Bernardo [05 / 07 / 08] ~ Prometo ir devagar

Minha cabeça doía muito, uma dor insistente e pulsante. Abri os olhos vagarosamente e assim que vi a luz do dia, a dor aumentou bastante de intensidade. Gemi, fechei novamente os olhos e virei para o lado.

_Que vergonha.

Ao reconhecer a voz, abri novamente o olho com cautela para ter certeza de quem se tratava. Sentada numa cadeira ao lado da minha cama, Alice me olhava com braços cruzados e um leve sorriso no rosto. Fechei os olhos novamente, a claridade estava me matando.

_O que você está fazendo aqui?_ perguntei com a voz meio arrastada de sono.

_Eu não queria perder esse momento tão especial da sua vida.

_Que momento?

_Sua primeira ressaca.

_Vai se fuder._ respondi.

_Esse é o espírito!

_Fala baixo!_ pedi quando sua voz ecoou de um jeito doloroso na minha cabeça e ela riu.

_Isso deve ser um novo recorde, como você conseguiu ficar tão bêbado, tão rápido?

_Estômago vazio.

_Burro!

_Não grita!

_Não estou gritando.

Fui abrindo os olhos novamente bem devagar para ir me acostumando com a claridade. Alice me ofereceu um copo de água e um remédio, que eu imaginei que seria para cuidar da minha ressaca.

_O que aconteceu?_ perguntei.

As lembranças da noite anterior iam voltando aos poucos.

_Não sei. O Pedro disse que achou você passando muito mal num canto, me chamou e quando fui te ver você já estava desacordado. Pedi um amigo meu de medicina que estava por lá para dar uma olhada em você, ele disse que não era nada, só uma queda de pressão típica de quem não sabe beber. Então, o Pedro me ajudou a te colocar dentro de um táxi e te trouxemos para casa.

Então foi tudo voltando à minha cabeça: a primeira cerveja, o beijo de Eric, o beijo de João, a intervenção de Pedro. Meus olhos se arregalaram quando me dei conta do turbilhão de coisas que tinha acontecido comigo. Eu nem conseguia direito em me concentrar no que pensar ou no que sentir. Tesão pelo beijo ardente de Eric? Humilhação pelo jeito como João tentou abusar de mim? Medo pelo que Pedro poderia ter interpretado da cena que viu? Acho que aquela confusão passou nos meus olhos, pois Alice percebeu que alguma coisa estava errada.

_O que aconteceu, Bernardo?_ falou de um jeito amistoso e prestativo, bem diferente do seu habitual sarcasmo.

_Como assim?_ tentei disfarçar.

_Tá bem óbvio que aconteceu mais coisa que você não quer me contar.

_Alice, eu...

_Chega, ok._ ela falou parecendo perder a paciência _Quando você vai começar a confiar em mim? Ainda não percebeu que eu te quero bem? Que quero te ajudar a resolver seus problemas? Mas se você continuar se fechando assim, essa amizade não vai pra frente, porque não existe amizade sem cumplicidade.

Suspirei fundo com seu desabafo. Ela estava certa. Já tinha se mostrado confiável o bastante para eu me abrir, mas alguma coisa dentro de mim me impedia de falar. Era como seu ao falar do que se passava comigo em voz alta, tudo se tornava realidade. Só que eu não agüentava carregar esse peso sozinho, eu precisava de um ombro amigo.

_Você tem razão, me desculpe.

_Então?

_É complicado para mim, falar sobre isso, entende?

_Devo deixar mais claro do que já está que estou ao seu lado e não te recriminarei por nada?

_Você meio que já sabe, né?_ falei sorrindo meio encabulado.

_Você é meio transparente._ falou retribuindo o sorriso.

_Mas o buraco é mais embaixo...

E quando eu ia começar a falar, minha mãe entrou no quarto como um furacão, e seu humor não parecia ser dos melhores.

_Que vergonha, meu Deus! Nunca pensei que veria um filho meu chegar em casa desmaiado de bêbado._ ela falou nervosa colocando a mão na minha testa para ver se eu estava febril _Nem seu irmão fez isso comigo!

_Não grita, mãe..._ pedi manhoso me afundando no travesseiro.

_Devia fazer muito pior do que gritar! Você está de castigo até segunda ordem, da casa pra faculdade e da faculdade pra casa, sem desvios. Nem nos fins de semanas, se quiser encontrar seus amigos, eles que venham aqui.

_Ok,mãe._ concordei, pois não adiantava discutir enquanto ela estivesse naquele estado de humor.

_Eu devia ter te impedido de beber..._ falou Alice com uma expressão de deboche que só eu reconheci.

_Não, minha querida, você não teve culpa_ respondeu mamãe toda carinhosa _Conheço o meu filho bem o suficiente para saber que ele não teria bebido se não quisesse e que ninguém conseguiria impedi-lo se ele realmente quisesse beber. Você foi um anjo se preocupando e trazendo ele para casa.

