Amando um Roqueiro - VII

Amando um Roqueiro - VII

George me deixou novamente na porta do meu condomínio e voltou para o trabalho, mais uma vez nos despedimos com beijos no rosto e quase ele me beijou a boca. Sentir George tão perto, sentir o calor do seu corpo se aproximando do meu, seus lábios macios tocando minha pele, quase chegando aos meus lábios, seu perfume...meu coração disparou como eu não sentia a anos, senti um arrepio percorrendo meu corpo, estava difícil negar para mim mesmo cada dia mais, mas George estava mexendo comigo.
Saio do carro e fico vendo ele sumir na rua é quando ouço aquela voz mais que conhecida...
_ Boa noite! Bonito heim? Agora todo fim de semana será isso?
Pergunta com voz nitidamente de quem havia bebido, Davi.
_ Estou cansado Davi e você não está parecendo em condições de se ter uma conversa válida!
_ È claro, so eu erro, so eu bebo, so eu fumo, so eu sou o desempregado, so eu, so eu... o que aconteceu com a gente cara? Parece que voltamos para a casa dos nossos pais, eu não quero isso, eu não quero voltar, eu não quero que a gente fique brigando, Edu.
_ E acha que eu quero?
_ Queria que fosse como quando chegamos aqui.
_ Eu queria que fosse como quando éramos crianças.
_ Pensei que não estava feliz la, com seu pai, por isso quis vir.
_ Estou falando de nós.
Com os ânimos mais calmos subimos para nosso apartamento, entramos e nos acomodamos no sofá.
_ Ha sim, era bom mesmo. Quando sua mãe levava a gente para aqueles shows.
_ Lembra quando colocamos brinco?
_ Nossa aquilo doeu pra porra, moleque! Kkkk
Começamos a recordar de coisas que vivemos de criança ate a adolescência, muitas coisas que vivemos juntos e agora riamos. Acabamos dormindo no sofá. Eu sentado e Davi deitado no meu colo. Acordei com o barulho de um vizinho chegando, olhei para Davi tão sereno, acariciei seu rosto, seus cabelos longos, passei a mão bem de leve no seu peito, fiquei olhando sua boca adornada por um cavanhaque e lentamente fui abaixando minha cabeça, meu rosto foi se aproximando do dele, então me lembrei de algo que aconteceu a muito tempo atrás...
Meus pais gostam de rock foi assim que me apaixonei pelo ritmo, quando em uma cidade grande na nossa região tinha show meus pais faziam o possível para ir e quando dava nós levava, sim Davi ja era quase um irmão pra mim, éramos inseparáveis, praticamente éramos os únicos, da nossa idade que curtia rock, a maioria dos adolescentes da cidade e região eram fãs de sertanejo e os outros pagode. Meus pais sempre me compravam camisa de banda, eu tinha cabelo grande, quando tinha um evento que podia se fantasiar eu me maquiava de algum dos membros da banda Kiss, e claro Davi também, mas os pais dele não curtiam e isso era motivo de briga entre ele e os pais, seu refúgio era la em casa, onde ouvíamos rock, brincávamos de tocar. Davi ganhou de um dinheiro de um tio que morava no exterior quando veio passar uns dias aqui e comprou uma guitarra em uma loja de usados, foi um dia maravilhoso, fomos para a cidade que ia acontecer o show na sexta a noite, comemos pizza passeamos, no sábado fomos comprar a guitarra, muito legal a loja, instrumentos lindos, clientes vestindo camisa de banda, couro, bandanas, unhas, cabelos pintados maquiagem, penteados exóticos, pircings, brincos tudo muito legal como nos vídeos e clipes que assistíamos.
Davi escolheu uma guitarra e meu pai acabou completando o dinheiro ele ficou muito feliz abraçou forte meu pai. Meu tratava Davi como filho, não que meu pai fosse carinhoso, sempre do jeitão dele, mas era bom para nós.
A noite o show, cara foi muito massa um dos melhores shows que fomos estávamos muito excitados, extasiados, era mágico!
Quando voltamos para o Hotel estávamos exaustos, mas famintos também, já era tarde, por isso meu pai resolveu nos deixar no hotel primeiro e ir atrás de comida com minha mãe. Davi e eu ficamos no sofá, conversamos um pouco e acabamos dormindo. Eu acordei fui ao banheiro e quando voltei ele continuava la dormindo, lindo, eu me aproximei e fiquei ali admirando seu rosto, os contornos, cada pedacinho daquele cara que eu gostava tanto e que já não me via longe dele, fiz alguns carinhos bem suaves para não acorda lo, aos poucos fui aproximando meu rosto do dele, já podia sentir sua respiração ate que meus lábios tocaram o dele, meu coração estava disparado, mas eu tentava ser suave para não acorda lo, a porta de repente se abriu...
_ Que porra é essa?
Disse meu pai me vendo beijar meu amigo. Vindo rápido em minha direção, eu com o susto de ser flagrado me desequilibrei e cai no chão. Meu pai me pegou pelo braço me levando ate o banheiro, percebendo que Davi estava dormindo.
_ Há quanto tempo isso esta rolando?
_ Não fiz nada pai!
_ E aquilo mudou de nome? Pra mim era você beijando o Davi ou vai me dizer que não era?
_ Era mas... pai eu não sei porque fiz aquilo eu...
_ Fez porque você é um viado! Eu já estava desconfiado, mas sua mãe dizia que não, “são apenas garotos meu bem”, E ele?
_ Por favor pai, não conta nada para ele, por favor!
A porta da sala abriu novamente, era minha mãe.
Sua mãe chegou, engole o choro que eu não vou contar nada, mas as coisas vão mudar, há se vão, isso eu te garanto!
