Bernardo [27/28/29] ~ Sexo Selvagem / Flagra

Férias! Finalmente!

Depois de uma infernal semana de provas finais, na qual eu achei que ficaria louco, finalmente eu estava de férias. E para comemorar, como bons universitários que éramos, toda a minha turma estava reunida num boteco próximo ao campus bebendo cerveja barata. Rafael não beberia por estar dirigindo, e, como um bom namorado, eu fui solidário a ele me limitando ao refrigerante.

_Mas que duas bichas vocês são! Vamos beber, porra!_ gritou Pedro.

Por mais que eu soubesse que ele não estava no xingando de verdade, apenas brincando, aquilo me incomodava muito. Eu sorria amarelo e abaixava a cabeça. Mas isso não é da índole de Rafael.

_Você bate muito nessa tecla, Pedro. Tô achando que você tá afim de provar, hein?

_Sai fora, camarada!

Pedro gostava de fazer piadas com gays e Rafael não gostava delas, levando-o a rebater. Era típico dos dois, e toda a turma já estava acostumada. Todos riam da brincadeira deles. Eu não era todos, óbvio. A sensação era de caminhar numa corda bamba sobre o penhasco. Eu protestava cochichando com Rafael, mas ele fingia que não tinha ouvido nada.

_E você ainda queria me empurrar pra esse cara!_ falou Alice ao nosso lado.

Ela estava se esforçando pra ficar bêbada, porque toda vez que eu olhava para ela, seu copo estava cheio.

_Você não acha que tá bebendo demais não?

_Não! Vou saber que bebi demais quando um cara tentar me estuprar como fizerem com você.

_Quê?!_ gritou Rafael que estava do nosso lado.

_O Bernardo nunca te contou? Foi na nossa calourada e...

_Alice!_ falei morrendo de medo de mais alguém escutar aquilo _Controle a sua língua!

_Ops!_ e começou a rir e saiu andando entre nossos colegas.

Rafael cruzou os braços e me olhou feio.

_Que história é essa?

_Nunca te contei?_ falei tentando ser engraçado, o que não deu certo.

_Não!

_Ah, Rafa, não é um assunto que eu goste de falar. E não aconteceu nada, não achei que fosse importante.

_Um cara tentou estuprar meu namorado! Como isso não é importante?!

_Fala baixo!

Ele não tinha falado alto, mas ainda estávamos dentro de um bar lotado. Fiz sinal pra ele me seguir pra fora do lugar.

_Não foi um estupro. Foi um beijo forçado enquanto eu tava bêbado. O Pedro chegou, socou o cara e me levou embora. Fim da história.

_Quem é o cara?_ perguntou bravo.

_Deixa isso pra lá, Rafa. Não é importante, já passou._ eu sabia que se dissesse ele não ia deixar por isso mesmo.

_Bernardo..._ ele fixou o olhar em algum ponto dentro do bar.

Eu olhei e ele estava olhando diretamente pro João, o dito cujo.

_Alguém que na calourada levou um soco...

_Rafael...

Ele fez que ia de encontro a João já com um olhar de fúria, mas eu consegui segurá-lo.

_Você não vai fazer isso, Rafael.

_Me solta!

_Não!

Eu não conseguiria fazê-lo desistir, então tive que apelar.

_Poxa, Rafa. Deixa ele pra lá. Estava afim de curtir nós dois um pouco. Com essa loucura de semana de provas nem deu pra gente namorar um pouco esses dias..._ falei num manhoso.

Ele riu. Ele sabia que era teatro, que eu estava simplesmente tentando só afastá-lo dali. Rafael não era bobo, eu não era carente assim e ele sabia. Sim, eu estava com muita saudade de namorá-lo um pouco, pois já fazia quase duas semanas desde a última vez. Eu passei a me vigiar mais depois do interrogatório na minha casa há algumas semanas atrás, o que limitou nossos encontros.

_E o que você sugere?_ falou entrando no jogo.

_Bom, eu ia ficar mais um pouco aqui e só te falar depois, mas já que eu não quero te deixar entrar naquele boteco novamente... Meu pai tá viajando a trabalho, minha mãe tá de plantão, a empregada não foi por estar passando mal, e meus irmãos só chegam em casa no final da tarde._ olhei as horas no meu celular _Nós temos quatro horas de casa vazia.

_Tem muita coisa que pode ser feita em quatro horas...

_Tenho certeza que você tem muitas ideias de como preencher cada segundo dessas quatro horas.

Ríamos um para o outro de modo bem safado. Por estarmos na rua, mantínhamos uma certa distância, mas mesmo assim eu já estava super excitado com Rafael. Ele estava na seca há tanto tempo quanto eu, e também devia estar subindo pelas paredes.

_E a Alice?_ perguntou.

_Ela não tá tão bêbada assim. E além do mais, o pessoal toma conta dela se precisar. Eu mando uma mensagem avisando que a gente já foi.

[...]