Alice fez uma cara de quem estava tímida e agradecida pelo elogio, mas eu, que já a conhecia bem o suficiente, sabia que ela estava fingindo e possivelmente gargalhando por dentro. Minha mãe voltou a se virar brava para mim:

_Estamos indo almoçar fora, suponho que você não queira ir.

_Não estou bem ainda._ respondi.

_Que vergonha!

_Mãe...

_Sem “mãe”! Chega! Mais tarde você esquenta qualquer coisa no microondas._ depois virou-se para Alice de novo _Você cuida para ele não fazer mais nenhuma idiotice?

_Se eu conseguir impedi-lo..._ respondeu com um sorriso cínico no rosto.

_Obrigada, querida.

E saiu do quarto sem se despedir de mim. Não foi a primeira vez que levei uma bronca da minha mãe, então não me senti mal com aquilo.

_Você está encrencado, mocinho._ falou Alice, desta vez sorrindo descaradamente.

_E você é falsa!

_E você tem segredos para me contar, não desvie do assunto.

_Vamos esperar eles saírem de casa.

_O seu rabo está tão preso assim?

Nem respondi, voltei a fechar os olhos tentando descansar um pouco. Alice respeitou isso e ficou em silêncio me esperando. Quando ouvimos a porta bater, depois de algum tempo, ela não esperou nem um segundo para começar:

_Então?

Por onde começar? Por “eu sou gay”, óbvio, mas era tão difícil dizer aquilo em voz alta... Era como desistir oficialmente de tudo aquilo que sonhei como uma vida perfeita para mim. Mas eu tinha que dizer, eu tinha que soltar aquilo, eu tinha que dividir o peso com alguém.

_Eu não posso falar por você._ falou Alice _Tem que partir de você, se não você vai ficar preso nisso para sempre.

_Eu... Eu... Eu gosto de meninos.

Saiu fácil, quatro palavrinhas simples, mas foi um alívio enorme. Em nenhum momento eu olhei para Alice. Ela me olhava, mas eu encarava o teto do meu quarto. Dizer isso olhando nos seus olhos já era demais para mim. Eu tinha vergonha daquilo. Naquele momento, eu já aceitava que era gay, mas eu não me aceitava, não via aquilo como uma coisa normal. Na minha cabeça ainda era errado, eu ainda uma aberração da natureza.

_Que bom, eu também gosto._ respondeu me fazendo rir.

_Obrigado por levar numa boa.

_Por algum momento você chegou a achar que eu era homofóbica?

_Não, mas mesmo assim, obrigado.

_De nada. Então, sou a primeira?

_A saber?_ ela concordou com a cabeça _Sim. Bom, tecnicamente você é a quarta, logo depois de Eric, João e Pedro.

_O QUE?!

_Não grita!_ pedi afundando novamente a cabeça no travesseiro.

_Como assim?!_ perguntou com o tom de voz bem alto.

_Como eu disse, é tudo bem complicado.

Calmamente, expliquei tudo a ela, desde as minhas trocas de olhares com Eric até eu desmaiar no colo de Pedro. Ela ouviu tudo com uma expressão estupefata, ela não imaginou que o problema estava num nível tão avançado. Quanto mais eu falava, mais eu ficava aliviado. Era ótimo poder desabafar com alguém. Mesmo que não tivesse um conselho para me dar, Alice já ajudava muito só ouvindo.

_Então, é isso._ falei ao terminar.

_Ok, ok, vamos por partes.

Ela se deitou na cama junto comigo e encarando o teto junto comigo, se pôs a falar novamente:

_Primeiro João. Ele não parecia ser tão escroto assim, parecia ser até bem gente boa. Com isso ele perdeu muitos pontos comigo. Tentando abusar de você quando você estava vulnerável... Ai, que nojo!

_Ele também não cometeu um crime..._ falei tentando aliviar.

_Porque não teve oportunidade! E por que está defendendo ele? Não vai me dizer que gostou, que quer mais?

_Não, de jeito nenhum. Ele não é feio, mas depois disso tudo não tem mais como nem olhar para ele.

_Aff, se eu vir ele na minha frente...

_Você não vai fazer nada. Deixa pra lá.

_Mas...

_Promete que não vai fazer nada? Por favor?

_Ah..._ ela bufou em conformação _Ok!

_Obrigado.

_Agora, sobre o candidato número dois, o senhor Pedro...

_Candidato a que? Não tenho nada com ele e pelo jeito nunca terei. Me pareceu bem um homofóbico.

_Uma pena ser tão bonito, mas idiota assim. Mas enfim, não é esse o ponto. Acho que ele não sabe de você.

_Mas se ele viu o João me agarrando.

_Exato, ele viu o João te agarrando e você indefeso. Tanto que ele te ajudou depois. Acho que você não precisa se preocupar com hostilidade vinda da parte dele. Porém, é recomendável que você não conte nada sobre suas preferências sexuais para ele...

_Tá louca, claro que não vou contar. Tô custando a contar para você.

_Te incomoda tanto assim ser gay?

_Claro, não é para incomodar?

Ela suspirou e balançou a cabeça negativamente.

