LIVROS E PAIXÕES [9] ~ A dor do adeus!

Era impossível não pensar que aquela tinha sido a segunda e a última vez que nós nos amaríamos...

Eu comecei a lacrimejar em silêncio também e fechei meus olhos.

Nesse momento eu tomei uma decisão: eu ia fazer uma grande besteira, mas no final ia ser melhor para nós dois. Nós não podíamos continuar assim depois que ele fosse embora. Seria doentio e eu precisava fazer aquilo que combinei com o Carlos. Por mim e pelo Alex.

“Simão Botelho na tenra idade de dezoito anos, amou, perdeu-se e morreu amando.”

Quem nunca teve que ler amor de perdição para o vestibular ou para um concurso ou prova de literatura no colégio?

Amor de Perdição de Camilo Castelo Branco conta a “versão” portuguesa de Romeu e Julieta, contudo devo dizer que, na minha opinião, com todas as semelhanças entre as histórias, amor de perdição tem originalidade em seus detalhes, mas enfim....

Simão Botelho apaixonou-se por Tereza, filha da família inimiga de sua família. E história vai, história vem, Teresa acaba trancafiada em um convento e Simão vai resgatá-la e, na tentativa, comete um besteira sem tamanho que acaba com a sua vida, a vida de Tereza, a vida de Mariana (uma jovem camponesa apaixonada dor Simão e por isso o mesmo se torna sua melhor amiga) e literalmente acaba com a vida do primo e noivo de Teresa...

Simão, na tentativa de resgatar Teresa, acaba por cometer a besteira de matar o tal primo e noivo. Resultado: ele acaba separado para sempre de Teresa por causa de sua besteiraBom, embora eu me considere tão estúpido quanto Simão ou Romeu, eu não matei ninguém, pelo menos não diretamente, mas estava prestes a cometer uma besteira que mudaria minha relação com o Alex para sempre e iniciaria um ciclo de acontecimentos que determinaria os próximos dois anos e meio da minha vida e das vidas do Alex, do Carlos e da Marília.

O Alex levantou da cama e foi tomar um banho. Eu o acompanhei e no chuveiro nós namoramos um pouco.

Eu precisava desses momentos porque agora eu sabia com certeza que seriam os últimos.

Ele vestiu as roupas e eu coloquei um shortinho e fui levá-lo até a porta. Nós nos beijamos na despedia e eu fechei a porta e fiquei sozinho com meu plano...

Era três horas da manhã da quarta-feira; ele viajaria às 6:30 h da sexta.

Eu precisava fazer alguma coisa na quinta à noite. Eu não queria tempo para resolver o mal entendido. Eu precisava dar um jeito de o Alex me ver beijando o Carlos na quinta à noite em um lugar onde ninguém mais pudesse nos ver.

Eu dormi pensando nisso e quando acordei estava com um plano todo traçado. Eu iria pedir para fazer um ensaio especial na quinta para a galera mais íntima se despedir do Alex.

Eu ia dar um jeito de ficar por último na garagem com o Carlos e roubaria a palheta azul de estimação do Alex.

Quando ele viesse procurar, me veria beijando o Carlos.

Era um plano estúpido e podia dar errado de mil maneiras diferentes, mas afinal eu não era nenhum vilãozinho barato da malhação. Eu era só um garoto estúpido querendo ser esquecido e querendo esquecer para evitar o sofrimento.

Eu liguei para a Marília e marquei o ensaio.

Ela achou uma boa ideia me despedir do Alex em um ensaio. Segundo ela, me despedir era um dos muitos passos pra me libertar.

Mal ela sabia que eu estava planejando um jeito do Alex nunca mais querer olhar na minha cara e muito menos querer se despedir.

Eu Liguei para o Carlos.

- Alô!

- Sou eu, o Renato.

- E aí, cara! Tudo bem? Você sumiu ontem depois daquele momento tenso. Fiquei até preocupado.

- Não precisava, correu tudo bem, eu conversei com ele e ficou tudo de boa.

