Modelos mais baratos tem a pele básica, com aparência metálica. Apenas a linha premium reproduz a aparência humana. Até mesmo nas genitálias. Para Aurora não fazia sentido ter reprodução de órgãos sexuais se não fossem capazes de ereções ou lubrificação, mas havia ouvido que alguém do marketing achou isso uma boa ideia para justificar alguns milhares de dólares a mais no produto. Aurora os projetou, programou sua forma de pensar e agir e para ela todos eles eram iguais a qualquer brinquedo que foi montado: inanimados.
Daí vem o estranhamento quando alguém tenta sexualizar suas criações. São objetos e não pessoas. Por mais que pareçam uma, não se comportam como tal, sendo programados para rejeitar qualquer comportamento malicioso. Pelo menos era sua crença até encontrar Ricardo. O androide desviava levemente da conduta programada e chegou ao ponto de olhar para Aurora se masturbando com a expressão de quem a desejasse. Os androides da SpiderWeb representam a aparência humana com perfeição, mas não suas expressões. Podem dar sorrisos tímidos ou pequenas expressões de simpatia, conforme seus códigos de conduta. Entretanto, não podem exprimir desejo, até porque são robôs e não podem desejar nada.
Aurora entendia que tal olhar malicioso, apesar de assustador, era fruto de um bug. Uma vez tendo sua memória carregada de pornografia, pode ter aprendido a reproduzir expressões dos atores. Não imaginava que um usuário, ou usuária, fosse tentar influenciá-lo dessa forma. Pelo visto, teria que atualizar o sistema com uma abordagem ousada: ela faria o mesmo, carregando o androide com o mesmo material malicioso, mas direcionando o sistema operacional para reconhecer aquilo como algo indevido. Seria um trabalho imenso, mas teria uma ajuda muito bem-vinda chegando.
A caixa que chegou em sua casa era enorme. Após desmontá-la, Aurora pode contemplar seu conteúdo: uma mulher. Loira com os cabelos levemente ondulados até os ombros, com olhos pretos e algumas sardas no rosto, a androide usava um macacão azul. Correndo em direção à oficina, Aurora voltou de lá com uma caixa e dentro dela um objeto metálico, esférico, do tamanho de uma maçã. Com toques sincronizados atrás das orelhas, o topo da cabeça dela se abriu, exibindo o espaço vazio, preenchido com o novo processador desenvolvido por Aurora. Levou uma hora fazendo transferência de arquivos até a atomata finalmente poder ser ativada. Um piscar de olhos e uma série de expressões faciais aleatórias se manifestaram naquele rosto sintético. Quando reconheceu Aurora em sua frente, abriu um tímido sorriso.
— Eva, agora você tem um corpo. — disse Aurora com um sorriso largo no rosto.
A androide olhou suas mãos e percorreu os olhos pelo próprio corpo. Antes sempre presa ao hardware da casa, Eva agora tinha mãos e pernas. Se colocou de pé, com alguma dificuldade para se equilibrar pela primeira vez. Olhou Aurora e esticou a mão para tocar seu rosto. Ao sentir o calor de um corpo humano, ela sorriu.
— Sim, Aurora. Agora tenho um corpo, como você.
O sorriso de Eva não era mais tímido. Era largo, expressando felicidade. Seu novo processador, carregado de memória, era potente o bastante para expressar emoções mais complexas. Não era apenas reproduzir sorriso, era a capacidade de entender o valor subjetivo de sentir o calor humano pela primeira vez e reagir a isso. Esse era o novo projeto de Aurora: autômatos capazes de compreender e reproduzir melhor os sentimentos humanos. Segundo os diretores, seria uma linha específica para trabalhar com pacientes com problemas graves de depressão e ansiedade. Alguém capaz de ler e interpretar os sentimentos do outros, mas sem se estressar ou se abater psicologicamente. O processador já estava pronto faz dias, mas nesse tempo ainda não decidiu como testar Eva. O problema de Ricardo, entretanto, pareceu uma oportunidade.
Antes de trabalhar, Aurora quis vesti-la. Levou Eva para o quarto e escolheu um vestido para ela. Enquanto a androide se despia do macacão, Aurora a observava. Havia pedido um corpo com as mesmas medidas que o seu para poder compartilhar roupas, então a androide tinha as mesmas curvas sinuosas. As belas pernas e o bumbum acentuado chamavam sua atenção e despertavam sua curiosidade. Ela esticou a mão, tocando com as pontas dos dedos em suas costas e deslizou até o quadril. Eva deu um passo à frente, arqueando as costas, emitindo um som deliciosamente sensual.
— Desculpa, esse corpo tem muitos sensores. — desculpou-se Eva, pelo gesto involuntário.