_Esse assunto a gente deixa para outro dia, quando você não estiver debilitado numa cama. Voltando ao assunto, o candidato número três, Eric...

_Chegamos ao ponto crítico do problema.

_Sim. Você está apaixonado por ele?

_Não._ respondi com toda a sinceridade possível _Mas não sei definir exatamente o que sinto por ele, afinal. É uma espécie de encantamento, entende? Tipo, é mais do que tesão, mas menos do que amor.

_É bom?

_É ótimo!

_Então por que se privar disso?

_Porque é errado!

_Não é, isso é coisa que botaram na sua cabeça e você não vai ser feliz enquanto não tirar daí.

_Mas...

_Não tem “mas”, Bernardo. Eu entendo que isso é um fardo enorme para se carregar e que não passo nem perto de entender o que você passa, mas de uma coisa eu sei, ninguém consegue ser feliz sem estar bem consigo mesmo. E você não está, por isso você é infeliz.

_Quem disse para você que sou infeliz?

_Você tem uma certa tristeza estampada no olhar típica de quem não é feliz. Vamos dar exemplo extremo, o que você vê quando olha para Rafael?

Bufei em desagrado ao ouvir o nome dele.

_O que você enxerga no seu arquiinimigo?_ perguntou reforçando a ironia na última palavra.

_Sei lá...

_Ele parece feliz?

_Sim, eu acho...

_Porque ele se aceita como é!

_Você acha que ele é...

_Não foi isso que eu disse. SE, veja bem, SE ele for gay, não tem o menor problema com isso. Ele está em paz consigo mesmo e isto acaba se externalizando como felicidade. Se ele estiver mesmo brigando mesmo com você por Eric, está aí a razão para ele estar na sua frente.

_Eu não estou brigando com ninguém por ninguém.

_Não, só está brigando com você mesmo e, estatisticamente falando, isso não tem como acabar bem. Quando mais essa briga interna se prolongar, mais ferido você vai sair dela.

Quando ia lhe responder, ouvimos o som da porta se abrindo. Minha família tinha voltado do almoço.

_Bom, essa é minha deixa para ir embora._ falou se levantando _Até amanhã e, por favor, pense no que eu te falei. Pare de se preocupar com Pedro, João, Rafael e Eric. Comece a se preocupar consigo mesmo, pois essa é a batalha mais importante.

E foi embora.

Se eu dissesse que foi aquela conversa com Alice que mudou meu modo de encarar a vida e me fez aceitar minha homossexualidade, eu estaria mentindo. Mas foi com aquela conversa que eu comecei a olhar mais para dentro de mim. Foi com aquela conversa que percebi que minha felicidade passava necessariamente por me aceitar como eu era. Mas isso ainda era só o início de uma mudança de pensamento, antes de eu me aceitar gay, ainda era preciso encarar muitos demônios internos...

Eu não estava muito feliz em ir para aula naquela segunda-feira de manhã. Eu seria obrigado a encontrar Eric, Pedro e João, três pessoas que eu queria evitar a qualquer custo no momento.

Quem mais me preocupava eram Pedro e João, pois os dois poderiam sair espalhando pela faculdade que eu era gay. O primeiro por já ter dado uma pequena amostra de sua veia homofóbica, e o segundo por pura vingança. Alice podia ter razão e Pedro ter interpretado outra coisa da cena que viu, mas a dúvida me torturava. Quanto a João, eu sei que deveria sentir raiva dele, mas eu não conseguia. Lógico que o que ele fez foi muito errado e minou qualquer possibilidade de eu (sóbrio) ceder às suas investidas. Se bem, que depois do soco que levou de Pedro, duvidava muito que houvesse mais investidas da sua parte. Enfim, eu não sentia raiva de João, do mesmo jeito que não sentia nenhuma outra coisa, só o tesão no momento do beijo, mas não dá pra delimitar até onde era o efeito do álcool.

Sim, o que menos me preocupava era Eric, mas só até o momento que eu o visse. É o que sempre acontece, toda vez que eu o via, tudo o que eu havia planejado se torna uma vaga lembrança. Toda razão se esvai e o instinto doma minhas ações. Perto dele eu não penso. Perto dele eu só sinto.

Eu fico me perguntando quão estúpido e patético eu sou, não consigo nem me controlar na presença de Eric. Ele faz de mim uma pessoa completamente diferente. Sinto ciúme, instintivo, imprudente, capaz até de beijar um outro cara no prédio onde eu estudo. E eu não quero ser assim! Eu quero voltar para a minha normalidade de antes de entrar na faculdade. Eu quero voltar a poder me enganar quanto aos meus desejos, poder imaginar um futuro tranqüilo e feliz para mim.