- Ah tá! - ele disse com um tom de voz desanimado.

- Olha Carlos, eu pensei bastante e... E resolvi fazer aquilo com o Alex.

- Percebeu finalmente que é isso que o playboyzinho merece, né?

- Não é isso, não, e você sabe os meus motivos.

- Hum, hum hum!

- Olha cara, eu sei que é pedir muito, mas eu...

- Imagina cara! Beijar você vai ser um prazer... - ele disse, rindo.

Sabe que às vezes eu acho que o Alex tem razão? O Carlos é mesmo afim de mim.

Bom, eu expliquei resumidamente a ideia pra ele e ele entendeu.

Estava tudo combinado. Só faltava executar.

Saí de casa pra ir para a aula e não encontrei o Alex na mureta.

Provavelmente ele não iria mais à escola antes da viagem.

Fiquei com um pouquinho de raiva por causa disso, quer dizer, ele poderia aproveitar pra ir se despedindo da galera da escola. Ele era tão popular por lá.

Levei um susto quando cheguei no colégio e tinha um monte de gente me esperando para me cumprimentar pelo show e puxar os mais diversos assuntos.

Chegava a ser engraçado pensar que a maior parte dessas pessoas estudou comigo a vida toda e nunca trocou uma ou duas palavras comigo.

Na verdade a grande maioria nem sabia que eu existia.

Foi um alívio encontrar o pessoal reunido na porta da nossa sala. Era muito bom ter a companhia deles.

Eles também estavam cercados de gente.

Eu olhei para o Carlos e ele piscou pra mim.

Achei graça dele e nós todos ficamos rindo do comportamento dos nossos outros amigos.

Eu poderia me acostumar com esses minutinhos de fama.

Naquele dia não consegui prestar atenção em nenhuma aula.

Não tenho certeza se o professor estava dando aula de física ou matemática. Naquele dia minha realidade parecia estranhamente distorcida.

No intervalo a Marília veio falar comigo.

- Renato, eu confirmei com o pessoal o ensaio na quinta à noite.

- Ah, legal.

- Renato, você não está bem. Você está meio estranho o dia todo. É por causa da viagem dele, né?

- Sim. Acho que não consigo evitar de ficar estranho.

- Os primeiros dias depois que ele viajar vão ser difíceis, mas você vai ver que vai passar...

- Eu sei que vai. Eu quero que passe; na verdade.

- Isso é muito bom. Você não sabe como eu fico aliviada de te ver falando isso! - ela disse isso com um olhar tão sincero, que me comoveu.

- Marília... Obrigado por tudo! Por toda a força que você está me dando e me perdoa se em algum momento eu te magoei por ficar me lamentado pelo Alex.

Ela me abraçou forte.

- Esquece isso, Renato!

Me deu um beijo no rosto, que me deixou vermelho e foi embora.

Mais tarde naquele dia, eu, ela e o Carlos voltamos juntos para casa e enquanto nós conversávamos meu celular tocou. Era o Alex.

- Alô, Renato?

- Oi Alex, onde você se meteu hoje?

- Meu pai me levou para me despedir de uma prima nossa que mora meio longe. Acho que não vai dar pra gente se ver hoje. Só vou chegar depois das 23:30 h em casa.

- Mas que prima é essa?

- É a prima Josi. Acho que o papai comia ela de vez em quando, e a julgar pelo tempo que faz que os dois foram comprar carvão, ele deve estar comendo ela de novo... kkk.

- kkk... Tá bom! A gente se vê amanhã.

Desliguei.

- Era o Alex?

- Era sim, Carlos.

- Onde ele está?

- Na casa de uma prima do pai dele. Só vão voltar tarde da noite. - eu disse com um ar triste.

- Por que a gente não sai hoje? - a Marília perguntou. - Não acho uma boa ideia você ficar sozinho, Renato!

- Eu também não. - Carlos disse.

