E então ele me arrastou para fora da festa. Mas, como essa história que eu conto é praticamente uma novela, quando estávamos indo, o pai do Carlos, o tio Augusto, chegou com sua esposa, acompanhado do próprio Carlos e da Camille. Eles nos olharam com uma expressão de confusão, sem entender nada. Então, eu me adiantei e cumprimentei o tio Augusto e sua esposa:
– Oi, tio. Boa noite, tudo bem? – falei, apertando sua mão.
– Tudo sim. Chegou agora? Cadê seus pais?
– Estão lá, com os pais do Luke.
E então seguimos nosso caminho. Não sabia o que se passava na cabeça do Carlos e da Camille naquele momento. Afinal, assim como eu, eles também não faziam ideia de quem era o pai do Luke. Talvez tenham pensado em qualquer coisa… menos que o Luke era o herdeiro legítimo da rede de supermercados Loud. Óbvio que eu queria saber o que se passava na cabeça deles naquele momento, mas não era para isso que eu estava ali. Eu queria entender o Luke. Fomos andando até a ponta do lago. Como eu já havia mencionado, o condomínio possuía um lago no centro, e nele havia um deque de madeira. No lago, alguns pedalinhos e caiaques flutuavam suavemente sob a luz do luar. Ficamos lado a lado, em completo silêncio, afastados da festa. Até que eu quebrei o silêncio:
– Então quer dizer que você não é bolsista? Que mentiu sobre isso? Até quando ia mentir pra mim?
Ele suspirou e respondeu:
– Então… eu posso explicar. Como minha mãe disse, na escola onde estudei antes de ir para o Canadá, só tinha “milionários” – ele fez aspas com os dedos e continuou – Era a Marie School. Não sei se você já ouviu falar, mas acredito que não. Ela fica a alguns minutos da cidade, a fachada é simples, mas lá estudam os filhos de pessoas importantes… ricos de verdade.
– Nunca ouvi falar dessa escola.
– Isso te faz uma pessoa “pobre” – ele repetiu o gesto das aspas, tornando o papo mais leve. – Mas não estou aqui pra discutir contas bancárias dos nossos pais.
Ele respirou fundo antes de continuar:
– O problema é que eu não era feliz lá. O povo era esnobe, sabiam quem eu era e, muitas vezes, me bajulavam só porque queriam vir para o meu condomínio ou tirar proveito de alguma coisa da minha família. Eu não me sentia bem. Então, no meio do oitavo ano, fui para o Canadá. Passei quase dois years lá estudando inglês e fazendo o colegial. A ideia era que eu terminasse o ensino médio lá e fizesse faculdade por lá também, igual ao meu irmão mais velho.
– O Paul, né?
– Isso. Mas eu não me adaptei bem e tive alguns problemas, então precisei voltar. Quando voltei, queria tentar ter uma vida mais simples e normal aqui, como eu tinha no Canadá. Foi aí que tive essa ideia de mentir. Meus pais ficaram receosos no início, mas acabaram me apoiando.
Ele fez uma pausa e passou a mão pelos cabelos antes de continuar:
– No começo, deu certo. Mas quando o Carlos começou a pegar no meu pé, contei para os meus pais. Claro que não falei tudo, porque sabia que isso poderia assustá-los. Porque eles poderiam cogitar me tirar da escola… Mas aí eu conheci você.
Meu coração acelerou.
– No começo, eu tinha certeza de que você era um babaca. Mas… bom, o resto você já sabe. A gente ficou… e agora eu acho que estou gostando de você.
Ele abaixou o olhar, como se fosse difícil admitir aquilo. E, claro, aquilo aqueceu meu coração. Me tirou um sorriso bobo e sincero. Luke finalmente estava se mostrando para mim. Ou, pelo menos, uma parte dele. Agora sua vida não era mais um mistério. Eu finalmente o conhecia um pouco mais. Mas sabia que ainda havia muito a descobrir. Luke era uma caixinha de surpresas. E sem dúvidas, aquele momento foi marcante. Ele havia jogado limpo comigo. Ali foi o começo. Era como se nosso sentimento começasse a florescer. A semente já havia sido plantada há tempos e crescia dentro de nós dois.