Eu estava decidido a tirar Eric da minha cabeça e voltar para o futuro que eu havia planejado, mas, mais uma vez, foi tudo por água abaixo quando o vi encostado numa pilastra, aparentemente esperando alguém. Como sempre, ele estava lindo sem fazer muito esforço para estar. Calça jeans escura, chinelo de dedo branco e uma camisa de manga comprida branca também. Suspirei fundo ao cair em tentação ao voltar a fantasiar eroticamente com ele. Ele então olhou para mim, sorriu e caminhou em direção a um corredor deserto, mas antes parou e me olhou de volta, como se me chamasse para acompanhá-lo. Ele estava mesmo esperando alguém: eu. Como já disse, nem sinal da razão numa hora dessas. Alguém poderia ter visto a troca de olhares, alguém poderia estranhar nós dois naquele corredor deserto, alguém poderia nos flagrar fazendo o que quer que Eric tivesse me mente, mas quem disse que eu pensava nisso? O segui.

Quando cheguei ao corredor, estava vazio, nem sinal de Eric. Olhei em volta aflito. Eu estava começando a imaginar coisas? Vi uma porta se mexer. Meu coração passou a bater ainda mais acelerado do que já batia. Fui em direção a ela e abri. Era um banheiro, mas estava vazio. Entrei e a porta bateu atrás de mim, me fazendo pular de susto. Eric riu divertido. Ele devia estar escondido atrás da porta esperando para me assustar. Agora ele se posicionava na frente dela com um sorriso travesso no rosto, me impedindo assim de sair.

_Você é louco?!_ falei ainda arfando por causa do susto.

_Agora você é só meu.

Antes que eu pudesse reagir, seus lábios já estavam grudados nos meus. E como aquilo era bom! Detalhe importante: não era eu guiava aquele beijo, mas ele. Ele segurava firme minha cintura com a mão esquerda e empurrava minha cabeça contra a sua usando a mão direita. Ele parecia ser muito experiente naquilo, um verdadeiro mestre. Eu estava completamente entregue a ele. Por mim aquele beijo podia durar para sempre, eu não me importava.

Ouvimos o barulho de pessoas passando conversando pelo corredor, nos assustamos e nos largamos. Nos olhávamos esbaforidos. O que eu estava fazendo? E o risco que estávamos correndo ali? O que estava fazendo com minha vida? Pus as mãos no rosto e deixei minhas costas escorregarem pela porta até eu parar sentado no chão abraçando meus joelhos. Comecei a bater minha cabeça neles repetindo para mim mesmo “o que estou fazendo?”.

_O que você tem?_ ele perguntou.

_O que eu tenho?!_ repeti exasperado _Eu tenho um monstro dentro de mim! Um monstro que me leva a fazer coisas como isso!

_Isso?!

_Eu não quero isso!_ falei olhando para ele pela primeira vez e sentindo os meus olhos vermelhos, prestes a se encherem de lágrimas.

_Não parecia..._ falou debochando, o que me irritou profundamente.

_O que você sabe sobre mim?! NADA! Apenas aparece do nada, me beija e me deixa sozinho para lidar com toda a merda! Eu tenho que ir pra casa e por sozinho o monstro para dormir!

Terminei de desabafar e ele me encarava como se assistisse a um espetáculo muito divertido. O silêncio estava me irritando ainda mais.

_Fala alguma coisa!

_Sua cabeça é tão bagunçada assim?

Era só isso que ele tinha para me dizer?

_É...

_Me desculpe. Se eu soubesse que você ainda tá lidando com... com... com o monstro,_ falou constrangido de estar repetindo aquele metáfora estúpida _eu teria ido mais devagar.

_Uma conversa antes teria sido legal..._falei mais calmo.

_Se tivéssemos conversado antes, você teria me beijado no carro naquele dia?

Fiquei em silêncio. Provavelmente não, e ele entendeu isso.

_Viu? Valeu a pena, se não nunca teríamos saído do lugar.

_Mas isso não justifica nada.

_Eu sei, me desculpe.

Ficamos novamente em silêncio.

_Então,_ falou retomando a conversa _você não se aceita, ou o problema é só comigo?

_Não vou conversar sobre isso num banheiro.

Ele riu e concordou com a cabeça.

_Tem razão. Eu te pego em casa sexta-feira às oito.

_O que?_ fui pego de surpresa _Onde a gente vai? Eu não sei se devo ir...

_Ah, vai sim. Quero que dê certo entre nós dois e precisamos muito dessa conversa para isso.

Ele veio até mim e eu prendi a respiração em resposta. Ele deu um sorrisinho discreto e beijou minha bochecha, depois sussurrou no meu ouvido:

_Prometo ir devagar de agora em diante.

Me arrepiei todo com seu hálito quente batendo na minha orelha. E ele foi embora.

“Quero dê certo entre nós dois.” Essa frase ao mesmo tempo me deixava em êxtase e em pânico.

[...]

Eu ainda estava atordoado com o meu encontro com Eric no banheiro e demorei muito para perceber que já estava meia hora atrasado para há primeira hora. Saí correndo do banheiro e passei voando pelos corredores. Acabei atropelando um cara que saía de um outro banheiro e caímos os dois no chão.

_Me desculpe, eu não...

Perdi a fala. O destino gostava de me pregar peças: João. E estava com um belo de um olho roxo.

_Você..._ ele falou.

_Olha..._ já fui começando a me explicar.