Como esperado minha casa estava vazia quando chegamos. Não perdemos tempo e fomos direto para o meu quarto. Eu qualquer outra situação eu teria muito medo de levar Rafael pra transar dentro da minha casa, era muito arriscado. Mas eu estava com muito tesão

Ele já foi tirando a camisa e me apertando num beijo. Uma das coisas que mais me dava tesão em Rafael era seu beijo. Era incendiário. Ele me beijava com todo o corpo. Enquanto seus lábios e línguas trabalhavam contra os meus, suas mãos me apertavam e seus braços me puxavam juntar nossos corpos. Ele balançava a cintura de modo a esfregar nossos paus um no outro sob as nossas roupas, quase me levando à loucura.

Eu já falei que Rafael tinha um corpo que me deixava doido e era a mais pura verdade. A pele levemente moreninha dele combinava com suas pernas volumosas, bem como com seu bumbum redondinho. Apesar de não ser musculoso, ele tinha braços bem definidos e um peitoral com uma elevação discreta. Tudo isso era completado com pelos lisos e negros estrategicamente localizados nas suas pernas, braços e peito. Sem contar a sua personalidade. Rafael era extremamente charmoso. Não era daqueles sedutores clássicos que vemos nos filmes vestidos de smoking com um copo de uísque na mão. Não, ele era expansivo e alegre, de um jeito que preenchia todo o ambiente. Ele te envolvia de tal forma que você precisava se entregar a ele.

Rafael era bem mais ciumento do que eu, mas eu tinha muito mais motivos pra ser. Todos à sua volta se apaixonavam por ele. Até mesmo héteros. Não a paixão no sentido sexual do termo, mas queriam estar por perto dele, serem seus amigos. As meninas então, nem se fala. Ele era o sonho de todas elas. Mas era só meu. Eu não sei o que fez ele me escolher, nem quanto tempo eu tinha antes dele perceber que eu não era a pessoa certa pra ele, por isso eu o agarrava e tratava de aproveitá-lo enquanto podia.

Ele era tão gostoso de se apertar, ele tinha “carne”. E ele sabia que eu adorava apertá-lo, então deixava enquanto me beijava. Eu enchia a mão com suas pernas e sua bunda, às vezes até agressivamente.

_Ai, amor._ reclamava sem parar de me beijar.

Eu não lhe dava ouvidos e apertava mais forte.

_É assim que o senhor quer brincar, é?_ perguntava com um sorriso safado.

Num só movimento, ele me pegou pela gola da camiseta e a rasgou com violência.

_Eu gostava dessa camisa, Rafael!

_Eu já prefiro você sem ela.

Eu ri e ele veio novamente pra cima de mim preenchendo minha boca com sua língua. Ele estava de cueca e tratei logo de ficar também, com medo de ele rasgar outra peça minha de roupa. Caímos deitados na cama nos apertando e esfregando nossos corpos. Ele tinha um perfume de cheiro amadeirado que me deixava louco. Eu enfiava o rosto entre seu ombro e seus pescoço e mordia. Então ele voltava a me beijar com intensidade.

_Aquele filho de uma puta te beijava assim?_ perguntou.

_Qual dos dois?

Ele riu e continuou a me beijar. Não demorou muito e ele já tinha tirado minha cueca com violência também. Ele abocanhava meu pau com uma ferocidade que assustava, mas era tão bom. Ele estava com muito tesão guardado. Ele colocava todo o meu saco na boca e puxava com força numa sucção. Depois lambia todo o corpo do meu pau como se fosse um sorvete. Então, sem tirar seus olhos dos meus, ela engoliu todo o meu pau. Fui aos céus quando senti a cabeça do pau batendo na sua garganta e vi seus olhos se encherem de lágrimas.

_Vem aqui, traz essa bundinha linda pra mim._ falei em meio a sussurros.

Ele logo montou em mim num 69 gostoso. Enquanto ele engolia meu pau, eu mordia a sua bunda e lambia a entradinha do seu cu. Nós dois gemíamos em sons abafados, já que estávamos ambos com as bocas ocupadas.

_Hoje eu quero te comer inteirinho a tarde toda._ falou.

Ele me puxou e me fez ficar deitado de barriga para baixo na cama. Senti ele enfiando dedos no meu cu enquanto vestia uma camisinha. Eu sabia que ia doer porque já fazia um tempinho e o pau dele era bem grossinho. Mas eu não estava preparado pra ele enfiar tudo de uma vez.

_Filho da puta!

_Hoje eu não quero amor, eu quero sexo!

Sem ligar muito para meus protestos, ele começou a bombar. Doeu? Sim, muito, mas em algum ponto começou a ficar muito bom. Alice já tinha dito que eu sou o tipo de pessoas que precisa ser guiada, e isso se confirmava na cama também. Não tinha nada a ver, necessariamente, com a posição de ativo ou passivo. Eu gostava que Rafael tomasse as rédeas de nossa transas e me usasse para satisfazê-lo. O meu maior prazer era dar prazer a Rafael. Senti que ele gozou quando soltou um urro de prazer.

Ele me virou pra cima e voltou a chupar meu pau com a agressividade. Não demorou muito até eu sentir o tesão vir.