- Então está decidido. Carlos, você pega o Renato às 15:30 h e depois os dois passam lá em casa pra me pegar. A gente vai ao cinema.

- Nossa, obrigado por ter feito o convite e o ter aceitado por mim.

- Você não tem “querer” hoje, Renato! Hoje você vai ficar sob nossa tutoria

- Isso mesmo.

- Falando difícil, hein? Gastando tudo mesmo.

- Cala o bocão...

- Tá bom então... Mas eu escolho o filme.

Esses dois realmente se importavam comigo.

Ambos eram muito bons amigos, mas eu sabia que eles queriam um pouco mais que isso. E embora eles até gostassem do Alex, do jeito deles, eu tinha a impressão que eles iam ficar felizes de vê-lo pelas costas.

E eu, como o grande egoísta que era, usava os sentimentos dos dois.

Usava a Marília como minha melhor amiga e confidente, mesmo sabendo que isso a magoava. E o Carlos eu usava para fazer ciúme no Alex.

E agora iria usar para quebrar os nossos corações...

Mas acima de tudo eu amava a companhia deles e não abriria mão disso nem que isso magoasse os dois.

Eu era um amigo horrível, mais do que isso, eu era a metade do ser humano que eu queria ser.

Aquela tarde foi uma prévia do que passaria a ser a minha vida sem o Alex

Vários momentos a três: Marília, Carlos e Eu.

Mesmo com a ansiedade pelo dia seguinte, nós nos divertimos bastante no shopping. O filme ficou melhor com os gritinhos de ansiedade da Marília e as piadas do Carlos sobre as formas burras de se morrer em um filme de terror.

Rolou até guerra de pipoca. Depois a gente comeu uma pizza enorme, com bordas recheadas e tiramos fotos naquelas maquininhas do shopping que revelam na hora a foto na forma de adesivos. Fizemos várias poses diferentes.

Antes de voltar pra casa, paramos na sorveteria para comer uns sanduíches do seu Erasmo.

Ele estava muito feliz com o lucro da noite anterior e disse que ia querer repetir a dose do show.

Eu e a Marília ficamos bem bobos...

Engraçado que no caminho a gente percebeu que os vizinhos que a gente não conhecia, mas que tinham ido para o showzinho, nos cumprimentavam na passagem.

Definitivamente eu poderia me acostumar com aquela popularidade.

Me despedi da Marília e do Carlos e fui para casa onde a mamãe ficou muito feliz de ver que eu ainda não estava no quarto chorando pelo Alex.

Bom, ela certamente me veria chorar no dia seguinte...

Eu dormi rápido naquele dia e quando percebi havia chegado meu último dia com o Alex.

O último dia no qual ele me amaria!

Quando saí do quarto tive uma boa surpresa: minha mãe estava na cozinha fazendo panquecas para o café da manhã e o Alex estava sentado à mesa comendo uma.

- Bom dia!

- Bom dia! - eu falei sorrindo.

Eu estava feliz por tê-lo ali, afinal aquele era meu último dia junto com ele, mas ao mesmo tempo eu senti uma grande pontada de culpa na consciência.

Logo logo eu ia magoá-lo.

Agora que ele estava ali na minha frente, sorrindo para mim, lindo como sempre, com aqueles olhos enigmáticos piscando para mim...

Agora não era tão fácil me imaginar fazendo algo tão sujo!

Eu me sentei ao seu lado e esperei minha mãe botar a minha panqueca no prato, tentando parecer o mais natural possível.

- Você está meio estranho, sabia?

- Por que será?

- Olha... Não vamos pensar na viagem de amanhã. Vamos simplesmente aproveitar o dia hoje, tá bom!

- Vou fazer o possível. - eu disse com um sorriso triste.

- O que você acha de não ir à escola hoje, Renato?

Eu nem acreditei que aquelas palavras saíram da boca da minha mãe!

- Eu posso?

- Só hoje.

- Obrigado, tia! - o Alex disse, feliz...