Disse meu pai me dando safanões me segurando pelo braço, só de me lembrar sinto a dor por todo meu corpo. Claro que minha mãe percebeu, mas meu pai disse que não era nada, comemos e fomos dormir, daquela noite em diante minha vida se tornaria um inferno. Meu pai a cada dia bebia mais e isso começou a interferir no seu trabalho e em casa com minha mãe, brigas constantes e comigo a coisa era ainda pior. Meu pau me proibiu de ver Davi, ordenou que eu tirasse o brinco, recolheu e jogou fora todos meus adornos, pircings, anéis, pulseiras, minha maquiagem, tudo. Meu cabelo que na época era grande e pintado de preto foi cortado estilo militar bem curto, chorei por semanas toda vez que via meu reflexo. As coisas só não eram mais difíceis de suportar porque eu estudava com Davi e como eu morava em uma cidade pequena do interior não se tinha muitas opções.
Eu estava surtando, mas não tinha como sair daquela situação, me dediquei aos estudos chegada a temporada do vestibular enterrei a cabeça nos livros e disse para Davi fazer o mesmo que eu tinha um plano foi muita alegria quando saiu o resultado, não conseguimos na federal, mas como sempre estudamos em escola pública com o programa de governo de bolsa conseguimos entrar em uma faculdade particular com bolsa integral tanto eu quanto Davi em uma cidade maior na mesmo estado onde morávamos.
Minha mãe ficou muito feliz e a de Davi também, mas meu pai disse que não me manteria em outra cidade que não tinha condições, mas eu já tinha tudo arquitetado tinha enviado currículo para o callcenter e eles agendaram entrevista fui com minha mãe para verificar a papelada da bolsa e já fiz a entrevista no callcenter dias depois a resposta eu tinha sido aprovado, já tinha um emprego eu tinha como me sustentar, bom quase, meu salário não era suficiente para o aluguel e toda a despesa de um estudante, mas se eu dividisse com alguém... então convenci a família de Davi a permitir que ele fosse já que também tinha sido aprovado na faculdade, nos comprometemos a conseguir um emprego para ele também e assim poderíamos ficar estudando e trabalhando na nova cidade.
Obvio que meu pai foi contra, mas sem argumentos já que não queria espalhar que seu filho era gay para toda a cidade, coisa que todos já faziam de chacota so por eu ter gostos diferente da maioria deles conseguimos, mas as coisas acabaram saindo dos trilhos...
La estava eu com os lábios novamente perto dos de Davi como a anos atrás, mas desta vez a porta não se abriria, meu pai não nos flagraria, mas relembrar de tudo o que aconteceu, me trouxe um aperto em meu peito, uma culpa, uma vontade de chorar. Lentamente levantei a cabeça de Davi a retirando do meu colo. Fui para o banheiro, me despi liguei a agua e enquanto a agua caia, as lagrimas do meu choro abafado rolavam.
_ Bom dia!
Disse Davi com um enorme sorriso nos lábios.
_ Serio eu ainda estou dormindo? Ou você é um alienígena que tomou o corpo do meu amigo? Não, espera deixa eu ver uma coisa...
Disse eu colocando as costas da minha mão na testa de Davi.
_ Não sem febre.
_ Para de ser bobo! So quis fazer algo para você, para nos, estou negligente, para com a nossa amizade, taram...
Café e bauru, servido?
_ Humm ta gastando hem, que palavreado é esse e além disso cozinhando? O que você quer hã? Fala logo! Kkk
_ kkkk quero que voltemos a como éramos antes, como quando chegamos aqui, amigos, unidos, sem ninguém entre a gente.
_ Como assim? “ninguém entre a gente”?
_ Percebi que depois que comecei a namorar é que as coisas bagunçaram e bom, agora estou solteiro quer dizer, mais ou menos né? Mas o importante é que agora eu vou engatar um love com uma garota que você curte, além disso vou dar mais atenção a você ajudar mais aqui no ap.
_ Que tal arrumar um emprego?
_ Isso também, vou hoje atrás disso.
_ Nossa a hora vou me atrasar.
Sai correndo para o banheiro para escovar os dentes, peguei meus materiais e antes de sair dei um abraço forte em Davi.
_ Espero que tenha de fato percebido que estávamos indo por um caminho ruim e volte para mim, eu estava com saudades! Obrigado o café da manhã estava ótimo!
_ So mais uma coisa... Fique longe daquele cara.
_ Cara? Que cara?
_ Sabe de quem estou falando, do tal do George.
_ Não sei porque você pegou implicância com o cara...
_ So fica longe dele ok?
_ Tudo bem, se é para a gente se dar bem novamente eu fico longe dele.

Continua...

Autor: Mrpr2

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Comentários


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aventura.ctba Comentou em 23/06/2020

Amei seu conto meu amor, votado, adoraria sua visita na minha página, tenho conto novo postado, bjinhos Ângela

foto perfil usuario morsolix

morsolix Comentou em 23/06/2020

Então...Melhorou da penultima parte para este.Afonal, quando será o encontro dos dois. Curioso.




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Ficha do conto

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Nome do conto:
Amando um Roqueiro - VII

Codigo do conto:
158761

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
22/06/2020

Quant.de Votos:
3

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