_Eu vou gozar, amor._ falei.

Mas ele não fez nada, continuou a me chupar. Entendi sua intenção e aquilo só fez apressar o gozo, que saiu como jatos fortes dentro da boca dele. Ele subiu e meu beijou, mas não tinha nada na boca dele, ele tinha engolido tudo. Caímos semi-desmaiados um ao lado do outro na minha cama. Ele então se aconchegou em mim e começou a beijar meu pescoço e meu peito.

_Eu te amo muito, Bê.

Só ele era capaz de fazer isso, me tratar tão carinhosamente depois de uma transa tão violenta e agressiva. Ele era realmente um sonho de consumo.

_Eu também te amo, Rafa.

Ficamos os dois ali abraçados suados encarando o teto por alguns instantes.

_Um banho seria legal..._ falou.

_Sim, vamos lá._ respondi rindo e o puxei pela mão para o meu banheiro.

É claro que nós namoramos mais um pouco embaixo do chuveiro. Devemos ter ficado mais de meia hora lá, nos beijando e nos apertando, curtindo aquela rara oportunidade de ficarmos juntos. Nós nos amávamos? Sim, mas naquele momento era o tesão que reinava ali. Simplesmente não conseguíamos no manter nossos corpos ou nossas bocas afastados por muito tempo. Quando saímos do chuveiro, o pau dele já estava duríssimo de novo.

_Mas você é um safado de marca maior, senhor Rafael.

_Que culpa eu tenho se tenho um namorado que me dá muito tesão?

_Mas acabamos de tomar banho!

_A gente toma outro, uai.

Ri dele e caí na cama, o que pra ele foi como um sinal para recomeçar nossa brincadeira.

E foi aí que aconteceu. Foi tudo muito rápido. Antes que eu pudesse recompor minhas ideias, a porta do meu quarto já estava aberta com minha irmã encarando Rafael, nu e de pau duro, virado pra ela. Nós três assustados demais pra tomar qualquer atitude.

_Eu vim te perguntar de que você estava rindo, mas deixa pra lá. Tá tudo muito claro agora...

E foi assim que começou o que eu chamaria depois de “noite das grandes surpresas”.

A primeira surpresa foi a da minha irmã caçula ao encontrar um rapaz nu no meu quarto. A cena era a seguinte: eu nu, enrolado no lençol sentado na cama sem reação; Rafael nu e com o pau completamente duro, igualmente sem reação; e minha irmã caçula, que olhava de um para outros. Foram alguns segundos sem falar nada, sem ninguém conseguir tomar nenhuma atitude, mas pareceu que foram horas.

Primeiro, deixa eu falar um pouco sobre a minha irmã. Laura era a caçula da família. Mesmo sendo gêmea de Caio, ela foi a última a ser retirada da barriga da minha mãe. Eles nasceram prematuros, então passaram por alguns problemas de saúde quando eram mais novos. Eu não me lembro muito bem da época, mas me lembro deles crescendo com todos à nossa volta mostrando uma preocupação excessiva com eles. Não se trata de mimar, a família toda sentiu ao ver dois bebês minúsculos lutando pra sobreviver logo nos seus primeiros dias. Assim, eles foram criados numa espécie bolha, diferentemente de mim e do meu irmão mais velho. Digo isso, porque é essencial para se explicar a personalidade dos dois, principalmente a de Laura.

Ela é a princesa da família e se comportava como tal. Na bolha que ela foi criada, o mundo lá fora não conseguia atingi-la, pois ela nunca entrava em contato com ele. Enquanto eu e meu irmão mais velho já andávamos sozinhos pela cidade, Laura sempre contou com um de nós como seu motorista particular. Enquanto já nos reuníamos com nossos amigos em shoppings e praças, Laura sempre teve liberdade para trazer suas amigas para dentro de casa, tornando o local um inferno às vezes. Tinha sempre alguém por perto para fazer as suas vontades, enquanto nós sempre tivemos que correr atrás, até certo ponto, do que queríamos. Ter notas altas o suficiente para justificar um videogame novo, por exemplo.

Laura era uma patricinha? Sim, mas foi porque nunca deram outra opção a ela que não fosse a alienação. Não era culpa dela. Ela não sabia que tinha algo de errado com seu jeito de ser e agir.

Arrisco-me a dizer que ao me ver nu junto com Rafael, eu estourei a bolha de Laura.

_Laura?! Você só devia chegar às seis da tarde!

_E você não devia estar pelado com outro cara no seu quarto!

Ambos falamos com voz de desespero. Rafael se deu conta que estava nu, pegou sua roupa no chão e correu para o banheiro. Laura ainda estava atônita. Me enrolei ainda mais no lençol, embora ela não pudesse me ver.

_Bernardo, você é...

Senti meu estômago cair de um precipício. Vi minha vida inteira passar diante dos meus olhos. Senti que aquele era o derradeiro momento, minha família inteira descobriria sobre minha homossexualidade e eu nunca mais seria o mesmo aos olhos deles.

_Você é gay!

