— Tens noção do acabou de fazer? — grito passando a mão na minha pele avermelhada — Você me bateu, sim! Você me bateu! — Lembra bem o que tu fez, Júlia? — responde no mesmo tom, segurando-me forte pelos braços — Acabou de confessar que deu pro teu assistente dentro do nosso carro... Tu perdeste a noção das coisas mulher! Fito-o assustada, os olhos arregalados de João indicam a sua fúria, mas eu não estava mais conseguindo viver na mentira e precisava esclarecer tudo. Depois de algum tempo, enfim solta dos meus braços e sento na beirada da cama, chorando. João caminha pelo quarto, desconcertado, rosnando palavras que não consigo entender, batendo nos objetos. — Eu quero o divórcio — murmuro. — Ah, muito óbvio Júlia, mas quem deve pedir sou eu, afinal eu fui traído — responde ao sair do quarto. Tomo a iniciativa e pego uma mala pequena, coloco algumas poucas roupas dentro da mesma e arrumo meus objetos mais necessários para alguns dias. Dou um trato no rosto, a fim de esconder o vermelhão todo. João está na sala, apoiado sobre a bancada bebendo seu uísque caro. Passo por ele para pegar meu celular, quando o mesmo toca. — Deve ser teu amante... Ele ligou faz pouco tempo perguntando sobre os... — Amante? Nós transamos uma única fez, e quer saber o motivo? As vezes nós dois ficamos quase um mês sem fazer amor, e eu tenho as minhas necessidades João — digo —, em todos esses anos de casamento foi essa única vez, afinal eu sempre te amei... — Então não ama mais? — pergunta com os olhos cheios de lágrimas, deixando o copo de lado. — Eu... Eu não sei João. O desespero toma conta de meu corpo e não conseguindo mais conter as lágrimas, choro feito criança em sua frente e, de repente, estamos em um abraço forte, carinhoso, ambos chorando. — Eu te amo Júlia, só tenho você... Por favor, me desculpe. — diz olhando em meus olhos, segurando meu rosto com as mãos. Beijo-o, fa forma mais amorosa que posso. O gosto de nossas lágrimas se misturam e quando percebemos já estamos deitados sobre o tapete da sala. Devagar, João tira minha camiseta e meu sutiã, descendo por meu corpo até chegar em meus seios e deixando ali, inúmeros beijos. Chegando à barra da minha jeans, ele abre com agilidade e lentamente vai puxando, levando junto a minha calcinha. Novamente seu corpo está sobre meu, dois corpos nus se amando como nunca. Pele com pele, boca com boca. Várias carícias, sempre com carinho e muito cuidado. — João, eu esqueci da pílula hoje. — Tudo bem, eu tiro antes de gozar — responde. Aos poucos João vai abrindo minhas pernas e se posicionando, sinto um arrepio interminável em todo o meu corpo. Enfim sinto o membro de João me preencher, devagar. Assim como todos os seus movimentos, sempre beijando-me. Aos poucos, vai acelerando e, ao mesmo tempo, começa a me masturbei. Chego ao orgasmo logo em seguida, deixando meu corpo se entregar totalmente e quase que ao mesmo tempo, João goza também. Ficamos por um longo tempo deitados juntos, abraçados. Escuto seu coração bater forte, acelerado e sua respiração ainda um pouco ofegante. Acaricio seu peito enquanto João faz um cafuné maravilhoso, massageando meu couro cabeludo. — Júlia... Não me deixe, nunca. — diz suavemente, beijando meu cabelo logo em seguida. — Eu a amo tanto que, sei lá, não imagino viver sem você. — Eu não... — Shhhh. Apenas escute — interrompe —, eu estou muito arrependido. Foi de impulso que lhe dei aquela maldito tapa, Júlia... Não sei se consigo acordar e não ter você do meu lado pra dar bom dia ou dividir o chuveiro comigo. Eu não te procurei mais — ele pausa —, bem, achei que você não estivesse tão afim e disposta. Sabe que chega uma certa idade que as coisas mudam. — João, eu te amo! Nunca vou te deixar. Olho em seus olhos brilhantes e lhe dou um beijo suave. Aconchego-me mais em seu colo e descanso, até que adormecemos juntos. Quando acordo, estou na cama aquecida. Abro os olhos e o observo desfazer a minha mala. O amor foi tanto naquele dia que não coube em nossos corações. Fui mãe pela primeira vez aos 38 anos enquanto João foi pai aos 44.
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