_Eu lembro de você na calourada, lembro do seu rosto.

Ele parecia estar fazendo força para se lembrar. Me animei com a possibilidade de alguém lá em cima estar olhando por mim e ter dado uma amnésia a João. Me calei para ver até onde ele se lembrava do que aconteceu.

_Não foi em você que eu vomitei, não, né?

_Não, não foi.

_Desculpe cara,_ falou se levantando e me ajudando a fazer o mesmo _acho que bebi demais naquele dia. Não lembro de nada depois do quarto caneco de chope. Nem sei como consegui isso.

E apontou para o hematoma provocado pelo soco de Pedro. Tive vontade sorrir tamanha era minha felicidade pela sorte que eu tinha, ele não se lembrava do que tinha acontecido.

_Nem quem fez isso?

_Não, que me dera!

Ufa! Um problema a menos. Imagino como seriam os encontros dele com Pedro todos os dias pelos próximos anos. Lógico que ainda tinha que conversar com Pedro, mas vamos nos preocupar com uma coisa de cada vez.

_Mas enfim, a gente só conversou e você cumprimentou por ter cumprido o trote, depois não nos falamos mais.

_Ah, bom! Tava com medo de feito alguma besteira com você também. Muita gente veio reclamar comigo de muita coisa.

Resolvi encerrar o papo antes de ele começar a recuperar a memória.

_Sabe, cara, tô atrasado, tenho que ir andando. De novo, desculpa por te atropelar correndo pelo corredor.

_Tranqüilo, fica de boa. Até mais.

_Até!

E voltei a caminhar para a minha sala de aula. Ainda olhei novamente para trás e João tinha o olhar perdido em algum ponto distante, mas sorria com o canto da boca. Pensei na possibilidade dele estar mentindo sobre a amnésia alcoólica, mas me forcei a acreditar que era só minha insegurança falando.

Entrei em sala e foi impossível não atrair todos os olhares, menos o do professor, que fingiu não me ver. Fui silenciosamente para o meu lugar na frente de Alice.

_Eu te vi chegar a quarenta minutos atrás, onde você se meteu?_ perguntou Alice assim que me sentei.

_Bom dia pra você também.

_Isso não foi uma resposta.

_No intervalo te conto.

Não sei se queria contar para Alice o que tinha acontecido, mas eu sabia que não teria muita escapatória. Descobri que não consigo mentir para ela, tanto que ela descobriu no primeiro dia que eu gostava de meninos. Passei os olhos pela sala e encontrei Eric, novamente ao lado de Rafael, novamente me provocando ciúme. Ele sorriu para mim, mas desviei o olhar. Eu era meio paranóico quanto a alguém ver aquilo. E então meu olhar cruzou com o de Pedro.

Por meio segundo, trocamos um segredo com o olhar. Éramos cúmplices. E durante esse meio segundo, eu fiquei aterrorizado pensando em qual seria a reação dele. Se ele quisesse contar o que sabia, eu estava perdido. Mas ele simplesmente sorriu discretamente e acenou a cabeça, me cumprimentando. Fiz o mesmo e virei para frente, afundando aliviado na minha cadeira. Ele não ia contar nada. Éramos mesmo cúmplices agora.

No intervalo, fui obrigado a contar tudo para Alice sobre minha conversa com Eric e meu encontro com João, mas ela tava mais interessada na primeira parte.

_Ele te convidou para um encontro? Que coisa cafona!

_Não é um encontro, vamos apenas conversar.

_Vai achando...

_Desta vez eu estarei no controle da situação, vamos apenas conversar.

_E você tem planejado o que falar para ele?_ perguntou irônica, ela sabia que eu estava completamente perdido.

_Não, mas vou fazê-lo entender que devemos ser só amigos.

_Ai ai, nem falo nada..._ falou deixando claro que não acreditava que aquilo aconteceria.

Eu também duvidava que conseguiríamos ser amigos, chega um ponto que não tem mais volta.

_Mas vê se veste direito, hein? Não vai assim.

_Assim como?_ falei meio indignado, meio bravo _O que tem de errado com minhas roupas?

_Olha aí: jeans sem graça, camiseta de estampa sem graça e tênis sem graça. Parece um uniforme. Você se veste para se misturar na multidão, para não ser notado.

Era verdade, e combinava bastante com minha personalidade. Abri a boca para responder, mas ela já tinha adivinhado minha resposta.

_Não, não precisa se encher de brilho e usar roupas espalhafatosas. Mas ninguém nunca morreu por se vestir com um pouco mais de cuidado e não pegar a primeira coisa que achou no guarda roupa. Preste atenção, vocês devem ir a um restaurante ou barzinho, então precisa parecer ao mesmo tempo casual e elegante. Você vai usar a calça jeans mais escura que achar, se for preta, melhor. E que tenha a boca fina, não fica bem com o estilo largadão. Uma camisa SEM ESTAMPA_ ela frisou essa parte _de uma cor forte, porém discreta, como vermelho, verde escuro ou azul-marinho. E finalize com um sapatênis, ou até mesmo um tênis, contanto que ele esteja limpo e seja discreto. Ah, um relógio elegante e uma aparada no cabelo cairiam bem também.