Ela falou mais para ela mesma do que para mim. Era como se fosse uma grande revelação para ela mesma, como se a última peça do quebra-cabeça finalmente se encaixasse.

_É lógico que você gay! Meu Deus! Tudo faz tanto sentido agora.

_Laura, olha..._ tentei me explicar sei saber muito o que dizer.

Negar? Confirmar? Implorar por confidencialidade?

Antes que eu pudesse falar alguma coisa, Rafael saiu do banheiro, já vestido. Mas ele nunca perde a pose. Abriu seu melhor sorriso e estendeu a mão à Laura:

_Rafael, prazer!

_Laura._ ela respondeu a seu cumprimento.

_Vocês dois podem sair para que eu ao menos me vista?

_Ah, sim, claro._ ela respondeu saindo do quarto com Rafael atrás.

Coloquei minhas mãos na testa e caí na cama sem forças. Eu não tinha a mínima ideia do que fazer agora. Qual estratégia adotar com ela? Aliás, qual seria a sua reação? Não foi uma surpresa para mim ela reagir friamente à descoberta, mas isso não significava que ela estava bem com isso. Sem ter um plano claro na cabeça, me vesti correndo e fui procurar por Rafael e Laura. Conhecendo os dois, quanto menos tempo eles passassem juntos para conversar melhor. E meu instinto estava certo, quando cheguei à sala, os dois riam juntos.

Se por um lado isso era bom sinal por mostrar que Laura não tinha grandes preconceitos, por outro era uma passo perigoso de Rafael rumo a uma zona proibida para ele: minha família. A última coisa que eu precisava no momento é que ele tivesse uma aliada dentro da minha casa, alguém que certamente o convidaria para todas as festas da família, me deixando andando na corda bamba.

_Pelo visto, vocês estão se dando bem.

_Sim. Namorando hein, senhor Bernardo?_ falou Laura em tom de gozação.

Olhei com raiva para Rafael, mas ele ignorou. Ele estava se divertindo com aquilo. Ele estava adorando o fato ter Laura como uma aliada.

_Laura, precisamos conversar._ falei me sentando de frente a eles.

_Sim...

_Bom, então, acho que já está na minha hora._ falou Rafael se levantando.

Eu levantei e abri a porta para ele.

_Posso te ligar mais tarde?_ perguntou.

_Não sei no que isso vai dar. Deixa que eu te ligue.

_Desculpa, amor, eu não sabia que isso aconteceria.

_Não foi sua culpa, Rafa. Estamos bem. Só me deixe lidar com isso, sozinho, ok?

_Certo. Eu te amo, viu.

_Eu também, tchau.

_Tchau

Fechei a porta e me virei para encarar Laura. Ela estava comportadamente me esperando para conversar. Eu tinha que confessar que ela era o espécime mais bonito da família, a versão final depois de três rascunhos. Ela era loira e tinha traços finos, como a minha mãe, mas ao contrário dela, ela era leve, despreocupada, alegre e extrovertida, o que lhe conferia um aspecto luminoso. Até certo ponto, ela me lembrava muito Rafael.

_Laura, eu...

_Você é gay.

Respirei fundo e fechei os olhos. Reuni todas as minhas forças para lhe responder.

_Sim, eu sou gay.

_Ahhhhhhhhhhhhhhhh!

Ela soltou um grito agudo de excitação que quase me deixou surdo. Por mais que eu conhecesse a personalidade dela, não esperava aquela reação.

_Que tudo, Bernardo! Eu tenho um irmão gay! Lindo, lindo, lindo!

_Laura, fala baixo! A gente mora num prédio, os vizinhos vão escutar!

_Você tem que gritar pro mundo, Bernardo! Isso é fabuloso!

_Não, não é. Eu não vou gritar isso pro mundo._ eu protestava, mas ela parecia nem estar me escutando.

_Eu sempre quis um amigo gay, e agora eu tenho um irmão gay! Isso é demais! Finalmente a gente vai ter assunto, você vai poder me acompanhar ao fazer compras, eu vou poder te apresentar às minhas amigas. Nossa, elas vão ficar com tanta inveja!

Laura me enxergava como um estereótipo clássico de gay. Por isso fiz questão de expor sua personalidade de antemão, pois isso é justamente devido ao fato dela ter crescido naquela bolha.

_Laura! Acorda! Eu sou gay, eu não sou uma menina.

_Ai, deixa de ser chato._ falou rindo.

_Isso é sério, Laura. Eu continuo sendo a pessoa que sempre fui, só que agora você sabe que eu gosto de meninos.

_E tem um namorado gato.

_E... Tenho um namorado.

_Mas isso é tão legal, Bernardo!

_Você não pode contar isso a ninguém, Laura.

_Mas...

_Ninguém! Nem mamãe, nem papai, nem Caio, nem Tiago, nem pras suas amigas. Isso é nosso segredo.

_Que bobeira, Bernardo.

_Não, não é!_ frisei.

Ela me olhou sem crédito. Era o que sempre fazia quando alguém lhe contrariava. Eu tinha que tomar atitudes drásticas para garantir que aquilo não vazaria.