– Não sei nem o que dizer… – soltei um riso nervoso. – Mas, pra falar a verdade, acho que se eu tivesse te conhecido sendo um riquinho mimado, talvez eu nem teria me interessado por você.
Ele ergueu o olhar.
– O que me chamou atenção foi que você nunca se importou com nada. Você sempre foi marrento e nem aí para as coisas que faziam com você. Foi por isso que reparei em você. Nunca foi pela beleza… Até porque só percebi o quanto você era bonito e gostoso no dia do cinema.
Ele riu, e eu continuei:
– E eu gostei – dei de ombros – e gosto de você pelo que você é. Eu sinto algo muito bom quando estou perto de você. E, bom… acho que estou gostando de você também, Sr. Bostinha.
Luke abriu um sorriso e, naquele instante, nos olhamos. Não trocamos um beijo. Sabíamos que era arriscado. Mas, naquele momento, palavras não eram necessárias. Apenas o olhar bastava, o olhar tranquilo e sereno que dizia tudo, ali era o começo. E, hoje, sei que todo começo é maravilhoso, tenho orgulho de ter vivido isso da melhor forma, Luke, sem dúvidas, sempre será a pessoa que eu mais vou amar na minha vida.
– Que tal a gente ir ao banheiro e trocar um beijo? – ele perguntou, quebrando o nosso silêncio.
Eu acenei com a cabeça e ele foi na frente, enquanto eu o seguia. Andamos alguns metros até chegarmos ao banheiro do condomínio.
– Aqui é seguro? – perguntei, já puxando Luke para mais perto de mim.
– Sim. Poucas pessoas vêm por aqui à noite, então acho que temos um tempinho para aproveitar.
E então ele avançou sobre mim, e nossos lábios se encontraram em um beijo calmo e lento, que foi esquentando aos poucos. Cada beijo nosso era intenso, carregado de emoção e da adrenalina de poder ser pego a qualquer momento. Isso tornava tudo ainda mais inesquecível. Nossos corpos estavam colados, as mãos explorando um ao outro, revelando a sede que tínhamos um pelo outro. Mas sabíamos que ali não era nem o momento nem o lugar para isso. Então, aos poucos, nos afastamos. Nossos olhos se encontraram mais uma vez, trocando um olhar cúmplice antes de voltarmos para a festa. Quando voltamos para a festa, nos aproximamos da mesa onde nossas mães estavam. Juliete e Claudia pareciam se divertir com alguma conversa animada, e assim que nos viram, Juliete abriu um sorriso travesso.
– Então quer dizer que meu filho inventou que o pai era caixa do supermercado e eu era embaladora? – ela disse, rindo. – Essa foi nova pra mim!
Minha mãe riu junto, balançando a cabeça.
– Ah, Luke, você sempre teve essa criatividade! Mas olha, até que eu gostei da ideia. Acho que ia mandar bem embalando compras.
Luke coçou a nuca, sem graça, e deu de ombros.
– Bom, tecnicamente, não era uma mentira tão grande, você e o papai trabalham no mercado, só que e outros cargos! – Ele sorriu travesso.
Eu ri junto com elas, e o clima na mesa ficou leve e descontraído. Mas enquanto nossa conversa seguia, percebi que, um pouco afastados, Carlos e Camille nos observavam.
Eles estavam na mesma mesa, e eu notei o momento exato em que a ficha caiu para Carlos. O rosto dele passou de desinteressado para completamente chocado, como se tivesse levado um tapa na cara. Ele piscou algumas vezes, alternando o olhar entre Luke e os pais dele, como se estivesse tentando processar a informação, Luke era milionário.
