!
Ele riu gostoso.
- Não é o que tu tá pensando, seu indecente.
- Hahahaha... Tá bom! Vai me levar na missa?
- Hei, até te levaria. Mas ainda não. É um lugar que assim como você no hotel de Salvador, eu sempre quis voltar com "A" pessoa especial.
- Uau!
- Se prepare... Viajo no Sábado daqui a doze dias. Na véspera vamos lá.
- Ok...
Eu tava feliz por ele. Triste. Com saudade. Com receio. Tranqüilo... Confuso prá caralho... Aguardando...
Passamos a dita Sexta Feira juntos. Eu pedi folga na empresa e ele já estava nos preparativos para a viagem. Fizemos as malas juntos, organizamos todo nosso esquema de comunicação e visitas...
Conta no Skype, celular da mesma operadora, bobeirinhas práticas assim. Tínhamos definido que tentaríamos nos visitar a cada três semanas, alternando minhas idas e suas vindas. Era o que dava prá fazer.
Sete horas da noite. Tudo estava pronto. Eu acabava de me arrumar.
- Vamos logo, Bruno!!! Que demora!
- Ei, calma... Você não me fala onde vou. Então espera.
- Mas é birrento viu...
- Sou sim. Não pode dar nenhuma dica?
- Ai... Engole essa curiosidade, figura. Vambora. Vou dirigindo!
- Uia! Vai me vendar também?
- Hummm... Seria legal! Mas não. Vai que me prendem no caminho achando que é seqüestro.
- Hehehehe... Quase é!
A ansiedade e curiosidade de certa forma amenizaram a agonia da véspera de sua partida. Ele, esperto que era, tinha planejado antecipadamente. Era autodefesa. Era proteção prá gente.
Entramos no carro e pegamos o corredor Norte-Sul.
- Daniel... De novo?
- Não seu safadão. Nada de aventuras hoje. Você hein?
- Vai saber...
Rolou até um pouco de frustração com a negação, Não era o Autorama... Passamos pelo Ibirapuera e continuamos rumo ao centro.
- Caraca, velho... Vamos viajar?
- Ah... Vamos!
Menos de quinze minutos e ele estava entregando o carro ao vallet do Terraço Itália, na Avenida Ipiranga. Olhei para aquele arranha céu e tremi na base...
- Dani. Pelo amor de Deus... O que você vai aprontar, esse local é muito recatado!
- E eu? Sou o que? Vem comigo!
Subimos ao bar do terraço, e a vista era simplesmente linda. A cidade aos nossos pés, iluminada, vibrante, imensa.
E de certa forma uma sensação de que ali, nada nos atingia. Toda ameaça estava lá fora, lá embaixo. Ali tudo era beleza. O local perfeito prá uma despedida. Nos sentamos em um sofá encostado no vidro do bar, que nos dava a sensação de estarmos no ar. Era lindo.
- Caraca Dani. Que lindo isso. Nunca tinha vindo aqui.
- Pois é. Vim uma vez, há muito tempo atrás, e prometi a mim mesmo que voltaria com você...
Eu parecia um adolescente... No piano bar, começou a soar uma canção linda, que eu amava. Sorri de leve.
- Que foi?
- Essa música... Eu amo. Outro dia a escutei e cheguei à conclusão que é a nossa história.
- Como é a letra? Não conheço...
- Não? Escuta só...
Ele se recostou e fechou os olhos. Fiz o mesmo e senti seu pé me acariciando por baixo da mesa. Sutil. Carinhoso. O pianista tocava belamente.
- A melodia é linda... Mas e a letra? Quero saber!
- Chegando em casa eu baixo e te mando por e-mail. Ouve quando chegar lá. E me diz se não é nossa história.
- Ok.
Deixamos a noite passar sem pressa, conversando calmamente e desfrutando aquilo tudo. Em dado momento ele segurou minha mão.
- Quero te pedir uma coisa.
- Fala...
- Semana que vem, nesse mesmo horário, quero que venha aqui.
- Hã?
- Você vem?
- Prá que?
- Vou te ligar. Quero que esteja aqui, nesse mesmo lugar. Quero falar contigo, mas aqui.
- Porra Dani... Fala agora!
- Ah moleque, não estraga! Vem ou não?
- Poxa, venho... Mas que bobeira!
- Você vai ver que não. Vai ser legal.
- Você me inventa cada uma...