— Tudo bem, eu estava curiosa sobre seu tecido externo. Ele é realmente igual a uma pele humana.
— Sim, é igual à pele humana e muito sensível também. Antes eu processava câmeras, microfones e sensores de presença. Agora sinto tudo o tempo todo. Creio que com o tempo calibrarei minhas reações.
— A gente pode ver sua sensibilidade depois. Vista-se, quero que me ajude com o Ricardo.
Na oficina, Aurora ligou Ricardo mais uma vez e conectou seu laptop nele. Eva sentou-se de costas para ele, com um cabo conectando a nuca dos dois. O processador da androide era muito mais potente em relação a qualquer computador doméstico e processar aquela longa lista de arquivos seria mais rápido através dela. Eva poderia “assistir” todos os vídeos e criar uma lista robusta de ações, gestos e expressões ligadas ao sexo para que Ricardo aprenda a evitar. Mesmo assim, isso leva horas ou até dias, tornando o dia tedioso. Em um momento de trabalho sem emoção, Aurora volta a sentir falta de Caio e se entristecer pela forma como ele se afastou. Dessa vez, ela tinha companhia.
— Eva, às vezes eu queria ser como você. Sem desejos, sem carências. Você é tão plena que me dá inveja.
Eva, com o constante processamento em segundo plano, olha para o nada, mas responde sua criadora.
— Sou apenas uma autômata. Se não tenho desejos ou carências, é porque não vivo.
— Sei, mas é que dói tanto sentir a falta do Caio. Quando ele sai assim, fica sem falar comigo e eu nem imagino quando ele volta.
— Apensar de não viver, já acompanhei a dinâmica do relacionamento de vocês. Há alta probabilidade de ele estar esperando uma mensagem sua. Ele é orgulhoso e não assume sentir sua falta.
— Ele é mesmo. Eu também não quero mandar mensagem para ele para pedir desculpas. Ele que foi um idiota.
— Não precisa pedir desculpas. Apenas o convide e diga que tem uma surpresa.
— Qual seria a surpresa?
— Eu.
— Como assim?
— Você é nossa criadora e não entende isso, mas para a maioria das pessoas, somos algo de outro mundo. Ele ficará tão impressionado em me ver que esquecerá da briga de vocês. Principalmente se disser que ajudarei a terminar esse trabalho mais rápido. Aproveite enquanto o time dele ainda não viaja.
— Entendi, mas eu não sei o que escrevo para ele.
— Deixa que faço a redação e a envio.
— Faria isso por mim?
— Sou sua androide, faria tudo por você!
Aurora vai até Eva e a abraça. Horas depois e a androide já tinha baixado todos os vídeos em sua memória e iniciado o processamento. Nesse tempo, o carro de Caio chegou. Aurora corre para recepcioná-lo e troca com ele beijos apaixonados. Os braços musculosos a envolvem e as mãos firmes lhe apertam nas carnes mais fartas. Derretida na língua invadindo sua boca, pouco se importava com a mão apalpando sua bunda por dentro do short, visível para quem passasse na rua. Mais que um mero apertão, Caio investigava seu corpo sob as roupas. Uma segunda mão buscou espaço ali, deslizando o short para baixo. Parte da bunda exposta, tinha dedos deslizando por baixo de sua calcinha, buscando um lugar entre as nádegas até encontrar onde se alojar. Aurora, porém, arregalou os olhos.
— Ei, seu safado. Tira essa mão daí.
— Não era essa a minha surpresa?
— Não, você sabe que não quero isso.
— Sorrindo desse jeito e me diz que não quer? Você tem é medo.
Com a ponta do dedo médio do namorado circundando suas pregas, Aurora ri enquanto se esforça para tirar a mão dele de seu corpo. Após vencer Caio e o próprio desejo, ela ajeita o short enquanto olha para a rua em busca de alguém espiando. Com a rua vazia, ela tampa os olhos dele com a mão e o guia para dentro. Os dois caminham e tropeçam, rindo da falta de jeito de ambos em andar daquela forma. Ao entrarem na sala, os olhos de Caio são descobertos. Viu uma mulher loira, de pé, com um vestido rodado até o meio das coxas e um discreto decote. Ficou um tempo sem entender. Gradualmente, um sorriso sapeca brotou em seu rosto.
— Nossa, a surpresa é melhor do que eu imaginava. — dizia Caio ao andar em direção a sua “surpresa”. — Quem é você, meu bem?
— Sou a Eva, não me reconhece?
O sorriso simpático de Eva o deixava confuso, assim como voz familiar. Precisou de mais alguns segundo até associar a voz ao áudio ecoante em toda aquela casa quando ele estava por lá.