Ouvi tudo de olhos arregalados. Ao mesmo tempo em que me assustei com o conhecimento de Alice, tentava absorver suas informações, seriam importantes mais tardes.

_O que?_ perguntou _Nunca te deram dicas de moda?

_Não, você é minha única amiga mulher e as da minha família não ligam pra como eu me visto. Ninguém me diz o que vestir.

_Tá explicado porque você ainda é virgem.

Devo ter ficado vermelho como pimenta malagueta, mas era verdade. Enquanto tentava formular uma resposta, ela falou:

_Se recomponha, Pedro está vindo aí.

Quando olhei na direção que ela indicou, lá vinha ele e olhava para mim. Estava claro que íamos conversar. Alice se levantou e se afastou. A amaldiçoei naquele momento.

_Podemos conversar?_ ele perguntou.

_Claro._ respondi nervoso apontando o lugar vago no banco onde eu estava sentado.

_Então..._ falou se sentando. Ele também parecia sem jeito.

_A gente pode ignorar o assunto._ falei tentando domar a situação _Ele teve uma amnésia alcoólica e nem se lembra do que aconteceu.

_O viado faz o que fez com você e passa em branco? Tá louco?

_Prefiro não me meter em confusão.

_Mas...

_Por favor._ pedi praticamente suplicando _E se essa história se espalha? Vão falar de mim até eu me formar, quiçá até depois.

Ele me olhou analisando meu pedido.

_Mas não foi sua culpa, ele te atacou!_ falou tentando sussurrar para ninguém ouvir.

Sim, ele achava que eu inocente na história. Eu podia estar bêbado, mas lembro muito bem de concordar com o primeiro beijo de João. Mas eu não podia contar isso para Pedro. Ele já tinha demonstrado não gostar muito de homens que gostam de outros homens.

_Eu sei._ respondi _Deixa passar, por favor.

_Mas se ele tentar de novo?

_Eu nunca mais vou beber daquele jeito, vou poder me defender.

_Mas...!

Eu suplicava com os olhos. Se começasse uma confusão, ela se espalharia como fogo no mato seco.

_Certo._ falou se dando por vencido.

_Obrigado!

_Mas se ele tentar qualquer coisa pro seu lado, promete que vai revidar?

_Prometo._ respondi sinceramente, era o que eu pretendia mesmo. _E não tive chance de agradecer, obrigado mesmo.

_Que isso!_ o rosto dele relaxou num sorriso, mostrando a pessoa alegre que ele verdadeiramente era _Amigos são pra essas coisas.

_Amigos?_ perguntei meio inseguro _Nós nem nos conhecemos ainda.

_Ah, mulher que precisa de trocar confidências para virar amiga uma da outra, com homem basta um aperto de mão._ respondeu me fazendo rir _Ou será que o “incidente” te fez mudar de lado?

Senti um arrepio frio descer pela minha espinha.

_Tá louco? Não..._ resolvi agir depressa e mudar o foco da conversa _Amigos então.

_Amigos._ falou sorrindo e apertando a minha mão.

Ali nascia uma grande amizade, uma das relações mais bonitas que eu viria a ter com alguém na vida. Mas é o caso de se perguntar: que amizade é capaz de durar se já começou com uma mentira?

Sexta-feira chegou e eu estava uma pilha de nervos. Eu tinha um encontro com Eric! Por mais que eu tentasse me acalmar repetindo para mim mesmo que não era um encontro, eu não conseguia me enganar, era sim um encontro. E o pior, eu não sabia o que esperar desse encontro, começando pelo fato de que eu não tinha no que me basear. Eu nunca tinha tido um encontro assim, nem conhecido alguém que tivesse, minha única referência era os filmes de Hollywood, mas tentei tirar isso da cabeça. Era uma situação totalmente nova para mim.

Mais ainda, eu não sabia o que esperar desse encontro como um todo. Apesar de eu já estar aceitando a idéia de ser gay, isso está à milhas de distância de aceitar estar num relacionamento gay. Sim, porque na minha cabeça, um encontro com Eric era quase um pedido de casamento. Era um passo muito maior do que eu estava disposto a dar. Namorar outro cara, ou mesmo ter uma relação qualquer coisa mais profunda do que amizade com um, me assustava. Lógico que sempre tive o desejo sexual, de ter aquela experiência física, mas só isso. Nunca tive a vontade de constituir uma relação romântica com outro cara. Nem mesmo com Eric. Tudo o que Eric me causava era um desejo sexual incontrolável, nunca o amei e nunca quis namorá-lo.

Vocês podem estar se perguntando por que ir a esse encontro, então. Porque eu queria ir além. Mais tarde eu conseguiria entender que era o meu subconsciente tentando quebrar as paredes que ergui em minha mente para conter minha homossexualidade. Mas isso só percebi alguns anos mais tarde, naquele momento eu acreditava serem os meus hormônios clamando por sexo com Eric e se agarrando na única oportunidade de tê-lo.