_Vem comigo, Laura.

_Pra onde?

_Só vem._ falei me dirigindo ao meu quarto.

Sentei na mesa do computador e o liguei. Ela observava calada atrás de mim. Abri a internet e procurei no histórico o link que tinha chamado minha atenção num portal de notícias pela manhã. Era a notícia do assassinato de um casal de rapazes de dezenove anos na Bahia, vítimas de homofobia. Foram mortos a golpes de barra de ferro quando os viram se beijando à noite numa rua. Ninguém lhes prestou socorro, apenas o dono de um bar relatou o que viu à polícia. Os agressores fugiram. E tinha fotos. Os rostos estavam cobertos, mas era possível ver seus corpos cheios de sangue, com fraturas expostos e membros quebrados. Sujos de terra e sangue, vítimas da intolerância de uma cidade de interior.

Laura olhava para as imagens com os olhos vidrados. Ela nunca tinha visto imagens como aquelas, com certeza. Era um choque pra ela, sempre presa no seu perfeito mundinho cor de rosa. Eu sentia muito por ser o responsável por furar a sua bolha, mas era preciso.

- Isso não é um filme, Laura. Na vida real, é isso que acontece quando descobrem que você é gay._ falei olhando dentro dos seus olhos _Você não quer que aconteça a mim ou a Rafael o que aconteceu a esses rapazes, quer?

_Não..._ ela balançou a cabeça com olhos cheios de lágrimas, num som quase inaudível.

Era um golpe baixo, mas era necessário para que ela entendesse a gravidade da situação. Era preciso mostrar a ela as consequências se o que ela viu virasse fofoca por aí. Era extremo? Era, mas eu acho que os fins justificariam os meios.

Então, veio o inesperado. Eu ainda estava sentado e ela ainda estava em pé, mas Laura achou um jeito de me dar um abraço. Eu já falei que a minha família, tirando a minha mãe, nunca foi muito calorosa. Não era de sair distribuindo beijos e abraços por aí. Entre mim e os meus irmãos então, era raríssimo. Por isso a surpresa quando senti seus braços se fecharem com força nos meus ombros e ela encostar sua testa no topo da minha cabeça. Foi impossível segurar minhas lágrimas. Era inesperado, mas era tão bom. Nunca colocávamos nosso amor em palavras, mas era uma sensação indescritível quando isso era colocado em gestos. O efeito era ainda mais poderoso em mim por entender que eu era amado por minha irmã mesmo ela sabendo quem eu sou. Era como tirar (parte de) um peso das costas. Nenhum de nós dois disse nada, ficamos algum tempo ali e depois nos soltamos.

_Eu vou para o meu quarto._ falou.

_Ok.

E foi assim que o primeiro membro da minha família ficou sabendo que eu era gay. E a reação dela me pegou totalmente desprevenido. Foi a segunda surpresa daquele dia.

Mas aquela era a noite das surpresas, então tinha mais coisa pela frente. Lá pelas dez da noite, logo após telefonar para Rafael e lhe dar um resumo dos acontecimentos, meu celular tocou. Era Pedro. Eu não estava no clima para conversar com ele, porque sempre acabava soltando algum comentário ou piadinha homofóbica. Mas eu gostava dele de verdade. Ele poderia estar precisando de mim.

_Alô?

_Você não acredita no que aconteceu!_ falou com uma estranha excitação na voz.

_O que?

_Eu transei com a Alice!

_O QUE?!

_Sim!

E as surpresas da noite continuavam...

_Como assim?! Quando isso?

_Nós ficamos lá no bar à tarde depois que você sumiu e acabamos esticando a noite num motel._ ele estava claramente excitado com aquilo tudo, mal conseguia falar _Isso vai soar meio gay, mas foi maravilhoso, cara! Foi tudo o que sempre sonhei!

Eu sorri sozinho, mas mais pela surpresa da situação do que por felicidade pelo casal. Conhecendo bem a situação, Pedro entendeu aquilo como o começo de um relacionamento sério, o que eu sabia que Alice abominava quando se tratava dele.

_Que bom..._ eu não sabia bem o que dizer a ele _E ela? Onde está?

_No banheiro.

_Você não esperou nem ela sair daí pra me ligar?

_É que você é nosso padrinho, tinha o direito de saber.

Ri sem saber se devia aceitar aquilo como um elogio.

_Depois a gente conversa sobre isso, Pedro. Se ela sair do banheiro não vai pegar bem você falando com outra pessoa no telefone.

_É! Tem razão. Tchau, cara. Te ligo amanhã.

_Até!

Foi realmente inesperado. E foi impossível não rir quando meu celular voltou a tocar e o visor mostrou o nome de Alice.

_Oi, Alice!_ falei cínico.

_Bernardo!_ ela falava quase sussurrando, provavelmente do banheiro do quarto do motel _Eu fiz uma cagada!

_Transou com o Pedro?

A linha ficou muda por alguns segundos.

_Como diabos você sabe?!