- Marca aí. São onze e meia da noite. Vou te ligar nesse horário, Sexta que vem. Se eu não ouvir esse piano, desligo...
- Ah... E sou eu o pirracento!
- E vamos embora! Amanhã vai ser foda!
Saímos ainda bobos com a noite deliciosa.
A semana foi foda!
Só depois de sua ida me dei conta do tanto que nossas vidas eram ocupadas por nós mesmos. Eu lembrava dele sempre, em cada canto da casa, lugares que passava, músicas que ouvia.
Por muito tempo em minha vida tinha me recusado a me entregar a essas paixões sofridas, essa dependência estranha, essa necessidade toda. Sempre tinha defendido uma individualidade que, embora eu notasse que tínhamos - e a viagem dele era prova disso - o que sentia agora me fazia questionar.
Era isso o amor de volta? Era esse o amor definitivo?
Existiria?
Eu não tinha resposta prá nada, só sabia que estava sentindo uma falta louca dele, mesmo nos falando todos os dias e sabendo que ele estava bem, crescendo, aprendendo, feliz... Mas sua voz era triste.
Deitado na minha cama na Quinta Feira, logo após ter falado com ele rapidamente, me veio á mente tudo, desde o início...
Aquele primeiro dia na guarita. Um olhar... Um atrevimento prá um convite. Meu atrevimento em me permitir aceitar aquele convite...
Nossos primeiros estranhamentos, suas taras, suas manias, minha vergonha... Seu jeito sacana e incisivo em me conquistar aos poucos, me revelando sua personalidade e sedução,
Nossos encontros e desencontros,
Minha insegurança em relação ao seu namoro,
Seu rompimento, o convite prá vir morar comigo,
Nossas viagens, aventuras nas ruas, sacadas, arpoador, Salvador,
Nossas mudanças, nossas manias sendo trocadas,
Seu crescimento profissional,
Nosso crescimento pessoal,
Tanta coisa... Tanta coisa.
Eu dormi com saudade.
Tava bem difícil. Mais que eu tinha imaginado.
Cheguei ao terraço Itália quinze minutos antes do combinado. Como estaria sozinho, não me dei ao trabalho de chegar antes. Aliás, planejei tudo... Ia fazer de conta que esperava por alguém, falaria com ele ao fone e me mandaria dali como se um imprevisto tivesse acontecido.
Ninguém ali me conhecia, mas não queria parecer tão bobamente apaixonado. Bobeira...
Fiquei ali sentado, admirando aquela vista incrível e pedi uma taça de vinho. Tava bem disposto a tomar um porre e voltar prá casa, mas tinha que dirigir... Saco! O tempo passou rápido, minha mente voava.
O telefone tocou exatamente às onze e meia. Ele era foda...
- Bruno?
- Não... Popeye!
- Ah... Mudou.
- Não, é que esqueci mesmo... hehehe... Tudo bem Dani?
- Indo... Deixa eu ouvir...
Eu afastei um pouco o celular. O piano tocava.
- Sim... Tá bonita a noite aí?
- Linda. Podia estar melhor, claro. Mas conta, como estão as coisas?
- Calma... Que pressa.
- Desculpa. Só queria saber.
- Tudo bem. Tá tudo legal, meu lindo.
- Que bom!
- Bruno... Me conta uma coisa...
- Fala?
- Tu está na janela?
- Sim! No mesmo lugar.
- Me diz o que você vê lá fora... Lá embaixo?
- Hã? Dani???
- Caralho... Me fala.
- Eu heim...
Me virei prá fora... Tava me sentindo um idiota.
- Bom... O de sempre meu... Os prédios acesos, movimento dos carros lá embaixo. Aquele silêncio gostoso aqui.
- Nuvens?
- Algumas...
- Legal... Sabe? Adoro você com essa camisa?
Meu coração acelerou.
- O quê? Como?
- Tu fica lindo assim...
Me levantei assustado, olhando prá entrada do bar.
Subindo as escadinhas lá vinha ele, lindo, sorrindo, devagarzinho!
-- FINAL --
Passou pelo pianista e fez um sinal com a cabeça."No mesmo momento" ele começou a tocar a música que tínhamos ouvido semana anterior...
- Cara, você é doido?
- Sou sim velho... Doido por ti. Que saudade, porra!
Ele me abraçou devagar, com cuidado, mas ao mesmo tempo me passando todo o desejo e necessidade que sentíamos.
- O que aconteceu velho?