E Carlos, que passou meses humilhando o "bolsista", agora percebia que, na verdade, Luke era muito mais rico do que ele jamais poderia imaginar. Camille também parecia surpresa, mas foi Carlos quem ficou visivelmente desconfortável. Fingi que não vi sua reação e continuei na conversa com nossas mães. Mas, pouco depois, precisei ir ao banheiro.
Caminhei até lá e, assim que entrei, fui até a pia para lavar as mãos. No espelho, vi pelo reflexo a porta se abrindo de novo. Carlos. Ele entrou devagar, fechou a porta e ficou me olhando. Não precisei de muito para saber que ele queria falar comigo.
– Então você sabia desde sempre que o bolsista não era pobre? – ele disse, cruzando os braços. – Por isso preferiu ele a mim, não é?
Soltei um riso baixo, cansado.
– Carlos, se não quiser apanhar de novo, sai da minha frente.
Meu olhar foi firme, direto. Ele franziu o cenho, mas hesitou.
– Volta pra sua namorada, é o melhor que você faz.
Sem esperar resposta, passei por ele e saí do banheiro. Ele não me seguiu.
Quando estava chegando, vi que o Luke me observava de longe, e provavelmente ele viu o Carlos entrando no banheiro. Assim que nos aproximamos, eu disse a ele:
– O Carlos falou comigo no banheiro.
– O que ele disse?
– Nada de mais, não dei papo, cortei logo ele. Ele acha que eu sabia que você era rico e que, por isso, escolhi você e não a ele. O Carlos é apaixonado por mim, mas eu não sou por ele. Com ele, sempre foi curtição, e ele não entende nem aceita isso. Tenho medo do que ele pode fazer, por isso estou sendo sincero com você.
– Relaxe, ele não vai fazer nada. Acredito que meu pai teve uma conversa com o pai dele. Não tenho medo do Carlos, ele é inofensivo, pode ter certeza.
– Também não tenho medo, mas ele foi capaz de nos separar uma vez. Ele falou algo, e você acreditou.
– Porque eu estava cego, foi um momento de fraqueza. Mas prometo que não vou mais cair nessas armadilhas. Só espero que você não fique com o Carlos... Saiba que morro de ciúmes dele.
– Esse perigo você não corre. Só tenho olhos para você.
Então Luke abriu um sorriso e me olhou. Essa nossa troca de olhares era algo mágico, porque eles diziam tudo o que sentíamos um pelo outro.
Durante o resto da noite, foi tudo muito divertido. Ainda bebemos um pouco – o pai do Luke tinha liberado a gente para tomar Smirnoff Ice escondido – e ficamos altinhos, tanto eu quanto o Luke, mas nossas mães não perceberam. O pai do Luke era um coroa descolado, eu diria. Estava completando 50 anos, já tinha os cabelos brancos e um corpo atlético. Ele era bem parecido com o Luke, tanto fisicamente quanto nos traços.
No fim da noite, nos despedimos com um aperto de mão – afinal, estávamos com nossos pais. Carlos e Camille foram embora mais cedo.
– Aparece amanhã aqui em casa, temos um trabalho pra fazer – disse Luke.
– Não sei se posso, estou de castigo... Pai, o senhor me libera?
– Claro que libero. Por mim, você já dormia aqui hoje.
– Se quiser, não tem problema – disse Lúcio.
– Não trouxe nada, acho melhor vir amanhã.
– Minhas roupas cabem em você – disse Luke.
– Se não for problema e não for incomodar, eu aceito.
– Claro que não é nenhum problema – falou a mãe do Luke.
– Posso, então?
– Sim. Amanhã venho te buscar.
– Vem à tarde, aproveitamos e assistimos ao jogo do Flamengo enquanto asso uma carne – disse Lúcio para o meu pai.
– Combinado.