_Ele acabou de me ligar também, foi mais rápido que você.

_Que tipo de cara liga pro amigo depois de trepar?

_Você está fazendo a mesma coisa. Quer que eu ponha nós três numa conferência telefônica pra vocês discutirem a relação?_ perguntei me divertindo com a situação.

_Não seja idiota!_ ela estava aflita _O que eu faço agora?

_Sei lá, saia do banheiro e lide com ele. Ele está apaixonado por você e você foi até onde não devia com ele. Deu esperanças. O bichinho tava quase dando piruetas de alegria no telefone.

_Merda!

_Agora saia e enfrente as consequências.

Ele soltou o ar num sinal de cansaço. Mas não havia outra saída.

_Tá._ falou, enfim.

_E Alice?

_O que?

_Minha irmã me pegou na cama com o Rafael.

_QUÊ?!

_Pois é, quer almoçar no shopping amanhã pra discutirmos as nossas tragédias pessoais?

Ela parou um instante pra pensar.

_Ok, combinado.

_Então, tá. Tchau, boa sorte com o Pedro.

_Tchau.

Definitivamente, uma noite cheia de surpresas...

_É verdade que você teve um ursinho de pelúcia de estimação até os oito anos de idade?_ perguntou Rafael.

_O que? Como você sabe disso?

Ele sorriu safado pra mim.

_Você e minha irmã continuam trocando mensagens? Já não pedi pra parar?

_Por quê? Eu estou me dando super bem com minha cunhadinha. Adoro ela!

_Aff!

_Pare de reclamar! Você devia estar contente por ela ter aceitado tudo tão bem._ falou Alice.

Era noite do sábado posterior ao flagra de Laura, e a turma de faculdade estava reunida no aniversário de um amigo. Tivemos o cuidado de ficarmos num canto um pouco mais afastado de todos para podermos conversar em paz. Mais cedo, num almoço, eu já tinha contado tudo a Alice.

_Isso não quer dizer nada._ falei _Nunca me preocupei muito com ela, pois sabia que a reação dela seria algo parecido como o que foi.

_Tá, mas você podia me deixar aproveitar um pouquinho._ falou Rafael _Você não dá muito brecha pra eu entrar um pouquinho que seja no seu mundo. Essa é minha oportunidade. Não seja tão ranzinza.

Eu e Alice trocamos um olhar rápido nos lembrando da conversa que tivemos há algumas semanas atrás:

“_Rafael tem seus defeitos, mas é um garoto de ouro. Bonito, educado, simpático, inteligente, o genro que toda mãe quer, o sonho dourados de muitos meninos e meninas, e você está deixando isso escaparEstou apenas te expondo os fatos. Rafael vai, sim, sempre querer mais de você, e você não se dispõe a dar o que ele quer. Quanto tempo você acha que vai durar o namoro de vocês assim? Isso cansa, viu? Ele não vai ceder pra sempre com você, uma hora vai jogar tudo pra cima.”

Eu tinha que ceder um pouco para Rafael. Num relacionamento, um pouco de flexibilidade é essencial para as duas partes. Por mais que eu não estivesse disposto a ir tão longe quanto Rafa queria, eu tinha que deixar que ele participasse ao menos um pouquinho da minha vida.

_Ok, Rafa, você pode continuar trocando mensagens indiscretas sobre a minha infância com minha irmã. Só não alimente demais o monstro, não estou certo se ela entendeu mesmo que não sou o tipo que vai acompanhá-la ao shopping e dar dicas de moda.

_Até mesmo porque,_ falou Alice _seu senso de moda é terrível.

_Vai à merda!

Rafael ria satisfeito com sua pequena vitória. Era nessas horas que eu via como nosso namoro estava fadado ao insucesso. Ele só conseguiu aquela vitória devido ao acaso de minha irmã chegar em casa antes da hora. Não ia acontecer de novo, eu não pretendia deixar ele chegar perto assim de mais ninguém da minha família. Era o máximo que ele conseguiria.

_E como vai seu namoro com Pedro, Alice?_ perguntou Rafael.

_Vocês se merecem!_ respondeu com mau humor enquanto nós dois ríamos.

_Já sabe quando ele vai te dar as alianças?

_Vocês dois estão um saco, hoje.

Alice não conseguiu dizer a verdade a Pedro, que tinha transado com ele só porque estava bêbada. A verdade maior é que ela não estava tão bêbada assim e quis dormir com ele, mas ela nunca admitiria. Eu sou capaz de apostar que ela já gostava dele, se não no sentido romântico, ao menos no sentido sexual. Ora, ele era um cara muito bonito e parecia ter pegada, o que acabava mexendo com os hormônios das meninas. Só que ela tinha medo de se deixar levar. Eu acredito realmente que ela não estava apaixonada por ele, mas tinha medo de deixar que isso acontecesse. Eles eram figuras opostas? Sim, mas se encaixavam de uma maneira harmônica quando os colocavam lado a lado. Eu acho que é por isso que desde o começo eu torci por esse relacionamento, porque com a proximidade dos dois, eu conseguia ver a perfeição desse encaixe.