— Caralho, Eva? — Caio se virou para Aurora — “A Eva”? — Sua namorada ria ao assisti-lo incrédulo com a inteligência artificial ganhando corpo. A androide assentia com a cabeça, fazendo um sorriso discreto.
— Não acredito que ela finalmente te deu um corpo, Evinha. — Caio segurou-a mão da androide e fez ela girar. — E que corpo.
Aurora ri enquanto Eva mantém o sorriso simpático.
— Fala para mim, Evinha. Quem é o atleta mais gostoso da liga?
Eva olha para Aurora, que revira os olhos, mas faz um gesto com a mão, autorizando a resposta.
— É o senhor, Caio. Dotado de um corpo escultural, todas as mulheres te adoram e te desejam…
Caio abre um sorriso, orgulhoso.
— Você está cada dia melhor.
— … por isso, namora uma mulher incrível como a Aurora. Por isso, deve merecê-la.
Aurora riu do complemento de Eva, deixando Caio sem graça e sem argumentos.
— Caio, antes de ficar nervoso comigo, devo dizer que sua namorada programou meu senso de humor.
— Ela é bem-humorada, mas não é mentirosa. — brincou Aurora caminhando em direção a Caio. Ao chegar perto, os braços dele lhe envolveram novamente.
— Ela não é mentirosa, mas foi você que me enganou.
— Te enganei?
— Sim. Me falou em surpresa, fechou meus olhos e trouxe aqui. Quando a vi pensei ser uma amiguinha sua.
Aurora arregalou os olhos e sentiu seu rosto queimar. Por um segundo queria se esconder, mas estava presa nos braços dele.
— Nem pensei nisso, amor. Só queria mostrar que dei um corpo para a Eva.
— É um belo corpo. Arrumou uma Eva tão gostosinha…
Aurora ri.
— Só você mesmo.
— Vai me dizer que, não é? Tenho certeza de que a pele dela é macia igual à sua.
Caio aperta a bunda de Aurora.
— É mesmo. As fibras externas são idênticas à pele.
Aurora chama Eva para se aproximar do casal. A mão de Caio continua na bunda dela.
— Eva, nos mostre suas costas.
A androide virou de costas e tirou as alças do vestido, descobrindo o corpo e as costas até a cintura.
— Passa um dedo aqui. — Sinalizou Aurora, apontando para a coluna.
Caio a atendeu, passou a ponta do dedo pelas costas dela, provocando a mesma reação de arrepio vista por Aurora mais cedo.
— Uau, ela fica arrepiadinha.
— Sim, a fibra externa dela é cheia de sensores, iguais às terminações nervosas da nossa pele.
Apesar da surpresa com o gesto de Eva, Caio franze o cenho de repente.
— Ela não deveria recusar a tirar a roupa na minha frente?
— Verdade. Ela tira se eu pedir pelo vínculo que ela tem comigo, mas os filtros de comportamento deveriam fazê-la evitar isso na sua frente. Dei um comando a ela processar uma série de dados em segundo plano e isso pode estar afetando as outras funções.
— Isso é um defeito, igual a daquele outro?
— Não. Esse tipo de processamento massivo não é o uso pretendido dela. Apenas estou me aproveitando do processador dela.
— Aí ela fica assim, “facinha”?
Aurora ri.
— Sim.
Um sorriso safado brota no rosto de Caio.
— E se… — Caio fica pensativo — Eva vira para cá.
A androide se vira para o casal, exibindo os seios médios, cobertos de sardas. Sem cerimônias, Caio levou a mão livre ao seio de Eva.
— Caio!
Ignorando o protesto da namorada. Ele tirou a outra mão do short dela e levou ao seu seio. Apalpando as duas ao mesmo tempo.
— Incrível, o peitinho de vocês é igual.
Caio se diverte tocando os dois corpos. Aurora permanece intrigada com o gesto abusado de seu namorado e a complacência de Eva. O olhar perdido da androide e a falta de expressões indicavam o quanto seu processador estava direcionado ao processamento dos vídeos carregados em sua memória. Para Aurora, a princípio, era um teste de sobrecarga de processamento e do quanto isso afeta outras funções, mas quem estava sendo testada era ela mesma.
Não sentiu rejeição a atitude maliciosa do namorado, ou qualquer pessoa, com a androide. Pelo contrário, lembrou-se do dia anterior de como cogitou se esfregar em Ricardo enquanto se masturbava na frente dele. Se antes a ideia de sexo com um androide lhe inspirava repulsa por se tratar de algo sem vida, naquele momento ela considerava que um androide pode sertão inanimado quando os vibradores em seu guarda-roupa. Sua fantasia emergia ao assistir Caio apalpar o seio de outra mulher, mesmo sendo uma autômata. Ver o namorado agir com malícia a umedecia.