- É, eu devo ser a mãe mais compreensiva do mundo. - ela disse isso em voz baixa. Acho que pensou alto ou algo assim.

- Então, o que você quer fazer, Renato?

- Que tal o de sempre? Desenhar, ler mangá, tocar alguma coisa...

- Eu voto pelo de sempre!

Nós fomos para o meu quarto, onde lemos juntos o novo capítulo de Tsubasa...

É nesse capítulo que o Rei Ashura conversa com a Yuko e diz que a Sakura ainda não havia percebido alguma coisa sobre o Sayoran.

Nossa! Esse comentário nos fez pensar em uma série de teorias malucas sobre o passado misterioso do Sayoran...

Passamos um bom tempo discutindo sobre isso e então o Alex pegou na mochila dele um caderno de desenho e me mostrou alguns desenhos que ele tinha feito, na véspera, na casa da prima dele.

Eram muito bons. Ele tinha desenhado vários personagens de HQ e até fez uma charge da gente, versão Mangá...

Eu adorei minha versão de olhos grandes.

A gente se beijou depois de ler os desenhos e eu não pude parar de pensar que a cada beijo que trocávamos, ficávamos mais perto de nos beijar pela última vez.

Tentei afastar a dor do coração, mas foi inevitável não sentir a multidão de sentimentos que pulsavam no meu peito.

Eu estava ali, vivendo meus últimos momentos com ele, momentos que ele fazia questão que fossem perfeitos, e ao mesmo tempo eu estava decidido a fazer uma besteira sem tamanho para magoá-lo e assim tentar diminuir o sofrimento da saudade.

Eu precisava desabafar, eu precisava que de alguma forma ele percebesse que eu era a metade do homem que eu queria ser, metade do homem que achava que eu era...

Metade do homem que eu queria ser.

Engraçado eu pensar nessa frase. Eu tinha certeza que eu já tinha ouvido algo parecido em algum lugar. Fiquei com isso na cabeça.

Para passar aquele dia inteiro com o Alex, foi preciso que eu usasse de todo o meu egoísmo.

Eu queria ter ele para mim naquele último dia. Eu queria ter os últimos momentos dos quais sempre me lembraria.

Mas eu ainda queria fazer algo que eu sabia que ia mudar tudo.

Nós preparamos o almoço juntos.

Uma macarronada básica, mas fazê-la foi muito divertido.

Minha mãe levou um susto quando encontrou o almoço pronto, porque, normalmente, eu não me entendo muito bem com a cozinha.

Comemos juntos e fomos para o quarto, onde ficamos namorando e ouvindo nossas músicas favoritas, juntos.

Uma hora antes do ensaio de despedida, o Alex foi para a casa dele tomar um banho e trocar de roupa, e quando ele ia saindo do meu quarto, eu pedi que ele esperasse.

Segurei as mãos dele, elas estavam quentes, olhei no fundo dos olhos claros e enigmáticos dele e disse:

- Quando você conseguir me perdoar, me prometa que vai lembrar com carinho dos nossos bons momentos!

- Do que você está falando, Renato? Por que eu “perdoaria” você? Você fez alguma coisa e quer me contar?

- Não, não fiz nada.

- Então por que iss...

Eu o interrompi tampando sua boca com minha mão...

- Não é para entender. Só promete. É coisa minha.

- Se isso te faz feliz... Sim. Eu prometo! - ele disse rindo - Você está muito estranho hoje, cara!

Eu coloquei as mãos no pescoço dele e aproximei meu rosto do dele.

Agora eu podia olhar dentro dos olhos dele. Nossas respirações se misturaram e eu o beijei como se disso dependesse minha vida.

Bebi seu beijo como se fosse o último copo d’água em um deserto e ele me abraçou forte, me puxando para ele.

E por alguns instantes nada existia no mundo.

E por alguns instantes nós estávamos de volta à sala de aula trancada depois do show de talentos, onde eu o beijei pela primeira vez...

E por alguns instantes nós éramos só duas pessoas que se amavam...