_Falando no diabo..._ ela falou virando os olhos.

Pedro tinha acabado de chegar na festa e vinha em nossa direção carregando um sorriso que parecia querer iluminar todo o lugar. Ele estava muito apaixonado. E ele achava que Alice estava caindo na dele. Não, não estava, ela só não teve coragem de lhe dizer a verdade sobre a transa e agora ele estava interpretando tudo errado. E bota errado nisso: antes mesmo de dizer oi, ela já chegou puxando Alice pela cintura e lhe roubando um beijo. Ela foi pega de surpresa e não conseguiu raciocinar o bastante nem mesmo para fechar os olhos. Eu e Rafa tentamos segurar o riso quando a turma toda gritou em sinal de aprovação e surpresa.

_Oi._ ele falou ao soltá-la.

_Err... Oi._ ela respondeu visivelmente envergonhada.

_Oi, Pedro._ falamos eu e Rafael juntos.

Só então Pedro pareceu ter nos visto, fazendo cara de surpresa.

_Ah, oi, gente. Nem vi vocês aí.

_A gente viu que você está muito ocupado com a boca da Alice.

Ele riu feliz do meu comentário. Alice estava claramente incomodada, o que piorou quando Pedro a abraçou por trás e ficou lá, como um casal de namorados. Não tinha um milímetro do seu corpo correspondendo ao carinho de Pedro, mas ele parecia nem notar.

_Então, vocês parecem muito bem._ falei.

Pedro riu feliz e Alice me lançou um olhar mortal. Era uma situação bastante divertida do meu ponto de vista.

_Sim, e você é o padrinho, viu?_ ele respondeu.

_Sim, o Bernardo é a quem mais devemos agradecer._ falou Alice entre dentes.

_E vocês,_ perguntou Pedro mais pra mim do que para Rafael _o que contam de novo?

_O Rafael conheceu a irmã do Bernardo._ respondeu Alice.

Era lógico que ela só estava esperando a primeira oportunidade para retribuir. E ela, na condição de melhor amiga, sabia muito bem como me atingir: me colocar na corda bamba, me equilibrando entre mentiras.

_Sério?

_Sim..._ respondi sem saber como me livrar daquilo.

_Eu fui buscar um CD meu que tinha emprestado pro Bernardo e ela estava lá._ emendou Rafael em meu socorro _Super gente boa, batemos um papo legal.

_Olha lá, hein, Bernardo. Rafael quer pegar sua irmãzinha, viu?

_Não, ele não faria isso._ respondi rindo sem graça.

Alice sorria da situação extremamente constrangedora que tinha me colocado. Olhei para ela com raiva. Ela era minha melhor amiga, devia saber o quanto aquilo me fazia mal. Nem se comparava a brincadeira de dar corda para Pedro, o que foi uma situação na qual ela mesma se meteu. Foi a primeira vez em que eu realmente fiquei com raiva de Alice.

_Nunca conheci ninguém da sua família, só seus pais de vista na sua festa de aniversário._ falou Pedro _Poxa, você gosta mais do Rafael do que de mim? Vive grudado nele!

Ele falou em tom de brincadeira, mas toda brincadeira tinha um fundo de verdade. Se eu pudesse resumir Pedro num adjetivo, seria “carente”. Ele vivia sufocando Alice por ser carente demais, o que o fazia dele um cara meio meloso em relação a romance. Aquela sua aparente brutalidade de brincar, e até mesmo sua homofobia, não eram mais do que efeitos dessa sua repressão de sentimentos. Afinal, ele não podia manifestar sua carência de um modo muito explícito, ser muito romântico ou dar um abraço pra valer num amigo. Isso seria muito “gay”. E é aí que eu entrava. Ele me tinha como melhor amigo, mas ele não sabia como manifestar isso muito bem. Ele não podia me chamar para jogar futebol ou tomar uma cerveja com ele, pois sabia que eu não curtia nenhuma dessas coisas. Até que Rafael apareceu. É bom frisar aqui que Rafael e Pedro nunca foram amigos. Rafael achava Pedro um homofóbico idiota e Pedro tinha ciúmes de Rafael. Sim, ciúmes de mim. Apresentar Rafael como meu namorado a Pedro estava fora de questão, então aos seus olhos éramos melhores amigos. Só que éramos um grupo do qual ele não fazia parte, um grupo que tinha programas juntos (aos quais ele nem sempre era convidado) e tinha muito mais afinidade do que entre ele e eu.

_Sim, ele definitivamente gosta mais de mim do que de você._ respondeu Rafael devolvendo a indireta.

Alice, lógico, riu do inferno que tinha criado, o que só fez aumentar minha raiva.

_O que gostaria muito mesmo era de uma bebida, então, com licença, moças._ falei saindo de perto deles antes que piorasse.

Não demorou muito para Alice vir atrás de mim. Fiz questão de ir para um local mais isolado, onde as pessoas não poderiam nos ouvir.

O que diabos foi aquilo?_ falei ainda com raiva.

_O que?