Assim, segui o conselho de Alice e me vesti como ela mandou: jeans escuro, camisa azul-marinha, sapatênis, relógio elegante e um corte de cabelos mais apresentável, eu estava mesmo precisando. Foi difícil convencer minha mãe a me deixar sair depois da bebedeira do fim de semana passado, mas acabei conseguindo após usar toda a sorte de chantagens emocionais que eu conhecia. Agora eu estava ali, parado em frente à portaria do meu prédio esperando por Eric, quase tremendo tamanho o nervosismo.

E se ele não viesse? Se percebeu o grande erro que estávamos cometendo? Se percebeu que depois daquele encontro não poderíamos voltar atrás? Pior, se ele se deu conta que não me quer? Se percebeu como eu sou desajeitado devido a minha altura, ou que meu cabelo não é grandes coisas, que meu rosto é comum, que eu sou incrivelmente inseguro? E se ele tivesse percebido que é bom demais para mim? E se ele tivesse percebido que Rafael (sempre ele...) seria uma melhor opção?

Quando eu já estava quase entrando em casa novamente me sentindo a pior pessoa na Terra, o carro de Eric parou na minha frente. Instintivamente, suspirei e sorri, aliviado de não ter levado um bolo. Então ele desceu do carro. Aqueles dez minutos de atraso tinham valido muito a pena: nunca havia o visto tão bonito como naquela noite. Eric usava um jeans cinza e camisa preta, destacando assim sua pele muito branca. E tinha o seu sorriso... Eu estava enfeitiçado pelo seu sorriso. Era tão largo, tão branco, tão sedutor... No jogo da sedução, Eric só jogava para ganhar.

Chegamos ao restaurante. Era um lugar ao mesmo tempo charmoso e despretensioso na zona sul da cidade. Era um casarão antigo, à meia-luz, com público majoritariamente jovem. Estava mais para bar do que para restaurante, e eu agradecia por aquilo. Eu morria de medo do que as pessoas poderiam pensar ao verem dois caras jantando juntos num restaurante caro. Aquele ali não, apesar de alguns casais, tinha alguns grupos de amigos também e mesmo alguns grupos fazendo happy hour. Eu estava mais tranqüilo. E o fato de o lugar ser um pouco escuro me deixava mais livre da obsessão de me policiar, o que eu certamente faria em outro lugar.

_Escolheu bem._ falei para Eric ao nos sentarmos.

_Gostou?

_Uhum.

Ele riu.

_Monossilábico...

_Me desculpe._ falei rindo também.

_Sem problema, já estive desse lado do rio também.

_Como atravessou o rio?

_Ainda estou na travessia.

_É? Não parece. Me beijou três vezes sem minha permissão em nenhuma delas e ainda me convidou para um encontro.

_Encontro?

Graças a Deus estava escuro e ele não viu a cor que eu fiquei ao perceber o que tinha falado. Ele nunca havia usado a palavra “encontro”, Alice tinha, eu devia matá-la! Ele riu ao ver que me deixou em maus lençóis.

_Bom, que seja, um encontro, então.

_Eu não queria dize..._ comecei, mas ele me interrompeu.

_Respondendo sua pergunta, você me impulsiona a fazer essas coisas. Com outra pessoa, eu certamente não teria coragem.

Sorri bobo com o elogio.

_Acho que também não teria aceitado o convite de outra pessoa._ respondi. O chope que eu estava tomando parecia já estar fazendo efeito.

_Fico feliz em ouvir isso.

Ficamos em silêncio nos olhando. Ali eu não tinha vergonha de encará-lo, de me perder nos seus olhos azuis. Seus olhos ao mesmo tempo que me encantavam, me perturbavam. Eu conseguia ver dentro deles tantas emoções diversas que eu ficava desnorteado tentando descobrir qual era a que ele estava sentindo no momento. Aquilo fazia eu me lembrar que não sabia quase nada sobre Eric. E foi isso que tentamos fazer pelo resto da noite, tentar nos conhecer.

Descobri que ele era filho único de um brasileiro com uma sueca, o que explicava seus traços nórdicos. Tinha dezoito anos, praticava natação e gostava de música clássica. Morava no bairro vizinho ao meu e escolheu o curso influenciado pelo pai, porque ele não sabia o que queria da vida. Descobri também que ele chegara a Belo Horizonte há pouco tempo, por isso não tinha muitos amigos aqui.

_Mas agora você tem o Rafael, né?_ falei torcendo para ele não perceber a isca que eu estava jogando para ele _Todo mundo comenta que vocês são bem amigos.

_Ah, o Rafael é legal. Ele tem aquele jeitão dele expansivo de conquistar todo mundo em volta.

_É...

_Mas não foi para falar de Rafael que marcamos esse encontro, né? Foi pra falar da gente.

Eu estremeci todo. Lá vinha o grande ponto da noite.

_Como você descobriu que era...?_ perguntou.

_Acho que sempre soube._ eu já estava mais soltinho devido ao álcool, se não já estaria entrando em parafuso com uma pergunta assim.