- Depois te explico, senta aqui comigo. Não vamos demorar. Quero você lá em casa.
- Poxa vida, não posso brincar de ser romântico não?
- Pode... Eu gosto.
Ele se sentou ao meu lado, pegou minha mão e se recostou, acompanhando a música.
- Você tinha razão. É linda, e é nossa cara... Nossa história. Você me vê assim?
- Muito Dani. É o que você é prá mim.
- Lindo isso Bruno. Obrigado, cara!
- Eu queria poder te beijar...
- Contenha-se seu safado. Tu vai ter tempo...
A música acabou e ele me puxou. Vamos lá ao Terraço. Quero te mostrar uma coisa... Saímos e passamos por um pequeno grupo de Japoneses fotografando. Sempre eles. Ele foi me conduzindo prá um lugar mais tranqüilo.
Medo...
- Dani... Aqui não.
- hehehehehe! Você acha que sou um louco mesmo né?
- E não é?
Ele revirou o bolso...
- Trouxe um presente prá ti...
- Oba!
- Me dá sua mão.
Eu dei a direita.
- A outra.
Tremi...
Ele segurou, deu um beijo sugando meu dedo e colocou uma aliança linda, única.
- Sua vez... Toma.
Eu peguei a aliança da mão dele e fiz o mesmo, de cabeça baixa. Estava com vergonha das minhas lágrimas. Ele levantou meu rosto e vi que chorava também... Me deu um beijo suave, tranqüilo, eterno...
- Eu te amo meu rapaz.
- Eu também.
- Prá sempre juntos. Eu tô de volta. Não dá prá ficar sem você!
Susto.
- Dani? Você não pode...
- Posso. Fiz. E tô muito, muito feliz, porra!
- Cara, você...
- Cala a boca e vamos embora daqui... Merecemos nossa lua de mel!
Ao passarmos pelo lobby do bar, ele fez um aceno com a cabeça pro pianista.
- Você é foda, velho... Como combinou tudo?
- Cheguei mais cedo, antes de ti... Fácil.
- E me esperou lá embaixo?
- Hummm... Não. Na verdade, olha ali do lado...
Eu me virei e dei uma olhada.
O garçom do bar estava de lado, e deu um sorriso discreto.
- Dani? Você?
- Claro que não seu puto! Hehehehe... Mas vou te dizer uma coisa...
- Porra, que susto. Fala...
- Acho mesmo que precisamos voltar aqui mais vezes!
Eu lhe dei um tapa no peito, e saímos sorrindo, mãos dadas, acho que as pessoas mais felizes do mundo naquele momento.
Eu não tinha dúvida disso. Era mais que um sonho!
Era um sonho real!
E nossa música tocava prá sempre...
- Vambora Dani... Tu tem muito prá me explicar...
- Tá bom... Só depois que você acabar comigo!
- Deixa comigo meu lindo... Deixa comigo.
Voltando prá casa, janela do carro aberta, o vento no rosto.
Era a noite mais linda da cidade. A primeira de muitas...
Eternas noites.
------------------- FIM ------------------
Pessoal, valeu por acompanhar! O último post vem em breve, apenas com curiosidades sobre o conto e respondendo a algumas perguntas que recebi por mensagens dos leitores!
Muito obrigado a todos que seguiram essa longa história até aqui. :-)
Cara começei o conto pelas curiosidades e resolvi acompanhar,gostei pra caramba do conto e oprincipa,se dizes q o bruno da historia é vc kkkkk me apaixonei por ti!! Valeu cara, abraços
Muito kra mt lindo eu cmpraria o livro c ticesse otimo final adorei toda a historia meus parabens vc e otimo espero ourro conto seu mas enquanto isso vo per esse aqui dnv e dnv e dnv pq o a é bom e p see revisto e lembrado eternament Nm o desse aqui o nonr m tem nada mas a hitoria e td de bm contoerotico/ex_new.cfm?ct=14267&kp=872267
Parabéns seu conto prende a atenção do inicio ao fim vc conseguiu abordar temas que normalmente são tabus como exibicionismo e sexo a três coisas que muitos casais tem a curiosidade de praticar e não o fazem por medo vergonha, abordou o verdadeiro amor o companheirismo a individualidade tb nossa seu conto foi um dos melhores pena que acabou!!!
Do jeito que você falou de Salvador deve conhecer ela bem,eu moro aqui. ;-}
Amei a final,espero que você continue escrevendo ainda quero ler outro conto seu. ;->