Eu dormi na casa do Luke. Claro que eu sabia das intenções dele, mas tentei não forçar nada, já que meu pai estava ali. No entanto, parecia que ele queria a todo custo que eu fosse amigo do Luke, então acredito que ele fechou os olhos para qualquer tipo de pensamento mais suspeito. Luke me levou para o quarto dele e me mostrou o ambiente. Fiquei impressionado com o tamanho do quarto, que era quase o triplo do meu. Tinha um grande closet, uma cama de casal, sofá, mesa de estudos e até um frigobar. A decoração era típica de um adolescente. Aquele era o mundo do Luke, um mundo que eu ainda não conhecia. Ele foi até o closet, pegou um short para mim, me entregou uma toalha e disse para eu tomar um banho. Chamei ele para ir comigo, mas ele riu e recusou, dizendo que seria arriscado, já que tinha certeza de que o pai dele iria aparecer ali. E foi o que aconteceu: quando saí do banheiro, Lúcio estava sentado no sofá conversando com Luke.
– E aí, tudo certo por aqui? Olha, só deixei você dormir aqui para seu pai não me processar por ter dado bebida para vocês, hein. Mas nada de jogar até tarde. Esse sofá aqui vira cama e você pode dormir aqui.
– Tudo bem, tio. Obrigado! Será que podemos ter uma saideira?
– Nada disso! Já beberam demais. Vão dormir, que amanhã tem trabalho para vocês dois.
– Trabalho de quê? – perguntou Luke.
– Desmontar a festa. – Ele sorriu e saiu do quarto.
– Seu pai é gente boa, gostei dele. – Luke ficou em silêncio por um momento.
– Bom, meu pai só é assim porque está na frente de você ou de outras pessoas. Ele não quer que eu seja gay. Talvez ele não tenha percebido o que rola entre a gente, mas se ele suspeitar, você está morto.
– Sério?
– Sim. Já passei por uma situação difícil no passado. Meu pai me protege, mas me fez jurar que nunca mais me envolveria com outro garoto. Mas não quero falar sobre isso agora.
– E sua mãe, ela sabe sobre a gente?
– Não, mas acho que ela suspeita, afinal tem um ditado mãe sempre sabe.
– Tive a sensação que ela ajudou a gente.
(...)
Fiquei um pouco encucado com as palavras de Luke, mas decidi não pressioná-lo. Eu iria esperar que ele me contasse sobre o passado dele no tempo dele, sem forçar nada.
Luke foi para o banheiro e, quando saiu, se aproximou da porta, trancando-a. Ele olhou nos meus olhos, e algo no ar entre nós parecia ter mudado. Então, com um sorriso tímido, ele veio até mim. Sem dizer uma palavra, se entregou ao momento, se jogando em meus braços. Nossos rostos se aproximaram, e o beijo aconteceu de forma espontânea, suave, mas carregada de uma energia que ambos sabíamos ser difícil de ignorar, nossas roupas foram arrancadas, ele apagou as luzes ficando somente a luz do abajur, nossos beijos ficaram quentes, nossos paus roçando um no outro, então o Luke me vira de costas, e começa a pincelar seu pau no meu cú, eu gemia baixinho, e ele sussurrava no meu ouvido que eu era um gostoso, e que minha bunda era uma delícia, então ele começou a me penetrar, até gozar dentro de mim, depois ele ficou em cima de mim, trocamos um beijo, e eu disse:
– Deixa eu meter me você – Falei separando nossas bocas, e passando a minha mãe em sua bunda
– Não, sou somente ativo, não curto dá minha bunda.
Então dormimos abraçados e pelados, pela manhã ele acordou mais cedo, abriu o sofá cama, e me fez ir para lá, ele destrancou a porta, e voltou para sua cama, ele conhecia bem o seu pai e sabia que ele iria checar que tudo estava como o esperado, cada um em uma cama, e sem vestígios de uma noite intensa.