_E como foi seu primeiro cara?

_Bom, diga-me você...

_Não..._ ele riu travesso _Eu sou seu primeiro?

_Sim._ falei tomando um longo gole de chope.

_Isso explica muito coisa sobre seus surtos.

_Eu não surto!_ senti vontade de desviar o assunto de mim _E quanto a você, quando se descobriu e como foi seu primeiro homem?

Posso ter falado um pouco agressivamente, pois seu sorriso se abalou.

_Bom, acho que também sempre soube. Desde pequeno eu tinha esses desejos._ falou com uma certa tristeza no olhar _E não lembro direito do primeiro cara. Eu era bem novinho ainda, foi com um coleguinha da mesma idade que eu. Foi tudo bem inocente, a gente não sabia como fazer nada. Com o tempo, fui crescendo e as brincadeiras foram ficando mais ousadas, já com outros colegas, até chegar ao ponto de beijar os caras para quem dou carona.

Ri da brincadeira, mas me pareceu um jeito de desviar do assunto que o deixava triste. Ali eu percebi que não era o único com problemas de aceitação.

_Quanto a nós, Bernardo..._começou, mas interrompi.

_Eu não estou pronto para me relacionar com outro cara ainda.

Ele abaixou o olhar e voltou a me olhar com aqueles olhos tristes, o que me matava.

_Eu entendo._ falou _Acho que eu também não, sabe. Eu nem mesmo sei o que esperava desse encontro. Convidei você por impulso, não planejei o que dizer aqui. Eu gosto de você, mas não sei como tornar isso uma coisa concreta. Eu não sei que tipo de relacionamento eu quero ter com você.

Eu estava mais tranqüilo ao ver que eu não era o único perdido naquela situação, mas ao mesmo tempo não era reconfortante saber que nenhum de nós sabia como lidar com aquela situação.

_Então, como ficamos?_ perguntei.

_Não sei... Amigos?

_Acho que já passamos um pouco desse ponto.

_Amigos coloridos?

Ri e ele me acompanhou.

_Amigos coloridos?

_É._ respondeu _Ou amigos com benefícios se preferir.

_Tenho até medo de perguntar quais são esses benefícios.

_Quer saber quais são?_ perguntou de um jeito sedutor que me acertou em cheio.

_Eu quero..._ eu estava tão fora de mim devido ao álcool...

_E quando você vai me dar essa oportunidade?

_Não sei. Mas se eu fosse você, me aproveitaria enquanto eu estou meio fora de mim, porque o Bernardo sóbrio não teria coragem de ficar mais do que cinco minutos no mesmo cômodo sozinho com você.

_E quão bêbado você está agora?

_O suficiente para deixar você me levar para a sua casa, mas não o bastante para passar mal.

_Então está no ponto ideal.

Rimos um para outro, mas de um jeito sedutor, sem desviarmos os olhares. Novamente, sóbrio, eu não falaria nada daquilo, muito menos teria sugerido fazer o que estávamos prestes a fazer. Como vocês devem estar percebendo devo muito do início da minha vida gay ao álcool. E sim, havia uma parte de mim gritando para não ir, gritando que eu iria me arrepender daquilo amargamente, mas a parte dominante queria ir além, queria realizar aquele desejo. Era tudo conflitante na minha cabeça, eu não tinha certeza de nada. Simplesmente desliguei a parte da minha mente guiada pela razão e deixei que o Bernardo impulsivo viesse à tona.

_Vamos?_ falou Eric.

Nem percebi que ele já tinha pedido a conta e pagado. Sem falarmos nada, fomos caminhando para fora do restaurante e depois para o carro. Assim que entramos, não sei o que deu em mim. Acho que foi a vontade de fazer aquilo que não pude fazer na mesa: agarrei Eric pelo pescoço e o puxei para um beijo agressivo, cheio de desejo, e ele me correspondeu do mesmo jeito. Eu não me reconhecia, eu estava completamente fora de mim. Quando o soltei, ele sorriu safado ainda ofegante.

_Hoje à noite você vai ser meu._ falou.

_Então, o que você está esperando para colocar esse carro em movimento?

Ele riu e partiu com o carro. Se há um mês alguém me contasse que eu me permiti ir para cama com outro cara, eu não acreditaria. Em duas semanas minha vida tinha virado de cabeça para baixo e era só o começo.


____

pessoal juntei 3 caps em ir, se caso tenha ficado cansativo ou longe de mais comentem ou mande msg! se prefere os caps como estavam sendo ou se pode juntar assim! são 100 capitulos no total!


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Comentários


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elzonetto Comentou em 09/08/2024

É bom assim, pq, como vc comentou, são capítulos curtos e eu prefiro ler assim, em capítulos longos, pois a gente fica mais grudento querendo saber mais! Então continue assim juntando os capítulos.




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Ficha do conto

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Nome do conto:
Bernardo [05 / 07 / 08] ~ Prometo ir devagar

Codigo do conto:
217712

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
08/08/2024

Quant.de Votos:
3

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