E assim foi o nosso último beijo...

Ele me soltou e partiu.

Saiu da minha casa e eu fiquei ali chorando como uma criança, porque eu sabia que da próxima vez que a gente se visse, seria pela última vez. E depois disso, provavelmente, ele teria tanta raiva de mim que me esqueceria tão rápido quanto pudesse.

Foi preciso reunir toda a força que havia em mim para chegar ao ensaio da banda.

O Carlos já estava lá. Eu tremi quando o vi.

Ele olhou para mim e piscou.

A Marília veio correndo até mim para me dar um abraço de boas vindas e eu a abracei forte e ela corou como nunca.

Ela me soltou e olhou para mim.

Estava escrito na minha testa que eu ia fazer uma besteira... E ela pode ler claramente.

- Renato, eu sei que marcar esse ensaio foi difícil para você, porque é uma despedida, mas simplesmente se despedir é a melhor coisa a se fazer nesse momento.

Ela enfatizou a palavra simplesmente e eu tive certeza de que ela imaginava que eu estava tramando alguma coisa.

O restante do pessoal chegou e arrumou os instrumentos.

Alex foi o último a chegar e enquanto ele arrumava a sua guitarra, o Carlos se aproximou de mim e me perguntou:

- Tudo certo para hoje?

- Eu não tenho certeza... Estou muito confuso - eu respondi baixinho.

- Renato, será que você poderia vir aqui? - Alex, me chamou.

- Sim, estou indoComeçamos a ensaiar e o Alex tocou duas das músicas que eu mais gostava de ouvi-lo tocar: “More Than Words” e “This Land is Mine”.

Depois nós tocamos “Shining Light” e o arranjo ficou muito bom.

Depois de algumas músicas eu resolvi cantar alguma coisa para o Alex.

Tinha uma música que eu queria que ele ouvisse e na época eu imaginei que ele fosse gostar. Então chamei a atenção do pessoal.

- Ei galera, tem uma música que eu queria cantar em homenagem ao meu amigo Alex que está partindo amanhã - eu disse. - É uma música do Safetysuit chamada “Anywhere but Here”. Eu encontrei um demo dela na net e consegui tirar a cifra. Espero que você goste, Alex!

Ele levantou tanto as sobrancelhas que elas quase se perderam na franjinha do cabelo dele.

Eu não entendi a reação dele... E continuei... Bom, é mais ou menos assim:

https://www.youtube.com/watch?v=IzdPeMQSPqM

Anywhere But Here – Safetysuit

Tradução - Qualquer Lugar, Mas Não Aqui

É este o fim do momento ou simplesmente um belo desdobramento

De um amor que nunca será ou talvez será.

Tudo o que pensei que nunca poderia acontecer ou nunca pensei por isso passar, e eu imagino

Se talvez, talvez eu possa ser tudo que você sempre sonhou, porque você é

Linda por dentro, tão apaixonante, e eu não posso ver, porque eu não consigo fazer nada sem você, você é.

E quando eu não estou com você, eu sei que é verdade

Que eu prefiro estar em qualquer lugar, mas não aqui, sem você!

Será esta uma sensação natural ou sou só eu sangrando?

Todos os meus pensamentos e sonhos na esperança de que você estará comigo ou

É este um momento para lembrar ou apenas um dia frio de dezembro, eu me pergunto

Se talvez, talvez eu possa ser tudo o que você sempre sonhou, porque você é

Linda por dentro, tão apaixonante, e eu não posso ver, porque eu não consigo fazer nada sem você, você é

E quando eu não estou com você, eu sei que é verdade

Que eu prefiro estar em qualquer lugar, mas não aqui, sem você!

É este o fim do momento ou simplesmente um belo desdobramento

De um amor que nunca será pra mim e você

Porque você é

Linda por dentro, tão apaixonante, e eu não posso ver, porquê eu não consigo fazer nada sem você, você é

E quando eu não estou com você, eu sei que é verdade

Que eu prefiro estar em qualquer lugar, mas não aqui, sem você!

