– Não acredito que perdi mais uma vez! – afirmo revoltado com o resultado do game de futebol.
Ela ri e permanece deitada no sofá como se a vitória fosse previsível e meu comentário irrelevante. Já está ficando habituada a vencer de goleada. E como joga bem! Embora eu admita ser um péssimo perdedor, daqueles sem qualquer espírito esportivo, confesso que ser derrotado por ela me dá até certo prazer. E isso me preocupa. Como aceitar, sem devaneios, o desejo que eu sou, sim, capaz de sentir por ela? Logo ela, que cresceu ao meu lado, brincando de futebol e subindo em árvores! Logo ela, que fazia festa no carnaval, jogando espuma na família.
Anabella – ou Bella – é minha prima mais velha. Nutro, por ela, um profundo afeto desde a mais tenra infância, mas nada além do esperado de um primo de primeiro-grau. Naquela época, nenhum traço em seu rosto parecia especial demais. Na verdade, nada nela me chamava a atenção. Era apenas uma menininha, linda, é verdade, mas branca demais, com energia demais e suja demais por brincar na grama.
Mas, quando Bella completou dezesseis anos, algo aconteceu. Por sorte, agora, além de bela, ela havia se tornado uma linda mulher, com seios firmes e pequenos e pernas compridas e incrivelmente torneadas. E aqui, na sala de estar, enquanto a olho, imagino como seria bom correr por ali, brincar com ela e percorrer os caminhos dos seus contornos, um a um, para sentir seu gosto e lamber sua pele. Como não olhar? Espero – como sempre esperei –, ansioso, por algum sinal, qualquer brincadeira capaz de me fazer crer que a atração é recíproca. Mas nada.
– Bella, quer fazer uma aposta? – Sinto minha boca se curvando em um sorriso esperançoso.
– O que? – pergunta ela depois de vacilar um instante para entender melhor o que eu disse.
– Uma partida valendo qualquer coisa – respondo. – Se eu ganhar o próximo jogo posso pedir qualquer coisa a você – explico. – E vice-versa.
Um sorriso debochado imediatamente preenche o rosto dela. A ideia parece ter agradado a ela, pois em vez de permanecer deitada, logo se senta no sofá e começa a olhar fixamente para a televisão.
– Feito?
– Feito – responde ela, empunhando melhor o controle.
Uma nova partida começa. Dedico-me como nunca a vencer. Parece difícil demais reconhecer a estratégia dela. Apesar disso, não desisto. A sala de estar está silenciosa. Só se ouve os sons do jogo e o barulho veloz e insistente de nossas mãos sobre o controle. O jogo está empatado e faço uma jogada inusitada que encerra a partida com um gol ainda mais inesperado. Venci. Bella está boquiaberta. Com um sorriso incrédulo ela se lança sobre o sofá, desdenhando minha vitória.
– Foi sorte, primo. Cê nem jogou bem.
– Claro que joguei – retruco.
– Eu estava guardando minhas habilidades para o melhor momento.
– Até parece – despreza. Embora ela estivesse sorrindo, um leve ar de frustração podia ser sentido.
– Como eu ganhei – começo a dizer cheio de orgulho – já posso pedir o que eu quero.
– Tá, pode – permite ela um pouco decepcionada.
Sinto meu coração acelerar e hesito em dar continuidade. Mas engulo a saliva, respiro fundo e sigo em frente no meu joguinho.
– O que eu quero, Bella – começo a dizer sem toda a força que naturalmente possuo em minha voz – é um beijo. Só que um beijo de verdade. Não pode ser no rosto nem um selinho.
Uma enorme risada se dispersa pela sala.
– Claro que não – exclama ela, ainda contendo parte da gargalhada.
Aproveito o momento e começo a rir também. Sinto que essa era a única resposta plausível, afinal, eu havia acabado de “mendigar” por algo que normalmente costumamos conquistar ou merecer por mérito próprio.
Penso em perguntar “por que não?”, mas isso seria ainda mais grave do que pedir por um beijo. Em vez disso, levanto-me e ando em direção a ela no sofá. Antes que Bella se dê conta, coloco a mão em sua nuca e deixo que nossos lábios decidam-se por si próprios. E assim nos beijamos.
Já é quase cinco da manhã quando abro totalmente os olhos. Mal consegui dormir tamanha a ansiedade em decorrência dos acontecimentos da noite anterior. Meus pensamentos giram e giram tal como um casal rodopiando ao ritmo de tango em palco encoberto por nuvens de vapor, calor e suor. Viro o corpo para o lado e arrisco:
– Bella? Está dormindo? – pergunto baixo em direção ao rosto dela. Embora esteja escuro, sei exatamente onde está seu travesseiro.
– Não – responde ela quase inaudível, como se a escuridão engolisse parte da palavra.
– Se importa se eu descer para o seu colchão?
Ela torna a repetir o “não” e então, o mais cautelosamente possível deixo minha cama, tomando cuidado para não apoiar meu corpo sobre nenhuma parte dela. Por fim ajeito-me debaixo da coberta.