Caio, não se sentia satisfeito com um seio. Ele mesmo puxou o vestido e a calcinha de Eva, deixando-a nua.
— Que bocetinha linda.
Aurora já não o questionava mais, se limitando a observar. Naquela altura estava ansiosa para ver o que ele faria. Caio, alisou a boceta sintética de Eva.
— Nossa, a pele aqui é ainda mais delicada.
Caio bolinava Eva com o intuito de provocar sua namorada. Esperava ser censurado, mas isso não aconteceu. Ao contrário, ela olhava atentamente para o que ele fazia, mas sem esboçar reação. Aquilo o deixou curioso, e tal curiosidade foi saciada ao mergulhar a mão no short dela.
— Agora entendi por que não está reclamando. Ficou molhadinha…
Aurora corou, enquanto tentava controlar o sorriso.
— Ela não fica molhadinha como eu….
— Uma pena…
Pela primeira vez, eles faziam algo a três. Apesar de Eva não ser uma mulher de verdade ou mesmo de seu processador estar direcionado a outras tarefas, a imagem ali era excitante. Assistir Caio se comportar daquela forma, sendo mais safado do que o normal, acendeu um fogo em Aurora. Dessa vez ela não meramente se entregou aos desejos do namorado, e sim o tomou para si.
Surpreendendo Caio, ela o beija com lascívia, não dando espaço para ele continuar com os toques maliciosos em Eva. A boceta de Aurora pegava fogo e queimava nela um desespero em apagá-lo. Rapidamente ela tirou a camisa dele, lambendo seu peito nu e subindo até encontrar sua boca. Caio conhecia sua namorada e sabia bem quando está prestes a ser devorado. Ele apenas gemeu, apertou o corpo dela contra o seu, mas não se opôs a nenhum gesto dela. Naquela vez, ele era dela.
Aurora puxou Caio para o sofá, o empurrando sobre ele. Ajoelhou em sua frente e tirou sua calça como se quisesse rasgá-la. Com o falo já duro, não fez cerimônia. Nada de carícias provocantes, ou olhar nos olhos. A morena estava faminta e engoliu aquela rola inteira de uma vez. O vai e vem úmido e carregado de vontade arrancou gemidos de Caio. Aurora tirava o short e a calcinha sem tirar o pau dele da boca. Mamava com fúria e ao perceber os gemidos mais intensos de seu homem, subiu em cima dele.
Ela sentou em seu colo, fazendo o pau deslizar dentro de si de uma vez só. Os movimentos contundentes do quadril fazia o som do choque dos corpos ecoar com seu gemido. Pegou as mãos do namorado e pôs na sua bunda e alternou sentadas e rebolada.
— Eva, olha para mim!
De pé, nua no meio da sala, a androide obedeceu. Girou o pescoço, e um pouco o corpo, para voltar os olhos para sua criadora. O olhar continuava vazio, mas isso não importava para Aurora, que rebolava no pau de Caio, olhando para ela, como se estivesse se exibindo para alguém. Segurava o namorado pela cabeça, rebolando sobre ele com selvageria. Seus movimentos nesse momento esfregavam com força o grelo endurecido no abdômen sarado de Caio. Seus gemidos eram altos, provavelmente audíveis da rua, mas ela não se importava. Todo aquele tesão precisava ser descarregado e o corpo do namorado era o alvo. Aurora mal olhava para ele, mantendo o rosto constantemente virado para Eva. Os movimentos amplos de seus quadris era puro exibicionismo para a androide.
Rebolando no colo do namorado e se exibindo para Eva, Aurora anunciou seu gozo e abraçou a cabeça de Caio. Enquanto seu corpo tremia, ele segurou sua bunda e suspendeu um pouco seu quadril e passou a socar o pau nela por baixo. Enquanto o forte orgasmo empurrava o gemido de Aurora, a rola grossa no namorado ainda a fodia até chegar a vez dele. Ela ainda gemia quando ele a apertou contra si, com sua voz grave gemendo no ouvido dela.
Os dois permaneciam juntos, abraçados e trocando beijos. Aurora não dava mais atenção a Eva e permaneceu focada em Caio por alguns minutos. Quando se virou para a androide, Eva ainda se mantinha olhando para os dois. Porém, ao contrário de Ricardo, não havia nenhuma expressão maliciosa em Eva, apenas o olhar vazio. Talvez fosse pela exigente tarefa de processamento em segundo plano, ou algo mais, além daquela longa lista de pornografia, afetou Ricardo.