AÇÃO E REAÇÃO

No meio da música eu ouvi alguns risinhos do Matheus, que também tinha ido assistir ao ensaio, e do Cláudio...

Quando eu terminei de cantar, o Alex estava mais branco que gelo e abriu um sorriso forçado e disse:

- Eh Rapahhh, Tah me estranhando...

Todos os outros caíram na gargalhada, menos o Carlos e a Marília.

- Ei cara, pegou mal pra caramba você cantar essa música aí pra ele - eu ouvi o Matheus dizer.

- Cala a boca, Matheus!

Eu saí correndo daquela garagem.

Eu estava morrendo de ódio!

Eu não acredito que ele fez isso comigo...

- Renato! Espera! - eram o Carlos e a Marília.

Eu não parei.

Eu queria continuar correndo até chegar em minha casa.

Eu nunca tinha sido tão humilhado em toda a minha vida!

Como ele teve coragem!

Depois de tudo que a gente passou, por que ele fez aquilo?

Merda! Eu não sabia que ele se importava tanto com as aparências. Ele já tinha cantado pra mim outras vezes... E eu pra ele...

- Renato! Espera.

Era a Marília. Eu parei. Ela e o Carlos me alcançaram.

- Eu não acredito que ele fez isso! Foi a coisa mais estúpida que ele poderia fazer.

Eu estava em prantos... Foi quando ela disse:

- Vem! Vamos pra minha casa que é mais perto. Se alguém sai e te vê arrasado assim vai ser pior.

Ela segurou minha mão de um lado e o Carlos do outro.

- Foi nessa hora que eu ouvi a última pessoa do mundo que eu queria ouvir. Era o Alex.

- Renato! Renato, por favor me ouve...

Eu estava com tanta raiva que não pensei duas vezes. Soltei a mão da Marília e agarrei o Carlos e dei nele um beijo bem extravagante.

E o louco do Carlos retribuiu meu gesto de loucura me abraçando forte e me beijando também.

Foi nessa hora que o Carlos foi jogado para longe de mim com um soco que o Alex deu nele.

- Seu idiota, eu te odeio! - eu gritei.

Mas ele não ouviu porque já estava rolando no chão com o Carlos.

A briga estava feia.

O Alex acertou um soco na boca do Carlos e eu vi sangue escorrendo do seu lábio estourado.

Foi nessa hora que eu me meti entre eles e acabei apanhando junto, levando um murro do Alex.

Nessa hora ele parou pra tentar pedir desculpas, mas foi aí que o Carlos se levantou e chutou a barriga dele, que ficou caído no chão.

Meu rosto latejava pela dor do soco.

A Marília correu até mim e o Carlos, com lágrimas nos olhos, e nos afastou do local no chão onde o Alex estava caído.

- Vocês estão bem? - ela perguntou visivelmente assustada após ter presenciado aquela cena maluca.

- Eu vou sobreviver. - Carlos respondeu.

Eu não tinha forças para falar; eu estava humilhado demais, chocado demais, revoltado demais e o que me dava mais raiva: preocupado com o idiota do Alex que ainda não tinha levantado depois do chute do Carlos.

A essa altura é claro, nós já estávamos cercados de vizinhos que acompanharam toda a confusão como um bando de urubus.

Felizmente eles não perceberam o motivo da briga, pois eu acredito que ninguém além da Marília e do Alex viu o meu beijo com o Carlos.

O resto da banda também havia se juntado ao público da confusão e a Marília pediu a um deles que ajudasse o Alex e o levasse para casa.

Ela estava me levando para a casa dela.

Eu olhei por cima do ombro e o vi se levantando com a ajuda do Matheus.

Essa foi a última vez que eu o vi por dois anos e meio!


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Ficha do conto

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Nome do conto:
LIVROS E PAIXÕES [9] ~ A dor do adeus!

Codigo do conto:
215140

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
19/06/2024

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3

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