– Não consigo parar de pensar no que fizemos ontem – cochicho em seu ouvido, agora dividindo o mesmo travesseiro que ela. – Você não tem ideia de como fiquei. Confessar isso e sentir seu cheiro atiça novamente minha libido, e no curto silêncio após minha declaração, apoio o braço entre seus seios e trago seu queixo em direção ao meu.
Sinto sua língua trombar na minha de um modo quase imperceptível antes de finalmente entrar em um compasso sensualmente ensaiado. Depois que nossos lábios encontram o timing perfeito, sinto uma nova onda elétrica de estímulos percorrendo meu corpo. A pouca umidade de sua boca deixa ao redor dos meus lábios um suave relento de saliva, e o que resta da inocência do beijo aos poucos perde ainda mais a castidade e afasta permanentemente a abstinência dos prazeres.
Paro de acariciar seu rosto e levo minha mão outra vez pelos caminhos que outrora apenas sonhava em percorrer. Sinto lentamente a graciosa elevação de seus seios e os aperto com tranquilidade, preparando-os para um provável toque mais agressivo. Roço de leve a pele de sua barriga e então seduzo sua mão a segurar minha ereção. Ela se mantém inerte; não recusa o convite, tampouco se sente confiante para apertar-me.
Bella permite se descobrir na mesma intensidade em que me permite explorá-la, tornando a situação ainda mais excitante. Induzo sua mão a se fechar, como se a ensinasse como agarrar a virilidade de um homem, e depois de afrouxar a pressão, torno a fecha-la. Assim que a solto, surpreendo-me ao senti-la me apertando novamente, dessa vez, sozinha. De volta ao seu corpo, serpenteio para o interior de ser short e deixo meu dedo médio massagear o espaço entre seus grandes lábios sobre a calcinha. Por um breve instante sua boca se desprende da minha e deixa evadir um ar quente fraco, como um fumante que mira a fumaça para a boca de outra pessoa. Interrompo a massagem vertical e passo a fazer movimentos circulares em seu ponto mais sensível, e assim que sinto seu beijo tornar-se descoordenado, levo toda a mão para dentro de sua calcinha.
Sou apanhado de surpresa pela umidade que sinto ao toca-la. Espalho com satisfação e serenidade o líquido, e em poucos segundos meus dedos passam a escorregar sensivelmente por toda sua intimidade, estimulando-a em todas as direções. Sua boca há algum tempo não busca a minha. Noto e ouço, em meio ao breu, seus lábios separados e sua respiração ávida por mais desse toque que a excita. Enquanto continua apertando minha rigidez, aproximo de seu ouvido e aspiro com intensidade seus poros, provocando-lhe um arrepio e elevando
ainda mais as sensações que permeiam seu corpo.
– Quero você de todas as formas – afirmo carregado de desejo a uma distância inquietante de seu ouvido. –
Confia em mim?
Ela assente com um sussurro quase surdo. – Diga – insisto. – Sim, confio.
Tiro-lhe, então, parte do pijama e a calcinha, deixando-a nua da cintura para baixo sob o cobertor; depois faço o mesmo com as minhas roupas. Ao tocá-la no joelho com a intenção de separar um pouco suas pernas, sinto-a endurecer um pouco.
– Não vou te fazer nenhum mal, Bella – digo tentando acalma-la.
– Não é isso… – Espero em silêncio que ela continue.
– Estou com vergonha.
– Não há motivo para ficar tímida – sussurro. – Você tem um corpo lindo, uma pele maravilhosa. Desejo apenas te sentir melhor e te dar prazer.
Sua perna finalmente relaxa e estão separo seus joelhos. Um instante depois, estou sobre ela, com o membro ereto diante de sua abertura e nossos rostos incrivelmente próximos. Seguro minha rigidez apenas o suficiente para direciona-la ao seu centro, e então a penetro, empurrando devagar, com cuidado, sentindo seu interior se expandir para me alojar aos poucos. Uma pequena lamentação e uma grande sensação de prazer saem juntas em um único gemido, e então Bella arqueia os quadris. Beijo-a com ternura enquanto sinto a tensão de sua brecha ceder aos poucos.
Com cuidado, acomodo melhor meu corpo e começo a mover em seu íntimo, sentindo cada centímetro de sua abertura aveludada envolvendo minha rigidez fervente. Aumento intencionalmente o ritmo. Bella morde meu lábio, talvez na intenção de me castigar por uma dor tão prazerosa transformada em convulsões que apertam minha masculinidade. Sinto-a abraçar meu pescoço e instintivamente acelero ainda mais a intensidade do meu ataque, absorvendo com meus lábios todos os gemidos que escapam de seu corpo febril e vibrante à medida que luta contra uma maré ardente de doce selvageria que a acomete com ímpeto incessante.
Por fim ela cede, entregando-se ao incontrolável, e logo depois disparo uma rajada torrencial de sensações sobre seu umbigo.
Muito bom
Que ternura de conto. Adorei. Votei. Parabéns e beijos.