_Você me jogando pros lobos. Aquilo é assunto para falar pro Pedro?

_E está super ok me jogar pra cima dele, né?

_Olha a diferença entre a dimensão das duas coisas!

_Só porque você quer!_ falou começando a elevar o tom também.

_Você que cavou esse buraco! Não venha colocar a culpa em mim! Você não estava tão bêbada assim, tanto é que você pode me ligar do banheiro normalmente depois. Você QUIS dar pro Pedro! Ninguém te obrigou!

Estávamos tentando ao máximo não gritar, o que era difícil com os ânimos exaltados.

_Isso depois de meses com você me empurrando pra ele!

_Eu parei! Depois que você me pediu, eu nunca mais movi um dedo pra ajudar ele nesse sentido.

_Ah, Bernardo!

_A culpa é sua que não teve a coragem de ser honesta com ele.

_Quem é você pra falar de honestidade comigo? Rafael sabe que você virou amiguinho do Eric, por acaso?!

Ela sabia que eu ainda não tinha contado aquilo para Rafael. E eu não tinha virado amigo de Eric, tínhamos apenas feito as pazes. Conversamos de vez em quando por MSN e por telefone, mas era só isso. Na faculdade mantínhamos o mínimo de civilidade que a vida em sociedade exige, e só isso já era o bastante para fazer Rafael fechar a cara. Eu não sabia como explicar para ele como Eric precisava de mim. Independente de estar apaixonado ou não por mim, eu tinha uma responsabilidade com ele por ser a única pessoa que podia estar por perto dele. Eric era um garoto muito frágil, e eu tinha medo do que poderia acontecer se eu lhe virasse as costas.

_O que tem isso a ver?!

_Tudo! Você me acusa de não ser sincero com Pedro, mas você tampouco é sincero com Rafael. Você esconde dele uma informação muito importante e esconde porque sabe que ele não vai gostar nem um pouco.

_Sim! E você sabe muito bem o por quê de eu estar fazendo isso. Eu estou protegendo Eric e Rafael.

Ela riu com raiva.

_Essa é a mentira que você conta para você mesmo todo dia? Isso é simplesmente covardia de arcar com o peso de seus atos.

_Então, você é tão covarde quanto eu ao não dizer a verdade a Pedro.

_Ninguém ganha de você em covardia, Bernardo! Você é o rei dos covardes. Você tem medo das pessoas não gostarem de você, então constrói todo um personagem para agradar essas pessoas. Você criou o Bernardo perfeitinho, aquele que não grita, não bebe, não fuma, só anda dentro da lei, tira as melhores notas, se veste da forma mais comum possível...

Ela falava como se estivesse guardado aquilo por muito tempo e enfim explodisse.

_Não me entenda mal,_ continuou _você é uma pessoa incrível, fascinante. Mas você insiste em se esconder atrás desse personagem sem graça que você criou. E tudo isso por covardia, por medo do que as pessoas vão achar se te conhecerem de verdade. Você não percebe? Sua vida está passando! Você está envelhecendo e não está vivendo! Você está preso na sua própria prisão e está condenado a morrer aí dentro. Você é simplesmente covarde demais pra se libertar, covarde demais para mandar o mundo se fuder, covarde demais pra viver a vida como se deve. Você me dá pena, Bernardo.

Eu ouvi tudo com os olhos vidrados nela. Eu não derramei uma lágrima, ou mesmo movi um músculo. Ouvi tudo aquilo impassível. E era tudo verdade. Nada do que ela disse era propriamente uma novidade para mim, eu mesmo me vivia dizendo aquilo tudo com frequência. Mas era diferente de ouvir na voz de outra pessoa. Principalmente a última parte, a do “você me dá pena”.

_Tudo bem por aqui?_ perguntou Pedro.

Ele chegou receoso já sentindo o clima tenso que pairava ali. Alice, ainda carregando sua metralhadora de verdade, a apontou para ele:

_Não, não está nada bem. Você é um idiota. As coisas que você fala retorcem meu estômago e me dão vontade te dar um murro. E é por isso que não vai rolar nada entre a gente. Eu não sou sua namorada e nem vou ser. Transei com você por estar bêbada demais pra julgar corretamente meus atos. Tentei te mandar todos os sinais e indiretas possíveis, mas você é idiota demais até para entender isso, e então estou te falando claramente: eu não quero nada com você, nem mesmo amizade.

E saiu. Pedro estava com os olhos vidrados como os meus, com a diferença e os deles começavam a se encher de lágrimas. Como sempre fiz, sufoquei minhas dores e fui cuidar da dos outros. Abracei meu amigo pelos ombros com vontade e ele se deixou levar, encostando a cabeça no meu ombro e deixando as lágrimas caírem. Era o que um melhor amigo deveria fazer.

Para que serviam os amigos afinal?


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Ficha do conto

Foto Perfil contosdelukas
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Nome do conto:
Bernardo [27/28/29] ~ Sexo Selvagem / Flagra

Codigo do conto:
217855

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
11/08/2024

Quant.de Votos:
3

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